Felipe Miranda: Lula, Temer e FHC em uma conversa pelo Brasil?

Pausa na programação normal. Este Day One é um pedido de ajuda. As coisas aqui são, de fato, feitas por vocês e, portanto, nada mais natural do que pedir seu auxílio para defini-las. Aquilo que é construído conjunta e organicamente tem mais chances de dar certo.
Precisamos falar do nosso evento de final de ano. Essa é uma tradição importante pra gente. Ele nos aproxima dos nossos assinantes e tem por objetivo estimular o debate construtivo, seja por meio de apresentações mais diretas sobre oportunidades de investimento, seja por ideias interessantes capazes de incentivar o livre pensamento.
Já trouxemos dois Prêmios Nobel de Economia para falar a nossos assinantes, um presidente da República, dois ministros da Fazenda, três presidentes do BC, quase todos os bons gestores de ações e multimercados, parte relevante dos empresários, alguns banqueiros e, como não poderia faltar, Nassim Taleb duas vezes, entre tantos outros.
Sextus Empiricus, inspiração para nossa pequena empresa, é um expoente do ceticismo pirrônico, cuja característica principal assenta-se sobre o constante embate dialético entre argumentos e contra-argumentos, de igual abrangência e profundidade. O debate de ideias permeia a nossa natureza. Mais do que isso, ele nos define no batizado.
Talvez possa parecer cedo para tratar de um evento que acontece apenas em novembro, quando faremos 12 anos de vida — como usualmente nos referimos à Empiricus usando o artigo definido feminino, já posso antever as consequências da menarca. Contudo, para colocar as coisas de pé, feliz ou infelizmente, precisamos planejar e agir com alguma antecedência. Você não põe um ministro da Fazenda, um prêmio Nobel ou um presidente da República para falar amanhã fazendo contato hoje.
É isso que nos traz aqui.
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Uma das ideias ventiladas para encerrar o evento seria a de um painel com os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer, de título: “Uma conversa pelo Brasil”.
Deixo claro desde já: não há nenhuma garantia de que eles mesmos aceitariam o convite. Só vamos avançar nessa direção se nossos próprios assinantes acharem pertinente, conforme ficará claro a seguir.
Antes das críticas de que seria apenas uma oportunidade para se criticar o governo Bolsonaro, dois esclarecimentos.
O presidente Jair Bolsonaro já foi convidado formalmente, para um painel sozinho. Ficaríamos muito felizes com a sua participação, que certamente engrandeceria o evento. Entretanto, não posso forçar a sua presença. Se ele não topar, nada feito. Só depende dele. Torço pelo aceite.
Esclareço também que o painel com os ex-presidentes seria mediado por mim, com a intenção clara de se evitar a transformação num palco para críticas ao governo Bolsonaro. O objetivo é apontar caminhos para o Brasil, a partir de quem já sentou, de fato, na cadeira, conhece a máquina por dentro, suas limitações e potenciais. Tudo e só isso.
Ocorre, porém, que a ideia desse debate não é consenso nem mesmo dentro da Empiricus. É por isso que gostaria da sua ajuda hoje.
Há um grupo defensor da ideia de que devemos conversar com todos os espectros da sociedade, ouvi-los de maneira democrática e apontar possíveis soluções a partir de teses e antíteses devidamente expostas.
O posicionamento da Empiricus , em si, é muito claro: liberal, pró-mercado, pró-empreendedorismo, pró-livre iniciativa. Acreditamos que o valor de uma sociedade é gerado fora do Estado, de maneira descentralizada, a partir de decisões individuais. Isso não impede (talvez até o contrário; reforce) a possibilidade de conversarmos com outras matizes ideológicas. O liberalismo é essencialmente plural.
Outra vertente é contra a realização desse encontro. Argumenta que ele politizaria demais a discussão e nos colocaria, como empresários e homens de negócios, em posição frágil. Sofreríamos críticas dos bolsonaristas por sentarmos à mesa com Lula. Sofreríamos críticas dos lulistas por sentarmos à mesa com FHC e Temer. Sofreríamos críticas dos defensores da terceira via por não tê-la ali devidamente representada. Seria um perde-perde. Segundo essa visão, ninguém sairia agradado dessa reunião.
Como respeito a divergência de opinião e, embora tenha a minha própria (junto com o resultado, revelarei amanhã minha posição para tentar não direcionar e enviesar a enquete), consigo encontrar valor nos dois argumentos, gostaria de ouvir a sua opinião a respeito.
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