🔴 QUER INVESTIR NAS MELHORES CRIPTOMOEDAS DO MOMENTO? SAIBA COMO CLICANDO AQUI

Um investidor conservador sabe que uma boa ação tem seus defeitos

17 de maio de 2021
12:17 - atualizado às 12:18
Imagem: Nelson Rodrigues , 1981 , Carlos Moskovics Registro fotográfico Carlos Moskovics

“Sou reacionário. Minha reação é contra tudo que não presta.”

Se o sábado é uma ilusão, a segunda-feira deve ser a mais dura e fria realidade. Começamos a semana com Nelson Rodrigues.

O conservador é um cético na capacidade de grandes revoluções oferecerem um futuro não testado que seja superior ao que sobreviveu ao teste do tempo. Se as instituições, sejam elas formais ou informais, estão aí há muitos anos, deve haver algum valor nelas. O reacionário é mais do que isso. Ele quer retomar condições pregressas já superadas.

Eu presto atenção ao que eles dizem, mas eles não dizem nada. Todos preconizam a vitória prospectiva do value investing sobre o growth num mundo de mais inflação e mais juro, depois de anos de estagnação secular e protagonismo dos cases de crescimento. Mas o que seria esse value investing? Alguém já o viu por aí, indo com a família ao Jardim Zoológico dar pipoca aos macacos?

Voltando a Nelson Rodrigues, como “a televisão matou a janela”, o YouTube matou o Investidor Inteligente e o Security Analysis. Embora haja uma defesa retórica abrangente sobre o value investing clássico, ao olhar certas cotações em Bolsa, sinto que falam-se coisas sem a menor vergonha na cara, desapegadas da realidade objetiva.

O problema é que eu, assim como Nelson, só acredito nas pessoas que ainda se ruborizam. E elas parecem minoria. A era do Instagram é também a falência da moral e da coragem. Infectados pelo vírus de preconceitos modernos, alguns abandonaram a cartilha clássica.

Leia Também

Em relatório recente, a QQR resumiu em cinco tópicos sua prescrição top-down para o momento, sendo o primeiro deles uma espécie de obrigatoriedade: buy cash flows; ou seja, compre fluxos de caixa no presente.

O que me vem imediatamente à cabeça? Vale é o primeiro nome, oferecendo um fluxo de caixa livre ao acionista superior a 20% neste ano. Negociando a pouco mais de 3 vezes EV/Ebitda e sem dívida, isso é uma aberração de fluxo de caixa para o acionista. Já é uma paixão antiga. Uma namorada arisca que nos entrega bons lucros acumulados. Oferece um susto ou outro, como no final da semana passada, a partir da forte correção do minério de ferro na China em dois dias. Mas, melhor assim: “Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível”.

E como sabemos que “perfeição é coisa de menininha tocadora de piano”, tenho me atraído também por Petrobras. De maneira pragmática, as preocupações recentes (todas elas pertinentes) vão sendo superadas, uma a uma. E, então, muito desconto frente a uma cesta global de petrolíferas e uma monstruosidade de 25% de fluxo de caixa livre para o acionista em 2021.

Uma boa ação não é aquela que não tem defeitos. Essa já está precificada à perfeição. Então, seu risco é enorme, porque a realidade objetiva vai nos mostrar, cedo ou tarde, a ilusão. O risco onde não há risco é enorme, porque seu preço é caro. Quero olhar justamente para os defeitos baratos, os mais baratos. “O ser humano é cego para os próprios defeitos. Jamais o vilão do cinema mudo proclamou-se vilão. Nem o idiota se diz idiota.” 

Sejamos sinceros: o consenso atual consegue enxergar valor e mérito em empresas com muitos fluxos de caixa no presente e receitas em dólar, produtoras de commodities e exportadoras. Mas e os nossos próprios defeitos, os domésticos largados em Bolsa? Somos capazes de enxergar?

Há uma cartilha bem tradicional, talvez até um pouco clichê, do velho e bom Benjamin Graham: procure por empresas abaixo de 7 vezes lucros, abaixo de 1,2 vez na relação Preço/Valor Patrimonial e, se possível, pagadoras de dividendos. Pode parecer ultrapassado, mas, por incrível que pareça, existem coisas assim por aí.

Sanepar pode ser complicada e, literalmente, exigir a dança da chuva, mas atende aos critérios.

Direcional cometeu o grave pecado de ser uma incorporadora — e isso parece realmente imperdoável, como uma traição imperdoável aos supostos sábios (na verdade, preconceituosos) do value investing. “Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.” De fato, parece que o sucesso de Direcional a poucos interessa. Isso está a 6 vezes lucros 2022, abaixo do NAV e pagando 13% de yield em sete meses.

Se isso não é value investing, então o que é?

Como uma pequena condolência ao comedimento e à moderação de Bruno Covas, raros em épocas de polarização, encerro da mesma forma que comecei, recorrendo a Nelson Rodrigues: “Como são parecidos os radicais da esquerda e da direita. Dirá alguém que as intenções são dessemelhantes. Não. Mil vezes não. Um canalha é exatamente igual a outro canalha.”

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas

19 de março de 2025 - 20:00

A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?

17 de março de 2025 - 20:00

Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante

12 de março de 2025 - 19:58

Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump

10 de março de 2025 - 20:00

Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes

VISÃO 360

Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso

9 de março de 2025 - 7:50

O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º

5 de março de 2025 - 20:01

Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump

26 de fevereiro de 2025 - 20:00

Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável

19 de fevereiro de 2025 - 20:01

Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio

12 de fevereiro de 2025 - 20:00

Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808

10 de fevereiro de 2025 - 20:00

A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek

3 de fevereiro de 2025 - 20:01

Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?

29 de janeiro de 2025 - 20:31

Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Um ano mais fácil (de analisar) à frente

18 de dezembro de 2024 - 20:00

Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal

11 de dezembro de 2024 - 15:00

Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Precisamos sobre viver o “modo sobrevivência”

4 de dezembro de 2024 - 20:00

Não me parece que o modo sobrevivência seja a melhor postura a se adotar agora, já que ela pode assumir contornos excessivamente conservadores

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou

27 de novembro de 2024 - 16:01

Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer

18 de novembro de 2024 - 20:00

Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2

7 de outubro de 2024 - 20:00

Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Brasil com grau de investimento: falta apenas um passo, mas não qualquer passo

2 de outubro de 2024 - 14:40

A Moody’s deixa bem claro qual é o passo que precisamos satisfazer para o Brasil retomar o grau de investimento: responsabilidade fiscal

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: O improvável milagre do pouso suave americano

30 de setembro de 2024 - 20:03

Powell vendeu ao mercado um belo sonho de um pouso suave perfeito. Temos que estar cientes que é isso que os mercados hoje precificam, sem muito espaço para errar.

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar