Temor de aumento de juros nos EUA impacta os negócios e bolsa fecha em queda; dólar sobe
O índice brasileiro se espelhou em Nova York e cedou. Lá fora, a Janet Yellen patrocinou a rodada de cautela, enquanto por aqui a CPI da Covid e a tensão pré-Copom falaram mais alto

"Os juros devem subir para evitar um superaquecimento da economia americana". Esse tem sido um mantra amplamente repetido no mercado nos últimos meses e que tem levado os retornos dos títulos dos Treasuries a dispararem, minando recursos da bolsa de valores e dos mercados emergentes.
O Federal Reserve, como bom bombeiro, vem tentando apagar esse incêndio. Dirigentes atrás de dirigentes buscam confirmar que a inflação deve ser passageira e que o cenário ainda pede por todas as ferramentas que o BC americano pode aplicar no momento. Ou seja: nada de corte na compra de ativos ou aumento na taxa de juros.
O poder de convencimento do Fed depende muito do dia. Em alguns, o mercado compra a ideia numa boa. Em outros, é um pouco mais difícil de engolir o discurso e hoje é um deles.
Mais cedo, o presidente do Federal Reserve (o Banco Central americano), Jerome Powell, afirmou que está otimista com a retomada da economia americana, mas indicou que o país "ainda não está fora de perigo". No meio da tarde, no entanto, quem afirmou que os juros devem subir para evitar um superaquecimento da economia americana não foram analistas e economistas do mercado e sim a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen.
Como bem pontuou Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos, uma coisa são as dúvidas que pairam nos mercados, outra é alguém tão importante quanto a secretária do Tesouro afirmando que essa é de fato uma possibilidade. "Deixa de ser uma situação duvidosa e vem como uma confirmação".
A fala foi a água no chope dos mercados internacionais, que já operavam no vermelho desde o começo do dia. Para Rafael Passos, sócio da Ajax Capital, essa acomodação do cenário internacional já era esperada, tendo em vista que ao longo das últimas semanas as bolsas americanas renovaram os seus topos históricos. O S&P 500 fechou o dia em queda de 0,67% e o Nasdaq recuou 1,88%. Já o Dow Jones fechou em leve alta de 0,06%.
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O peso de Nova York atingiu os negócios brasileiros, que também reagiam aos seus próprios fantasmas. Por aqui, é véspera de Copom, e a CPI da Covid começa a ouvir os seus primeiros personagens. Algumas falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a questão fiscal, também não pegaram nada bem.
O resultado foi um recuo de 1,26% do Ibovespa, aos 117.712 pontos. O dólar à vista teve um dia de alta volatilidade, oscilando de uma máxima de 1,20% a uma queda de 0,10%. No final, a cotação acompanhou a alta internacional, subindo 0,22%, a R$ 5,4307.
O aumento da cautela no mercado internacional já seria razão suficiente para a pressão sobre os juros. Mesmo que um aumento de 0,75 p.p. já esteja contratado, a cautela dos investidores fica por conta do comunicado que deve dar dicas sobre o futuro da taxa básica de juros. Os juros futuros exibiram uma tendência de alta em todos os vencimentos. Confira:
- Janeiro/2022: de 4,73% para 4,79%
- Janeiro/2023: de 6,28% para 6,54%
- Janeiro/2025: de 7,86% para 8,04%
- Janeiro/2027: de 8,50% para 8,66%
Sem vida fácil
O noticiário doméstico, assim como o externo, não trouxe alívio aos negócios hoje. Primeiro, foram os depoimentos dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Neison Teich. A CPI da Covid, que ficou escanteada na semana passada, começa a ser a principal fonte dos ruídos políticos vindos de Brasília.
O início da reunião do Copom também aumentou a cautela dos mercados. Apesar de o Banco Central já ter informado que irá elevar a taxa básica de juros para 3,50%, os investidores só devem dormir tranquilos após a divulgação do resultado na quarta-feira (5). As atenções ficam voltadas para o tom que deve ser adotado pelo BC em seu comunicado e se a “normalização” da Selic continuará sendo descrita como parcial.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, participou de audiência pública virtual na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara hoje. Os comentários de Guedes sobre a questão fiscal e o futuro do câmbio trouxeram algum desconforto.
Já a reforma tributária teve o seu parecer apresentado na Casa hoje. Madruga, da Monte Bravo Investimentos, e Passos, da Ajax Capital, acreditam que esse ainda é um relatório muito cru e que deve ser discutido nos próximos meses.
Maiores altas
A temporada de balanços segue sendo o grande gatilho de movimentação na bolsa brasileira. Hoje, a ponta da tabela ficou com a PetroRio, mesmo apresentando prejuízo no primeiro trimestre, mas os números ficaram acima do esperado do mercado.
O desempenho das ações da Vale também ajudaram o Ibovespa a segurar o recuo. Confira:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 95,26 | 3,70% |
FLRY3 | Fleury ON | R$ 25,73 | 2,55% |
JBSS3 | JBS ON | R$ 30,46 | 2,42% |
QUAL3 | Qualicorp ON | R$ 27,60 | 2,41% |
MRFG3 | Marfrig ON | R$ 19,29 | 2,23% |
Maiores baixas
Entre os balanços corporativos, o Itaú Unibanco (ITUB4) superou as expectativas mais otimistas e lucrou R$ 6,4 bilhões no primeiro trimestre deste ano, mas o setor bancário, que vinha sendo um destaque positivo nos últimos dias, acabou pendendo para a realização de lucros.
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 214,00 | -7,69% |
LWSA3 | Locaweb ON | R$ 26,61 | -5,13% |
ELET6 | Eletrobras PNB | R$ 35,38 | -4,58% |
ITUB4 | Itaú Unibanco PN | R$ 26,71 | -4,27% |
ELET3 | Eletrobras ON | R$ 35,24 | -4,24% |
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