O Brasil da hiperinflação: Livro de Miriam Leitão retrata como era a vida antes do Plano Real
A renomada jornalista entrevistou grandes personalidades como FHC e Pérsio Arida, mas o livro não deixa de trazer os relatos de “brasileiros comuns”
Uma boa equipe econômica, um plano com bases sólidas e uma população disposta a enfrentar a turbulência. Simplificando, é assim que um país vence a inflação. O livro “Saga brasileira: a longa luta de um povo por sua moeda”, da jornalista Miriam Leitão, retrata como o Brasil conseguiu chegar a sua moeda estável, depois de muitos erros e acertos.
As mais de quatro décadas de experiência no jornalismo econômico proporcionaram à autora uma expertise inigualável. Além de perita nos conceitos de economia, Leitão viveu cada um dos planos econômicos na pele e acompanhou histórias de pessoas do Brasil inteiro durante as trocas de planos, ministros, presidentes do BC… e o melhor: retratou tudo isto em tempo real em suas colunas e participações na TV.
Tudo o que ela (e o Brasil) vivenciou nos turbulentos anos de inflação e hiperinflação está nas quase 500 páginas de “Saga brasileira”, um livro essencial para qualquer pessoa que queira entender a inflação brasileira e suas consequências desastrosas para a população.
Só quem viveu sabe...
Apesar de fazer uso de alguns termos mais rebuscados e exigir do leitor um conhecimento prévio sobre o “basicão” da economia, “Saga brasileira” está longe de ser um livro teórico sobre planos econômicos. Ao final, há, inclusive, um glossário para possibilitar a leitura de quem é leigo em economia.
A obra de Miriam Leitão se diferencia entre os vários livros escritos sobre a inflação brasileira por trazer os relatos de pessoas reais, que sofreram os impactos diretos do caos econômico em suas vidas. Festas replanejadas, negócios fechados, oportunidades perdidas e até mesmo episódios da vida da própria autora compõem a narrativa.
“A inflação era a nossa Bastilha. O povo brasileiro queria derrotá-la, tomar o que parecia ser a cidadela do inimigo, derrubar seu muro, ocupar sua fortaleza, fechar o local onde ela mostrava suas garras.”
Leia Também
Trecho do livro “Saga brasileira: a longa luta de um povo por sua moeda”
No meio do livro, páginas em papel fotográfico exibem momentos do Brasil ao longo dos planos. Não são fotografias dos economistas e presidentes, mas dos brasileiros comuns, que ficaram reféns dos preços constantemente em alta, que viram prateleiras vazias, que tiveram que fazer estoque de compras para transformar seu salário em algo palpável. “Uma crise econômica não é apenas uma sucessão de números ruins. Atrás dos índices, existem pessoas”, escreve Leitão.
A jornalista nos leva de volta às décadas de 1980 e 1990 com o objetivo de rememorar o período inflacionário para que ele não mais se repita.
Logo no início do livro, ela conta qual será o fio narrativo da obra: “Este livro quer contar a história em que um povo passou por ansiedades e dores, suportou agressões aos seus direitos, velou de madrugada, viveu sobressaltos, fiscalizou, reagiu; acreditou uma, duas, seis, quantas vezes foram necessárias [...] Dentro dos gabinetes dos governos e nas salas das famílias, uma grande história foi vivida.”
O que estava por trás dos planos econômicos
Em “Saga Brasileira”, ficamos sabendo mais sobre os bastidores dos planos econômicos, que envolveram longas reuniões de ministros e secretários, debates entre economistas da PUC Rio, negociações com o FMI e com outros agentes internacionais, nomeações estratégicas e vários outros detalhes, que Miriam Leitão recolheu através de entrevistas com importantes personalidades, como Persio Arida, FHC, André Lara Resende, Gustavo Franco, Henrique Meirelles e muitos outros.
A jornalista também se debruça sobre acontecimentos externos que abalaram a economia mundial, com destaque para a crise asiática de 1997 e a crise do subprime em 2008. Em um dos capítulos, Leitão relembra a crise hiperinflacionária alemã nos anos 1920, que levou à ascensão de Hitler e à Segunda Guerra. É interessante notar como a autora vai entrelaçando as diferentes histórias para explicar o Brasil nos tempos de inflação.
Outro aspecto interessante de “Saga Brasileira” é a forma como Miriam Leitão apresenta os pontos positivos de cada um dos planos econômicos, sem minimizar as suas falhas. Ao falar do Plano Collor, a jornalista não economiza críticas ao traumático “sequestro da poupança”, mas também evidencia que o plano foi pioneiro ao iniciar as privatizações no Brasil.
A economia é base pro país se desenvolver
Mesmo sendo jornalista de economia, Miriam Leitão reforça que a economia não pode ser o principal tema dos noticiários todos os dias. Se isso acontece, é porque algo está errado. Como de fato esteve nas décadas de 1980 e 1990 pré-Plano Real. A autora diz que “a economia se destina a ser a base na qual são feitas as escolhas do país”.
Nos últimos capítulos do livro, a autora se debruça sobre os vários outros problemas que precisam ser resolvidos. Segundo ela, é necessário que os brasileiros tenham o mesmo afinco para cobrar resoluções do governo quanto tiveram nos tempos inflacionários. “São inúmeros os desafios do Brasil; são imensas as possibilidades. Enormes as tarefas já realizadas; pesadas as que ainda faltam fazer. Um país com a agenda lotada de trabalhos e no meio do caminho de mudanças”, escreve.
“Quanto mais se consolidava a estabilização, mais fácil se tornava ver os outros defeitos do Brasil que precisam ser enfrentados. Às vezes os desafios parecem tão múltiplos que o temor é de que não se possa vencê-los pela dificuldade de escolher a prioridade.”
‒ Trecho de “Saga Brasileira”
A nova edição de “Saga Brasileira”, lançada em 2019, inclui também um capítulo sobre a crise econômica de 2015, quando o Brasil voltou a flertar com a inflação, um fantasma que está sempre assombrando os países que não fazem esforços recorrentes para contê-la.
Agora que você já entende de inflação… o que ler em seguida?
Entender sobre inflação te ajuda a explorar uma série de outras obras sobre economia e investimentos. Mas selecionar quais dessas obras valem a pena pode ser um desafio. Há uma série de livros maçantes e complexos, que usam termos rebuscados, dificultando o entendimento dos não economistas.
Por isso, uma curadoria especializada pode ser bem benéfica para quem quer ler outros livros de economia. É justamente esse o propósito do clube de livros Empiricus Books. A cada 2 meses, os assinantes recebem em casa um título relevante (muitas vezes inédito no Brasil) que perpassa os temas de economia, negócios e finanças.
As obras são selecionadas pela equipe da Empiricus, que inclui mais de 30 analistas com vasta carga de leitura. Entre os títulos já enviados, estão as biografias dos mega investidores Warren Buffett e George Soros, um ensaio de Mario Vargas Llosa (vencedor do Nobel de Literatura) e o clássico “Princípios”, de Ray Dalio.
Você pode conhecer mais sobre o Empiricus Books clicando aqui.
Está com pressa por quê? O recado do chefão do BC dos EUA sobre os juros que desanimou o mercado
As bolsas em Nova York aceleraram as perdas e, por aqui, o Ibovespa chegou a inverter o sinal e operar no vermelho depois das declarações de Jerome Powell; veja o que ele disse
A escalada sem fim da Selic: Campos Neto deixa pulga atrás da orelha sobre patamar dos juros; saiba tudo o que pensa o presidente do BC sobre esse e outros temas
As primeiras declarações públicas de RCN depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira (12), dialogam com o teor do comunicado e do próprio resumo da reunião
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Voltado para a aposentadoria, Tesouro RendA+ chega a cair 30% em 2024; investidor deve fazer algo a respeito?
Quem comprou esses títulos públicos no Tesouro Direto pode até estar pensando no longo prazo, mas deve estar incomodado com o desempenho vermelho da carteira
A Argentina dos sonhos está (ainda) mais perto? Dólar dá uma trégua e inflação de outubro é a menor em três anos
Por lá, a taxa seguiu em desaceleração em outubro, chegando a 2,7% em base mensal — essa não é apenas a variação mais baixa até agora em 2024, mas também é o menor patamar desde novembro de 2021
Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Stuhlberger compra bitcoin (BTC) na véspera da eleição de Trump enquanto o lendário fundo Verde segue zerado na bolsa brasileira
O Verde se antecipou ao retorno do republicano à Casa Branca e construiu uma “pequena posição comprada” na maior criptomoeda do mundo antes das eleições norte-americanas
Em ritmo de festa: Ibovespa começa semana à espera da prévia do PIB; Wall Street amanhece em alta
Bolsas internacionais operam em alta e dão o tom dos mercados nesta segunda-feira; investidores nacionais calibram expectativas sobre um possível rali do Ibovespa
Agenda econômica: Prévia do PIB é destaque em semana com feriado no Brasil e inflação nos EUA
A agenda econômica da semana ainda conta com divulgação da ata da última reunião do Copom e do relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
7% ao ano acima da inflação: 2 títulos públicos e 10 papéis isentos de IR para aproveitar o retorno gordo da renda fixa
Com a alta dos juros, taxas da renda fixa indexada à inflação estão em níveis historicamente elevados, e em títulos privados isentos de IR já chegam a ultrapassar os 7% ao ano + IPCA
Carne com tomate no forno elétrico: o que levou o IPCA estourar a meta de inflação às vésperas da saída de Campos Neto
Inflação acelera tanto na leitura mensal quanto no acumulado em 12 meses até outubro e mantém pressão sobre o BC por mais juros
Você quer 0 a 0 ou 1 a 1? Ibovespa repercute balanço da Petrobras enquanto investidores aguardam anúncio sobre cortes
Depois de cair 0,51% ontem, o Ibovespa voltou ao zero a zero em novembro; índice segue patinando em torno dos 130 mil pontos
O que comprar no Tesouro Direto agora? Inter indica títulos públicos para investir e destaca ‘a grande oportunidade’ nesse mercado hoje
Para o banco, taxas como as que estamos vendo atualmente só ocorrem em cenários de estresse, que não ocorrem a todo momento
Com Trump pedindo passagem, Fed reduz calibre do corte de juros para 0,25 pp — e Powell responde o que fará sob novo governo
A decisão acontece logo depois que o republicano, crítico ferrenho do banco central norte-americano, conseguiu uma vitória acachapante nas eleições norte-americanas — e na esteira de dados distorcidos do mercado de trabalho por furacões e greves
Jogando nas onze: Depois da vitória de Trump, Ibovespa reage a Copom, Fed e balanços, com destaque para a Petrobras
Investidores estão de olho não apenas no resultado trimestral da Petrobras, mas também em informações sobre os dividendos da empresa
Trump vai fazer os juros caírem na marra? Fed deve cortar a taxa hoje, mas vai precisar equilibrar pratos com a volta do republicano à Casa Branca
Futuro de Jerome Powell à frente do BC norte-americano está em jogo com o novo governo, por isso, ele deve enfrentar uma enxurrada de perguntas sobre a eleição na coletiva desta quinta-feira (7)
Campos Neto acelerou: Copom aumenta o ritmo de alta da Selic e eleva os juros para 11,25% ao ano
A decisão pelo novo patamar da taxa, que foi unânime, já era amplamente esperada pelo mercado
É a economia, estúpido? Como Trump venceu Kamala mesmo com o PIB dos EUA bombando e o desemprego baixo
Percepção dos eleitores norte-americanos é de que a economia dos EUA não vai tão bem quanto alguns indicadores sugerem
O Ibovespa não gosta de Trump? Por que a vitória do republicano desceu amarga para a bolsa brasileira enquanto Nova York bateu sequência de recordes
Em Wall Street, as ações da Tesla — cujo dono, Elon Musk, é um grande apoiador de Trump — deram um salto de 15%; outros ativos também tiram vantagem da vitória do republicano. Por aqui, o Ibovespa não celebra o resultado das eleições nos EUA e afunda