Onde investir no 2º semestre: BDRs ganham brilho com cenário externo favorável
Os BDRs e ações estrangeiras são uma ferramenta de diversificação da carteira e oferecem boas perspectivas de ganho no restante de 2021
Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todos são parte do continente, uma parte de um todo
John Donne, em Meditações XVII (1624)
Em tempos de pandemia, o pensamento é atual como nunca: nos isolamos, mas não cortamos as conexões uns com os outros — o senso de vida em comunidade, afinal, é indissociável da condição humana.
Mas deixemos a filosofia de lado; há aplicações práticas para esse conceito. Pense em sua carteira de investimentos: você pode ter ações, renda fixa, fundos imobiliários, tanto faz. Não importa qual a sua classe de ativos preferida, nenhuma delas é uma ilha — todas são vulneráveis a fatores externos e interagem entre si, em maior ou menor grau.
E se você, investidor pessoa física, enxerga seu portfólio como um continente formado por pequenas unidades, provavelmente sabe que uma nova porção de terra emergiu dos mares: os BDRs, que são recibos de ações de empresas estrangeiras negociadas em bolsa.
BDRs não são novidade e já eram negociados há muito tempo na B3. A questão é que apenas investidores qualificados — com mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras — tinham acesso a essa classe de ativo. Mas, desde outubro, tudo mudou.
Agora, todos os investidores podem comprar BDRs na bolsa. Se você quiser juntar empresas como Apple, GM, Amazon e Tesla ao seu continente de investimentos, saiba que o processo é tão simples quanto o de comprar ações de companhias nacionais na bolsa.
Leia Também
E, melhor ainda: as empresas estrangeiras, sobretudo as americanas, possuem perspectivas bastante positivas para o segundo semestre. Tanto em termos de crescimento de lucro quanto no lado do cenário macroeconômico, tudo indica que a classe dos BDRs têm espaço para se valorizar nos próximos meses.
Este texto faz parte de uma série especial do Seu Dinheiro sobre onde investir no segundo semestre de 2021. Eis a lista completa:
- Bolsa
- Dólar e ouro
- Renda fixa
- FIIs e imóveis
- Bitcoin e criptomoedas
- BDRs e ações estrangeiras (você está aqui)
Para esta matéria contribuíram Ronaldo Patah, estrategista-chefe do UBS; Rodrigo Lobo, sócio da Nextep Investimentos; Vinicius Ferreira, gestor da estratégia global da Opportunity; e Alexander Carpenter, sócio da Trafalgar Investimentos. A Economatica fez levantamentos de dados a respeito do mercado de BDRs.
Diversificação via BDRs
Se você não é um iniciado no mundo dos BDRs, uma dúvida pode estar rondando sua mente: por que comprar papéis de empresas estrangeiras? Não é mais seguro ficar só nos limites do Brasil?
A resposta é simples: BDRs são instrumentos de diversificação da carteira. Naturalmente, esses ativos sofrem alguma influência do humor dos mercados e do cenário local, assim como as ações do Magalu, da Petrobras e da Vale. Só que, em linhas gerais, os BDRs reagem a uma série de fatores bem diferentes das empresas nacionais.
Pense na Ford. Seus ativos refletem as condições operacionais e financeiras da companhia e as perspectivas futuras do negócio. Igualmente importante é o cenário macroeconômico em que está inserida: como são as condições do mercado dos EUA? Há incentivos, a demanda está aquecida, o preço dos insumos está adequado? Qual a posição dela no setor?
Ou seja: BDRs reagem aos fundamentos das empresas estrangeiras e ao ambiente dos países e mercados de atuação. Mas não é só isso, como explica Ronaldo Patah, estrategista-chefe do UBS:
"É um jeito de ter exposição ao dólar", diz ele, lembrando que a taxa de câmbio também é importante para a tomada de decisão. Os BDRs são cotados em reais na B3, mas possuem ligação estreita com a cotação das ações originais, que costuma ser na moeda americana.
E, no lado macro, Patah também está otimista: o UBS prevê crescimento de 7% da economia dos EUA neste ano e de 6% em 2022; a projeção de crescimento de lucros das empresas que compõem o S&P 500 em 2021 é da ordem de 35%.
Ou seja: um ambiente ideal para que essa classe de ativos continue avançando — e que quase não é afetada pelas ondas de turbulência política que atingem Brasília com certa frequência.
Separando o joio do trigo
Dito isso, ainda há a questão da análise fundamentalista na mesa. Como saber quais empresas estrangeiras estão bem posicionadas e, consequentemente, têm BDRs promissores?
Segundo levantamento feito pela Economatica a pedido do Seu Dinheiro, a B3 conta hoje com 684 BDRs, a maioria de empresas americanas, chinesas ou europeias. Veja abaixo a lista dos 10 ativos de melhor desempenho no primeiro semestre:
Repare que há alguns temas que se repetem nessa lista. Empresas ligadas ao desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19, como BioNTech e Moderna, lideraram os ganhos no semestre; outras, associadas ao petróleo e commodities — caso de Marathon, Transocean e Occidental — também trouxeram retornos sólidos.
Mas isso não quer dizer que tais BDRs continuarão tendo um desempenho expressivo daqui para frente — o tema das vacinas, afinal, já parece precificado. Sendo assim, Rodrigo Lobo, sócio da Nextep Investimentos, dá algumas dicas para quem procura boas oportunidades nesses ativos:
"Procure empresas bem geridas, com alinhamento aos acionistas e em que os gestores e executivos tenham histórico", diz o especialista. "Empresas com essas características vão saber navegar e tomar decisões, aproveitar as oportunidades e minimizar riscos".
A Nextep é uma gestora especializada em equities e que faz a gestão de fundos de ações globais, com foco em investimentos em longo prazo. E, entre suas preferências, aparecem a GE (GEOO34) e a Google (GOGL34), ambas cumprindo os requisitos citados.
Taxações e juros
Dito isso, alguns temas oferecem risco à tese de investimento em BDRs, sobretudo os de companhias americanas. Uma das bandeiras de campanha do presidente Joe Biden é a taxação das empresas, sobretudo no segmento de tecnologia; há, ainda, a incerteza em relação à trajetória de juros do país.
Mas, embora essas preocupações estejam no radar, os analistas acreditam que nenhuma delas trará pressões relevantes aos BDRs e ações estrangeiras no curto prazo. Qualquer mudança, se ocorrer, deve ser gradual e sem sobressaltos.
"Não achamos que [o tema dos impostos corporativos] terá um grande impacto", diz o americano Alexander Carpenter, sócio da Trafalgar Investimentos. Para ele, a divisão do Senado entre democratas e republicanos será um entrave relevante — e, assim, uma eventual aprovação deve ocorrer com taxas mais brandas.
Quanto à política monetária do Federal Reserve, Carpenter acredita que o BC americano começará a retirar liquidez do sistema de maneira muito vagarosa; um aumento de juros já em 2021 está fora do horizonte.
"Muita gente acha que os juros têm que subir para 2% a 2,5% ao ano. Se for gradual, com os lucros das empresas subindo, não tem muito impacto para o mercado de ações. Mas se for rapidamente para cima de 2%, aí sim afetaria", diz.
Setores e BDRs promissores
E quais empresas estrangeiras aparecem bem posicionadas no segundo semestre? Quais BDRs vão se destacar no restante de 2021?
Há um consenso de que as 'big techs' — empresas como Amazon, Facebook, Google e Microsoft, entre outras — tendem a ter um bom desempenho, como explica Vinicius Ferreira, gestor da estratégia global da Opportunity:
"Elas hoje negociam em múltiplos baixos em relação ao mercado e são empresas de extrema qualidade e crescimento", diz ele, revelando que Google e Amazon são as duas maiores posições no portfólio global da gestora.
Ainda no setor de tecnologia, Carpenter, da Trafalgar, destaca os temas de inovação que vêm associados a essas empresas. No caso da Apple, há o desenvolvimento de veículos elétricos; na Google, há o braço de veículos autônomos; no Facebook, há o tema de realidade virtual e games — fatores que, segundo ele, ainda não foram totalmente precificados pelo mercado.
Ele também acredita que setores mais tradicionais, como energia, bancos comerciais e commodities, possam continuar indo bem, dado o momento de retomada da economia global — o megaprograma de infraestrutura nos EUA demandará muito desses segmentos.
ETFs e índices
Por fim, vale lembrar que há instrumentos para quem não quer investir de forma direta em BDRs ou ações estrangeiras. Segundo a B3, há 65 ETFs — fundos de índice — com essa característica na bolsa brasileira.
Há ETFs que replicam o Nasdaq, o S&P e diversas bolsas europeias; há ativos que têm como base as carteiras do MSCI; há opções que reúnem apenas ações de mercados emergentes ou de países desenvolvidos. A lista é imensa e pode ser consultada aqui.
Se você preferir, também é possível comprar cotas de fundos de ações internacionais ou de fundos multimercado com estratégia global. Nesse caso, é preciso entrar em contato com as gestoras e entender as opções existentes em cada casa.
Por fim, não há como não tocar na questão da taxação de dividendos proposta pelo governo. Os BDRs podem sim pagar proventos, embora essa prática não seja tão comum lá fora — tudo depende da política de cada empresa.
Há um detalhe: é preciso entender a política de impostos incidentes sobre dividendos no país de origem das empresas, além de uma eventual tributação no Brasil.
Dito isso, a questão dos dividendos não costuma ser relevante na decisão de investimento em BDRs. É um instrumento importante para diversificação da carteira e que pode trazer retornos expressivos, com a vantagem de trazer embutida a exposição ao câmbio.
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores
A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira
Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações
Na lista dos melhores ativos: a estratégia ganha-ganha desta empresa fora do radar que pode trazer boa valorização para as ações
Neste momento, o papel negocia por apenas 4x valor da firma/Ebitda esperado para 2025, o que abre um bom espaço para reprecificação quando o humor voltar a melhorar
“A bandeira amarela ficou laranja”: Balanço do Banco do Brasil (BBAS3) faz ações caírem mais de 2% na bolsa hoje; entenda o motivo
Os analistas destacaram que o aumento das provisões chamou a atenção, ainda que os resultados tenham sido majoritariamente positivos
A surpresa de um dividendo bilionário: ações da Marfrig (MRFG3) chegam a saltar 8% após lucro acompanhado de distribuição farta ao acionista. Vale a compra?
Os papéis lideram a ponta positiva do Ibovespa nesta quinta-feira (14), mas tem bancão cauteloso com o desempenho financeiro da companhia; entenda os motivos
Menin diz que resultado do grupo MRV no 3T24 deve ser comemorado, mas ações liberam baixas do Ibovespa. Por que MRVE3 cai após o balanço?
Os ativos já chegaram a recuar mais de 7% na manhã desta quinta-feira (14); entenda os motivos e saiba o que fazer com os papéis agora
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
A B3 vai abrir nos dias da Proclamação da República e da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios durante os feriados
Os feriados nacionais de novembro são as primeiras folgas em cinco meses que caem em dias úteis. O Seu Dinheiro foi atrás do que abre e fecha durante as comemorações
A China presa no “Hotel California”: o que Xi Jinping precisa fazer para tirar o país da armadilha — e como fica a bolsa até lá
Em carta aos investidores, à qual o Seu Dinheiro teve acesso em primeira mão, a gestora Kinea diz o que esperar da segunda maior economia do mundo
Rodolfo Amstalden: Abrindo a janela de Druckenmiller para deixar o sol entrar
Neste exato momento, enxergo a fresta de sol nascente para o próximo grande bull market no Brasil, intimamente correlacionado com os ciclos eleitorais
O IRB Re ainda vale a pena? Ações IRBR3 surgem entre as maiores quedas do Ibovespa após balanço, mas tem bancão dizendo que o melhor está por vir
Apesar do desempenho acima do esperado entre julho e setembro, os papéis da resseguradora inverteram o sinal positivo da abertura e passaram a operar no vermelho
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Arte de milionária: primeira pintura feita por robô humanoide é vendida por mais de US$ 1 milhão
A obra em homenagem ao matemático Alan Turing tem valor próximo ao do quadro “Navio Negreiro”, de Cândido Portinari, que foi leiloado em 2012 por US$ 1,14 milhão e é considerado um dos mais caros entre artistas brasileiros até então
Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Compre China na baixa: a recomendação controversa de um dos principais especialistas na segunda maior economia do mundo
A frustração do mercado com o pacote trilionário da semana passada abre uma janela e oportunidade para o investidor que sabe esperar, segundo a Gavekal Research
Em ritmo de festa: Ibovespa começa semana à espera da prévia do PIB; Wall Street amanhece em alta
Bolsas internacionais operam em alta e dão o tom dos mercados nesta segunda-feira; investidores nacionais calibram expectativas sobre um possível rali do Ibovespa
Ações da Gerdau (GGBR4) e de sua controladora (GOAU4) saltam até 13% e lideram altas do Ibovespa na semana; Alpargatas (ALPA4) cai 9,5% após balanço
O balanço mais forte que o esperado da Gerdau provocou uma forte alta nos papéis, enquanto a Alpargatas recuou mesmo após reportar resultados positivos no trimestre