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Bolsa hoje: ata do Copom e o debate sobre orçamento dos EUA movimentam o dia

Falas de autoridades monetárias, com vários banqueiros centrais lotando a agenda hoje; Lá fora, nos EUA, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, fará o discurso principal na 63ª reunião anual da National Association for Business Economics

28 de setembro de 2021
8:30
Governo dos EUA com risco de default da dívida / Imagem: As loucuras de Dick e Jane (2005)

Hoje (28), a bolsa se ocupará com a leitura da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a ser divulgada agora pela manhã.

A ideia é tentar verificar explicações mais detalhadas sobre o ritmo de aperto monetário que deverá nortear o Banco Central na reta final de 2021, com incerteza em relação à última alteração do ano, em dezembro, e para o início do ano que vem.

Lá fora, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, fala mais uma vez hoje, provavelmente reforçando a indicação de “tapering” em novembro, enquanto a Casa Branca e o Congresso buscam uma solução para evitar que o governo fique sem dinheiro para pagar as contas – nesta terça-feira, Janet Yellen falará ao Congresso, insistindo na suspensão do teto da dívida.

No velho continente, as bolsas europeias, seguindo a predominância dos mercados asiáticos, têm um dia negativo, pelo menos por enquanto. Os futuros americanos também estão em queda.

A ver...

Bolsa no aguardo da ata do Copom

Nesta terça-feira (28), o Copom divulgará pela manhã a ata de sua última reunião, quando decidiu por unanimidade aumentar a taxa Selic de 5,25% para 6,25% ao ano, contratando mais uma elevação de 100 pontos-base para a próxima reunião.

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Se confirmada a expectativa do mercado, a ata deverá indicar que o ritmo do BC deverá persistir, apesar da pressão cambial e inflacionária. Por falar em câmbio, teve efeito nulo a nova atuação do BC em que há leilão de swap extraordinário.

O mercado avalia também o resultado das contas do governo central de agosto, divulgado pelo Tesouro Nacional. No âmbito político, algumas notícias chamam atenção.

O Congresso promulga hoje a Emenda Constitucional sobre a reforma eleitoral, que mudará, a partir das eleições de 2026, a data da posse do presidente da República para 5 de janeiro, e a posse dos governadores para o dia 6, entre outros pontos.

Adicionalmente, novas conversas entre o PSL e o DEM estão previstas com possibilidade de fusão dos dois partidos, criando um partido gigante no Brasil.

O debate sobre o orçamento dos EUA

Se observarmos o movimento de ontem, bem como desta manhã (nos futuros), as teses de valor estão subindo e as ações de tecnologia estão caindo, algo muito parecido com o que aconteceu no começo do ano graças ao aumento do rendimento dos títulos.

O rendimento da nota do Tesouro americano de 10 anos subiu pelo quinto dia consecutivo hoje, tendo seu maior movimento de cinco dias desde março.

Além do início da precificação do aperto monetário por parte do Fed, há também uma tensão fiscal por conta da possibilidade de shutdown nos EUA, em que as atividades do governo são paralisadas por falta de dinheiro.

A menos que o Congresso aja em breve, pode haver uma paralisação parcial, em que certos serviços públicos são interrompidos. Em linhas gerais, os empréstimos do Tesouro dos EUA são limitados por um "teto da dívida".

Se o Tesouro precisar de mais dinheiro, pede ao Congresso que aumente o limite. Agora, os EUA precisam de um teto mais alto para cobrir despesas, mas o Congresso não consegue chegar a um acordo sobre um limite.

Se um acordo não acontecer, os Estados Unidos podem deixar de pagar suas dívidas pela primeira vez. O financiamento para o governo federal está definido para expirar à meia-noite de sexta-feira (1º).

Ontem (27) à noite, senadores republicanos bloquearam o projeto de lei que manteria o governo funcionando. Hoje, os democratas que pretendem evitar uma paralisação provavelmente tentarão novamente, ao mesmo tempo que avançam nos grandes planos do presidente Joe Biden para remodelar o governo.

Ao que tudo indica, as negociações serão amarradas à conta de gastos de US$ 3,5 trilhões do governo Biden, bem como seu plano de infraestrutura de US$ 1 trilhão, os quais enfrentam votos importantes no final desta semana.

Entre crise energética e Evergrande nos mercados

Uma crise de energia em algumas localidades da China fechou fábricas e deixou algumas famílias sem eletricidade em um esforço para cumprir as metas oficiais de uso de energia.

Isso poderia ter repercussões globais, inclusive na cadeia de suprimentos em toda a Ásia, logo antes do início do último trimestre do ano, marcado por uma temporada mais aquecida de compras.

Dados mostram que a falta de energia na China pode se prolongar com o aumento da demanda por carvão e gás natural durante o inverno.

Além disso, para não dizer que não falamos das flores, outra preocupação persistente do mercado que ressoa na China é o possível colapso de uma das maiores incorporadoras imobiliárias da China, a Evergrande Group, que está lutando para evitar o calote de bilhões de dólares em dívidas.

Na semana passada, a gigante imobiliária chinesa Evergrande perdeu um pagamento de US$ 83 milhões, uma pequena fatia de sua dívida de mais de US$ 300 bilhões.

Se a Evergrande entrar em default, os riscos de contágio são grandes devido à transmissão dentro do setor imobiliário, sem falar no impacto nos parceiros financeiros, como HSBC, BlackRock e UBS, que podem perder muito dinheiro.

Por isso, os investidores estão atentos para ver se a Evergrande vai conseguir o dinheiro durante o período de carência de 30 dias.

Anote aí!

Lá fora, nos EUA, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, fará o discurso principal na 63ª reunião anual da National Association for Business Economics.

Enquanto isso, o mercado também acompanha o índice de confiança do consumidor para setembro e o índice nacional de preços de residências Case-Shiller para julho.

O dia é coberto por falas de autoridades monetárias, com vários banqueiros centrais lotando a agenda hoje. Aqui no Brasil, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulga a sondagem da Indústria em setembro.

Ainda assim, o principal dado do dia é o resultado primário do governo central brasileiro, que deve ter registrado déficit de R$ 15,45 bilhões em agosto.

Muda o que na minha vida?

Vamos falar mais um pouquinho do risco relacionado ao não pagamento da dívida nos EUA. O prazo final para a reavaliação do teto da dívida em Washington se aproxima, com possível fechamento do governo na sexta-feira, 1º de outubro.

Ou seja, uma conta de gastos temporários precisaria ser aprovada na noite de quinta-feira.

A melhor estimativa do mercado para a data quando o Tesouro ficará sem dinheiro para pagar as contas é entre os dias 20 e 29 de outubro. Por enquanto, porém, o mercado ainda acredita que o Congresso chegará a um acordo para aumentar ou estender o limite da dívida.

Só para esclarecer, esse movimento não é novo. O Congresso aumentou o teto da dívida diversas vezes nos últimos 20 anos, com o último grande confronto em 2011 entre o Partido Republicano e o governo Obama, que desencadeou um rebaixamento na classificação de crédito dos Estados Unidos, assim como a crise da dívida da Zona do Euro.

Houve também um episódio recente, no governo Trump, quando as preocupações com as tensões comerciais entre EUA e China aumentaram.

À época, o shutdown do governo resultou na dispensa de centenas de milhares de trabalhadores federais, fechamentos de parques e monumentos nacionais e atraso das restituições de impostos e da divulgação de dados econômicos.

Hoje, porém, o ambiente macro é muito diferente dos episódios anteriores de teto de dívida na última década. Sem a suspensão ou elevação do teto, haverá risco de inadimplência entre 15 de outubro e 4 de novembro.

O mercado está trabalhando com o fato de que, na pior das hipóteses, um impasse prolongado causaria outra recessão, com US$ 15 trilhões em riqueza familiar perdidos e mais 6 milhões de desempregados.

Nas duas últimas vezes que o Congresso esteve perto de não aumentar o limite da dívida, em 2011 e 2013, a incerteza aumentada na época reduziu o investimento empresarial e as contratações, pesando fortemente sobre o crescimento do PIB.

Mesmo que seja apenas por um momento, a credibilidade perdida pode resultar em um aumento permanente nas taxas do Tesouro, o que tem efeito em cascata nos mercados financeiros em todo o mundo.

Se isso realmente acontecer, abalará fundamentalmente o cerne da fé plena e da promessa de crédito.

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Um abraço,

Jojo Wachsmann

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