Incertezas locais seguem tirando o fôlego do Ibovespa enquanto bolsas americanas renovam recordes; dólar sobe a R$ 5,22
Os investidores americanos respiraram aliviados com os números da inflação divulgados hoje e tiveram fôlego extra para ir às compras. Mas por aqui o varejo decepcionou e o risco fiscal seguiu pensando no Ibovespa

Não é só porque as Olimpíadas se encerraram no último domingo que os recordes viraram notícia do passado. As bolsas americanas seguem em ritmo olímpico e tiveram um dia de recorde duplo. O Ibovespa, no entanto, não teve pique de atleta para acompanhar.
Logo pela manhã, a divulgação dos números do varejo brasileiro em junho decepcionou o mercado. Enquanto isso, os Estados Unidos celebraram uma inflação que não deve trazer riscos ao cenário de política monetária acomodatícia por mais algum tempo.
Depois da derrota da PEC do voto impresso ontem no plenário da Câmara, Brasília gerou menos ruídos, mas o mercado ainda não consegue ignorar os riscos fiscais que permanecem no radar. A PEC dos precatórios prevê o parcelamento de quase R$ 40 bilhões em dívidas judiciais federais em 2022, como forma de abrir espaço no Orçamento para outros gastos, como o da reformulação do Bolsa Família, anunciado no início da semana.
A abertura do dia foi no vermelho e o Ibovespa até ensaiou uma recuperação, animado com a notícia de que a Petrobras irá reajustar novamente o preço da gasolina, mas a estatal sozinha não conseguiu mudar o quadro. O principal índice da bolsa brasileira fechou a sessão mais uma vez na contramão do clima em Nova York, em leve queda de 0,12%, aos 122.056 pontos.
Mesmo nos momentos em que a bolsa buscou fôlego para subir, o dólar e a curva de juros seguiram refletindo todo o desconforto político-fiscal que segue no cenário. O dólar à vista chegou a recuar pontualmente, com a perspectiva de juros mais elevados no Brasil, mas encerrou o dia em alta de 0,47%, a R$ 5,2212. Depois de um dia de alívio, os principais contratos de DI também voltaram a se elevar. Confira:
- Janeiro/22: de 6,49% para 6,52%
- Janeiro/23: de 8,09% para 8,13%
- Janeiro/25: de 9,02% para 9,025%
- Janeiro/27: de 9,43% para 9,48%
A decepção inesperada
Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que as vendas no varejo restrito em junho tiveram uma queda de 1,7% no comparativo mensal, bem pior do que a mediana das estimativas do mercado, que era de alta de 0,7%. Já o varejo ampliado teve queda de 2,3%, contra uma mediana de expectativas de apenas 1,6%.
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Para Nicolas Borsoi, economista da Nova Futura Investimentos, o mercado já trabalhava com números menos otimistas para o varejo ampliado, mas a queda expressiva no varejo restrito surpreendeu por junho ter sido marcado por uma aceleração da vacinação e também da reabertura do comércio após os lockdowns necessários durante a segunda onda da covid-19.
Desempenho olímpico
Pelo segundo dia consecutivo, o S&P 500 e o Dow Jones renovaram as suas máximas de fechamento ao registrarem altas de 0,25% e 0,62%, respectivamente. A exceção ficou com o Nasdaq, que recuou 0,16%.
Os investidores seguem repercutindo de forma positiva a aprovação do pacote de infraestrutura feita ontem pelo Senado. A quantia de US$ 1,2 trilhão destinada a obras e criação de empregos ainda será analisada pela Câmara dos Representantes, mas somente após o recesso parlamentar, em setembro.
Ainda que alguns dirigentes do Federal Reserve tenham voltado a dizer que a retirada de estímulos por parte do Banco Central americano deve acontecer já no próximo mês, os dados de inflação divulgados hoje no país aliviaram um pouco o cenário.
Pela manhã, o Departamento do Trabalho americano informou que o índice de preços ao consumidor, um dos parâmetros utilizados para medir a inflação, subiu 0,5%, em linha com o que vinha sendo antecipado pelo mercado. A leitura é de que o número não deve pressionar o Fed por mudanças em sua política monetária, ainda que o patamar não seja exatamente confortável e o PCE seja o indicador utilizado como base para as contas do BC americano.
Sobe e desce do Ibovespa
As ações da Minerva (BEEF) dispararam nos minutos finais do pregão depois que notícias sobre um possível fechamento de capital começaram a circular na imprensa. Segundo a coluna Pipeline, do jornal Valor Econômico, os controladores da empresa CDQ e Salic, estudam o movimento. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
BEEF3 | Minerva ON | R$ 9,94 | 14,65% |
HGTX3 | Cia Hering ON | R$ 37,72 | 3,29% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 20,90 | 2,45% |
CPLE6 | Copel PN | R$ 6,69 | 1,98% |
VVAR3 | Via Varejo ON | R$ 13,05 | 1,95% |
Com um resultado trimestral considerado fraco pelo mercado, as ações da Qualicorp lideraram as maiores quedas do dia e fecharam a sessão com um recuo expressivo de mais de 15%. Os números da empresa foram impactados principalmente pelo reajuste promovido pela companhia, que elevou o número de cancelamentos. Confira:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
QUAL3 | Qualicorp ON | R$ 20,58 | -15,24% |
YDUQ3 | Yduqs ON | R$ 25,31 | -4,85% |
RADL3 | Raia Drogasil ON | R$ 25,10 | -4,05% |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 71,75 | -3,78% |
BRDT3 | BR Distribuidora ON | R$ 27,60 | -3,43% |
Resumo do dia
- Uma bolsa mais doce? A Dori Alimentos, fabricante de amendoins, jujubas, chocolates, balas e outras guloseimas, protocolou um pedido de IPO que está em análise na CVM.
- A NotreDame Intermédica (GNDI3) apresentou um balanço abaixo das expectativas dos analistas, mas o mercado segue confiante que a companhia deve ter um desempenho muito melhor com o fim da pandemia.
- As ações da Vulcabras reagiram bem ao balanço da companhia e fecharam em alta de mais de 7%.
- Já as ações da Qualicorp (QUAL3) não tiveram a mesma sorte. A empresa liderou as quedas do dia após os números do balanço não agradarem o mercado.
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