Lucro das empresas com ações na bolsa deve cair 6,3% em 2022, diz BTG Pactual
Mesmo assim ainda é possível encontrar setores em que o cenário é positivo; saiba quem é quem
As empresas brasileiras com ações listadas na B3 terão um ano difícil em 2022, marcado pelo cenário de juros e temperatura política em alta. O lucro líquido das companhias abertas deve registrar uma queda de 6,3% no ano que vem, de acordo com projeções do BTG Pactual.
Sem considerar as gigantes Petrobras e Vale, que distorcem o número geral, o resultado melhora, mas não muito. A expectativa do banco nesse caso é de lucros estagnados em 2022.
De qualquer modo, nem tudo são más notícias. Se as exportadoras de commodities têm um cenário nebuloso pela frente, quem atua no mercado doméstico teve as previsões de lucro revisadas para cima pelo BTG.
Apesar da piora generalizada nos indicadores internos, as companhias dos setores alimentício e bancário podem encontrar um cenário favorável para melhorar os resultados em 2022.
Nas contas do BTG, as empresas que atuam no mercado interno devem registrar um crescimento de 9.4% no lucro em 2022. A alta da taxa básica de juros (Selic) pesa sobre a maior parte da economia, mas beneficia diretamente os bancos. Com a perspectiva de maiores receitas obtidas a partir da cobrança de juros, o BTG elevou a previsão de lucro das instituições financeiras em R$ 3,8 bilhões.
Já o resultado do setor alimentício deve ser puxado pela expectativa de melhora das operações norte-americanas de Marfrig e JBS.
Os setores de varejo, saúde, educação, bens de capital e software também devem continuar a apresentar alguma recuperação, afirmam os analistas do BTG, em relatório a clientes.
A nota negativa vem das empresas de commodities, como a Vale e as siderúrgicas. Isso porque as commodities não devem sustentar os preços atuais diante da redução na demanda em curso, motivada também pelo cenário global de inflação, segundo o BTG.
Pelas projeções do banco, o lucro das exportadoras de commodities deve cair 17% no ano que vem.
A Vale tem sofrido com uma queda vertiginosa no preço do minério de ferro. Apesar da recuperação recente, a commodity já se desvalorizou 60% em relação ao preço mais alto observado no mercado neste ano.