Ibovespa pega carona com aprovação da PEC dos precatórios e commodities para subir mais de 3%; juros futuros caem com PIB negativo

Depois de semanas de especulação e temores de que o Senado fosse ser uma grande pedra no sapato para a PEC dos precatórios, o texto foi finalmente aprovado em dois turnos na Casa e seguirá novamente para apreciação da Câmara dos Deputados, já que as mudanças feitas pelos senadores precisam ser avaliadas.

Eram necessários 49 votos para a aprovação, mas o prazo extra dos últimos dias permitiu que a pauta passasse com folga. Os senadores tiveram um dia cheio e também aprovaram a Medida Provisória (MP) que cria oficialmente o Auxílio Brasil, o novo programa social do governo. O presidente da Câmara, Arthur Lira, se mostrou disposto a acelerar o processo para que os pagamentos iniciem ainda este mês.

Após as quedas recentes diante da incerteza, a bolsa brasileira respirou aliviada e aceitou o empurrãozinho vindo do exterior e das commodities, o que fez com que o Ibovespa fechasse o dia em alta de 3,66%, aos 104.466 pontos. Nada mal para quem começou o dia com a notícia de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 0,1% no terceiro trimestre.

Por enquanto, trata-se de uma recessão técnica e, para Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos, o fato de o país estar gerando empregos impede que o Brasil entre de fato em uma recessão.

Para Marcel Andrade, head de renda variável da Vitreo, o grande desconto da bolsa brasileira é que abriu a oportunidade de uma recuperação mais robusta hoje. "O Ibovespa rompeu a linha dos 102 mil pontos, abrindo espaço para que o movimento de queda levasse aos 94 mil pontos. Ninguém quer que isso ocorra agora no fim do ano, quando fecham as rentabilidades dos fundos".

Mas isso não significa que o mercado financeiro não digeriu apropriadamente a queda da atividade econômica maior que o esperado.

O mercado de juros futuros operou em forte queda, já que a desaceleração da economia pode acabar segurando o avanço da inflação e impedindo que o Banco Central eleve a Selic de forma mais contundente. Já o dólar à vista fechou em queda de 0,19%, a R$ 5,6600, longe das mínimas do dia.

• Janeiro 2022: de 8,80% para 8,85%
• Janeiro 2023: de 11,78% para 11,50%
• Janeiro 2025: de 11,49% para 11,18%
• Janeiro 2027: de 11,44% para 11,15%

Nada de tirar a máscara

O avanço da variante ômicron da covid-19 segue como uma preocupação dos mercados internacionais, que reagem de maneira diferente aos números de infecções locais. A nova cepa do coronavírus chegou a frustrar os planos de festas de Ano Novo e impôs a manutenção do uso de máscaras no estado de São Paulo. 

Além disso, o governador do Estado também anunciou o adiantamento das doses de reforço para a população adulta da vacina contra a covid-19, em uma tentativa de conter o avanço da variante ômicron.

Depois de algumas semanas de impasse e de olho nos problemas de demanda ainda enfrentados, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) anunciou que irá manter o plano de aumento da oferta de 400 mil barris por dia.

Sobe e desce do Ibovespa

No meio da tarde, as ações das empresas produtoras de commodities ganharam força, principalmente a Braskem. Para Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos, o movimento visto hoje foi favorecido pela entrada de capital estrangeiro nos setores de maior peso da bolsa. 

Em mais um capítulo da saga para a venda de participação da Novonor (ex-Odebrecht) na companhia, agora a expectativa é de que seja feita uma oferta de ações para concluir a operação. 

Além disso, o mercado recebeu de forma positiva a notícia de que a Braskem distribuirá R$ 6 bilhões em dividendos no dia 20 de dezembro. Confira as maiores altas do dia:

O recuo da economia brasileira voltou a castigar as empresas do setor de varejo. A inflação alta também traz mais perspectivas negativas para o consumo, e o mercado ainda digere as vendas aquém do esperado na Black Friday. Confira as maiores quedas do dia:

COMPARTILHAR