🔴 GANHOS DE ATÉ R$ 1.000 POR HORA? ESTE MÉTODO PODE GERAR RENDA DE 7 DÍGITOS POR MÊS – CONHEÇA

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
É para se preocupar?

Socorro do BC ao Tesouro é sinal de que títulos públicos estão mais arriscados?

Com caixa no limite mínimo de segurança, o Tesouro precisou recorrer a recursos do Banco Central para honrar suas dívidas a vencer. Mau sinal para o investidor? É para sair vendendo os títulos? Entenda o que esse acontecimento significa para os seus investimentos.

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
31 de agosto de 2020
5:30 - atualizado às 0:08
Pessoas trocam sacos de dinheiro
Imagem: Watchara Ritjan/Shutterstock

Na semana passada, o Banco Central saiu em socorro do Tesouro Nacional. Com o caixa muito próximo ao mínimo considerado seguro - capaz de cobrir cerca de três meses dos vencimentos da dívida - o Tesouro vai receber, do BC, R$ 325 bilhões oriundos do lucro que a instituição obteve com a alta do dólar, que valorizou as reservas internacionais.

A ajuda foi aprovada, na última quinta-feira (27), pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que ainda deixou a porta aberta para a possibilidade de uma nova transferência ainda neste ano, se necessário.

Em poucas palavras, o Tesouro se viu com poucos recursos na sua “reserva de emergência”, utilizada para financiar o déficit público (os gastos acima da arrecadação do governo) e também remunerar os investidores dos títulos públicos que vão vencer nos próximos meses. E precisou de um reforço de caixa.

Ora, isso não representa um risco para o investidor de títulos públicos - por exemplo, do Tesouro Direto? Se eu tenho na minha carteira títulos que devem pagar juros ou vencer nos próximos meses, devo ficar preocupado? Se o Tesouro está precisando de um reforço de caixa, isso significa que os títulos públicos estão mais arriscados? O governo pode dar um calote?

Mais gastos, mas por um bom motivo

Primeiro, é importante entender por que o caixa do Tesouro chegou a esse patamar mais baixo que o usual. Temos, em 2020, uma situação atípica com a pandemia de coronavírus, e saímos de uma expectativa de déficit de R$ 129 bilhões para R$ 800 bilhões no ano.

A situação das contas públicas já não era das mais saudáveis antes, mas estava no caminho de uma melhora. A paralisação econômica decorrente da pandemia reduziu a arrecadação do governo, ao mesmo tempo em que o obrigou a gastar mais para reduzir os impactos da crise no emprego e na renda.

Leia Também

No ápice da crise nos mercados, em março, os juros futuros dispararam, à medida em que os investidores entraram em uma busca desenfreada por liquidez, vendendo a qualquer preço seus ativos de renda fixa.

Também aumentou a percepção de risco para as economias do mundo, inclusive o Brasil, uma vez que não se sabia de que maneira, exatamente, a pandemia afetaria a atividade de cada país.

Em vez de rolar toda a dívida, sendo obrigado a pagar juros exorbitantes, o Tesouro optou por deixar os títulos vencerem e pagar suas obrigações junto aos investidores, o que contribuiu para a redução dos seus recursos.

Apesar de a situação de pânico vista em março já ter passado e os juros não estarem mais tão elevados, a curva permanece “empinada”, precificando juros muito baixos nos prazos mais curtos e taxas muito altas nos prazos mais longos.

Afinal, o mercado não espera uma alta de juros no curto prazo - o próprio BC já sinalizou que deseja manter a Selic baixa por um bom tempo, a fim de recuperar a economia pós-crise. Mas no longo prazo, há temores em relação ao risco-país, uma vez que agora a situação fiscal se mostra ainda mais frágil do que antes.

Pressão para gastar mais, dívida mais cara

Há uma pressão, no Congresso e no próprio Executivo, para que o governo fure o teto de gastos e prolongue o estado de calamidade pública para o ano que vem, a fim de investir e fazer mais gastos sociais. A indefinição em torno das reformas estruturais que serviriam para ajudar no equilíbrio das contas públicas e induzir o crescimento também preocupa.

Esses temores em relação à questão fiscal têm estado no radar do mercado. Além de contribuírem para manter os juros longos num patamar relativamente elevado, também vêm limitando as altas do Ibovespa, que têm andado um pouco de lado, rondando o patamar dos 100 mil pontos.

Nesse cenário, o Tesouro continua evitando alongar a dívida, isto é, rolar as obrigações atuais para prazos mais longos, a fim de não precisar emitir títulos às taxas elevadas atualmente exigidas pelo mercado.

Se não tivesse recorrido ao BC para esse reforço de caixa, provavelmente o Tesouro se veria contra a parede.

“Trata-se de um encurtamento adicional do estoque da dívida pública. Não é algo bonito de se ver, mas também não é uma reinvenção da roda. Isso evita que o governo acesse muito fortemente o mercado de títulos”, explica Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset.

Não é o ideal, mas numa situação extraordinária, diante de uma pandemia, é preferível recorrer ao BC do que pagar juros mais altos. O socorro do Banco Central, portanto, é mais um sintoma da questão fiscal que o país enfrenta do que um problema em si.

“Mas não acho que isso signifique que agora o BC vai passar a financiar o Tesouro ou algo do tipo”, diz Lima.

Note, também, que não se trata de uma situação de falta de liquidez. Pelo contrário, o mercado está inundado de dinheiro, tanto no Brasil, como no resto do mundo. Recursos para financiar o Tesouro não faltam. O problema é o custo da dívida para o governo no longo prazo.

Ao mesmo tempo, ao não aceitar pagar juros mais altos para rolar a dívida, o Tesouro parece apostar que, num futuro não muito distante, as expectativas em torno da situação fiscal do país vão melhorar, os juros futuros vão cair, a Selic não precisará ser aumentada, e se financiar no mercado ficará mais barato. Logo, não haveria por que “chancelar” uma alta de juros agora, emitindo títulos a taxas mais altas.

“Se o governo der um bom sinal fiscal, com expectativa de redução do déficit, talvez o Tesouro consiga passar a emitir dívida a taxas mais interessantes”, diz o economista-chefe da Western Asset.

Para isso, ainda dependemos de definições acerca do orçamento para o ano que vem, das reformas, da manutenção do teto de gastos e dos programas de investimento e renda básica. Mas a ajuda do BC deve ser suficiente para manter o Tesouro numa situação confortável ao menos até o fim deste ano.

“Se o teto de gastos for abandonado, a estrutura de juros vai subir, e isso será muito ruim para o país”, conclui Lima.

Qual o impacto de tudo isso no investimento em títulos públicos?

Se você leu até aqui, já deve ter percebido que o fato de o caixa do Tesouro ter ficado baixo e o BC tê-lo socorrido, por si só, não é um problema, mas uma consequência de uma situação fiscal delicada.

E que, pelo contrário, foi até uma solução menos danosa, pois evita que o Tesouro precise emitir dívida a um custo mais alto, em um momento em que os gastos já pressionam.

A grande questão aqui, portanto, é como o risco fiscal impacta o investimento em títulos públicos, seja via Tesouro Direto, seja via fundos.

Bem, se você já tinha, na sua carteira, títulos prefixados ou atrelados à inflação com vencimentos a partir de 2025, deve ter percebido que a alta dos juros ao longo do mês de agosto desvalorizou esses papéis.

Como você talvez já saiba, no caso desses títulos, quando as taxas futuras sobem, os preços caem, e vice-versa. Assim, quem vende os papéis antes do vencimento é impactado por essas variações de preço de mercado. Só quem leva os títulos ao vencimento recebe a taxa contratada. Entenda melhor como são precificados os títulos públicos.

A alta dos juros futuros em agosto coincide, justamente, com esse aumento da percepção de risco do mercado em relação à situação fiscal do país.

Foi neste mês que começaram a ser mais discutidas as possibilidades de se furar o teto de gastos, prorrogar o estado de calamidade pública e o auxílio emergencial e aumentar o valor pago do Bolsa Família, a ser transformado no programa Renda Brasil.

A questão é: se a situação fiscal se deteriorar, a tendência é que os juros futuros subam ainda mais e que, eventualmente, o Tesouro precise emitir dívida a essas taxas mais altas. Isso aumentaria a desvalorização dos títulos pré e atrelados ao IPCA.

Já se o governo sinalizar que uma melhora fiscal está a caminho, a tendência é que haja um alívio nos juros futuros, valorizando os títulos comprados a taxas mais altas.

Aqui podem surgir duas dúvidas: a primeira é sobre a possibilidade de o Tesouro dar calote nos títulos. Quando se fala de dívida interna em moeda nacional, essa possibilidade é remota.

Mesmo se o Tesouro chegasse à situação limite de ficar sem caixa, ainda haveria dois possíveis caminhos para pagar a dívida: emitir moeda - o que poderia acabar pressionando a inflação - ou emitir mais títulos a prazos e juros maiores.

A segunda dúvida é quanto ao risco de mercado dos títulos públicos em si neste momento. Se os juros dos títulos de médio e longo prazo subiram, isso significa que se abriu uma oportunidade de investimento, para quem ainda não está posicionado neste papel?

E para quem já tem títulos mais curtos, é hora de vendê-los ou, quem sabe, trocá-los por papéis mais longos, dado que a maior pressão de juros está na parte longa da curva?

Bem, sem dúvida ao longo do mês de agosto se abriram oportunidades de compra em vencimentos médios e longos, que passaram a oferecer juros mais altos.

O grande risco, porém, é a situação fiscal piorar - por exemplo, se o governo sinalizar que vai abandonar o teto de gastos - e os juros subirem ainda mais. Isso derrubaria os preços dos papéis negociados hoje.

Há oportunidade, mas talvez seja melhor ir aos poucos

Marcos de Callis, estrategista da gestora de fortunas Hieron Patrimônio Familiar e Investimento, conta que seus clientes têm títulos de vencimentos bem curtos na carteira, e que a casa está aproveitando os momentos de maior estresse, em que há alta de taxas, para alongar os prazos.

“Fazemos isso em etapas. É difícil dizer qual o ponto ótimo para fazer todo o movimento [de migrar para vencimentos mais longos], porque ainda tem muita coisa em aberto nessa questão fiscal”, explica.

Ele lembra que de fato há uma demanda importante de gastos sociais e que ainda não se sabe como eles seriam acomodados sob o teto de gastos. “Hoje você tem um risco na parte longa da curva, mas é por isso que as taxas estão tão altas. Na hora em que o mercado tiver certeza [de que o teto será respeitado], aí sim haveria um alívio nos juros”, diz.

De Callis diz que o mercado está precificando em torno de 50% de probabilidade de o governo furar o teto de gastos, que ele considera até alta demais. “Não é que não haja motivos para essa projeção, mas esse cenário seria tão ruim, que não conseguimos imaginar o governo realmente alimentando essa ideia”, diz.

O cenário-base da Western Asset também é de que o teto será respeitado, apesar de todas as discussões recentes em torno dessa questão. Segundo Adauto Lima, economista-chefe da casa, as remunerações estão bastante elevadas na parte longa da curva.

“Mas é uma questão de apetite ao risco, porque alongar os prazos agora tem um bom risco”, observa.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
PANDEMIA

Aumento de casos de covid-19 faz China endurecer restrições em Guangzhou

12 de novembro de 2022 - 10:48

Endurecimento das restrições locais ocorre apenas um dia depois do afrouxamento da política de covid zero em território nacional chinês

Não voltou ao normal

Público de shopping centers ainda está 20% abaixo do pré-pandemia

15 de outubro de 2022 - 16:04

Regime híbrido de trabalho e popularização do e-commerce são algumas das hipóteses para explicar esse comportamento

AFROUXANDO AS MEDIDAS

Fim da política de “covid zero” na China? Flexibilização da quarentena anima os investidores e as bolsas internacionais avançam

28 de junho de 2022 - 11:30

A partir desta terça-feira, o período de quarentena exigido para viajantes internacionais cairá pela metade, para sete dias de quarentena centralizada e três de isolamento domiciliar

Covid-19 derruba economia da China em abril; confira os dados chineses que assustaram o mercado hoje

16 de maio de 2022 - 11:26

Com os lockdowns nos últimos dois meses, a produção e as vendas chinesas despencam além do esperado, e a divulgação de números piores traz a cautela de volta ao foco hoje

A CORRIDA DA VACINA

Moderna quer vacinar crianças menores de 5 anos contra a covid-19 nos EUA; Dinamarca interrompe programa de vacinação

28 de abril de 2022 - 12:21

Pedido da farmacêutica a torna a primeira fabricante a solicitar à agência reguladora dos Estados Unidos para vacinar crianças entre seis meses e cinco anos de idade

NÃO TEM REFRESCO

Com os olhos do mundo voltados para a guerra, subvariante furtiva do coronavírus se espalha pela Europa

23 de março de 2022 - 12:33

Especialistas advertem para risco de um novo surto global do coronavírus em meio ao relaxamento das medidas de restrição

VARIANTE SHIPPADA

Deltacron desembarca no Brasil: entenda a recombinação das variantes delta e ômicron e se é o caso de nos preocuparmos com um novo surto de covid-19

15 de março de 2022 - 13:03

Segundo especialistas, ainda é cedo para mensurar a taxa de transmissibilidade, a gravidade da doença e a eficácia das vacinas contra a deltacron

NADA A COMEMORAR

Pandemia completa 2 anos no Brasil com quase 650 mil mortes

26 de fevereiro de 2022 - 10:10

Além das centenas de milhares de mortes, quase 30 milhões de brasileiros foram diagnosticados com covid-19 no período

NOVA ONDA AVANÇA

Covid-19 volta a causar mais de mil mortes por dia no Brasil

4 de fevereiro de 2022 - 7:15

Nas últimas semanas, Ministério da Saúde têm registrado sucessivamente novos recordes diários de casos da doença no Brasil

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A alta estrutural do petróleo: como a questão ucraniana pode influenciar?

25 de janeiro de 2022 - 9:07

Tensões entre Ucrânia e Rússia podem pressionar os preços da commodity, dando uma mãozinha para o barril chegar à marca dos US$ 100

NOVA ONDA

Covid-19 volta a ganhar força e Brasil bate recorde de casos confirmados da doença em 24 horas

19 de janeiro de 2022 - 6:39

Números de novos casos em apenas um dia ultrapassou a marca de 137 mil; Ministério da Saúde também confirmou mais 351 mortes pela doença

DERRUBADO PELA COVID

Com presidente do Conselho fura-quarentena e perdas de clientes, Credit Suisse tem desafio de recuperar reputação

17 de janeiro de 2022 - 15:05

Credit Suisse volta a ser abalado com saída de presidente do Conselho que veio para recuperar a imagem do banco, mas foi pego violando as regras da quarentena contra a covid-19

EFEITOS COLATERAIS

Ômicron e seus investimentos: variante do coronavírus terá efeitos distintos sobre empresas de saúde na bolsa; saiba quais são eles

15 de janeiro de 2022 - 14:10

Planos de saúde devem enfrentar um cenário menos favorável dado o aumento dos índices de sinistralidade e pressão sobre os custos

FILANTROPIA

MacKenzie Scott, ex-mulher de fundador da Amazon, escolhe o Brasil para primeiro aporte em ONG fora dos EUA

13 de janeiro de 2022 - 15:15

O Vetor Brasil, organização que desenvolve profissionais para o setor público, receberá o dinheiro

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Os yields devem estar loucos: entenda os impactos da alta dos juros nos EUA

11 de janeiro de 2022 - 6:16

2022 promete ser um ano no qual enfrentaremos o desconhecido. Não só pelos impactos da pandemia, mas também pela normalização monetária

PÉ NO FREIO

Covid-19 volta a ameaçar planos de IPOs nos EUA

10 de janeiro de 2022 - 14:35

Ofertas públicas são adiadas por conta da variante Ômicron da covid-19

AÉREAS COM PROBLEMAS

Depois da Azul, Latam cancela voos por casos de covid e gripe entre tripulantes

9 de janeiro de 2022 - 16:58

Diante dos problemas, Anac oferece suporte a passageiros afetados e monitora os casos entre profissionais da aviação

APERTEM AS MÁSCARAS

Vem aí a deltacron: Pesquisador afirma ter descoberto variante do coronavírus que mescla ômicron e delta

9 de janeiro de 2022 - 9:08

Autor da descoberta diz que ainda é cedo para antecipar os possíveis impactos da cepa; 25 casos foram confirmados até agora

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Bolsas operam mistas antes do payroll dos EUA e paralisação dos auditores da Receita pressiona governo federal

7 de janeiro de 2022 - 7:57

O Ibovespa ainda registra queda na casa dos 3% e o exterior morno não deve ajudar o índice brasileiro

De olho na bolsa

Esquenta dos mercados: Bolsas e bitcoin (BTC) caem após ata do Fed, e Ibovespa deve aprofundar queda com risco fiscal do cenário doméstico

6 de janeiro de 2022 - 8:00

Os índices dos Estados Unidos tiveram uma queda expressiva ontem (05) após a divulgação do documento, e o Ibovespa, que já ia mal, piorou ainda mais

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar