Petrobras dá susto, mas commodities garantem o avanço do Ibovespa; dólar sobe a R$ 5,37
A convocação de uma coletiva de última hora assustou os investidores, mas o Ibovespa retomou o ritmo de alta após a estatal confirmar que não irá mexer nos preços
O preço dos combustíveis, um dos grandes vilões da elevada inflação brasileira, não dá sinais de enfraquecimento. Muito pelo contrário. A passagem do furacão Ida pelo Golfo do México deve seguir impactando a oferta por mais alguns meses, o que reflete diretamente no preço da commodity.
O petróleo fechou em alta pelo quinto pregão consecutivo, voltando a alcançar patamares vistos antes da pandemia, em outubro de 2018, e se aproximando cada vez mais dos US$ 80.
A alta recente do barril tem conexão direta com os temores de que a inflação brasileira siga pressionada por mais algum tempo. Mas essa não é a única preocupação que surge na cabeça dos investidores brasileiros.
Nos últimos meses, ao notar o efeito da elevação dos preços, o presidente Jair Bolsonaro tem sido vocal sobre a necessidade de adotar alguma medida para reduzir o impacto nas bombas de combustíveis. A troca do presidente da Petrobras, no início do ano, se deu justamente pelo descontentamento do chefe do Executivo com o repasse ao consumidor feito pela petroleira.
Assim, com o petróleo em alta e a inflação acelerando cada vez mais, o alerta amarelo sobre a possibilidade de intervenção na política de preços da Petrobras volta ao radar. A estatal, no entanto, agiu rápido para não deixar o sentimento contaminar o mercado e convocou uma coletiva de imprensa apenas para dizer que nada irá mudar.
O mais novo aceno do presidente Joaquim Silva e Luna ao mercado foi bem recebido, e o Ibovespa, que acompanhava a cautela vista em Nova York, rapidamente passou a registrar alta de quase 1%. O fôlego se reduziu ao longo do dia, mas o principal índice da bolsa encerrou a segunda-feira em alta de 0,27%, aos 113.583 pontos.
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Para os analistas, o mercado está sedento por notícias, sejam elas positivas ou negativas, por isso a reação ‘exagerada’ no calor do momento. O resultado do dia também teve ajuda das siderúrgicas e da Vale, que subiram forte com a recuperação do minério de ferro.
Os próximos dias devem ser agitados e ficam no radar. Na agenda temos a sequência da tramitação da PEC dos precatórios, a ata da última reunião de política monetária do Copom e o Relatório Trimestral de Inflação. Lá fora, os investidores estão em compasso de espera por números importantes nos Estados Unidos e a definição do Congresso americano sobre o teto da dívida, o que deixa os índices em Wall Street sem muita força.
No câmbio, porém, a história foi outra e a moeda americana se manteve pressionada ao longo de todo o dia, acompanhando o movimento visto no exterior. Nos Estados Unidos, o temor de que a retirada dos estímulos seja feita de forma rápida deixa os holofotes nos discursos dos dirigentes do banco central americano. Após três deles defenderem o crescimento da economia e a discussão em torno do aperto monetário, não só os juros foram pressionados como também a divisa.
O alívio do dólar foi pontual, em resposta aos leilões extraordinários de swap cambial convocados pelo Banco Central para as segundas e quartas. O dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,65%, a R$ 5,3788. Confira o fechamento dos principais vencimentos dos contratos de DI:
- Janeiro de 2022: de 7,14% para 7,16%.
- Janeiro de 2023: de 8,96% para 9,06%
- Janeiro de 2025: de 10,03% para 10,17%
- Janeiro de 2027: de 10,42% para 10,58%
Um soluço, parte 1
A alta do petróleo impulsionou o avanço das ações das petroleiras ao longo de toda a tarde. Com exceção de um breve momento, por volta das 16 horas.
A Petrobras, que até então seguia em forte alta, passou a recuar com o anúncio de uma coletiva no meio da tarde para discutir a sua política de preços. Como o assunto é sensível, principalmente diante da necessidade de novos aumentos para o consumidor final, os investidores reagiram negativamente.
Mas logo nos primeiros minutos da coletiva a cautela se dissipou. O presidente da companhia, indicado por Bolsonaro, fez questão de afirmar que a política de preços não irá mudar, o que garantiu que a empresa retomasse o ritmo de alta.
Um soluço, parte 2
As ações da Vale, que surfaram a mais nova alta do minério de ferro, também passaram por um susto ao longo da tarde. A companhia abandonou as máximas do dia, em um avanço de mais de 2%, para uma queda de 1,5% em poucos minutos.
A reação do mercado veio após sair na imprensa internacional que 39 funcionários da Vale estão presos na Mina Totten, localizada no Canadá, desde domingo. Segundo a companhia, o resgate já se iniciou e os trabalhadores estão seguros.
As ações da companhia encerraram o dia em alta de 1,30%, a R$ 78,70.
Monitorando as mudanças
Após 16 anos do domínio do partido de centro-direita da chanceler Angela Merkel, a Alemanha terá mudanças. O partido social-democrata, de centro-esquerda, conquistou a maioria dos votos nas eleições nacionais. O SPD é favorável ao fortalecimento da União Europeia.
Os investidores aguardam atentos a movimentação que dará origem ao novo governo, e as bolsas do continente fecharam a segunda-feira majoritariamente em alta.
Nos Estados Unidos, o temor de que a retirada dos estímulos seja feita de forma rápida deixa os holofotes nos discursos dos dirigentes do banco central americano. Após três deles defenderem o crescimento da economia e a discussão em torno do aperto monetário, não só os juros foram pressionados como também os principais índices. O Dow Jones foi a exceção, impulsionado pelo setor energético.
- Nasdaq: -0,52% - 14.970 pontos
- S&P500: -0,28% - 4.443 pontos
- Dow Jones: 0,21% - 34.869 pontos.
Sobe e desce do Ibovespa
Enquanto CSN e PetroRio subiram na cola da alta das commodities vista no exterior, o grande destaque do dia ficou com o setor de proteínas.
Para Marcio Lórega, gerente de research do Pagbank, as ações do setor ainda repercutem a aprovação da compra de cerca de 32% da BRF pela Marfrig. Além disso, o dólar mais forte tende a favorecer as exportadoras.
A perspectiva de alta da Selic tem impulsionado as ações do setor bancário. No caso do Santander, o banco é visto como a melhor opção diante de um cenário de aumento da inadimplência e foi o principal destaque do setor hoje. Além disso, o banco deu mais um passo para a cisão da GetNet e entrou com o pedido de listagem da empresa de maquininhas na Nasdaq. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
BRFS3 | BRF ON | R$ 26,30 | 7,08% |
MRFG3 | Marfrig ON | R$ 24,11 | 6,40% |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 23,15 | 5,28% |
CSNA3 | CSN ON | R$ 30,07 | 3,58% |
SANB11 | Santander Brasil units | R$ 36,36 | 3,41% |
Com a alta da inflação no horizonte, as empresas mais ligadas ao cenário da economia doméstica sofreram o maior baque no pregão de hoje. Confira também as maiores quedas:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
CASH3 | Méliuz ON | R$ 6,58 | -5,32% |
VIIA3 | Via ON | R$ 8,10 | -4,71% |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 58,47 | -4,27% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 14,99 | -4,09% |
BIDI4 | Banco Inter PN | R$ 19,52 | -3,98% |
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