🔴 GANHOS DE ATÉ R$ 1.000 POR HORA? ESTE MÉTODO PODE GERAR RENDA DE 7 DÍGITOS POR MÊS – CONHEÇA

Juros por toda a parte

16 de março de 2021
10:36 - atualizado às 19:34
Mercados juros bolsa coronavírus
Imagem: Shutterstock

Uma vez, presenciei, como mero ouvinte, uma conversa inesquecível de dois economistas keynesianos entusiasmados. Para minha surpresa, constatei três opiniões. A de cada um dos dois economistas e a do próprio Keynes. 

Ouvi a piada do Eduardo Giannetti, mas achei que contar em primeira pessoa ficaria mais divertido.

É frequente economistas terem opiniões diferentes sobre um mesmo fenômeno. E o pior: todas elas serem pertinentes. Para Sextus Empiricus, nada mais natural. O ceticismo pirrônico, de que ele é talvez o maior expoente, defende que, para cada argumento, há um contra-argumento de igual validade e intensidade.

A reunião do Copom começa com duas vertentes bem definidas. 

De um lado, há aqueles que prescrevem a necessidade de um aumento mais intenso da taxa Selic, começando com 75 pontos-base. Sob o risco de uma desancoragem das expectativas de inflação, com uma variação do IPCA podendo ultrapassar 5% neste ano e contaminar 2022, seria adequado um ajuste maior. A inflação está acima do centro da meta, os IGPs crescem mais de 30% ao ano, as expectativas estão subindo, as commodities se valorizam, o câmbio está fora do lugar, temos grande incerteza fiscal. Se sabemos que o aperto monetário vindouro será de pelo menos 250 pontos-base, vamos logo correr com isso!

Segundo essa turma, com isso, controlaríamos um pouco o câmbio, achataríamos a curva de juros (essa ideia de achatamento da curva tem nos perseguido!) e impediríamos o descontrole da inflação. Os mais enfáticos argumentam que fazer mais rápido poderia até significar fazer menos. Se o Copom apertar o torniquete monetário com força, talvez precisemos de menos doses lá na frente. A autoridade monetária recuperaria a credibilidade e qualquer surto inflacionário seria combatido. 

Leia Também

Outros, porém, defendem o início de um ciclo de aperto a partir de uma elevação de 0,50 ponto percentual na Selic. Choques muito intensos acabam gerando mais incerteza e volatilidade. A economia ainda patina e há um brutal desemprego. São Paulo está em lockdown total, outras partes relevantes do Brasil também. Há um nível de endividamento corporativo razoável em determinados nichos e um aperto súbito das condições financeiras poderia causar estragos perigosos. Não custa também lembrar que, até pouco tempo, convivíamos com o “forward guidance”, ou seja, aquela sinalização oficial de que teríamos a Selic inalterada por bastante tempo. Para banqueiros centrais, credibilidade importa. Para ancorar as expectativas de inflação, há de se fazer o que foi falado que se faria. Em menos de três meses, saímos da presença do forward guidance para um aumento de 75 pontos na Selic?

Se o mundo muda, eu mudo. Sem problemas. E como leitor de Shakespeare, também sei que palavras não pagam dívidas. Mais do que a retórica, importam os atos e os fatos. Mas algum alinhamento entre discurso e realidade prática, para o caso da política monetária, é desejável. Não houve até aqui nenhum tipo de sinalização de que o Copom pretende um grande choque de juros neste momento.

Encontro bons argumentos dos dois lados. Se tivesse de chutar, porém, projetaria um aumento de 50 pontos, numa espécie de “hawkish hike” — sendo sincero, nunca vi essa expressão assim; mas se tem “dovish hike” deve ter “hawkish hike” (se não tem, deveria). Ou seja, acho que o Copom dá 50 e adota um discurso bem mais duro para a frente, sinalizando incrementos de 0,75 ou até mesmo 1 ponto adiante. Assim, ele conseguiria atender aos dois times. Não seria excessivamente agressivo e desalinhado ao seu próprio discurso, mas também não seria leniente com a inflação e uma postura frouxa. 

Acho que essa conduta poderia ajudar a acalmar os mercados de juro e câmbio — obviamente, se o yield do Treasury de dez anos e Brasília permitirem (são dois “ses" importantes, eu sei).

Isso nos traz aos juros dos EUA, claro. O Fed também atualiza sua política monetária amanhã. Ninguém espera qualquer alteração do juro básico norte-americano neste momento, nem uma mudança imediata no programa de compra de títulos. O grande interesse está na leitura e em uma eventual sinalização do Fed sobre a recente escalada dos yields (taxas de juro de mercado).

As comunicações recentes apontam para uma certa tranquilidade em torno da inflação e da alta dos yields em particular, que, aliás, tem sido interpretada, ao menos até agora, como um sinal da confiança na recuperação. 

Há algumas nuances aqui. Uma subida mais intensa das taxas de mercado pode implicar deterioração das condições financeiras, o que até poderia gerar alguma crise, e também uma desaceleração do crescimento econômico.

Neste contexto, os bancos centrais têm se mostrado estimuladores do crescimento e alguns deles já denotam preocupação com a escalada dos yields. O BC da Austrália intensificou materialmente sua compra de títulos no mercado, derrubando em 20 pontos-base os yields de seus bonds; e, na última quinta-feira, o BCE afirmou que a disparada das taxas de juros de mercado poderia respingar sobre a recuperação da economia. Como resultado, o BCE poderia acelerar sua compra de títulos de modo a evitar recrudescimento das condições financeiras e de liquidez. O Fed, por sua vez, ainda não se manifestou diretamente sobre o tema, desconsiderando, claro, aquela retórica típica “dispomos das ferramentas necessárias para agir se for preciso”. Jerome Powell, porém, já foi incisivo ao relatar que a aceleração da inflação neste momento, como resultado de uma demanda reprimida da pandemia, seria transitória. A ideia até seria defender algum overshooting da inflação acima de sua meta informal de 2% ao ano, como forma de ancorar as expectativas mais para cima, depois de anos e anos de inflação muito baixa. Em sendo o caso, o Fed poderia agir para comprar títulos de longo prazo e derrubar as taxas de juro. 

Então, voltamos àquela máxima: “never fight the Fed” (nunca brigue com o Fed). Se é do interesse dos bancos centrais manterem as taxas de longo prazo mais baixas, talvez elas encontrem um pouco mais de resistência para subir a partir de níveis um pouco mais altos. Podemos, sim, ter o yield de dez anos dos Treasuries indo para cima de 2% e os bunds alemães voltando ao patamar positivo ainda em 2021. Se essa, no entanto, for uma escalada mais gradual e bem comportada, alimentada por expectativas de crescimento forte da economia, talvez não seja um grande problema. 

Por mais que tenhamos volatilidade e um curtíssimo prazo ainda difícil, o estrutural ainda é positivo para as ações. Os juros de mercado podem subir no mundo. Mas duas vezes zero ainda é zero.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
MARKET MAKERS

Precisamos falar sobre indicadores antecedentes: Saiba como analisar os índices antes de investir

1 de setembro de 2022 - 14:09

Com o avanço da tecnologia, cada vez mais fundos de investimentos estão utilizando esses indicadores em seus modelos — e talvez a correlação esteja caindo

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Encaro quase como um hedge

1 de setembro de 2022 - 13:27

Tenho pensado cada vez mais na importância de buscar atividades que proporcionem feedbacks rápidos e causais. Elas nos ajudam a preservar um bom grau de sanidade

CAÇADOR DE TENDÊNCIAS

Day trade na B3: Oportunidade de lucro de mais de 4% com ações da AES Brasil (AESB3); confira a recomendação

1 de setembro de 2022 - 8:25

Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da AES Brasil (AESB3). Saiba os detalhes

O melhor do Seu Dinheiro

Setembro em tons de vermelho: Confira todas as notícias que pesam nos mercados e impactam seus investimentos hoje

1 de setembro de 2022 - 8:22

O mês de setembro começa com uma imensa mancha de tinta vermelha sobre a tela das bolsas mundiais, sentindo o peso do Fed, da inflação recorde na zona do euro e do lockdown em Chengdu

ESTRADA DO FUTURO

A febre dos NFTs passou, mas esta empresa está ganhando dinheiro com eles até hoje

1 de setembro de 2022 - 5:48

Saiba quem foram os vendedores de pás da corrida do ouro dos NFTs e o que isso nos ensina para as próximas ondas especulativas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Balanço de agosto, o Orçamento de 2023 e outros destaques do dia

31 de agosto de 2022 - 19:20

A alta de 6,16% do Ibovespa em agosto afastou o rótulo de “mês do desgosto”, mas ainda assim deixou um sabor amargo na boca.  Isso porque depois de disparar mais de 10% ainda na primeira quinzena, impulsionado pela volta do forte fluxo de capital estrangeiro, as últimas duas semanas foram comandadas pela cautela.  Uma dupla […]

CAÇADOR DE TENDÊNCIAS

Day trade na B3: Oportunidade de lucro acima de 4% com ações da Marcopolo (POMO4); confira a recomendação

31 de agosto de 2022 - 8:10

Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da Marcopolo (POMO4). Saiba mais detalhes

