Mexeu muito e vai mexer mais
Eu poderia buscar no cânone financeiro e econômico algum pensamento ou afirmação que justificasse o comportamento do mercado de ações desde o começo do ano.
Mas a famosa frase atribuída à apresentadora Adriane Galisteu talvez reflita ainda melhor as últimas semanas na bolsa: foi uma “guinada de 360 graus”.
Logo no primeiro pregão de 2020, o Ibovespa cravou uma alta de 2,5%, o que deu a falsa ideia de que a bolsa é uma via de mão única, principalmente para os marinheiros de primeira viagem em renda variável.
O que se viu de lá para cá, contudo, foi uma verdadeira gangorra. Primeiro com o risco de um conflito entre Estados Unidos e Irã, que fez ações as ações caírem fortemente nos pregões seguintes.
Com a redução nas tensões geopolíticas, o clima voltou a melhorar e o Ibovespa chegou a flertar com o patamar de 120 mil pontos. Até a chegada da ameaça do coronavírus, responsável por derrubar o principal índice da bolsa de volta ao nível de 112 mil pontos.
Quando o humor parecia ter azedado de vez, os investidores voltaram às compras com força nesta terça-feira. Depois da alta de 2,49% de hoje, o Ibovespa deu uma de Galisteu e praticamente voltou ao ponto de partida em sua “guinada de 360 graus”, com uma perda de apenas 0,24% no acumulado de 2020.
Aí você me pergunta: o que esperar daqui para frente? Correndo o risco de ser o vidente da obviedade, a única certeza é que o mercado de ações vai mexer mais – para cima e para baixo – principalmente no curto prazo.
Agora, para quem mira retornos e construção de riqueza no longo prazo, os fundamentos positivos para a bolsa ainda não mudaram.
O Victor Aguiar traz para você a cobertura completa de mercados e conta as razões da guinada para cima do Ibovespa e também do dólar.
O balanço e o vírus
No sobe e desce da bolsa, as ações de Cosan, Itaú e Vale apareceram entre os destaques de alta hoje. A primeira com a expectativa para o balanço e o segundo em reação aos bons números divulgados ontem à noite. Já a mineradora, grande fornecedora de minério para a China, surfou na onda de otimismo quanto à situação da epidemia de coronavírus. Confira todos os destaques do pregão.
Bolha, que bolha?
Hoje participei de uma coletiva de imprensa com o presidente do Itaú, Candido Bracher. O assunto principal era o balanço do banco, que (para variar) veio bem forte. Mas o que acabou chamando mais a minha atenção foi a resposta que o executivo deu ao ser questionado se há uma bolha na bolsa atualmente.
Dobrando a aposta
A Gol anunciou hoje a venda e arrendamento de 11 aeronaves Boeing 737 Next Generation (NG) para a Carlyle Aviation. A operação foi efetivada visando a redução de dívida da companhia aérea. Para substituir as aeronaves vendidas, a empresa aposta em uma família de jatos polêmica, como você lê nesta matéria.
Novidade no Tesouro Direto
Se você tem o costume de abrir com frequência seu aplicativo de corretora, deve ter percebido a novidade. O Tesouro Direto passou a oferecer nesta semana novos títulos públicos com vencimentos mais longos. A ideia é que essas aplicações substituam alguns papéis mais curtos. A Julia Wiltgen traz todos os detalhes das novas opções na prateleira.
Atenção aos IPOs
Na bolsa, o momento parece ser de euforia. Ações em alta e empresas abrindo capital em IPOs bilionários. Mas é justamente sobre esse otimismo todo que o nosso colunista Felipe Miranda resolveu escrever no seu texto de hoje. Ele dá o exemplo do setor de construção civil para sustentar sua visão de cautela diante dessa enxurrada de ofertas de ações, um fenômeno que já aconteceu no mercado brasileiro e não teve final muito feliz. Entenda essa história.