Petrobras impede Ibovespa de decolar e índice recua 0,45%; dólar cai apoiado no exterior
O Ibovespa não conseguiu se firmar no terreno positivo, mesmo com o exterior favorável e a perspectiva de andamento para as reformas. A incerteza em torno da Petrobras falou mais alto e deve seguir pautando os negócios
Nem mesmo a perspectiva de que as reformas devem enfim caminhar, um tema que costuma empolgar os investidores, deu conta de sustentar a alta do Ibovespa desta segunda-feira (08). O exterior, animado com a possibilidade de aprovação do novo pacote fiscal trilionário nos Estados Unidos também tentou, mas não teve jeito.
O principal índice da bolsa brasileira até tentou ignorar o peso das incertezas e chegou a encostar nos 121 mil pontos, mas, no fim (e em boa parte) do dia, a cautela prevaleceu. O Ibovespa fechou o dia em queda de 0,45%, aos 119.140,08 pontos.
O que arrastou o Ibovespa para baixo foi o desempenho da Petrobras e a preocupação do mercado com a transparência da companhia com relação à sua política de preços, diante da pressão do governo federal para reduzir o valor dos combustíveis — e diminuir a pressão feita pelos caminhoneiros.
Nos últimos dias, o presidente Jair Bolsonaro, governadores e a própria estatal trocaram acusações sobre quem é o culpado pela situação atual. O presidente chegou a considerar uma mudança na cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para compensar uma alta dos combustíveis, mas encontrou uma resistência dos Estados, que, por sua vez, culpam a Petrobras pela alta.
Isso tudo enquanto a estatal é acusada de falta de transparência já que anunciou que sua política de preços passou de trimestral para anual seis meses após o ocorrido. Pela manhã, a companhia anunciou um reajuste para seguir o preço do petróleo no mercado internacional.
Com grande peso no Ibovespa, tanto as ações ordinárias quanto as preferenciais da companhia recuaram mais de 2% cada, já que o mercado teme uma possível interferência na estatal.
Leia Também
Setorialmente, os bancos, outro setor expressivo para a composição do índice, também tiveram uma queda expressiva. Mas, nesse caso, a economista da Toro Investimentos Paloma Brum aponta que o movimento pode ser visto como uma correção de curto prazo diante da ausência de outros fatores.
Na parte da tarde, o Ibovespa ganhou mais um fator de preocupação. O novo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, não agradou o mercado ao afirmar que não quer condicionar novas parcelas do auxílio emergencial a PECs que já estão no Congresso, ou seja, não exigirá uma contrapartida que busque trazer o equilíbrio fiscal. Essa posição vai na contramão do defendido pelo ministro Guedes e pelo presidente da Câmara. Foi o suficiente para “acordar” o temor fiscal, que estava adormecido desde a definição das eleições legislativas.
A queda poderia ter sido pior, mas o exterior positivo e alguns fatores locais ajudaram no saldo final.
Foi bem recebida a notícia de que a reforma administrativa deve voltar a caminhar. O presidente da Câmara, Arthur Lira, disse no Twitter que deve encaminhar o texto amanhã para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Outro tema monitorado e que deve repercutir amanhã é a reunião para discutir o projeto de autonomia do Banco Central, que começou no início da noite, entre os os novos comandantes do Congresso, Paulo Guedes e Campos Neto. O tema deve ser votado amanhã.
Do lado de lá
Enquanto o cenário local ajudou a segurar o Ibovespa, lá fora as bolsas registraram novas máximas de fechamento.
O otimismo foi alimentado pela secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, que voltou a dizer que um pacote fiscal robusto é necessário. Yellen disse também que os benefícios de se aprovar o proposto pelos democratas é muito maior do que o risco fiscal.
O comentário veio logo após o Congresso americano ter aprovado algumas resoluções que devem facilitar o andamento da pauta no Capitólio. Nos próximos dias, o presidente Joe Biden deve retomar a negociação com os republicanos.
Nas últimas horas, algumas novidades sobre o pacote de US$ 1,9 trilhão ajudaram as bolsas americanas a irem além. A principal notícia foi de que o pacote deve contar também com uma ajuda às companhias aéreas, fortemente atingidas pela crise do coronavírus. A informação veio do deputado Peter DeFazio, presidente do Comitê de Transporte e Infraestrutura da Câmara dos Representantes, e fez American Airlines, Delta e United fecharem o dia com altas expressivas.
O índice Dow Jones encerrou o dia com alta de 0,76%, o S&P 500 avançou 0,74% e o Nasdaq liderou os ganhos do dia, com valorização de 0,95%.
Seguindo o noticiário, o dólar à vista também teve um dia bem instável - a moeda chegou a recuar 1,44% na mínima e subir 0,68% na máxima -, mas terminou o dia refletindo o comportamento global. A divisa recuou 0,21%, a R$ 5,3726, longe das mínimas após a piora da percepção do risco fiscal.
Com o cenário, o mercado de juros operou praticamente estável na ponta mais curta, mas apresentou alta mais acentuada nos contratos mais longos. Confira as taxas de fechamento do dia:
- Janeiro/2022: de 3,41% para 3,40%
- Janeiro/2023: de 4,94% para 4,95%
- Janeiro/2025: de 6,32% para 6,38%
- Janeiro/2027: de 6,97% para 7,40%
Sobe e desce
A Cosan foi o grande destaque positivo do dia. A sua subsidiária, a Raízen, concluiu a compra da Biosev, o que deve transformar a companhia em uma gigante do setor sucroalcooleiro. O mercado reagiu bem e as ações dispararam mais de 8%.
As siderúrgicas e mineradoras, como a CSN, também tiveram resultados expressivos, com as companhias refletindo um aumento do preço do minério de ferro no mercado internacional. A commodity voltou a ser negociada no patamar dos US$ 160 por tonelada.
A PetroRio surfou a alta no mercado internacional e a perspectiva de aumento de sua capacidade futura para encerrar o dia entre as maiores altas. Confiras os principais desempenhos do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
CSAN3 | Cosan ON | R$ 85,49 | 8,57% |
CYRE3 | Cyrela ON | R$ 28,75 | 4,77% |
BPAC11 | BTG Pactual units | R$ 114,15 | 3,77% |
CSNA3 | CSN ON | R$ 34,61 | 3,65% |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 81,09 | 3,30% |
Com tanto noticiário negativo e ruídos pesando contra, as ações preferenciais e ordinárias da Petrobras aparecem na lista das piores quedas do dia. Confira:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
ABEV3 | Ambev ON | R$ 15,04 | -3,09% |
PETR3 | Petrobras ON | R$ 28,80 | -2,96% |
IRBR3 | IRB ON | R$ 6,74 | -2,46% |
COGN3 | Cogna ON | R$ 4,53 | -2,16% |
PETR4 | Petrobras PN | R$ 28,40 | -2,14% |
Com dólar acima de R$ 5,80, Banco Central se diz preparado para atuar no câmbio, mas defende políticas para o equilíbrio fiscal
Ainda segundo o Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro semestre, entidades do sistema podem ter de elevar provisões para perdas em 2025
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores
A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira
Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações
Na lista dos melhores ativos: a estratégia ganha-ganha desta empresa fora do radar que pode trazer boa valorização para as ações
Neste momento, o papel negocia por apenas 4x valor da firma/Ebitda esperado para 2025, o que abre um bom espaço para reprecificação quando o humor voltar a melhorar
“A bandeira amarela ficou laranja”: Balanço do Banco do Brasil (BBAS3) faz ações caírem mais de 2% na bolsa hoje; entenda o motivo
Os analistas destacaram que o aumento das provisões chamou a atenção, ainda que os resultados tenham sido majoritariamente positivos
A surpresa de um dividendo bilionário: ações da Marfrig (MRFG3) chegam a saltar 8% após lucro acompanhado de distribuição farta ao acionista. Vale a compra?
Os papéis lideram a ponta positiva do Ibovespa nesta quinta-feira (14), mas tem bancão cauteloso com o desempenho financeiro da companhia; entenda os motivos
Menin diz que resultado do grupo MRV no 3T24 deve ser comemorado, mas ações liberam baixas do Ibovespa. Por que MRVE3 cai após o balanço?
Os ativos já chegaram a recuar mais de 7% na manhã desta quinta-feira (14); entenda os motivos e saiba o que fazer com os papéis agora
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
A B3 vai abrir nos dias da Proclamação da República e da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios durante os feriados
Os feriados nacionais de novembro são as primeiras folgas em cinco meses que caem em dias úteis. O Seu Dinheiro foi atrás do que abre e fecha durante as comemorações
A China presa no “Hotel California”: o que Xi Jinping precisa fazer para tirar o país da armadilha — e como fica a bolsa até lá
Em carta aos investidores, à qual o Seu Dinheiro teve acesso em primeira mão, a gestora Kinea diz o que esperar da segunda maior economia do mundo
Rodolfo Amstalden: Abrindo a janela de Druckenmiller para deixar o sol entrar
Neste exato momento, enxergo a fresta de sol nascente para o próximo grande bull market no Brasil, intimamente correlacionado com os ciclos eleitorais
O IRB Re ainda vale a pena? Ações IRBR3 surgem entre as maiores quedas do Ibovespa após balanço, mas tem bancão dizendo que o melhor está por vir
Apesar do desempenho acima do esperado entre julho e setembro, os papéis da resseguradora inverteram o sinal positivo da abertura e passaram a operar no vermelho
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Arte de milionária: primeira pintura feita por robô humanoide é vendida por mais de US$ 1 milhão
A obra em homenagem ao matemático Alan Turing tem valor próximo ao do quadro “Navio Negreiro”, de Cândido Portinari, que foi leiloado em 2012 por US$ 1,14 milhão e é considerado um dos mais caros entre artistas brasileiros até então
Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Compre China na baixa: a recomendação controversa de um dos principais especialistas na segunda maior economia do mundo
A frustração do mercado com o pacote trilionário da semana passada abre uma janela e oportunidade para o investidor que sabe esperar, segundo a Gavekal Research