🔴 GANHOS DE ATÉ R$ 1.000 POR HORA? ESTE MÉTODO PODE GERAR RENDA DE 7 DÍGITOS POR MÊS – CONHEÇA

O remédio e o veneno: precisamos falar da inflação

5 de maio de 2021
10:57

Há poucas semanas, a Gabi organizou seu primeiro clube do livro. A obra escolhida foi “Tudo é rio”, de Carla Madeira — já fica de dica cultural. A autora participou do rico debate sobre sua criação. Uma fala dela me marcou bastante.

O livro, entre outras coisas, é sobre o perdão. E, em determinado momento da conversa, ela disse uma coisa penetrante: “O perdão existe para as coisas imperdoáveis. Para as perdoáveis, ele nem precisaria existir. Elas já estariam perdoadas claramente”. 

E não é verdade? Uau!

Quando Ben Bernanke foi perguntado sobre o que teria feito diferente no gerenciamento da crise de 2008, respondeu: deveríamos ter feito mais e mais rápido. A lição parece aprendida.

Diante da grave crise sanitária e econômica catalisada pela Covid-19, cujas mazelas ainda estão por aí, os bancos centrais e os Tesouros nacionais tiveram que lidar com uma escolha: errar para mais ou para menos. Acertar o ponto exato da intervenção fiscal e monetária seria uma utopia. Por definição, uma distribuição de probabilidades possui infinitos pontos e, sem observá-la nitidamente, fica impossível acertar o ponto cirurgicamente certo, que estimularia adequadamente a economia, mas não geraria inflação além do razoável.

Ou pecaríamos pela omissão ou pelo excesso. Aparelhados com o instrumental do gerenciamento da crise de 2008, optaram pelo primeiro caminho. Não parece razoável criticá-los por isso. Era, literalmente, caso de vida ou morte — e quando há risco de sobrevivência, desculpe, mas as coisas são diferentes. A própria racionalidade, do ponto de vista evolucionário, não é nada muito além da perseguição pela sobrevivência. Vendo o extremo da situação sanitária, é difícil pecar pela omissão. Seria imperdoável.

Leia Também

Com um pensamento um pouco mais duro, poderíamos talvez abrir uma argumentação de que sempre é muito mais fácil agir agora e posar de herói, transferindo para administrações e gerações posteriores as consequências de seu heroísmo. Como as coisas são dinâmicas e a economia, na vida real, nunca será um exercício de estática comparativa sob a premissa do “ceteris paribus”, ou seja, há muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e relações causais são difíceis de aferir com precisão, quando a crise estourar lá na frente, ainda que haja irresponsabilidade fiscal e monetária, os atuais formuladores de política poderão encontrar um outro culpado. Como bons burocratas, eles já estarão ricos e aposentados, talvez sentados em algum conselho de administração de um banco ou gestora renomada, fazendo palestras por US$ 100 mil — agora via Zoom, prescindindo da necessidade de viajar para países nos cantos do mundo. 

Ainda que possamos sempre identificar nuances ligadas ao risco moral de um gestor de política pública, que muitas vezes transfere sua responsabilidade para gerações futuras, as políticas keynesianas clássicas eram inexoráveis de 2020 até hoje. As intervenções são absolutamente legítimas, ainda que consequências indesejadas apareceram lá na frente. Mas a economia é um cobertor curto. Não há solução mágica. E havemos sempre de lidar com as consequências das nossas atitudes. A diferença entre o remédio e o veneno é a dose. 

Nunca houve uma saída tão rápida e vigorosa para uma crise. Depois da volúpia da queda do PIB e dos mercados, uma recuperação tão avassaladora quanto, acima de qualquer expectativa. A conta chega. Continua não havendo almoço grátis.

Conforme lembrou Ray Dalio em artigo recente, o presidente Joe Biden propôs US$ 1,8 trilhão no American Families Plan. Isso em adição aos US$ 2,3 trilhões do American Jobs Plan e ao US$ 1,9 trilhão do American Rescue Plan. Não sei nem somar isso, mas é o maior gasto público total desde o New Deal de Roosevelt, conhecido nos livros de história como a grande intervenção clássica da humanidade. 

Dalio identifica — a terminologia é dele, não minha — a migração pendular importante. Depois de décadas de domínio, marcado pela tomada de poder por Ronald Reagan, de políticas mais à direita, voltadas ao crescimento do bolo, a menos governo, menos foco na redistribuição de renda e patrimônio, agora caminhamos para mais governo, mais distribuição de renda e riqueza e menor disciplina fiscal e monetária. 

Os efeitos mais claros seriam uma maior inflação e um declínio do dólar relativamente a ativos reais. Para as ações, os impactos em termos líquidos não são claros a priori. Aumento de taxas e impostos corporativos e sobre ganho de capital são ruins. Mas mais gasto público é mais demanda agregada e a inflação tende a valorizar ativos reais, como as empresas (e suas ações). A resultante vai depender da eficiência, dos detalhes e da capacidade de execução do plano. 

Como muito bem lembrou Eduardo Giannetti no RadioCash desta semana, “as notícias da morte da teoria quantitativa da moeda parecem um pouco prematuras”. De fato, parecia um conto de fadas. Podemos imprimir moeda como se não houvesse amanhã e essa moeda terá seu valor preservado indefinidamente contra os bens. Fere a essência da lei básica de oferta e demanda. O mesmo Giannetti comentou sua participação em evento com o grande economista Kenneth Rogoff, em que ele mesmo se diz perplexo com o tamanho do esforço fiscal e monetário que vem sendo feito. 

Larry Summers, por sua vez, vem sistematicamente falando que fizemos além do razoável. Estaremos batendo na porta de um superaquecimento da economia norte-americana. As consequências seriam mais inflação e juros subindo. Note que isso não é necessariamente ruim para as ações, que refletem ativos reais e se beneficiam com mais crescimento econômico e mais lucros corporativos. No final do dia, a ação segue o lucro, nominalmente. 

É sintomático que seja Larry Summers. Ele resgatou a expressão “estagnação secular” e por anos defendeu maior esforço fiscal coordenado dos governos. Agora, ele acha que veio esforço demais.

Tudo que sabíamos é que erraríamos, com uma margem de erros de dois pontos percentuais para mais, só para mais. Depois de vários anos, despertamos o dragão. E agora teremos de lidar com ele.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caem mais de 1% com medo da recessão global enquanto Ibovespa aguarda inflação

11 de outubro de 2022 - 7:38

Recessão deve ser tema do encontro de hoje dos representantes do FMI com os dirigentes do Banco Mundial

DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais aguardam payroll e Ibovespa mira dados do varejo hoje

7 de outubro de 2022 - 7:47

Os investidores locais ainda aguardam a participação de Roberto Campos Neto em evento fechado à imprensa pela manhã

DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Eleições pressionam Ibovespa enquanto bolsas no exterior aguardam ata do BCE e dados de emprego nos EUA

6 de outubro de 2022 - 7:39

Os investidores aguardam os números de emprego nos Estados Unidos antes do payroll de sexta-feira

DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Ibovespa acompanha corrida eleitoral enquanto bolsas no exterior realizam lucro antes da reunião da Opep+

5 de outubro de 2022 - 7:51

Os investidores aguardam os números de emprego nos Estados Unidos antes do payroll de sexta-feira

DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais estendem rali de alívio e Ibovespa reage às eleições mais um dia

4 de outubro de 2022 - 7:25

Os investidores acompanham as falas de representantes de Bancos Centrais hoje; Christine Lagarde e Janet Yellen, secretária de Tesouro dos EUA são destaque

SEGREDOS DA BOLSA

Esquenta dos mercados: Ibovespa digere eleição e nova configuração do Congresso; bolsas no exterior recuam à espera dos dados da semana

3 de outubro de 2022 - 7:26

Os dados de emprego dos Estados Unidos dominam a semana enquanto os investidores acompanham reunião da Opep+

DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Ibovespa digere debate quente da Globo, mas deve embarcar na alta das bolsas internacionais hoje

30 de setembro de 2022 - 7:46

O índice de inflação dos Estados Unidos é o número mais importante do dia e pode azedar a alta das bolsas nesta manhã

DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Bolsas lá fora ampliam cautela enquanto Ibovespa aguarda debate e relatório da inflação do BC hoje

29 de setembro de 2022 - 7:48

O medo do exterior pressiona as bolsas por mais um dia: a perspectiva de um aperto monetário maior e mais longo injeta aversão ao risco nos investidores

DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caem antes de falas de Jerome Powell e dirigentes do Fed; Ibovespa acompanha Campos Neto e Guedes hoje

28 de setembro de 2022 - 7:40

Por aqui, a última rodada da pesquisa Genial/Quaest antes do primeiro turno das eleições presidenciais mostra chances de que Lula ganhe no primeiro turno

DE OLHO NA BOLSA

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais tentam emplacar alta com busca por pechinchas; Ibovespa acompanha ata do Copom hoje

27 de setembro de 2022 - 7:34

A prévia da inflação brasileira será divulgada na terça-feira e o IPCA-15 deve registrar deflação mais uma vez

SEGREDOS DA BOLSA

Esquenta dos mercados: Semana das bolsas internacionais começa no vermelho com cautela global; Ibovespa acompanha reta final das eleições

26 de setembro de 2022 - 7:45

A prévia da inflação brasileira será divulgada na terça-feira, enquanto o PCE, índice cheio dos EUA, é a bola da vez na sexta-feira

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Investidores recolhem os cacos da Super Quarta com bolsas internacionais em queda; Ibovespa reage ao Datafolha

23 de setembro de 2022 - 7:40

Os investidores reagem hoje aos PMIs de grandes economias, como Zona do Euro, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caem em ajuste após Fed apertar os juros; com Selic estável, Ibovespa reage à comunicado do BC

22 de setembro de 2022 - 7:50

Enquanto isso, os investidores aguardam as decisões de juros de outros bancos centrais, em uma Super Semana para as bolsas

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais aguardam decisões de juros da Super Quarta; Ibovespa acompanha eleições mais um dia

21 de setembro de 2022 - 7:45

A decisão dos Bancos Centrais do Brasil e dos Estados Unidos são os dois grandes eventos do dia e você confere o que esperar deles aqui

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Ibovespa deve destoar do exterior com eleições no radar enquanto bolsas internacionais seguem no vermelho mais um dia

20 de setembro de 2022 - 7:42

Os investidores aguardam a ‘Super Quarta’, com perspectiva de que os Bancos Centrais elevem os juros ainda mais

SEGREDOS DA BOLSA

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais e criptomoedas recuam antes da Super Quarta; Ibovespa acompanha queda de commodities

19 de setembro de 2022 - 7:47

Antes do dia da decisão dos Bancos Centrais dos EUA e do Brasil, os investidores adotam uma postura mais defensiva frente aos ativos de risco

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caminham para fechar semana no vermelho e Ibovespa acompanha queda

16 de setembro de 2022 - 7:44

Os investidores aguardam a ‘Super Quarta’ na semana que vem, com perspectiva de que os Bancos Centrais elevem os juros ainda mais

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Cautela prevalece e bolsas internacionais acompanham bateria de dados dos EUA hoje; Ibovespa aguarda prévia do PIB

15 de setembro de 2022 - 7:42

As bolsas no exterior tentam emplacar alta, mas os ganhos são limitados pela cautela internacional

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Depois de dia ‘sangrento’, bolsas internacionais ampliam quedas e NY busca reverter prejuízo; Ibovespa acompanha dados do varejo

14 de setembro de 2022 - 7:44

Os futuros de Nova York são os únicos que tentam emplacar o tom positivo após registrarem quedas de até 5% no pregão de ontem

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais sobem em dia de inflação dos EUA; Ibovespa deve acompanhar cenário internacional e eleições

13 de setembro de 2022 - 7:37

Com o CPI dos EUA como o grande driver do dia, a direção das bolsas após a divulgação dos dados deve se manter até o encerramento do pregão

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar