Economia: escolha seu vencedor no duelo entre macro e micro

O noticiário político atinge em cheio a semana de resultados das empresas.
Por um lado, as manchetes sobre a PEC dos Precatórios e o novo Bolsa Família fazem o vento soprar contra a Bolsa. Por outro, temos alguns resultados espetaculares das companhias que compõem as diversas carteiras recomendadas da casa.
Qual será a vencedora desse duelo? A maré político-eleitoral ou a capacidade de execução das empresas?
O Mercado Livre, presente na Carteira Empiricus, soltou um belo resultado na última quarta-feira. Mesmo com a (esperada) desaceleração do crescimento de GMV, a companhia entregou uma receita que cresceu 103% ano contra ano. A beleza desse negócio, olhando à frente, deixou de ser somente sua execução no comércio eletrônico per se.
Agora, a empresa intensifica a monetização da sua base de milhões de usuários por meio do Mercado Pago (adquirência), do Mercado Crédito (empréstimos), do Mercado Envios (logística), e tem mais por vir… O Mercado Livre já oferece diversas opções de investimentos para os clientes que têm conta na sua carteira digital.
No dia seguinte à publicação dos resultados, o papel da gigante subiu 15%. Merecido.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Escute as feras
Felipe Miranda: Do excepcionalismo ao repúdio
O Iguatemi, que soltou seu resultado ontem depois do fechamento do mercado, mostrou que aqui tem reabertura, sim, com as vendas somadas dos seus lojistas crescendo 354% em relação ao segundo trimestre do ano passado. Tudo bem, a base comparativa não é muito difícil, mas que as coisas estão voltando ao normal para a companhia, estão.
O BTG Pactual, figurinha carimbada nas carteiras aqui da casa, entregou uma receita 25% acima da expectativa e atingiu um retorno sobre o capital do acionista de 21,6%. Importante notar que esse patamar de retorno é ouro entre os bancos tradicionais — além do BTG, somente o Santander Brasil (outra figurinha carimbada) atingiu algo similar no segundo trimestre.
A divulgação de BPAC foi agora de manhã, e minha expectativa é de uma reação positiva do papel.
Há algumas semanas, Howard Marks soltou seu aguardado memorando periódico. O tema da vez foi justamente o duelo entre cenário e entrega. “Thinking About Macro” é o título da carta, e nela o investidor americano prega que o microeconômico triunfa, enfim, sobre o macro — mais cedo ou mais tarde. Eu tendo a concordar; afinal, não é para gerar alfa que trabalho todos os dias?
A Carteira Empiricus sobe 5% no ano, patamar raro entre os fundos multimercados do país neste 2021 (te convido a conferir os resultados dos demais e tirar sua conclusão).
E, no meio do caminho, teve muito, mas muito vento macroeconômico contra. Como o escopo da carteira é global, os precatórios são apenas um dos problemas. Lembremos que teve intervenção chinesa, variante delta e sabe-se lá o que mais vai acontecer neste mundão. Estaremos aqui trabalhando para fazer o micro triunfar, sempre.
Tem mais resultados por vir nesta semana. A agenda dos analistas está cheia; eu que o diga.
Aguardo ansiosamente, inclusive, as divulgações das empresas da nova carteira ESG, que ficará dentro do Palavra do Estrategista (aguarde novidades amanhã). Para citar alguns nomes, nesta semana temos os resultados de Raia Drogasil e Natura. Em breve mais detalhes desse novo portfólio, que carinhosamente chamo de “Oportunidades ESG”.
Enfim, de volta à nossa batalha filosófica.
O prospecto desta temporada é de mais um round do fundamento triunfando sobre o macroeconômico. Acompanharemos de perto, sempre mantendo você atualizado — ou atualizada.
Um abraço,
Larissa
Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas
A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir
Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?
Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação
Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante
Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial
Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump
Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes
Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso
O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.
Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º
Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação
Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump
Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump
Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável
Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa
Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio
Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias
Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808
A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.
Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek
Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor
Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?
Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares
Rodolfo Amstalden: Um ano mais fácil (de analisar) à frente
Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar
Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal
Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem
Rodolfo Amstalden: Precisamos sobre viver o “modo sobrevivência”
Não me parece que o modo sobrevivência seja a melhor postura a se adotar agora, já que ela pode assumir contornos excessivamente conservadores
Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou
Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro
Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2
Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa
Rodolfo Amstalden: Brasil com grau de investimento: falta apenas um passo, mas não qualquer passo
A Moody’s deixa bem claro qual é o passo que precisamos satisfazer para o Brasil retomar o grau de investimento: responsabilidade fiscal
Tony Volpon: O improvável milagre do pouso suave americano
Powell vendeu ao mercado um belo sonho de um pouso suave perfeito. Temos que estar cientes que é isso que os mercados hoje precificam, sem muito espaço para errar.