O melhor do Seu Dinheiro

Tente outra vez: basta desejar profundo para ver a bolsa subir? Confira tudo o que mexe com os seus investimentos hoje

31 de agosto de 2022 - 8:08

Em queda desde a sexta-feira, as bolsas de valores estrangeiras começaram o dia em busca de recuperação singela. Por aqui, investidores procuram justificativas para descolar o Ibovespa de Wall Street

o melhor do seu dinheiro

Commodities derrubam Ibovespa, Itaú BBA rebaixa a Petrobras (PETR4) e as mudanças na WEG (WEGE3); confira os destaques do dia

30 de agosto de 2022 - 19:20

As últimas levas de notícias que chegam de todas as partes do mundo parecem ter jogado os investidores dentro de um labirinto de difícil resolução em que apenas a cautela pode ser utilizada como arma.  O emaranhado de corredores a serem percorridos não só são longos, como também parecem estar sempre mudando de posição — […]

A BOLSA COMO ELA É

Gringos estão de olho no Ibovespa, mas investidor local parece sem apetite pela bolsa brasileira. Qual é a melhor estratégia?

30 de agosto de 2022 - 11:50

É preciso ir contra o consenso para gerar retornos acima da média, mesmo que isso signifique correr o risco de estar errado

MARKET MAKERS

Entenda por que você não deve acompanhar só quem possui teses de investimento iguais às suas

30 de agosto de 2022 - 9:17

Parte fundamental do estudo de uma ação é entender não só a cabeça de quem tem uma tese que vá em linha com a sua, mas também a de quem pensa o contrário

CAÇADOR DE TENDÊNCIAS

Day trade na B3: Oportunidade de lucro acima de 11% com ações da Santos Brasil (STBP3); confira a recomendação

30 de agosto de 2022 - 8:15

Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da Santos Brasil (STBP3). Saiba os detalhes

O melhor do Seu Dinheiro

Uma pausa para respirar: Confira todas as notícias que movimentam os mercados e impactam seus investimentos hoje

30 de agosto de 2022 - 8:08

A saída da atual crise inflacionária norte-americana passa necessariamente por algum sacrifício. Hoje, porém, as bolsas fazem uma pausa para respirar

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Aperte os cintos: o Fed praticamente acabou com as teses de crescimento, e o fim do bear market rally está aí

30 de agosto de 2022 - 6:22

Saída da atual crise inflacionária passa por algum sacrifício. Afinal, estamos diante de um ciclo econômico clássico e será preciso esfriar o mercado de trabalho

SEU DINHEIRO NA SUA NOITE

Ibovespa se descola da gringa, Itaú entra na disputa das vendas virtuais e a estratégia de Bolsonaro para os debates; confira os destaques do dia

29 de agosto de 2022 - 19:17

Em Wall Street, o alerta do Federal Reserve de que o aperto monetário pode ser mais intenso do que o esperado penalizou as bolsas lá fora

EXILE ON WALL STREET

Complacência: Entenda por que é melhor investir em ativos de risco brasileiros do que em bolsa norte-americana

29 de agosto de 2022 - 11:25

Uma das facetas da complacência é a tendência a evitar conflitos e valorizar uma postura pacifista, num momento de remilitarização do mundo, o que pode ser enaltecido agora

CAÇADOR DE TENDÊNCIAS

Day trade na B3: Oportunidade de lucro acima de 5% com ações do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3); confira a recomendação

29 de agosto de 2022 - 8:25

Identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3). Veja os detalhes

O melhor do Seu Dinheiro

Mercados, debate presidencial e um resultado inesperado: Confira todas as notícias que mexem com os seus investimentos hoje

29 de agosto de 2022 - 8:24

Com a percepção de que o Fed optará pelo combate à inflação a todos os custos, os últimos dias de agosto não devem trazer alívio para os mercados financeiros. O Ibovespa ainda repercute o primeiro debate entre presidenciáveis

Trilhas de carreira

Por que saber demais pode tornar você um péssimo chefe

28 de agosto de 2022 - 7:32

Apesar de desenvolvermos uma compreensão mais sofisticada da realidade como adultos, tendemos a cair em armadilhas com muito mais frequência do que gostaríamos de admitir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Wall Street tomba com Powell, os melhores momentos de Lula e Bolsonaro no Jornal Nacional e outros destaques do dia

26 de agosto de 2022 - 18:13

Desde que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou o início da retirada dos estímulos monetários adotados na pandemia, durante o simpósio de Jackson Hole de 2021, o mercado financeiro global já se viu obrigado inúmeras vezes a recalcular a rota, e todas elas parecem levar a um destino ainda incerto, mas muito […]

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar