🔴 GANHOS DE ATÉ R$ 1.000 POR HORA? ESTE MÉTODO PODE GERAR RENDA DE 7 DÍGITOS POR MÊS – CONHEÇA

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Tensão nos juros

Por que meus títulos do Tesouro estão se desvalorizando tanto?

Quem tem títulos prefixados ou atrelados à inflação na carteira deve ter percebido que seus preços andam caindo; entenda o que está acontecendo

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
21 de março de 2020
11:53
Queda de preços com coronavírus
Imagem: Shutterstock

Se você tem títulos públicos prefixados (Tesouro Prefixado) ou atrelados à inflação (Tesouro IPCA+) na sua carteira de investimentos, já deve ter notado que o seu saldo nessas aplicações andou diminuindo bastante nas últimas duas semanas. E que, de fato, ele já vem caindo desde meados de fevereiro.

É que os preços dos títulos públicos também podem subir ou cair ao sabor das oscilações do mercado. Se você os carregar até o vencimento, é certo que receberá a rentabilidade contratada na hora da compra. Mas se os vender antecipadamente, receberá o valor de mercado. E é justamente esse valor que vem caindo.

Trajetórias dos preços dos títulos públicos prefixados e atrelados à inflação nos últimos meses

Mas o que está acontecendo?

A mesma coisa que vem acontecendo nos demais mercados nesse período: pânico por conta do avanço do coronavírus no mundo e seus prováveis efeitos recessivos na economia.

Repare que a queda nos preços dos títulos públicos começou exatamente quando a situação do coronavírus começou a se agravar, com o surgimento de novos focos na Itália, na Coreia do Sul e no Irã pouco antes do Carnaval.

Mas os títulos públicos não são ativos "seguros"? Porque estão se desvalorizando? Em momentos de aversão a risco, os investidores não deveriam correr para eles?

Sim e não. A princípio sim, mas quando o cenário à frente é muito incerto e promete uma crise muito profunda, pode acontecer de todos os ativos minimamente arriscados - como é o caso dos títulos que têm parte ou toda a sua remuneração prefixada - caiam em bloco. E é exatamente o que está acontecendo.

A crise do coronavírus tem uma vantagem em relação a outras crises econômico-financeiras: ela vai passar quando a doença estiver controlada e, quando isso acontecer, oferta e demanda voltarão muito rapidamente, fazendo com que tudo volte ao normal. É como se os preços, agora, fossem uma mola comprimida, que só será aliviada quando a pandemia passar.

Leia Também

O problema é que a gente ainda não sabe quando isso vai ocorrer, nem qual vai ser a real extensão dos danos a economia mundial. Não sabemos quantas empresas chegarão a quebrar, nem se pode haver uma crise de crédito, e de que tamanho. Então a incerteza é muito grande - e você sabe que o mercado odeia incerteza.

Juros futuros dispararam

Com isso, as taxas de juros futuras, que influenciam as rentabilidades dos títulos e seus preços, dispararam, principalmente as de médio e longo prazo. E quando as taxas de títulos prefixados e atrelados à inflação sobem, seus preços de mercado caem.

Então ao mesmo tempo que você consegue investir hoje em títulos dessa natureza pagando remunerações bem mais interessantes, quem já tinha esses títulos na carteira, pagando taxas mais baixas, viu perdas no valor dos seus papéis.

Essa intensa volatilidade no mercado de juros tem, inclusive, causado grande instabilidade no Tesouro Direto, a plataforma on-line de negociação de títulos públicos por pessoas físicas. A negociação de Tesouro Prefixado e Tesouro IPCA+ tem ficado suspensa com frequência, como é praxe em momento de grande volatilidade nos juros.

Mas por que os juros futuros estão subindo se as taxas básicas de juros no mundo estão caindo?

É verdade que, com a paralisação econômica decorrente da disseminação do coronavírus, as taxas de inflação no mundo devem permanecer baixas, e foi aberta novamente a temporada de cortes de juros pelos bancos centrais.

O Federal Reserve, o banco central americano, zerou as taxas nos Estados Unidos, e diversas autoridades monetárias de países desenvolvidos e emergentes, incluindo o Brasil, seguiram o movimento. Fora uma série de outros estímulos monetários e fiscais. O objetivo é ajudar a economia a se manter minimamente em movimento e as empresas a não quebrarem.

Mas também é verdade que o espaço para corte de juros pelos bancos centrais está cada vez mais exíguo. Assim, nesse momento de aversão a risco e incertezas em relação ao futuro, investidores preferem se desfazer de seus ativos mais arriscados a qualquer preço, incluindo títulos públicos mais voláteis como os prefixados e atrelados à inflação, além de correrem para o dólar, visto como porto seguro em momentos de crise.

Do ponto de vista dos investidores internacionais, títulos públicos de países emergentes são vistos como ativos bem mais arriscados do que o dólar ou os títulos públicos americanos (eles são seguros para nós, que ganhamos em real).

Além disso, a corrida para o dólar acaba sacrificando outras moedas, sobretudo as emergentes, como o real. A moeda brasileira já vinha se desvalorizando um bocado devido à queda brutal do diferencial entre as taxas de juros daqui e dos EUA. Com a Selic menor ainda, operações especulativas com a nossa moeda ficam ainda menos atrativas, e os dólares têm ainda mais estímulo para sair do que entrar no país.

Em tese, a forte alta recente do dólar, que já chegou na casa dos R$ 5, funciona inclusive como uma espécie de "barreira" para o Banco Central continuar cortando o juro, porque um dólar mais alto pode acabar, eventualmente, pesando na nossa inflação lá na frente - por mais que as perspectivas sejam, agora, de recessão.

O mercado começa a precificar que o BC vai ter que, eventualmente, aumentar a Selic para combater uma pressão nos preços. Mas se a economia continuar mal das pernas, essa combinação juro para cima e PIB para baixo, como bem sabemos, é explosiva.

Essa política monetária entre a cruz e a espada joga os juros futuros lá para cima, especialmente os de longo prazo, menos ligados à política monetária, e mais ligados ao risco-país. Em tempo: o risco-Brasil também andou subindo nestes tempos bicudos.

Juro sobe, preço cai

No caso dos títulos prefixados e atrelados à inflação, quando os juros futuros sobem, as taxas dos papéis sobem e seus preços caem. Da mesma forma, se os investidores se desfazem loucamente desses títulos, a qualquer preço, por necessidade de liquidez, seus preços caem e as taxas sobem.

Essa relação inversa entre taxas e preços é a lógica de precificação desses títulos, que eu já expliquei com mais detalhes, incluindo alguns exemplos, nesta outra matéria. Para investir em títulos que têm parte ou toda a remuneração prefixada, é fundamental entender esse raciocínio.

O que fazer e o que esperar daqui para frente?

Embora o mercado e os governos estejam revisando suas perspectivas de crescimento para baixo e projetando uma recessão mundial, a gente ainda não sabe exatamente como a doença causada pelo coronavírus vai evoluir nos países que estão agora enfrentando a fase mais aguda da pandemia. Portanto, mesmo as projeções podem mudar - ainda há muita incerteza sobre a extensão dos impactos dessa crise de saúde na economia.

Em razão disso, o mercado de juros tem passado por um momento de estresse, assim como os mercados de bolsa e câmbio. Investidores estão se desfazendo de ativos em busca de liquidez ou, no caso de gestores de fundos, para honrar resgates; há preocupação quanto às consequências da pressão do câmbio na inflação e à capacidade do BC brasileiro de continuar cortando juros; fora o aumento do risco-Brasil com a deterioração do cenário econômico.

Porém, essa tensão no mercado de juros deve ser momentânea. Eu conversei com algumas pessoas de mercado, e a ideia geral é de que não faz sentido um repique de juro num cenário recessivo como o que estamos vivendo. A perspectiva, para o Brasil e para o mundo, ainda é de juro apontando para baixo e de estímulos monetários e fiscais para lidar com as consequências do coronavírus.

Quanto ao dólar, já vivemos em um momento de atuação mais forte do Banco Central no mercado de câmbio.

Assim, para quem tem perspectiva de médio ou longo prazo, o melhor é não se desfazer dos seus títulos e esperar o momento de turbulência passar. Quando houver um alívio nos juros futuros, a tendência é que os preços voltem a subir.

Além disso, no caso de títulos públicos, diferentemente do que ocorre com ações, existe sempre a opção de se levar o título até o vencimento. Nesse caso, você ganha exatamente a rentabilidade acordada e não amargará perdas. No caso dos títulos atrelados ao IPCA, você ainda terá certeza de que a sua rentabilidade será superior à inflação.

Ademais, este pode ser um bom momento para se comprar títulos prefixados ou atrelados à inflação, como eu mostrei nesta matéria. Como as taxas de juros "abriram", esses papéis ficaram atrativos, tanto para se tentar lucrar com a valorização, vendendo-os antes do vencimento, quanto para levar ao vencimento.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: balanço da Nvidia (NVDC34) e reunião do CMN são destaques em semana com feriado no Brasil

18 de novembro de 2024 - 7:03

A agenda econômica também conta com divulgação da balança comercial na Zona do Euro e no Japão; confira o que mexe com os mercados nos próximos dias

NÃO TEVE B3, MAS OS GRINGOS OPERARAM

Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva

15 de novembro de 2024 - 18:10

Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira

15 de novembro de 2024 - 9:32

Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações

MUITA CALMA NESSA HORA

Está com pressa por quê? O recado do chefão do BC dos EUA sobre os juros que desanimou o mercado

14 de novembro de 2024 - 18:40

As bolsas em Nova York aceleraram as perdas e, por aqui, o Ibovespa chegou a inverter o sinal e operar no vermelho depois das declarações de Jerome Powell; veja o que ele disse

ANTES DA DESPEDIDA

A escalada sem fim da Selic: Campos Neto deixa pulga atrás da orelha sobre patamar dos juros; saiba tudo o que pensa o presidente do BC sobre esse e outros temas

14 de novembro de 2024 - 17:32

As primeiras declarações públicas de RCN depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira (12), dialogam com o teor do comunicado e do próprio resumo da reunião

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad

14 de novembro de 2024 - 8:19

Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA

13 de novembro de 2024 - 8:09

Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar

O QUE FAZER?

Voltado para a aposentadoria, Tesouro RendA+ chega a cair 30% em 2024; investidor deve fazer algo a respeito?

13 de novembro de 2024 - 6:03

Quem comprou esses títulos públicos no Tesouro Direto pode até estar pensando no longo prazo, mas deve estar incomodado com o desempenho vermelho da carteira

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado

12 de novembro de 2024 - 7:01

Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo

O ‘TRUMP TRADE’ DO VERDE

Stuhlberger compra bitcoin (BTC) na véspera da eleição de Trump enquanto o lendário fundo Verde segue zerado na bolsa brasileira

11 de novembro de 2024 - 17:50

O Verde se antecipou ao retorno do republicano à Casa Branca e construiu uma “pequena posição comprada” na maior criptomoeda do mundo antes das eleições norte-americanas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Em ritmo de festa: Ibovespa começa semana à espera da prévia do PIB; Wall Street amanhece em alta

11 de novembro de 2024 - 8:01

Bolsas internacionais operam em alta e dão o tom dos mercados nesta segunda-feira; investidores nacionais calibram expectativas sobre um possível rali do Ibovespa

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: Prévia do PIB é destaque em semana com feriado no Brasil e inflação nos EUA

11 de novembro de 2024 - 7:03

A agenda econômica da semana ainda conta com divulgação da ata da última reunião do Copom e do relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)

TOUROS E URSOS #197

Renda fixa apimentada: “Têm nomes que nem pagando CDI + 15% a gente quer”; gestora da Ibiuna comenta sobre risco de bolha em debêntures 

9 de novembro de 2024 - 8:00

No episódio da semana do podcast Touros e Ursos, Vivian Lee comenta sobre o mercado de crédito e onde estão os principais riscos e oportunidades

RECOMENDAÇÕES

7% ao ano acima da inflação: 2 títulos públicos e 10 papéis isentos de IR para aproveitar o retorno gordo da renda fixa

8 de novembro de 2024 - 17:58

Com a alta dos juros, taxas da renda fixa indexada à inflação estão em níveis historicamente elevados, e em títulos privados isentos de IR já chegam a ultrapassar os 7% ao ano + IPCA

SD Select

Selic sobe para 11,25% ao ano e analista aponta 8 ações para buscar lucros de até 87,5% ‘sem bancar o herói’

8 de novembro de 2024 - 13:44

Analista aponta ações de qualidade, com resultados robustos e baixo nível de endividamento que ainda podem surpreender investidores com valorizações de até 87,5% mais dividendos

ALGUMA COISA ESTÁ FORA DA META

Carne com tomate no forno elétrico: o que levou o IPCA estourar a meta de inflação às vésperas da saída de Campos Neto

8 de novembro de 2024 - 11:27

Inflação acelera tanto na leitura mensal quanto no acumulado em 12 meses até outubro e mantém pressão sobre o BC por mais juros

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Você quer 0 a 0 ou 1 a 1? Ibovespa repercute balanço da Petrobras enquanto investidores aguardam anúncio sobre cortes

8 de novembro de 2024 - 8:17

Depois de cair 0,51% ontem, o Ibovespa voltou ao zero a zero em novembro; índice segue patinando em torno dos 130 mil pontos

ONDE INVESTIR

O que comprar no Tesouro Direto agora? Inter indica títulos públicos para investir e destaca ‘a grande oportunidade’ nesse mercado hoje

8 de novembro de 2024 - 8:02

Para o banco, taxas como as que estamos vendo atualmente só ocorrem em cenários de estresse, que não ocorrem a todo momento

MERCADOS HOJE

Ibovespa segue com a roda presa no fiscal e cai 0,51%, dólar fecha estável a R$ 5,6753; Wall Street comemora pelo 2° dia

7 de novembro de 2024 - 18:15

Por lá, o presidente do BC dos EUA alimenta incertezas sobre a continuidade do ciclo de corte de juros em dezembro. Por aqui, as notícias de um pacote de corte de gastos mais modesto desanima os investidores.

TÁ DANDO FAROL ALTO

Com Trump pedindo passagem, Fed reduz calibre do corte de juros para 0,25 pp — e Powell responde o que fará sob novo governo

7 de novembro de 2024 - 16:10

A decisão acontece logo depois que o republicano, crítico ferrenho do banco central norte-americano, conseguiu uma vitória acachapante nas eleições norte-americanas — e na esteira de dados distorcidos do mercado de trabalho por furacões e greves

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar