O bode branco na sala dos seus investimentos pode sumir — e você nem vai perceber

Daqui a 30 dias, ainda estaremos falando sobre a Evergrande? Sobre os Precatórios? Sobre um risco de golpe institucional?
A verdade é que ninguém sabe. Nem mesmo o Guga Chacra.
Algoritmos que tentam antever os trending topics do Twitter possuem a mesma eficácia preditiva que a de algoritmos treinados com machine learning para adiantar os movimentos do mercado; em ambos os casos, a eficácia é zero.
O futuro é complexo, nebuloso, inefável — e todas as demais ressalvas epistemológicas sobre exercícios fúteis de indução já tão conhecidas pelos assinantes da Empiricus.
Para nós, talebianos, é ponto pacífico que todo futuro é incógnito.
Mas peço uma breve licença ao Nassim para flertar com uma variação do mesmo tema, sem sair do tom.
Leia Também
Tony Volpon: Buy the dip
Rodolfo Amstalden: Buy the dip, e leve um hedge de brinde
Desconfio que alguns futuros são menos incógnitos do que outros.
Em certas situações — desafiando a curvatura típica dos juros —, prazos longos podem ser menos incógnitos do que prazos relativamente curtos.
Meu palpite atual, por exemplo — e trata-se apenas de um palpite —, é o de que o segundo semestre de 2022 será substancialmente melhor do que os próximos meses.
"Sério, Rodolfo? O que vai acontecer de tão legal no 2S22?"
Talvez — e somente talvez — o bode terá saído da sala.
Isso não implica, necessariamente, que Eduardo Leite vencerá a eleição, nem que Arminio Fraga será o ministro da Fazenda de Lula, nem que Tarcísio Gomes de Freitas será acelerado como sucessor viável de Bolsonaro.
Às vezes, o bode sai da sala sem que saibamos quem era o bode.
Há uma dupla inconsistência na forma com que o mercado constrói suas expectativas.
O mercado subestima largamente a ocorrência de eventos imprevisíveis (cisnes negros), ao mesmo tempo que superestima a interpretação de eventos aparentemente explícitos (bodes brancos).
São dois lados da mesma moeda. Repare ao seu redor: pessoas viciadas na realidade não têm imaginação.
Por enquanto, o mercado não consegue enxergar. Mas existe um cenário, de grande probabilidade, em que o bode branco sai da sala sem gatilho algum.
Nesse cenário, o simples afunilamento do leque de probabilidades pré-eleitorais rumo a uma convergência eleitoral (qualquer que ela seja) bastaria para trazer paz e visibilidade ao ambiente de negociações.
E lá se foi o bode, sumiu!
Ainda não aconteceu, mas pode acontecer.
O bode branco pode passar o dia inteiro parado no meio da sala, vários dias parado, semanas, meses.
Parado.
Mas uma hora ele vai ter que ir comer, dormir ou visitar o banheiro.
Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante
Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial
Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump
Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes
Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso
O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.
Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º
Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação
Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump
Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump
Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável
Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa
Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio
Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias
Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808
A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.
Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek
Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor
Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?
Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares
Rodolfo Amstalden: Um ano mais fácil (de analisar) à frente
Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar
Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal
Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem
Rodolfo Amstalden: Precisamos sobre viver o “modo sobrevivência”
Não me parece que o modo sobrevivência seja a melhor postura a se adotar agora, já que ela pode assumir contornos excessivamente conservadores
Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou
Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro
Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2
Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa
Rodolfo Amstalden: Brasil com grau de investimento: falta apenas um passo, mas não qualquer passo
A Moody’s deixa bem claro qual é o passo que precisamos satisfazer para o Brasil retomar o grau de investimento: responsabilidade fiscal
Tony Volpon: O improvável milagre do pouso suave americano
Powell vendeu ao mercado um belo sonho de um pouso suave perfeito. Temos que estar cientes que é isso que os mercados hoje precificam, sem muito espaço para errar.
Rodolfo Amstalden: If you’re old, sell & hold
Em meio à fartura de indicadores de atividade e inflação sugerindo bons sinais vitais, desponta um certo estranhamento no fato de que Warren Buffett parece estar se preparando para tempos piores à frente
Felipe Miranda: O Fim do Brasil não é o fim da História – e isso é uma má notícia
Ao pensar sobre nosso país, tenho a sensação de que caminhamos para trás. Feitos 10 anos do Fim do Brasil, não aprendemos nada com os erros do passado