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Jasmine Olga
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É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo pela Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo Centro de Cidadania Fiscal (CCiF) e o setor de comunicação da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
FECHAMENTO DA SEMANA

Monstros no armário dão uma folga, e Ibovespa e dólar têm dia de alívio — mas não apagam marcas de uma semana tensa

Depois de uma semana tensa, o Ibovespa conseguiu um dia de alívio, mas foi insuficiente para apagar as perdas da semana

Jasmine Olga
Jasmine Olga
13 de agosto de 2021
19:06 - atualizado às 20:27
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Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil / Pexels / Shutterstock / Montagem Andrei Morais

Quando lidar com sustos, cautela e vários monstros no armário faz parte da sua rotina, não tem superstição que o amedronte. Por isso, o Ibovespa passou imune ao azar por mais uma Sexta-feira 13. A clássica máscara de Jason não é nada perto do frio na espinha causado pelo estado das contas públicas e as dificuldades políticas em Brasília. 

Os monstros debaixo da cama do mercado brasileiro perturbaram o sono da B3 nos últimos dias, desviando a atenção dos bons resultados apresentados pelas empresas no segundo trimestre de 2021 e limitando o efeito das novas máximas históricas na Europa e nos Estados Unidos — aqui, os juros tiveram mais um período de forte alta, o dólar à vista acumulou uma valorização de 0,17% e o Ibovespa recuou 1,32% na semana. 

Você provavelmente sabe quem são eles: os planos de parcelamento de precatórios, o adiamento da votação da reforma do imposto de renda e a conta do novo auxílio social proposto pelo governo, que não fecha — os detalhes você confere nesta matéria. Hoje eles não tiraram exatamente um dia de folga, mas digamos que trabalharam por meio período. 

Na parte da manhã, a pressão das preocupações político-fiscais fizeram o dólar ir na contramão da queda vista no exterior, e o Ibovespa operou em queda por um bom tempo. No fim, prevaleceu a reação positiva do mercado aos dados macroeconômicos. 

Nos Estados Unidos, o sentimento do consumidor atingiu o menor nível desde 2011, sustentando a leitura de que o Federal Reserve não está pronto para retirar os estímulos monetários da maior economia do mundo. O dólar passou a recuar com mais força no exterior, e a divisa fechou o dia em queda de 0,22%, a R$ 5,2451, por aqui. 

No Brasil, o índice de atividade econômica (IBC-Br), avançou 1,14% em junho no comparativo mensal. Com o leve alívio no câmbio e a prévia do PIB do Banco Central mostrando um crescimento acima do esperado, a bolsa apagou parte das perdas da semana, com o Ibovespa encerrando o dia com uma alta de 0,41%, aos 121.193 pontos. A recuperação é bem-vinda, mas ela pode vir acompanhada de mais uma boa dose de inflação.

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Sem ter para onde fugir

O câmbio e a bolsa podem até ter tido uma boa sexta-feira 13, mas o mercado de juros seguiu sentindo um frio na espinha. Os investidores seguem preocupados com as questões político-fiscais já que a proximidade do fim de semana traz uma dose extra de cautela — nunca se sabe o que os monstros debaixo da cama podem aprontar enquanto o mercado financeiro descansa. 

O único momento de alívio da curva de juros nesta semana foi na terça-feira (10), quando a ata do Copom confirmou que o Banco Central deve seguir atuando de forma dura para controlar a inflação, já trabalhando com a ideia de uma taxa Selic acima do patamar considerado neutro. Ou seja, do nível que representa o impacto na atividade econômica. 

O tom mais duro já era esperado, mas agora as projeções de elevação para a próxima reunião começam a se elevar. Principalmente após o IPCA registrar a maior alta para o mês de julho em quase 20 anos, com uma aceleração de 0,96%. No documento, o BC também reafirmou a projeção de uma retomada mais forte no segundo semestre, raciocínio apoiado pelo IBC-Br anunciado hoje. 

Se não tivemos novidades no dia, a participação do presidente do BC, Roberto Campos Neto, em um evento, confirmou aquilo que o mercado já vinha precificando — sem compromisso fiscal não dá. 

Campos Neto voltou a puxar a orelha de Brasília, reforçando a importância da disciplina fiscal após a pandemia e também a responsabilidade do BC em controlar as expectativas de inflação de curto e longo prazo. Confira as a taxas de fechamento da semana:

  • Janeiro/22: de 6,58% para 6,62%
  • Janeiro/23: de 8,29% para 8,36%
  • Janeiro/25: de 9,29% para 941%
  • Janeiro/27: de 9,68% para 9,79%

Os monstros no armário do Fed

Foi uma semana cheia de recordes para o S&P 500 e o Nasdaq, mas isso não significa que ela foi livre de obstáculos. 

Primeiro temos a variante delta, uma grande incógnita no radar. Ainda não se sabe o impacto que ela pode ter na retomada econômica global e o quão perigosa pode se tornar. Depois, mais dirigentes do Federal Reserve voltaram a defender uma pressa na retirada dos estímulos monetários na maior economia do mundo. 

Pode até parecer estranho, mas o que contornou a situação foram alguns números negativos que trouxeram esperança para os investidores. Nesta semana, o Departamento do Trabalho americano informou que o índice de preços ao consumidor, um dos parâmetros utilizados para medir a inflação, subiu 0,5%, em linha com o que vinha sendo antecipado pelo mercado. 

Hoje foi a vez do sentimento do consumidor, que teve uma forte queda a 70,2, enquanto a perspectiva era de estabilidade. Segundo Marcio Lórega, gerente de research do Pagbank, com a percepção de que a economia não está forte o suficiente, a ala do Federal Reserve que defende um adiamento da retirada dos estímulos monetários deve ganhar força. Uma boa notícia para o mercado financeiro, que deve continuar com uma liquidez sustentada pelo Fed. 

Assim, hoje foi mais um dia de recorde duplo em Wall Street. Confira o fechamento do dia:

  • Nasdaq: +0,04% - 14.822 pontos 
  • S&P 500: +0,16% - 4.468 pontos 
  • Dow Jones: +0.04% - 35.513 pontos. 

Balançando a bolsa

Para Eduardo Cubas, head de alocações de recursos e sócio da Manchester Investimentos, as dificuldades políticas e discussões em torno das contas públicas foram o principal gatilho que fez com que o Ibovespa não acompanhasse a boa semana dos mercados internacionais - ainda que cerca de 70% dos balanços corporativos divulgados até agora tenham vindo acima do esperado. “A gente viu as empresas se adequando no último ano ao cenário de home office, com corte de custos e ajustes de processos internos, trazendo bons resultados financeiros”. 

Para Marcel Andrade, head de renda variável da Vitreo, o setor de construção apresentou resultados sólidos, mesmo em meio ao aumento de custos de materiais de construção. As companhias de proteína animal também seguiram apresentando bons resultados, acompanhando o que já vinha sendo mostrado nos últimos meses. 

Para Andrade, o grande destaque positivo ficou com a JBS. A companhia teve recorde de Ebitda e lucro líquido de R$ 4,4 bilhões, alta de 29,7% em um ano. Já o destaque negativo ficou com a Via (antiga Via Varejo). A ação da empresa teve forte queda após apresentar um Ebitda abaixo do esperado e suscitar dúvidas sobre o crescimento do e-commerce nos próximos meses. 

Sobe e desce do Ibovespa na semana

Confira as maiores altas do período:

CÓDIGONOMEVALORVARSEM
HGTX3Cia Hering ONR$ 40,589,09%
EMBR3Embraer ONR$ 20,808,16%
HAPV3Hapvida ONR$ 15,397,92%
GNDI3Intermédica ONR$ 84,306,18%
CPFE3CPFL Energia ONR$ 26,405,52%

Confira também as maiores quedas:

CÓDIGONOMEVALORVARSEM
QUAL3Qualicorp ONR$ 18,94-23,60%
LAME4Lojas Americanas PNR$ 6,00-10,71%
UGPA3Ultrapar ONR$ 15,47-9,53%
BIDI11Banco Inter unitR$ 65,45-9,32%
YDUQ3Yduqs ONR$ 24,70-9,19%

Resumo do dia

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