Conheça investimentos alternativos para incluir na sua carteira (e lucrar) em 2022
Conversamos nas duas últimas colunas sobre as perspectivas para a B3 e para o câmbio, mas a verdade é que talvez a saída não esteja por meio de nenhum dos dois produtos
Chegamos à última coluna de 2021. De fato, o ano não estava para brincadeira. Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus, a maior casa de análise de investimentos da América Latina, indicou que uma das razões para os problemas que enfrentamos ao longo dos últimos 12 meses foi a falta de identidade do período.
A falta de referência ajudou a formar ainda mais incerteza sobre os ativos de risco.
Como os mercados prosperam em ambientes de prosperidade, a falta desta acaba elevando os prêmios de risco; isto é, por via das dúvidas, os investidores passam a exigir mais excesso de retornos.
Tal movimento é precificado, como o que vimos acontecer em especial na segunda metade do ano, quando o cenário ainda foi agravado com a piora fiscal brasileira e a antecipação do debate eleitoral.
Conversamos nas duas últimas colunas sobre as perspectivas para a Bolsa brasileira e para o câmbio, mas a verdade é que talvez a saída não esteja por meio de nenhum dos dois produtos. Isso porque tanto aqui dentro como lá fora temos verificado uma migração de recursos para investimentos alternativos dos mais diferentes, em especial os ilíquidos.
Veja, esse movimento não é algo novo.
Leia Também
A ascensão dos "mercados privados" foi uma das maiores tendências financeiras da última década. Anteriormente, tratava-se de uma classe de ativos disponível apenas para grandes investidores institucionais, como grandes fundos de pensão dos EUA. Hoje, contudo, a história é um pouco diferente. Os "mercados privados" se expandiram enormemente nos últimos anos e se tornaram cada vez mais acessíveis aos investidores.
"Mercado privado" tornou-se um termo geral para se referir a ativos que não são líquidos, não são negociados em bolsas de mercado organizadas e estão espalhados por diferentes segmentos, como private equity (o mais famoso), crédito privado e infraestrutura.
Com os investidores nos mercados públicos enfrentando obstáculos que vão desde o aumento do escrutínio regulatório até a volatilidade recente, os mercados privados continuam a crescer em popularidade entre os indivíduos de alto patrimônio líquido.
Consequentemente, os investimentos neste segmento por si só quase triplicaram, de aproximadamente US$ 1,6 trilhão em 2009 para quase US$ 4,5 trilhões em 2019.
Não é novidade que o private equity é a forma mais popular de investimento no mercado privado. Hoje, mais de dois terços de todos os investidores institucionais têm private equity em seus portfólios e, de acordo com a consultoria global Knight Frank, agora é responsável por 8% de um portfólio de investimento típico entre indivíduos de alto patrimônio líquido (High-Net-Worth Individual, ou HNWI).
Um entendimento parecido é extraído do último anuário do UBS Global Wealth Management, que compila o veredicto dos maiores e mais relevantes family offices (escritórios de gestão de fortunas) do mundo. No documento, a participação dos alternativos tem crescido no tempo. Hoje, a fatia pertencente a tal classe é de 35%, dos quais 16% são em private equity.
O investimento em private equity consiste em aplicar em fundos que compram participação em companhias fechadas. Esse tipo de investimento se dá com a criação de um fundo de investimento em participações (FIP). Ao longo do investimento, a gestora aporta capital financeiro e intelectual, atuando direta ou indiretamente na gestão da empresa com o objetivo de profissionalizar e acelerar o crescimento.
Esse processo normalmente se dá em parceria com o sócio-fundador da companhia, que é considerado essencial, pois possui todo o conhecimento sobre a cultura, o modo de operar e o mercado da empresa. Após alguns anos de trabalho, o fundo sai à procura de — ou é procurado por — compradores para as companhias em seus portfólios.
A empresa será vendida caso as ofertas sejam interessantes e a gestora acredite que é o momento correto. Quando o dinheiro for recebido pelo fundo, é a hora de os ganhos da operação serem distribuídos aos investidores. Todo esse processo demora, em geral, de 7 a 12 anos, e ao final do período o fundo deixa de existir.
A imagem abaixo apresenta a taxa interna de retorno (TIR) líquida — uma das medidas mais utilizadas quando se fala em retorno de private equity — de fundos de private equity focados no mercado americano.
Na imagem acima, as bolinhas cinza representam o limite superior do melhor quartil (25% melhores) em TIR. As bolinhas amarelas, o limite inferior do pior quartil (25% piores), e as azuis, a mediana da amostra.
Meu entendimento é que esta classe deverá continuar ganhando participação nas carteiras dos investidores globais. Contudo, no curto prazo, ainda há restrições para quem tem menos patrimônio, infelizmente.
Alternativamente, para investidores com menor volume de recursos, em um primeiro momento, os FIPs de infraestrutura listados na bolsa podem ser uma opção, ainda que tenham uma abordagem levemente diferente.
Se o leitor acredita, porém, que me limitarei a mencionar os mercados privados e os private equities no último texto do ano, permita-me corrigir-lhe tal noção.
Tem outros dois investimentos, mais disponíveis aos investidores em geral, que ainda gostaria de mencionar. Ambos já são conhecidos para os costumeiros leitores de minhas palavras semanais e associados às pautas ESG.
O primeiro deles é o segmento de créditos de carbono, certificados digitais que comprovam que uma empresa ou um projeto ambiental (projetos de conservação florestal, reflorestamento de áreas devastadas, energia limpa, biomassa, etc.) evitou a emissão (poluição) de 1 tonelada de CO2 (dióxido de carbono) ou CO2 equivalente (outros gases de efeito estufa, como metano, óxido nitroso e outros) em um determinado ano.
Grosso modo, se trata de uma ferramenta utilizada por empresas e, mais recentemente, por indivíduos, para compensar sua pegada de carbono, ou seu impacto negativo sobre o ambiente derivado da emissão dos gases de efeito estufa. Também pode ser uma grande moeda global, e o ano de 2022 pode marcar o início desse processo.
Meu entendimento é que o carbono possa ser a commodity do futuro.
Para se expor a tal mercado, você pode comprar o crédito de carbono diretamente, se valendo de plataformas como a Moss.Earth, ou, alternativamente, o investidor pode comprar lá fora um ETF que investe nesses créditos de carbono, ou ainda se vale de um fundo no mercado doméstico que replica a estratégia de comprar os crédito de carbono.
Por fim, o último grupo de produtos alternativos, desta vez com mais liquidez, se refere aos investimentos em energia alternativa, em especial em urânio e hidrogênio. É do meu entendimento que o mundo está à beira de uma grande revolução ecológica.
Nos últimos meses tivemos empresas e governos ao redor do mundo inteiro se comprometendo com a redução dos chamados gases causadores do efeito estufa, que contribuem para a mudança climática (ou aquecimento global), um dos principais desafios da humanidade até 2050.
O objetivo aqui é a redução de emissões de CO2 (dióxido de carbono) ou CO2 equivalente (outros gases de efeito estufa, como metano, óxido nitroso e outros) até 2030 e posterior zeragem das emissões (potencialmente) até 2050.
Para isso, investimento em empresas ligadas à economia do hidrogênio e à energia nuclear me parecem investimentos alternativos muito interessantes para os próximos anos e já para serem realizados em 2022. Minhas escolhas favoritas são os ETFs internacionais nesse caso.
O ideal é que o investidor não tenha mais de 1% de sua carteira em cada um deles (5% de limite no caso do private equity). Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
Com isso, encerramos o ano de 2021 com meus pensamentos para o Ibovespa, para o câmbio e para investimentos alternativos, classe com a qual trabalhei bastante ao longo dos últimos 12 meses. Se o investidor conseguir se valer das três percepções, tenho absoluta convicção que será bem-sucedido na média em janelas dilatadas de tempo.
Encerro o ano desejando aos leitores os meus mais sinceros votos de prosperidade para o ano que se inicia. Sei que o período recente não foi fácil para muitos de nós. Acredito, porém, que apesar das tormentas que ainda se mostram presentes no horizonte, vivemos apenas um momento de estresse, que fazem parte da história do Brasil.
Como sempre fizemos no passado, vamos passar por 2022 e seguir adiante. O mesmo serve para seus investimentos. São episódios como o atual em que a disciplina do investidor deve ser privilegiada. Foco no processo que o resultado de longo prazo se mostrará primoroso.
Um feliz 2022 a todos!
