Investir de maneira inteligente ajuda (mas não garante) retorno

Quero voltar aqui rapidamente ao Day One de terça, quando o Felipe citou o Soros em sua melhor forma, o arquétipo do investidor autocrítico:
"Toda posição tem uma ou mais vulnerabilidades."
"Se você acha sua exposição perfeita, cuidado; você apenas não entendeu direito."
"Sempre existe algo escondido ali, alguma armadilha não percebida a priori. Suas chances de ser surpreendido negativamente são altas."
Depois de ler Soros, aqueles indivíduos com medo do mundo lá fora podem se render facilmente à tentação de permanecerem deitados debaixo de seus cobertores quentinhos.
Ironicamente, porém, a postura humilde de Soros, virando de lado antes de sentar na cama, é aquela que mais nos ajuda a ficar de pé sem machucar a lombar.
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Note que isso não tem a ver necessariamente com inteligência. Ou, pelo menos, não com o conceito estereotipado da inteligência, tal como medido por testes de QI.
É óbvio que George Soros é um sujeito inteligente, e o mesmo pode ser dito sobre Warren Buffett, por exemplo.
No entanto, não é a inteligência que os levou ao ranking dos maiores investidores do mundo. Assim como eles, há muitos outros inteligentíssimos que não chegaram lá.
No mundo dos investimentos — e, desconfio, também no mundo em geral — os retornos marginais da inteligência são decrescentes.
Para níveis extremos, há uma correlação bem documentada na literatura científica entre inteligência e distúrbios de saúde física e mental.
Aos interessados no tema, recomendo o paper do Karpinski — High intelligence: A risk factor for psychological and physiological overexcitabilities.
Embora as regressões econométricas se orgulhem de identificar relações positivas entre inteligência e nível de renda, predominam também relações altamente negativas vis-à-vis males físicos e psicológicos.
Talvez seja apenas o velho recado dos deuses de que, se insistirmos em voar perto do Sol com nossas asas feitas de cera de mel, acabaremos afogados nas profundezas do Mar Egeu.
Voltando ao contexto que nos interessa aqui, aprendi que os motivos por trás dos grandes prejuízos financeiros dificilmente têm a ver com estupidez.
As quebras monumentais — os LTCMs e os Madoffs da vida — derivam sempre de rompantes de inteligência.
Inteligência desmedida custa caro demais, deixa-nos absolutamente convictos de que estamos certos, ainda que o mundo se esforce para dizer que estamos errados.
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