Bolsa hoje: Quem vai ouvir Roberto Carlos no feriado de amanhã?
Feriado tende a drenar liquidez no início de uma semana para a qual está previsto o começo da temporada de balanços nos EUA
Bom dia, pessoal!
Se aqui o mercado pede um pouco mais de cautela e tem menor liquidez por conta do feriado do Dia de Nossa Senhora Aparecida amanhã (12), lá fora temos o Columbus Day hoje (11), que fecha o mercado para o Tesouro americano. A menor liquidez se dá em uma semana relevante, internacionalmente, na qual a temporada de resultados do terceiro trimestre começa com as empresas do índice S&P 500.
Entre outras coisas para acompanharmos, podemos mencionar relatórios econômicos que incluem atualizações sobre as expectativas de abertura de empregos, vendas no varejo, manufatura e preços de importação e exportação, além de uma leitura sobre a inflação com o relatório de preços ao consumidor de setembro.
Nesta segunda-feira, as ações asiáticas subiram predominantemente, apesar das preocupações persistentes sobre a crise energética da região e infecções por coronavírus. O Japão e a China subiram durante o pregão, enquanto os mercados sul-coreanos ficaram fechados devido a um feriado nacional. Na Oceania, as ações australianas tiveram um dia ruim e caíram. O tom negativo também pode ser observado nesta manhã na Europa e nos futuros americanos.
A ver...
Guedes realmente isolado ou só mais um ruído da mídia?
No Brasil, a semana é encurtada pelo feriado de amanhã, que retira movimentação de Brasília, mas não torna a capital federal menos relevante. No Congresso, a Câmara discute o projeto que trata do ICMS sobre combustíveis, com o relator da Medida Provisória que instituiu o Auxílio Brasil, Marcelo Aro (PP-MG), podendo apresentar seu parecer. Enquanto isso, o STF analisa a constitucionalidade da prorrogação da desoneração da folha. Há um ruído no ar sobre o isolamento de Paulo Guedes e já se ventila potenciais substitutos para o atual ministro, sendo Mansueto Almeida um dos favoritos.
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Entre outras coisas a monitorarmos nesta semana, vale destaque para o IBC-Br e o volume de serviços em agosto, que voltam a estressar as projeções para o PIB deste ano e do ano que vem – em meio à inflação e ao processo de normalização dos juros, já se estima um crescimento abaixo de 2%. Amanhã, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa até sexta-feira (15) da Reunião Anual do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial e das Reuniões de Ministros da Fazenda e Presidentes de Bancos Centrais do G20, em Washington.
Digerindo os dados de emprego
Enquanto o mercado aguarda as discussões da FDA, nos EUA, para recomendar as doses de reforço das vacinas contra a Covid-19 da Moderna e da Johnson & Johnson, ainda ficam no ar dúvidas sobre o processo de crescimento verificado nos EUA.
O relatório de empregos de setembro, divulgado na última sexta-feira (8), foi bem desanimador. A economia dos EUA criou 194 mil empregos no período, bem abaixo das expectativas de 500 mil, no crescimento de empregos mais fraco de qualquer mês em 2021. O desemprego caiu para 4,8% de 5,2% em agosto.
A próxima questão para os mercados de trabalho é a extensão dos danos estruturais e do desemprego friccional. O trabalho doméstico mudou a demanda nas indústrias de apoio. No fundo, o desafio persistente de encontrar trabalhadores e a variante Delta tornaram a contratação uma batalha difícil – há um número significativo de americanos que não procuram trabalho.
Ainda assim, a conclusão da situação do emprego é que não há nada que impeça o Federal Reserve de reduzir suas compras de títulos já em novembro, até mesmo porque o agravamento da escassez de mão de obra está colocando uma séria pressão de alta sobre o crescimento dos salários, o que parece que vai deixar as autoridades do Fed em uma posição desconfortável.
