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Jasmine Olga
Jasmine Olga
É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo pela Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo Centro de Cidadania Fiscal (CCiF) e o setor de comunicação da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
FECHAMENTO DA SEMANA

Sextou com categoria! Ibovespa deixa para trás os 125 mil pontos e atinge novo topo histórico; dólar encosta nos R$ 5,20

Com a bolsa brasileira nas máximas, o câmbio e a curva de juros também passaram por um alívio. Confira o caminho do Ibovespa até o recorde.

Jasmine Olga
Jasmine Olga
28 de maio de 2021
19:03 - atualizado às 19:09
Ibovespa Sextou Brinde Chope 125 Mil Gráficos
Imagem: Shutterstock, com intervenção de Andrei Morais

Nesta sexta-feira (28), o Ibovespa provou que, de fato, de grão em grão a galinha enche o papo.

Garantindo o sorriso do fim de semana, o principal índice da bolsa brasileira não só renovou o seu recorde intraday - que agora é de 125.697 pontos -, mas também registrou uma nova máxima histórica de fechamento ao subir 0,96%, aos 125.591 pontos, um avanço de 2,42% na semana. Isso tudo depois de abrir o dia no vermelho e custando a se libertar do patamar dos 120 mil pontos no começo do mês.

Os acionistas da Petrobras ainda possuem um motivo extra para sorrir. Foi a alta expressiva das ações da companhia (PETR3 subiu 5,47% e PETR4 avançou 4,60%) que garantiu sustentação suficiente para superar de vez o nível dos 125 mil pontos. 

Alguns fatores ajudam a explicar os números. Um deles foi a melhora de recomendação para as ações da companhia feita pelo Credit Suisse e pelo JPMorgan, o que aumenta o fluxo comprador dos papéis. Outro ponto que pesou positivamente é o feriado que fechará as bolsas americanas na segunda-feira. Os investidores estrangeiros aproveitaram o dia para reforçar suas posições antes do dia de folga. 

Mas a tendência central das últimas semanas foi mais uma vez mantida e quem comandou mesmo o rumo dos negócios foi o mercado internacional. Com uma série de números da economia americana dando um panorama mais amplo da atual situação, ficou claro para o mercado que o discurso do Federal Reserve, o banco central do país, faz sentido e que os juros devem permanecer baixos. 

Sem uma Petrobras para dar um gás extra, as bolsas americanas tiveram uma alta mais moderada e reduziram o ritmo principalmente após a divulgação da proposta de Orçamento do governo Biden para 2022 O Nasdaq avançou 0,09%, o Dow Jones subiu 0,19% e o S&P 500 teve alta de 0,08%. 

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O apetite por risco também deixou a sua marca no câmbio. O dólar também reduziu a alta frente às moedas dos países desenvolvidos, o que abriu caminho para o Real ampliar a sua valorização. No fim do dia, a moeda americana caiu 0,82%, a R$ 5,2121. Na semana, o recuo foi de 2,64%. 

Em resposta à aceleração do IGP-M, que veio acima do esperado pelos analistas, os contratos de DI dispararam na abertura, mas reduziram o ímpeto e passaram a recuar, renovando as mínimas durante a tarde ao acompanhar o câmbio e o movimento do mercado americano. O impacto altista ficou nos vencimentos mais curtos.

Para Alexandre Almeida, economista da CM Capital, o número “salgado” do indicador ao produtor já estava precificado. Licinio Neto, sócio-gestor da Ajax Capital, ressalta que o movimento de queda acentuada das últimas semanas está ligado ao excesso de “prêmio” na curva e que ainda há espaço para mais ajustes. Confira as taxas de fechamento do dia:

Janeiro/2022: de  4,99% para 5,03%

  • Janeiro/2023: estável em 6,58%
  • Janeiro/2025: de 7,89% para 7,79%
  • Janeiro/2027: de 8,52% para 8,43%

Combustível para o recorde

A Petrobras foi essencial para o recorde e, para o analista de investimentos do Pagbank, Marcio Lórega, foram mais do que alguns relatórios de recomendação que desenharam o cenário.

Para ele, a possibilidade de novos estímulos em infraestrutura nos países ricos e os descontos recentes pelos quais passou a petroleira deram um impulso extra para o bom desempenho do dia. “O consumo por petróleo pode aumentar e sabemos que a Petrobras não performou tudo que poderia, tinha seus descontos e agora caminha em um movimento de melhora substancial”. 

O assunto é o mesmo

Eu disse que de grão em grão a galinha enche o papo porque depois de uma intensa volatilidade nos últimos meses, as semanas andam transcorrendo sem grandes eventos, com todos de olho em somente um ponto: inflação.

Os últimos dias foram recheados dessa discussão e as coisas não devem parar por aqui. A semana foi marcada por uma verdadeira bateria de números de atividade, mercado de trabalho e inflação - tanto aqui no Brasil quanto nos Estados Unidos. A preocupação dos investidores segue sendo a mesma dos últimos meses: quando chegará a hora do Federal Reserve tirar os juros da faixa dos 0% a 0,25% ao ano?

Se você acompanha o mercado financeiro mais de perto, sabe que os agentes do mercado estão longe de um consenso. Alguns dias a leitura é de que esse dia está perto, outros são mais céticos.

Depois do frenezi inicial, o mercado parece ter encontrado um tom mais comedido e os números ajudam a explicar isso. Embora os dados anunciados ao longo da semana - inflação ao consumidor, nível de atividade, confiança do consumidor, PIB, dados do mercado de trabalho, renda e consumo das famílias, entre outros - tenham vindo mistos, ele vai em direção ao que afirma o Fed. A economia está sim se recuperando e o impacto é sentido no preço, mas ainda há setores fragilizados, o que justifica os estímulos.  

Ainda falando de mercado externo, o anúncio do Orçamento de 2022 dos Estados Unidos deu uma segurada nos negócios hoje. O governo Biden propôs gastos na ordem dos US$ 6 trilhões e prevê um déficit de US$ 1,8 trilhão em 2022, com a justificativa de que os gastos públicos serão reduzidos com o fortalecimento da economia. O número veio em linha com o esperado pelo mercado. 

A inflação não esteve apenas nos holofotes internacionais. Aqui no Brasil também tivemos números importantes, que começam a balizar as apostas para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, teve a maior variação para o mês de maio desde 2016, mas o índice desacelerou com relação ao mês anterior, o que foi visto com bons olhos. 

Já o IGP-M, aqui no Brasil, o indicador conhecido como a inflação do aluguel, teve uma forte aceleração de 4,10% em maio. A taxa é a maior desde o início do Plano Real, levando o indicador a avançar 37,04% em 12 meses.

Almeida, da CM Capital, aponta que embora o resultado já estivesse precificado pelo mercado, o número significa problemas já que mostra uma inflação represada ao produtor que ainda deve ser repassada ao consumidor. “Isso corrobora o cenário de preocupação inflacionária mostrado pelo Banco Central”. 

Imutável

Outra coisa que não mudou foi o pano de fundo dos negócios brasileiros. Enquanto monitora a atividade (fique atento, na semana que vem temos divulgação do PIB do primeiro trimestre) e inflação, o mercado também segue mantendo um olho em Brasília e nas contas públicas. 

Após dados melhores do que o esperado da conta corrente do Governo Central, muito se falou em uma melhora do aspecto fiscal, mas o economista da CM Capital não vê as coisas dessa forma. Para ele, o problema só irá se resolver quando de fato tivermos reformas aprovadas. 

Nos últimos dias, muito se falou sobre a retomada das discussões das reformas tributárias e administrativa. De concreto, somente o fato de que elas ainda devem ser desidratadas para possibilitar a aprovação. 

A pandemia também parece estar longe de ser um problema resolvido. Embora as declarações na CPI da Covid-19 não respinguem na Faria Lima, uma terceira onda de infecções pode voltar a fechar a economia e trazer uma prorrogação do auxílio emergencial de volta à pauta.  

Sobe e desce

Na reta final do pregão, houve uma pressão negativa forte sobre o setor de energia, com a confirmação de um alerta de emergência hídrica para cinco estados. Embora o comunicado inclua o estado de São Paulo, a Sabesp ficou com o pior desempenho do dia após o governo de São Paulo confirmar que não deve seguir com a capitalização ou privatização da companhia até 2022. 

Na semana, a Suzano acabou ficando com o pior desempenho, acompanhando a forte desvalorização do dólar na semana. Confira as maiores quedas:

CÓDIGONOMEVALORVARSEM
SUZB3Suzano ONR$ 61,59-5,03%
BRFS3BRF ONR$ 25,80-4,20%
SBSP3Sabesp ONR$ 40,02-3,71%
GGBR4Gerdau PNR$ 32,70-3,45%
FLRY3Fleury ONR$ 26,37-3,12%

Hoje quem dominou de ponta a ponta a sessão foi a Petrobras, mas na semana a Locaweb foi a que se deu melhor, surfando a recuperação do Nasdaq nos Estados Unidos. Confira:

CÓDIGONOMEVALORVARSEM
LWSA3Locaweb ONR$ 26,1513,94%
HGTX3Cia Hering ONR$ 33,3813,85%
BIDI11Banco Inter unitR$ 66,5911,69%
YDUQ3Yduqs ONR$ 33,0910,04%
PCAR3GPA ONR$ 38,909,95%

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