Vem Fiagro multimercado: CVM enfim publica novas regras para fundos de investimento no agronegócio; confira o que vai mudar
Segundo a autarquia, a norma para os Fiagros entrará em vigor em 3 de março de 2025 e o Seu Dinheiro havia antecipado a notícia para você
A promessa será cumprida: nova regulação dos fiagros sai mesmo em setembro, garante presidente da CVM; veja o que deve mudar
Novas regras devem sair na próxima segunda-feira (30) e ampliam as possibilidades de investimento dos fiagros, incluindo ativos verdes
Banco do Brasil (BBAS3) obtém empréstimo de US$ 50 milhões com o Citi para financiar agenda ESG a juros mais baixos
É a primeira vez que dois bancos, um americano e um brasileiro, se unem numa linha de financiamento do tipo
Petrobras (PETR4) fecha acordo ‘verde’ com Gerdau (GGBR4); veja qual é o objetivo da parceria
As companhias firmaram um memorando de entendimentos para analisar oportunidades comerciais em projetos de descarbonização
É hora de comprar a ação da Raízen? Santander inicia cobertura de RAIZ4 e vê potencial de 33% de valorização até 2026
Parte da visão otimista dos analistas está baseada nas perspectivas construtivas para o futuro do etanol de segunda geração (E2G)
Diversidade de gênero: presidente da ABVCAP anuncia iniciativa para impulsionar mulheres em carreiras de investimentos
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Priscila Rodrigues, presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital contou detalhes do projeto de incentivo a mulheres
Dá para lucrar com ESG? Não segundo o CEO desta gigante russa do petróleo. Veja as previsões do executivo sobre a transição energética
Segundo o presidente da petroleira russa Rosneft, Igor Sechin, os objetivos da transição energética em sua forma atual são “ideológicos e irreais”
Como títulos como o RendA+ e o Educa+ poderiam ajudar na prevenção e nos reparos de desastres climáticos como os do Rio Grande do Sul
“Pai” do Tesouro RendA+ defende que títulos públicos voltados para a aposentadoria e a educação podem ser usados para o governo captar recursos para investir em infraestrutura em um cenário de mudanças climáticas e até mesmo viabilizar doações
Investimento verde é coisa de gringo, mas isso é bom para nós: saiba quais são as apostas ESG do investidor global no Brasil
Saiba para quais segmentos e tipos de negócios o investidor global olha no Brasil, segundo Marina Cançado, idealizadora de evento que aproximará tubarões internacionais com enfoque ESG do mercado brasileiro
Após caso Americanas, B3 propõe colocar selo do Novo Mercado em revisão para empresas com problemas
O objetivo de colocar o selo do Novo Mercado em revisão é fazer um alerta aos acionistas, de acordo com a B3. Saiba mais sobre a proposta
Vale (VALE3): proposta de compensação por rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG) soma R$ 127 bilhões
Caso a Samarco não consiga honrar os valores, a Vale e a BHP Brasil atuarão como devedores secundários, de acordo com a proposta
O carro elétrico não é essa coisa toda — e os investidores já começam a desconfiar de uma bolha financeira e ambiental
Dúvidas sobre eficiência do carro elétrico na transição energética e concorrência chinesa se refletem nas ações da Tesla, que perdem 30% do valor em 2024
Novo petróleo? Entenda o que mantém hidrogênio verde longe do mundo real
Hidrogênio verde é usado na produção de derivados, mas as grandes empresas de energia não pensam em correr com a transição energética
Vale (VALE3) sofre bloqueio de ações pela Justiça na Holanda no caso Samarco
Tutela contra a Vale ocorreu em antecipação a uma futura ação judicial de pessoas que alegam terem sido afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão
O que o investidor gringo procura para investir no Brasil
Produtos de impacto de preservação e regeneração de floresta, assim como relacionados ao crédito de carbono, geram grande interesse entre os fundos de investimento europeus
Transição energética: CEOs da Raízen (RAIZ4) e da Vibra (VBBR3) apostam no etanol, que pode virar até ‘meio de transporte’; entenda
Os executivos Ricardo Mussa e Ernesto Pousada falaram sobre os planos das companhias para o mercado de energia verde durante evento do UBS
Onde Investir: 5 ideias de negócios e franquias de até R$ 50 mil para abrir em 2024
Com crescimento no faturamento em todos os setores em 2023, as expectativas para o mercado de franquias são positivas; confira as principais tendências para este ano
Aeris (AERI3): o que faz a ação disparar mais de 10% na B3
Empresa anunciou a prorrogação contrato de fornecimento de pás eólicas com a Vestas por mais dois anos e, assim, consegue maior previsibilidade nas receitas
Quais as habilidades mais requisitadas para cargos de alto escalão no mercado de trabalho?
Segundo consultorias, as companhias buscam especialistas em IA e ESG para os cargo de diretoria e presidência
Fundo árabe consegue tirar dona do Burger King (ZAMP3) do Novo Mercado da B3; ações desabam 19%
Mubadala aumentou a participação na Zamp para quase 40% em dezembro e ampliou o poder de voto na assembleia que aprovou a saída do segmento de governança mais rigoroso da B3