De olho na temporada de resultados
Os lucros corporativos dispararam no primeiro semestre deste ano, em grande parte devido às comparações fáceis com os fracos ganhos do ano passado. O fechamento da economia pela Covid-19 atingiu duramente as principais empresas no primeiro semestre de 2020. Agora, à medida que as companhias se preparam para divulgar seus resultados do terceiro trimestre, alguns analistas de Wall Street temem que a taxa de aumento dos lucros comece a diminuir.
Na verdade, os investidores querem igualar o crescimento de lucro de quase 30% projetado para o trimestre. Se obtivermos uma entrega acima da esperada nos lucros, seria o quinto trimestre consecutivo, classificado como a maior sequência desde 2005. Para esta semana, os bancos lideram a entrega de resultados, com o JPMorgan Chase, Bank of America e Citigroup – esses resultados devem ser robustos.
Em grande parte, as ações dispararam este ano principalmente porque Wall Street esperava que a parte do lucro continuasse. De acordo com as últimas estimativas monitoradas, os lucros das empresas no S&P 500 devem aumentar 27,6% em relação ao terceiro trimestre de 2020.
A preocupação, no entanto, é sobre a diminuição das taxas de crescimento daqui para a frente. A desaceleração dos lucros pode ser problemática porque os investidores se acostumaram a lucros gigantescos nos últimos trimestres. Como resultado, as ações (apesar de um recuo recente) estão sendo negociadas com valuations acima da média.
O S&P 500 está atualmente avaliado em mais de 20 vezes as estimativas de lucros para os próximos meses. Isso está acima da média de 5 anos, de cerca de 18 vezes as previsões de lucros, e da média de 10 anos, de cerca de 16 vezes as projeções de lucros. Em outras palavras, as expectativas de lucro podem ser injustificadamente altas e os resultados podem não corresponder.
Anote aí!
O calendário desta segunda-feira está razoavelmente esvaziado. Na Europa, o mercado está de olho na continuidade das negociações pelo Brexit, em que há problemas na Irlanda do Norte. Enquanto isso, vários membros do BCE estão agendados para falar hoje, em especial o economista-chefe da autoridade monetária europeia, Philip Lane. Nos EUA, para a semana, os dados de inflação (CPI) e ata do Fed só devem reforçar o tapering em novembro.
Muda o que na minha vida?
No final da semana passada, depois de muita negociação, a Irlanda concordou com o acordo global de alíquota mínima de imposto corporativo, o qual as nações do G7 e do G20 esperam que combata a evasão fiscal e padronize as regras em todo o mundo.
Com o movimento, o país renunciará a sua estimada taxa de imposto de renda corporativa de 12,5% ao se juntar a um grupo de 140 nações que concordaram com um imposto efetivo de 15% sobre as principais multinacionais. A nova taxa afetará 1.556 empresas na Irlanda que empregam 500 mil pessoas, incluindo gigantes da tecnologia.
A ideia aqui é a de estabelecer um piso de impostos, o que evita que os países diminuam perpetuamente suas alíquotas de impostos para se tornarem mais atraentes para as corporações em busca de um lar novo e mais barato. Nos círculos econômicos, isso é chamado de “corrida para o fundo do poço”, na busca por taxas cada vez mais baixas. Vale destacar, contudo, que o imposto mínimo é apenas um dos pilares da nova estrutura tributária global.
De todo modo, cada país terá que vender o plano para suas próprias legislaturas. Isso pode ser difícil, especialmente nos Estados Unidos, um país que é crucial para qualquer acordo tributário global, mas também o lar de violentos desacordos entre seus dois partidos políticos.
O presidente Biden e a secretária do Tesouro, Janet Yellen, enfrentarão desafios para conseguir o acordo no Congresso. As mudanças podem exigir que o Senado altere os tratados fiscais existentes, o que exigiria uma votação de dois terços e pelo menos algum apoio do Partido Republicano.
O ano de 2023 foi definido para que o esquema tributário global entre em vigor.
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