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Jasmine Olga
Jasmine Olga
É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo pela Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo Centro de Cidadania Fiscal (CCiF) e o setor de comunicação da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
FECHAMENTO

Ibovespa se recupera da queda da véspera com ata do Fed sem surpresas, mas dólar segue escalando

Depois da surpresa na última reunião do Fed, os investidores esperavam apreensivos pela ata, mas o documento não trouxe surpresas

Jasmine Olga
Jasmine Olga
7 de julho de 2021
18:31 - atualizado às 20:04

A expectativa pela divulgação da ata da última reunião do comitê de política monetária (Fomc) do Federal Reserve fez com que os investidores globais segurassem o fôlego durante a maior parte desta quarta-feira (07). Embora essa tenha sido a tônica global, o Ibovespa foi por um caminho diferente. 

Depois de ter recuado 1,4% no pregão de ontem, o Ibovespa aproveitou dados favoráveis do varejo e a reação positiva à ata do Fomc para fechar o dia próximo das máximas e retornar ao patamar dos 127 mil pontos.

O principal índice da bolsa brasileira teve mais fôlego que Wall Street e avançou 1,54%, aos 127.018 pontos. O grande destaque do dia foi mais uma vez o câmbio. Antes da divulgação do documento, o dólar se fortalecia em escala global e, no Brasil, ganhou um empurrão extra dos conflitos políticos e temores com relação às reformas. 

Em sessão de grande volatilidade, a moeda americana chegou a ser negociada no maior patamar desde maio, a R$ 5,28, mas conseguiu devolver parte da alta quando o temor de que o Fed endurecesse o discurso foi dissipado. Longe das máximas, o dólar à vista avançou 0,60%, a R$ 5,2403, uma alta de 3,70% na semana.

Embora o câmbio tenha atravessado o dia pressionado, a curva de juros operou em queda, repercutindo dados do varejo que vieram abaixo do esperado e a leitura do IGP-DI, também abaixo da mediana, o que pode representar um alívio na alta dos preços. Confira as taxas de fechamento do dia:

  • Janeiro/22: de 5,78% para 5,76%
  • Janeiro/23: de 7,27% para 7,22%
  • Janeiro/25: de 8,35% para 8,24%
  • Janeiro/27: de 8,75% para 8,67%

Previsões nebulosas

Tentando antecipar as próximas jogadas do Federal Reserve, o mercado estava apreensivo com a divulgação da ata da última reunião de política monetária do banco central americano. Foi nessa ocasião que o Fed acabou pegando os investidores no contrapé, com a maioria dos membros do Fomc projetando duas altas na taxa básica de juros já em 2023, antes do esperado, e elevando as projeções para a inflação. 

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Tendo em vista o estresse que a reunião em si causou no mercado financeiro, os investidores pareciam preparados para sinais de uma discussão mais dura com relação à retirada dos estímulos monetários, principalmente quanto ao ritmo de compra de ativos - que muitos dirigentes já sugerem que seja reduzido -, o que se refletiu em um dólar forte durante quase todo o dia. 

Mas o texto não trouxe novidades e nem mesmo endureceu o tom. Os dirigentes do Fed voltaram a afirmar que a inflação, ainda que acima da meta de 2% por um tempo, é mesmo transitória e que ainda é preciso entender melhor os sinais mistos mostrados pela economia americana.

O BC americano ainda enxerga setores fragilizados e um caminho longo para se atingir o pleno emprego, ainda que a vacinação em massa tenha melhorado os dados econômicos. Ponto delicado para o mercado, o Fed também tocou na possível retirada de estímulos e a redução da compra de ativos, mas a instituição pregou paciência e cautela para essa tomada de decisão. 

Para Matheus Jaconeli, economista da Nova Futura, a autoridade monetária mostrou que pode ser menos conservadora do que se esperava. “Não foi algo que trouxe receio ou perspectivas de retirada de estímulos de forma mais abrupta. E o mercado já parece ter internalizado isso”. 

Em Wall Street, as bolsas passaram a maior parte do dia no vermelho, mas tiveram uma leve reação após a divulgação do documento. Com o tom mais suave do que o esperado, o Dow Jones fechou o dia em alta de 0,30%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq renovaram suas máximas históricas de fechamento ao avançarem 0,34% e 0,01%, respectivamente. 

De principal a coadjuvante

Enquanto a bolsa brasileira buscava recuperação, o complicado quadro político seguiu pairando sobre os mercados - principalmente no câmbio. Os investidores ainda pesam o desgaste político que as denúncias da CPI da covid-19 e aquela feita pela ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro, que colocou o chefe do Executivo no meio do esquema das "rachadinhas".

A maior preocupação é o impacto que isso pode ter na apreciação das reformas, que por si só já levantam dúvidas suficientes. Desde que a proposta da reforma tributária que mexe com o imposto de renda e a tributação de investimentos foi apresentada, o mercado tem reagido com mau humor ao texto. 

Celso Sabino, relator da pauta na Câmara, indicou que a redução da alíquota para pessoa jurídica pode ser maior do que a apresentada na proposta. O ministro da Economia Paulo Guedes também busca reduzir os subsídios dados para indústrias petroquímicas para compensar a alíquota mais baixa de IRPJ.

O ministro Paulo Guedes participou da Comissão de fiscalização financeira e controle da Câmara dos Deputados e falou sobre a proposta. Segundo Guedes, o governo ainda irá trabalhar no texto e tirar aquilo que foi considerado ruim pelo mercado. Arthur Lira também foi ao Twitter para defender a pauta. 

Queda de braço

O impasse entre os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) pressionou mais uma vez o preço da commodity, que também sofreu com a escalada do dólar ao longo do dia. Tanto o barril de petróleo WTI quanto o Brent fecharam em queda de cerca de 1,5%. 

O cartel não chegou a um consenso sobre o aumento da produção, com os Emirados Árabes sendo a maior resistência, o que leva os investidores a pesarem o risco de que cada país acabe definindo suas próprias regras. 

Sobe e desce

Os agentes financeiros locais repercutiram positivamente os dados da venda do varejo divulgados nesta manhã. O volume de vendas cresceu 1,4% em maio ante abril, abaixo da mediana das estimativas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que era de 2,5%.

Mesmo abaixo da expectativa, o número demonstra uma aceleração do setor, o que se reflete em uma alta generalizada das ações das varejistas. As commodities metálicas também se recuperaram após o baque de ontem. Confira as maiores altas do dia:

CÓDIGONOMEVALORVARIAÇÃO
LCAM3Unidas ONR$ 28,805,46%
RENT3Localiza ONR$ 66,355,42%
RADL3Raia Drogasil ONR$ 25,905,07%
RAIL3Rumo ONR$ 20,274,70%
MGLU3Magazine Luiza ONR$ 22,014,46%

Poucas empresas fecharam o dia em queda. Dentre elas podemos destacar o movimento de realização de lucros do Banco Inter e o recuo da PetroRio, que acompanhou o movimento do petróleo. Confira as maiores quedas:

CÓDIGONOMEVALORVARIAÇÃO
BIDI11Banco Inter unitR$ 74,74-3,54%
PRIO3PetroRio ONR$ 19,70-2,67%
CVCB3CVC ONR$ 25,78-1,94%
BRKM5Braskem PNAR$ 58,04-1,66%
YDUQ3Yduqs ONR$ 31,15-1,11%

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