Um outro alguém
Thiago e seu noivo estavam a procura de um bom apartamento, e Paulinha os ajudou a realizar seus sonhos

Thiago e seu noivo estão à procura de um novo apartamento.
Com a overdose de home office na pandemia, ambos perceberam que estariam mais à vontade em um lugar um pouco maior.
"Sinto que é a hora certa de dar esse salto" — ele me disse. "Os juros do financiamento caíram muito e os preços dos imóveis ainda podem subir mais."
Depois de estudar as condições financeiras e ponderar as preferências do casal, eles decidem por um espaço em torno de 100 metros quadrados, por um teto de R$ 1,5 milhão e por um local razoavelmente tranquilo, em que possam correr na rua sem risco de atropelamento, e no qual não precisem escolher roupas fashion para sair para comprar pão.
Uma antiga colega de trabalho do Thiago acabou de comprar um apê e lhe indicou uma corretora, a Paulinha. O perfil da Paulinha é definido como: atenciosa, levanta diferentes oportunidades, com bastante assertividade. "Thi, você vai adorar ela!!!"
Paulinha se orgulha de conhecer os bairros de São Paulo como se fossem o próprio quintal. Destaca também o valor embutido na intimidade que desenvolve junto a seus clientes premium: "Ou posso chamar de amigos?".
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Escute as feras
Felipe Miranda: Do excepcionalismo ao repúdio
"É bom para mim e é bom para vocês, sabe? Se eu conheço vocês bem, posso encontrar e-x-a-t-a-m-e-e-e-e-e-e-n-t-e o lugar que vocês estão procurando para chamar de lar!"
A maior parte dos clientes da Paulinha nos últimos anos é muito parecida com o Thiago: pessoas entre os 30 e 40 anos, com empregos bem-sucedidos em setores de saúde, tecnologia, finanças ou publicidade.
Thiago e Paulinha começam a bater perna. Entre maquetes e cozinhas renovadas, discutem-se as metas de vida pós-noivado. "Você pretende continuar no trabalho atual por um bom tempo? Acha que pode ganhar um bônus maior em 2021? Planeja ter filhos? Seu noivo tem cara de quem gosta de crianças!"
Ao observador cuidadoso, algo mais transparecia em meio a essas interações casuais. Paulinha comentava frequentemente sobre o quão aquecido está o mercado imobiliário em São Paulo: preços em alta, estoques em baixa.
"Ou seja, meu lindo, precisamos fazer uma proposta rápido! Ou o seu apartamento dos sonhos vai parar no sonho de outro alguém, entendeu? Um outro alguém dormindo na sua caminha gostosa! Já imaginou?"
A despeito de Thiago e seu noivo terem sido claros ao estabelecer um teto de R$ 1,5 milhão, Paulinha lhes trazia apartamentos entre R$ 1,7 milhão e R$ 2 milhões.
Ao visitar esses imóveis acima do teto, a corretora falava sobre como é possível conseguir muito mais qualidade de vida em troca de um pouquinho mais de custo.
E também sobre a vantagem de investir num prédio novinho em folha, sem se preocupar toda hora se vai ter vazamento ou não, se o elevador vai quebrar entre o 14º e o 12º andar, ou se você vai ouvir os vizinhos de cima transando numa cama velha, de um prédio velho.
Então, numa visita a um projeto moderno de 79 metros quadrados, preço de tabela a R$ 2 milhões, Thiago se entusiasmou, e Paulinha também.
Eles falaram sobre a vista maravilhosa da varanda, sobre a vibração hype deste bairro que tem tudo e nunca dorme, sobre o isolamento acústico, sobre a chance de morar ao lado de alguém famoso.
"Meu deus, esse lugar é a sua cara! Consegue se imaginar morando aqui?"
Um dia depois, Thiago ligou para Paulinha e colocou uma proposta de R$ 1,9 milhão, prontamente aceita.
Eles não iriam mais morar num bairro tranquilo, mas poderiam correr na esteira da academia do prédio novo.
Se estivessem com preguiça de se arrumar, poderiam também pedir pão gourmet pelo aplicativo.
O preço de compra foi 27% acima do teto originalmente pensado, para um espaço 21% menor.
Em que se pesem esses pequenos detalhes, naquela noite, Thiago e seu noivo brindaram a belíssima aquisição com um Veuve Clicquot presenteado pela Paulinha.
Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas
A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir
Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?
Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação
Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante
Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial
Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump
Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes
Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso
O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.
Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º
Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação
Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump
Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump
Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável
Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa
Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio
Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias
Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808
A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.
Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek
Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor
Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?
Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares
Rodolfo Amstalden: Um ano mais fácil (de analisar) à frente
Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar
Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal
Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem
Rodolfo Amstalden: Precisamos sobre viver o “modo sobrevivência”
Não me parece que o modo sobrevivência seja a melhor postura a se adotar agora, já que ela pode assumir contornos excessivamente conservadores
Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou
Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro
Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2
Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa
Rodolfo Amstalden: Brasil com grau de investimento: falta apenas um passo, mas não qualquer passo
A Moody’s deixa bem claro qual é o passo que precisamos satisfazer para o Brasil retomar o grau de investimento: responsabilidade fiscal
Tony Volpon: O improvável milagre do pouso suave americano
Powell vendeu ao mercado um belo sonho de um pouso suave perfeito. Temos que estar cientes que é isso que os mercados hoje precificam, sem muito espaço para errar.