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Rafael Lara
Rafael Lara
Estudante de jornalismo na Faculdade Cásper Líbero de São Paulo. Trabalhou em empresas como: TV Gazeta, Suno Research e Portal iG.
Jasmine Olga
Jasmine Olga
É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo pela Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo Centro de Cidadania Fiscal (CCiF) e o setor de comunicação da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
Mercados hoje

Ibovespa recua com peso do avanço da covid-19 e manipulação nos EUA; dólar sobe

O aumento do número de casos de coronavírus e os questionamentos relacionados à implementação de programas de vacinação seguem preocupando os investidores

Rafael LaraJasmine Olga
29 de janeiro de 2021
11:10 - atualizado às 17:01
Touro e Urso, símbolos da bolsa, brigam no mercado financeiro em queda
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

A recuperação vista nos mercados durante a sessão de ontem durou pouco. Nesta sexta-feira (29), os investidores seguem mais uma vez o clima em Wall Street e optam pela cautela. Lá fora, o avanço do coronavírus e o movimento especulativo que tomou conta de Nova York minam o humor do mercado, o que acaba afetando por tabela o restante das negociações.

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Por volta das 17h, o Ibovespa operava em queda de 2,60%, aos 115.790 pontos. O dólar à vista avança 0,718%, cotado a R$ 5,4745 no mesmo horário, também pressionado pela formação da última Ptax do mês.

Nas últimas horas, a bolsa brasileira aprofundou a queda, acompanhando uma deterioração do clima nas bolsas americanas. Em Nova York, o movimento orquestrado de pequenos investidores de varejo continua trazendo uma grande volatilidade aos negócios.

Contaminando o ambiente

O tom cauteloso nos Estados Unidos vem de uma série de razões. No plano geral, temos uma preocupação com o cumprimento do cronograma de vacinação, que pode atrasar após atraso na entrega de doses, e o avanço das novas variantes do coronavírus. Esse é um problema também enfrentado pelo Brasil e diversos países na Europa.

Em Nova York, temos também o grande destaque da semana: o "efeito GameStop". Um movimento especulativo que envolve pequenos investidores e que tem trazido preocupação e volatilidade aos negócios.

O foco principal são as ações da GameStop. A varejista segue protagonizando dias de alta volatilidade e chegaram a disparar mais de 100% no pré-mercado com a notícia de que a corretora Robinhood, por onde opera a maioria dos pequenos investidores que fazem parte do movimento, voltará a permitir as compras dos papéis.

Nas últimas horas, os principais índices americanos também aprofundaram a queda, recuando mais de 2%.

"O maior receio que se tem é o da criação de uma bolha, inflando vários ativos, gerando grandes perdas aos fundos de hedge e criando um cenário de incertezas ao que poderá acontecer quando isso estourar e de que maneira vai se dar", afirma Marcio Loréga, analista técnico da Ativa Investimentos.

Para Igor Cavaca, analista da Warren Brasil, os short squeeze dão um sinal ao mercado. "Os casos dos short squeeze que estão ocorrendo no mundo sinalizaram para uma possível vulnerabilidade do sistema, com potencial de transmissão para o mercado como um todo", disse Cavaca.

Não é só a GameStop que tem sido alvo dessas movimentações. Os papéis da Koss (negociado no Nasdaq) e da AMC Entertainment (na Nyse) também entraram no rali.

No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já se prepara para conter o movimento que vem sendo imitado por alguns investidores no Brasil. Ontem, o alvo foram as ações da resseguradora IRB, e os papéis subiram cerca de 18%.No comunicado, a autarquia informou que a prática do "short squeeze" é um tipo de manipulação e está sujeita a punições administrativas.

Embora esse seja o tema "pop" do momento, Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, não crê que o movimento seja o responsável por toda a cautela que toma conta dos mercados locais. " Esse movimento da GameStop acaba se correlacionando no Brasil com a IRB, não com todas as empresas. O mercado lá fora influencia, mas aqui os investidores olham a possibilidade de greve dos caminhoneiros e as eleições legislativas na semana que vem".

Balanços e pacote fiscal no radar

A temporada de balanços também segue influenciando o clima das negociações em Nova York. Após o fechamento do mercado gigantes como a Caterpillar e Chevron divulgam os seus números.

No lado político, expectativa também para o andamento do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão proposto por Biden. Ontem, o líder da maioria do Senado indicou que a pauta deve caminhar já na semana que vem. Há pouco, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, ressaltou que Biden espera um esforço bipartidário para aprovar o pacote e que o presidente se reuniu com a secretária do Tesouro, Janet Yellen, para falar sobre o assunto. Além disso, Psaki que Biden deve manter um diálogo com o Congresso para garantir a aprovação.

Boletim médico

O aumento do número de casos de coronavírus e os questionamentos relacionados à implementação de programas de vacinação seguem preocupando os investidores. Na última quinta, o País registrou 1.439 óbitos pela doença, terceiro maior número desde o início da pandemia. 

O quadro delicado volta a pressionar o governo por medidas emergenciais e novas restrições de isolamento, que devem ter um impacto na atividade econômica. O consenso segue sendo de que não existe espaço para a manutenção do auxílio, mas o governo estuda uma reformulação do Bolsa Família para aliviar a pressão.

Na Europa, a AstraZeneca tem tido problemas para entregar as doses acordadas com a União Europeia. Também não pegou bem no mercado a menor eficáca da vacina experimental da Johnson & Johnson contra as novas variantes da covid-19

Outro assunto que pesa sobre a questão fiscal é o estado da economia brasileira. As revisões seguem jogando para baixo as expectativas dos analistas. Hoje, o Bradesco cortou a sua projeção de alta para 2021 de 3,9% para 3,6%.

Embora a questão fiscal pese sobre o câmbio, o mercado de juros futuros segue em uma tendência de queda. Confira as taxas de hoje:

  • Janeiro/2022: de 3,36% para 3,31%
  • Janeiro/2023: de 4,93% para 4,86%
  • Janeiro/2025: de 6,46% para 6,38%
  • Janeiro/2027: de 7,14% para 7,05%

Sobe e desce

A Cielo segue repercutindo de forma positiva o seu balanço divulgado no início da semana. Já as ações dos frigoríficos, como Marfrig e BRF, pegam carona na valorização do dólar. Confira as principais altas do dia:

CÓDIGONOMEVALORVARIAÇÃO
CIEL3Cielo ONR$ 4,28 3,63%
MRFG3Marfrig ONR$ 13,55 2,03%
BRFS3BRF ONR$ 22,09 2,03%
PCAR3GPA ONR$ 76,72 1,59%
JBSS3JBS ONR$ 24,65 1,44%

Na parte de baixo da tabela, o destaque negativo fica com as ações da CSN, que acompanham um movimento de recuo do minério de ferro. As ações da Ecorodovias e da CCR recuam após o governo negar às companhias o direito de reequilíbrio por queda de tráfego durante a pandemia. Confira as maiores quedas do dia:

CÓDIGONOME VALORVARIAÇÃO
CSNA3CSN ONR$ 31,64 -4,53%
ECOR3Ecorodovias ONR$ 12,41 -3,87%
CCRO3CCR ONR$ 12,22 -3,70%
VVAR3Via Varejo ONR$ 14,73 -3,66%
HYPE3Hypera ONR$ 33,00 -3,51%

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