Commodities amenizam a queda da bolsa, mas exterior negativo e nova crise em Brasília falam mais alto
As commodities mais uma vez tentaram salvar a bolsa brasileira de um dia no vermelho, mas o exterior negativo e a cautela em Brasília falaram mais alto
De um lado, commodities em festa. Do outro, cenário doméstico conturbado e um dia negativo no exterior. Essas foram as forças antagonistas que duelaram durante todo o dia pelo protagonismo no Ibovespa.
O resultado foi um dia de grande instabilidade e bem próximo do zero a zero. O saldo final foi negativo, mas poderia ter sido pior se não fosse o bom desempenho do setor bancário e das empresas de mineração e siderurgia ao longo do dia.
A questão é que elas perderam força no decorrer da sessão e, com a agenda esvaziada, a cautela em Wall Street e Brasília pesaram. O Ibovespa fechou o dia em leve queda de 0,11%, aos 121.909 pontos. Os 122 mil pontos foram perdidos, mas a queda por aqui foi muito mais suave do que a vista em Nova York.
O dólar à vista também passou o dia sendo puxado de um lado para o outro. Fluxo estrangeiro em direção às commodities versus nova disparada dos juros dos Treasuries foi o duelo principal do dia. No fim, a moeda americana apresentou uma alta de 0,07%, a R$ 5,2320.
Sem grandes catalisadores na agenda do dia, o mercado de juros futuros ignorou o crescimento da tensão em Brasília e acabou acompanhando a alta dos rendimentos dos Treasuries nos Estados Unidos, em um movimento que se intensificou ao longo da tarde. Confira as taxas do dia:
- Janeiro/2022: estável em 4,84%
- Janeiro/2023: de 6,62% para 6,65%
- Janeiro/2025: de 8,07% para 8,16%
- Janeiro/2027: de 8,62% para 8,69%
Time verde
Durante quase todo o dia, o que sustentou o tom mais positivo da bolsa brasileira foram as commodities - principalmente petróleo e o minério de ferro.
Leia Também
No caso do petróleo, o dia foi de instabilidade. De um lado, o progresso da pandemia na Índia segue preocupando a demanda global. Do outro, um ataque cibernético nos Estados Unidos bloqueou um duto de transporte na Costa Leste Americana.
Segundo a companhia que administra o canal, o serviço deve ser restabelecido até o fim da semana, mas o problema deve ter impacto sobre o mercado de petróleo nas próximas semanas. A Petrobras, cuja ação tem grande peso no Ibovespa, teve o que comemorar.
Já o minério de ferro disparou. Ainda mais. Desde o ano passado, com a pandemia afetando produção e demanda, a commodity tem se valorizado e batido novas máximas. Foi o que aconteceu nesta madrugada na China. No porto de Qingdao, a commodity saltou mais de 8%, a US$ 230. Na máxima, o avanço foi de mais de 10%.
Um conjunto de fatores beneficiam o mercado. Primeiro, a recuperação econômica nos Estados Unidos e China deve demandar uma grande quantidade de matéria-prima. Além disso, a produção dos maiores players do setor ainda não se normalizou pós-coronavírus e uma disputa política entre China e Austrália também pesa sobre os negócios.
Siderúrgicas e a Vale foram as principais empresas beneficiadas por esse movimento, mas acabaram perdendo força ao longo do dia. A mineradora, que vem renovando seguidos topos históricos e que já vale mais de R$ 680 bilhões, acabou fechando o dia no vermelho.
Time vermelho
Enquanto o apetite por risco foi patrocinado pelas commodities, a cautela veio com uma verdadeira união de fatores, com muito mais jogadores em campo.
Primeiro, Nova York não ajudou. Os juros dos Treasuries voltaram a disparar diante do temor de uma economia americana aquecida e uma pressão inflacionária que leve o Federal Reserve a elevar os juros antes do tempo - mesmo que o Banco Central americano venha afirmando o contrário e que o payroll, com dados do mercado de trabalho, tenha afastado o temor de superaquecimento da economia na sexta-feira.
Como é tradicional em dias assim, o Nasdaq levou o maior tombo, recuando 2,55%. O S&P 500 caiu 1,04% e o Dow Jones fechou no vermelho por pouco, recuando 0,10%.
O cenário doméstico contribuiu com alguns jogadores extras, ainda que para Rafael Passos, da Ajax Capital, a cautela externa tenha exercido uma força muito maior no resultado final.
A CPI da Covid, que investiga a atuação do governo federal durante a pandemia, já era uma escalação previsível. Com mais depoimentos importantes marcados para serem colhidos ao longo da semana, o mercado espera o momento em que o governo acabe sendo cercado pela situação.
O reforço (negativo) extra também veio de Brasília e em forma de um acordo que agrava os cenários que já não costumam ser muito favoráveis - o político e o fiscal.
O jornal O Estado de S. Paulo divulgou documentos que mostram um “orçamento secreto” para financiar a base aliada do governo e o Centrão. Apelidos para o caso já começam a pipocar pela grande imprensa e redes sociais - “bolsolão”, "tratorão”, ou simplesmente orçamento paralelo, você pode escolher o seu.
A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) foi usada para aumentar os recursos destinados aos parlamentares, como informado pelo jornal. Boa parte do orçamento da companhia foi usada para comprar equipamentos agrícolas com preços até 259% acima da média do mercado. De acordo com o Estadão, o presidente Jair Bolsonaro fez a maior ampliação da empresa, fazendo as operações atingirem até 35% do território nacional.
Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos, também lembra que o mercado aguarda a decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira, sobre como será encaminhada a reforma tributária - fatiada ou ampla, como já vinha sendo discutida -, outro fator que cria ainda mais pressão no curto prazo.
No banco de reservas
Hoje a agenda econômica deu uma folga, mas deve pegar fogo nos próximos dias, com o principal destaque indo para a ata do Copom, que deve trazer novidades sobre a política monetária e será divulgada amanhã, e os dados do IPCA, principal índice de inflação, também marcado para a terça-feira (11). A temporada de balanços também reserva dias agitados para a bolsa no decorrer da semana.
Sobe e desce
As empresas ligadas às commodities metálicas puxaram o Ibovespa durante boa parte do dia, mas, no fim, os investidores decidiram embolsar os lucros recentes. Gerdau, Usiminas e Vale - para citar algumas - reverteram parte da alta. A mineradora, inclusive, passou para o negativo e fechou o dia no vermelho.
Assim, sobrou espaço para outras empresas brilharem. A CVC liderou os ganhos após um upgrade na recomendação pelo JPMorgan. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
CVCB3 | CVC ON | R$ 25,14 | 5,01% |
MRFG3 | Marfrig ON | R$ 20,22 | 3,48% |
PCAR3 | GPA ON | R$ 37,80 | 2,89% |
COGN3 | Cogna ON | R$ 3,96 | 2,33% |
BEEF3 | Minerva ON | R$ 10,34 | 2,38% |
O petróleo teve um dia volátil. Enquanto a Petrobras fechou no azul, a PetroRio seguiu no movimento de realização visto nas últimas semanas, aparecendo entre as maiores quedas do dia. O destaque negativo ficou com o setor de varejo, principalmente os papéis ligados ao e-commerce, em um movimento de rotação de carteiras que acompanha a migração de recursos de setores mais arriscados para os Treasuries. Confira as maiores quedas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
LWSA3 | Locaweb ON | R$ 23,52 | -5,20% |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 199,30 | -5,09% |
BTOW3 | B2W ON | R$ 59,75 | -4,37% |
LAME4 | Lojas Americanas PN | R$ 19,71 | -3,85% |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 18,48 | -3,80% |
Vale (VALE3) é a nova queridinha dos dividendos: mineradora supera Petrobras (PETR4) e se torna a maior vaca leiteira do Brasil no 3T24 — mas está longe do pódio mundial
A mineradora brasileira depositou mais de R$ 10 bilhões para os acionistas entre julho e setembro deste ano, de acordo com o relatório da gestora Janus Henderson
Brasil vai estourar a meta de inflação? Projeções sobem em 2024, 2025 e 2026, mas renda fixa que paga até IPCA +10% pode ‘surfar’ cenário
Incertezas econômicas ainda rondam o mercado e estimativas do IPCA nos próximos anos se afastam da meta de inflação – como buscar lucros com a renda fixa agora?
A arma mais poderosa de Putin (até agora): Rússia cruza linha vermelha contra a Ucrânia e lança míssil com capacidade nuclear
No início da semana, Kiev recebeu autorização dos EUA para o uso de mísseis supersônicos; agora foi a vez de Moscou dar uma resposta
Com dólar acima de R$ 5,80, Banco Central se diz preparado para atuar no câmbio, mas defende políticas para o equilíbrio fiscal
Ainda segundo o Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro semestre, entidades do sistema podem ter de elevar provisões para perdas em 2025
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
Acaba logo, pô! Ibovespa aguarda o fim da cúpula do G20 para conhecer detalhes do pacote fiscal do governo
Detalhes do pacote já estão definidos, mas divulgação foi postergada para não rivalizar com as atenções à cúpula do G20 no Rio
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
Agenda econômica: balanço da Nvidia (NVDC34) e reunião do CMN são destaques em semana com feriado no Brasil
A agenda econômica também conta com divulgação da balança comercial na Zona do Euro e no Japão; confira o que mexe com os mercados nos próximos dias
Seu Dinheiro abre carteira de 17 ações que já rendeu 203% do Ibovespa e 295% do CDI desde a criação; confira
Portfólio faz parte da série Palavra do Estrategista e foi montado pelo CIO da Empiricus, Felipe Miranda
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores
A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira
Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações
Na lista dos melhores ativos: a estratégia ganha-ganha desta empresa fora do radar que pode trazer boa valorização para as ações
Neste momento, o papel negocia por apenas 4x valor da firma/Ebitda esperado para 2025, o que abre um bom espaço para reprecificação quando o humor voltar a melhorar
“A bandeira amarela ficou laranja”: Balanço do Banco do Brasil (BBAS3) faz ações caírem mais de 2% na bolsa hoje; entenda o motivo
Os analistas destacaram que o aumento das provisões chamou a atenção, ainda que os resultados tenham sido majoritariamente positivos
A surpresa de um dividendo bilionário: ações da Marfrig (MRFG3) chegam a saltar 8% após lucro acompanhado de distribuição farta ao acionista. Vale a compra?
Os papéis lideram a ponta positiva do Ibovespa nesta quinta-feira (14), mas tem bancão cauteloso com o desempenho financeiro da companhia; entenda os motivos
Menin diz que resultado do grupo MRV no 3T24 deve ser comemorado, mas ações liberam baixas do Ibovespa. Por que MRVE3 cai após o balanço?
Os ativos já chegaram a recuar mais de 7% na manhã desta quinta-feira (14); entenda os motivos e saiba o que fazer com os papéis agora
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
A B3 vai abrir nos dias da Proclamação da República e da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios durante os feriados
Os feriados nacionais de novembro são as primeiras folgas em cinco meses que caem em dias úteis. O Seu Dinheiro foi atrás do que abre e fecha durante as comemorações
A China presa no “Hotel California”: o que Xi Jinping precisa fazer para tirar o país da armadilha — e como fica a bolsa até lá
Em carta aos investidores, à qual o Seu Dinheiro teve acesso em primeira mão, a gestora Kinea diz o que esperar da segunda maior economia do mundo