Ibovespa sobe mais de 2% e recupera parte das perdas do dia anterior; Petrobras sobe 12%, mas a Eletrobras foi além
Impulsionadas pela sinalização de que o governo deve seguir apoiando a agenda liberal, as ações das empresas estatais reverteram parcialmente o tombo da sessão de ontem

Um dia após jogarem o Ibovespa na lama, as estatais puxaram a recuperação expressiva do Ibovespa vista nesta quarta-feira (23).
Com a confiança do mercado fragilizada após a tentativa de intervenção da União na Petrobras, membros do governo se esforçaram para mostrar que o ato de interferência é um caso isolado e que o compromisso com a agenda liberal segue de pé, com o Congresso priorizando as reformas necessárias para o crescimento do país e que possibilitam o financiamento do auxílio emergencial, visto como essencial para manter a população mais carente durante a crise.
Duramente questionado (e calado) nos últimos dias, o ministro da Economia, Paulo Guedes, teve trabalho à beça nos bastidores.Hoje, o ministro chegou a cancelar a participação em um evento em favor de uma reunião com Arthur Lira.
Além de ter costurado um acordo entre os líderes do Congresso para a aprovação da PEC Emergencial, que possibilitará o financiamento do auxílio emergencial, o ministro também deve fazer parte da comitiva que entregará a Medida Provisória (MP) da privatização da Eletrobras aos presidentes da Câmara, Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco.
A notícia de que a privatização da companhia, desejada e especulada por anos, pode enfim sair do papel deu um gás extra para o Ibovespa e para os papéis das estatais. Outro gás extra veio do Ministério Público, que junto ao Tribunal de Contas da União, enviou uma representação que pede para que a Petrobras não faça nenhuma alteração de comando até que o tribunal julgue se houve interferência política do presidente na empresa.
A contribuição do presidente Jair Bolsonaro para a recuperação ficou por conta de um elogio feito ao ministro da Economia no fim da tarde. O que, para parte do mercado, é um sinal de que a permanência de Guedes é certa.
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Bolsonaro afirmou que Guedes foi uma das pessoas mais importantes na luta para levar a frente as propostas do governo e que trata amigos e opositores com "galhardia". O presidente também elogiou a atuação do ministro durante a pandemia, citando nominalmente o Pronampe.
Seguindo também a alta volatilidade vista nos mercados americanos, a bolsa brasileira terminou o dia próximo das máximas, em alta de 2,27%, aos 115.227,46 pontos. O dólar à vista também operou instável durante toda a sessão. Ao fim do dia, a moeda americana recuava 0,21%, aos R$ 5,4422.
No cenário internacional, havia grande expectativa pelo discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Congresso americano, o que guiou as negociações. Powell reforçou a política monetária acomodatícia e não mostrou uma preocupação com a possibilidade de alta da inflação no país.
O mercado de juros passou por um dia de alívio. Confira as taxas de fechamento dos principais contratos futuros:
- Janeiro/2022: de 3,53% para 3,45%
- Janeiro/2023: de 5,325% para 5,19%
- Janeiro/2025: de 6,92% para 6,82%
- Janeiro/2027: de 7,57% para 7,49%
A luz no fim do túnel
Antes das movimentações e sinalizações positivas que fizeram o Ibovespa fechar o dia em alta firme, a notícia que movia os mercados era a de que a nova fase do auxílio emergencial, que tanto gerou ruído nas últimas semanas, parece estar finalmente próximo de um fim.
Em conversas com líderes do Congresso, Paulo Guedes chegou a um acordo para conter os gastos públicos e permitir o pagamento de uma nova rodada do auxílio emergencial, mas sem contrapartidas no curto prazo, como era o inicialmente esperado por todos, até pela equipe econômica. O pagamento da nova fase do programa deve ter um custo de R$ 30 bilhões aos cofres públicos.
Porém, no longo prazo, o projeto apresentado pelo relator Marcio Bittar para a PEC Emergencial resgata um mecanismo que já havia sido pensado, mas deixado de lado devido às resistências.Trata-se da desvinculação de gastos mínimos para saúde e educação.
Caso a medida seja aprovada, parlamentares dos três entes federativos irão decidir ano a ano o total de recursos destinados para esses fins, o que gera disputa com outras demandas do Orçamento. A votação da pauta foi prometida para a próxima quinta-feira (25) pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Lira, que já havia utilizado o Twitter para indicar que o governo segue comprometido com as pautas econômicas, prometeu encaminhar a proposta tributária em até oito meses.
Virando a mesa
Mesmo sem nenhuma novidade com relação à interferência do governo federal no comando da Petrobras, gatilho para a queda de 20% nos papéis da petroleira na tarde de ontem, o dia começou e se consolidou com a recuperação parcial das estatais.
As companhias, que tanto apanharam ontem, puxaram o Ibovespa e dominaram as principais altas do dia. Para Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos, a queda vista no Ibovespa ontem foi "exagerada e irracional", já que antecipou um cenário muito grande de incertezas.
Hoje o conselho de administração da Petrobras se reuniu para deliberar sobre a convocação de uma Assembleia, pedido feito pela União para considerar o novo nome para a presidência - o do general Joaquim Silva e Luna. A reunião já estava marcada e, inicialmente, iria definir a recondução de Castello Branco ao cargo.
Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Estadão, o conselho aprovou a convocação da Assembleia de Acionista que deve eleger Silva e Luna como membro do conselho. A escolha final é feita pelo conselho, após a aprovação do nome na Assembleia.
A recuperação de 12% vista hoje também reflete um pouco mais da confiança de que o presidente Jair Bolsonaro mantenha suas promessas de não mexer na política de preços da companhia. Um dos conselheiros eleitos pelos acionistas minoritários da Petrobras, Leonardo Antonelli, disse que mesmo que a troca de comando de fato ocorra, a companhia está "blindada" à mudanças e influência em sua política de preços.
Hoje pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro voltou a falar sobre a Petrobras. Depois de interferir na troca de comando na estatal, Bolsonaro afirmou que o novo presidente deve arrumar as muitas coisas que estão erradas na petroleira.Ainda assim, o presidente repetiu que não está interferindo na companhia e em sua política de preços.
Durante a tarde, a companhia soltou um comunicado onde responde parte dos questionamentos do presidente Jair Bolsonaro sobre a remuneração paga ao comando da Petrobras.Segundo a estatal, o salário de Roberto Castello Branco não extrapola os valores de mercado, como o dito por Bolsonaro. A companhia informou que seus executivos não possuem reajustes desde 2016 e detalhou o montante recebido pelo atual comandante da empresa.
No entanto, foi a notícia de que o Ministério Público tenta reverter a mudança de comando da estatal que realmente fez com que tanto as ações ordinárias (PETR3) quanto as preferenciais (PETR4) recuperassem mais da metade do valor de mercado perdido no pregão de ontem. Amanhã a companhia deve seguir no centro das atenções, com a divulgação do seu balanço após o fechamento do mercado de quarta-feira.
O Banco do Brasil (BBAS3), outra estatal que sofreu por tabela ontem, também buscou uma recuperação. A companhia chegou a soltar um comunicado informando que não recebeu nenhum pedido de mudanças em sua diretoria. Depois de permanecer entre as maiores altas ao longo de todo o dia, o BB acabou perdendo a posição, mas ainda assim avançou 6,92%, a R$ 30,43.
No entanto, a verdadeira estrela do dia ficou sendo a Eletrobras. Depois de anos de especulação, a notícia de que a privatização pode enfim ser encaminhada fez com que a companhia liderasse as altas do dia. A MP deve ser entregue hoje ao Congresso, por uma comitiva de ministros. Confira os principais desempenhos de hoje:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
ELET3 | Eletrobras ON | R$ 32,67 | 13,01% |
PETR4 | Petrobras PN | R$ 24,06 | 12,17% |
ELET6 | Eletrobras PNB | R$ 32,40 | 10,81% |
PETR3 | Petrobras ON | R$ 23,48 | 8,96% |
ITSA4 | Itaúsa PN | R$ 10,52 | 7,57% |
Confira também as principais quedas do dia, puxadas por uma realização dos lucros recentes. Só ontem, B2W e Lojas Americanas tiveram valorizações de dois dígitos, impulsionadas pelo estudo de fusão de suas operações. Confira também as principais quedas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
LAME4 | Lojas Americanas PN | R$ 27,23 | -5,94% |
BTOW3 | B2W ON | R$ 85,90 | -4,20% |
GNDI3 | Intermédica ON | R$ 90,20 | -4,08% |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 88,75 | -3,73% |
NTCO3 | Natura ON | R$ 49,38 | -3,61% |
No balanço das ondas
Uma recuperação ainda mais ávida do Ibovespa foi contido pelo cenário mais indefinido no exterior.
Durante a madrugada, as bolsas asiáticas fecharam mistas, de olho não só nos estímulos fiscais americanos, mas também na disparada dos juros dos Treasuries nos Estados Unidos. A inflação no país passou a ser uma preocupação do mercado financeiro global e também seguraram as bolsas europeias, que fecharam sem direção definida.
Durante a tarde, o índice Nasdaq chegou a recuar mais de 3%, um movimento que foi seguido pela bolsa brasileira em seu pior momento.
Em Wall Street, os principais índices se recuperaram ao longo do dia, na espera do discurso de Jerome Powell em audiência no Senado.
O material apresentado já havia sido divulgado na semana passada, confirmando que a instituição deve seguir mantendo uma política monetária acomodatícia. No entanto, o temor com a possível alta da inflação fez com que os investidores ficassem apreensivos.
A fala de Powell acalmou o mercado. Ele reforçou o que já vinha sendo dito e também afirmou que, no longo prazo, a tendência para a inflação é de queda.
Assim, o Dow Jones fechou o dia em alta de 0,05%, o S&P 500 subiu 0,13% e o Nasdaq recuou apenas 0,50% - depois de superar uma queda de 3% no pior momento da sessão.
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