Segredos da bolsa: Corinthianos por uns dias, investidores preparam-se agora para o Fed e o Copom
Agenda da semana parece indisposta a proporcionar alguma folga aos investidores, sugerindo volatilidade tanto nos mercados de ações quanto no de câmbio
Quem mantém investimentos na B3 foi corinthiano por uns dias no decorrer da última semana, mesmo sem o ser, mesmo sem saber – e em muitos casos, mesmo sem querer. Infelizmente, acabaram iniciados pelo lado sofredor, não o do prazer.
Enquanto os corinthianos alimentavam-se da expectativa que costuma anteceder o clássico contra seu maior rival, os investidores iniciavam uma semana encurtada por um feriado imaginando dias mais calmos – ou menos tensos – depois do questionamento ao nível dos preços de algumas classes de ativos, em especial aqueles ligados ao setor de tecnologia.
Quando a semana aproximava-se do fim, os investidores olhavam para o relógio, fechavam os olhos e apenas pediam pro tempo passar mais rápido para que o que já estava ruim não piorasse ainda mais – exatamente como eu e tantos milhões de corinthianos vendo o jogo contra o Palmeiras aproximar-se do fim com 2 x 0 contra e dois jogadores a menos em campo.
Assim como aconteceu na Neo Química Arena, a B3 até que não começou tão mal, mas o caldo entornou e, quando o apito final soou, o Ibovespa havia recuado 2,84% e o dólar avançado 1,1% no acumulado da semana.
E se a diretoria do Corinthians demitiu o técnico por ter perdido o controle do vestiário, os investidores veem seu ‘técnico’ cada vez mais desprestigiado no governo enquanto o chefe dele ventila alternativas como controle artificial dos preços dos alimentos e do mercado de câmbio com algum verniz de legalidade.
Para a semana que começa, a agenda parece indisposta a proporcionar alguma folga aos investidores, sugerindo volatilidade tanto nos mercados de ações quanto no de câmbio. Mais uma vez, como tem sido recorrente, as reuniões de política monetária do Banco Central do Brasil (BCB) e do Federal Reserve Bank (Fed) se encerrarão na quarta-feira com apenas algumas horas de diferença.
Leia Também
Copom deve manter jurosem tirar o olho da inflação
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BCB anunciará sua decisão na quarta-feira, depois do fechamento da B3. A maioria dos analistas acredita que o Copom interromperá o ciclo de cortes na taxa Selic. A taxa básica de juro no Brasil encontra-se atualmente em 2% ao ano, um piso histórico.
A atenção dos investidores estará especialmente voltada para o comunicado divulgado junto com a decisão de juro em busca de sinais referentes aos próximos passos da política monetária brasileira em um momento de juro real negativo.
Como esta será a primeira reunião do Copom depois da apresentação da proposta do governo para o orçamento do ano que vem, da prorrogação do auxílio emergencial e da alta acentuada nos preços de alguns alimentos, os investidores aguardam comentários do Copom sobre o impacto desses acontecimentos sobre a trajetória da Selic.
É válido observar que o Brasil vive atualmente uma situação bastante incomum de juro real negativo. Isto acontece quando a subtração da taxa oficial de inflação sobre a taxa básica de juro dá um resultado abaixo de zero. Com a taxa Selic a 2% ao ano, a leitura do IPCA em 2,44% no acumulado de 12 meses até agosto indica que o juro real no Brasil está em -0,44% ex-post.
E é justamente isto que, junto com as medidas de estímulo adotadas globalmente, tem levado os mercados financeiros internacionais a se descolarem cada vez mais da economia real, assumindo uma dinâmica própria e altamente volátil – especialmente nas taxas de câmbio.
Com relação às ações, uma eventual aceleração da inflação – e o consequente aprofundamento do juro real negativo – tende a lançar cada vez mais investidores a buscarem retorno na renda variável.
Antes da decisão do Copom, os investidores começarão a semana repercutindo os dados do IBC-Br para julho. O índice oficial de atividade econômica produzido pelo BCB é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), que no segundo trimestre registrou a maior contração de sua história.
A semana reserva ainda outros indicadores sobre o andamento da atividade econômica nacional em tempos de uma pandemia que já deixou mais de 130 mil mortos entre 4,3 milhões de infectados apenas no Brasil.
Veja a seguir quais indicadores devem agitar a semana no Brasil
Segunda-feira: Como de costume, a semana começa com o boletim Focus e a atualização semanal dos dados da balança comercial. Entre um e outro, o Banco Central revela os números do IBC-Br em julho ante a expectativa de alguma recuperação sobre junho.
Terça-feira: O Tesouro Nacional realiza às 11h30 leilão tradicional de NTN-B.
Quarta-feira: O dia começa com a FGV dando publicidade aos dados do IGP-10 em setembro e ao monitor do PIB referente a julho. Pela tarde, o BCB divulga os números semanais de fluxo cambial. No início da noite, depois de encerrado o pregão, será a hora de conhecer a decisão de política monetária do Copom.
Quinta-feira: Pela manhã, a Fipe informa sua prévia dos preços ao consumidor referentes à segunda quadrissemana de setembro.
Sexta-feira: A semana de indicadores se encerra com a divulgação da segunda prévia do IGP-M de setembro pela FGV.
Expectativa com o Fed dá o tom no exterior
A expectativa com o Copom terá a concorrência da reunião de política monetária do Fed, esperada para as 15h da quarta-feira e seguida pela entrevista coletiva do presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell.
Esta será a primeira reunião do Fed depois do anúncio feito no fim de agosto por Powell de que a entidade alteraria alguns parâmetros para a condução de sua política monetária.
A manutenção da taxa de juro próxima de zero é dada como certa. O que interessa aos investidores são possíveis mudanças na linguagem do comunicado da autoridade monetária, que deve oficializar as mudanças anunciadas por Powell no simpósio de banqueiros centrais de Jackson Hole.
Na ocasião, Powell afirmou que o Fed pretende buscar uma inflação anual média de 2% no horizonte relevante para a política monetária em vez de pretender-se a uma meta fixa.
Na prática, isto que dizer que o Fed será mais leniente com a inflação. Se os preços se mantiverem abaixo de 2% por algum tempo, a autoridade monetária tolerará que ele permaneça acima deste nível por algum tempo até que, na média, atinja a meta estipulada.
Além disso, as projeções econômicas do Fed passarão a incluir a partir desta semana também o ano de 2023. As projeções baseadas neste novo sistema de meta de inflação média devem ajudar os investidores a entenderem melhor se o banco central norte-americano considera que o modelo será mais eficaz em fazer com que os preços retornem à trajetória esperada.
Brexit segue incomodando
Outro assunto que deve agitar a semana no exterior é a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), também conhecida como Brexit.
Na semana passada, os europeus deram um ultimato ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, para que desista até o fim deste mês de um projeto de lei que permitiria ao Reino Unido romper unilateralmente o acordo comercial entre as partes.
Johnson fez que ignorou e largou a bucha nas mãos do Banco da Inglaterra (BoE), que anuncia sua decisão de política monetária na quinta-feira.
Os temores de um litígio entre o Reino Unido e a UE podem levar a autoridade monetária britânica a deixar em aberto a possibilidade de novos estímulos em um momento no qual os mercados financeiros e diversos países convivem com liquidez em abundância sem que isso se reflita numa recuperação mais consistente da economia global.
Além do Fed e do BoE, o Banco do Japão (BoJ) também divulga sua decisão de política monetária no decorrer desta semana.
Veja a seguir os principais indicadores previstos para esta semana no exterior.
Segunda-feira: pela manhã serão conhecidos os dados de produção industrial na zona do euro em julho; à noite, o governo chinês divulgará a taxa de desemprego, os números da venda no varejo as informações sobre a produção industrial em agosto.
Terça-feira: o Fed divulga os números da produção industrial dos EUA em agosto.
Quarta-feira: o dia começa com os dados da balança comercial da zona do euro em julho. As atenções voltam-se a seguir para os EUA, onde os números de vendas no varejo em agosto e da confiança do consumidor em setembro fazem a cama para a decisão de política monetária do Fed e para a coletiva de Powell.
Quinta-feira: o índice de preços ao consumidor na zona do euro em agosto antecede a reunião de política monetária do BoE; a decisão de juro do BoJ será conhecida no fim da noite.
Sexta-feira: a semana termina com os indicadores antecedentes do Conference Board sobre a economia norte-americana referentes a agosto e com o índice de confiança do consumidor da Universidade de Michigan em setembro.
Regulação do mercado de carbono avança no Brasil, mas deixa de lado um dos setores que mais emite gases estufa no país
Projeto de Lei agora só precisa da sanção presidencial para começar a valer; entenda como vai funcionar
‘O rali ainda não acabou’: as ações desta construtora já saltam 35% no ano e podem subir ainda mais antes que 2024 termine, diz Itaú BBA
A performance bate de longe a do Ibovespa, que recua cerca de 4% no acumulado anual, e também supera o desempenho de outras construtoras que atuam no mesmo segmento
“Minha promessa foi de transformar o banco, mas não disse quando”, diz CEO do Bradesco (BBDC4) — e revela o desafio que tem nas mãos daqui para frente
Na agenda de Marcelo Noronha está um objetivo principal: fazer o ROE do bancão voltar a ultrapassar o custo de capital
A arma mais poderosa de Putin (até agora): Rússia cruza linha vermelha contra a Ucrânia e lança míssil com capacidade nuclear
No início da semana, Kiev recebeu autorização dos EUA para o uso de mísseis supersônicos; agora foi a vez de Moscou dar uma resposta
Com dólar acima de R$ 5,80, Banco Central se diz preparado para atuar no câmbio, mas defende políticas para o equilíbrio fiscal
Ainda segundo o Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro semestre, entidades do sistema podem ter de elevar provisões para perdas em 2025
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade
É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA
O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
Rali do Trump Trade acabou? Bitcoin (BTC) se estabiliza, mas analistas apontam eventos-chave para maior criptomoeda do mundo chegar aos US$ 200 mil
Mercado de criptomoedas se aproxima de uma encruzilhada: rumo ao topo ou a resultados medianos? Governo Trump pode ter a chave para o desfecho.
Localiza: após balanço mais forte que o esperado no 3T24, BTG Pactual eleva preço-alvo para RENT3 e agora vê potencial de alta de 52% para a ação
Além dos resultados trimestrais, o banco considerou as tendências recentes do mercado automotivo e novas projeções macroeconômicas; veja a nova estimativa
Ações da Oi (OIBR3) saltam mais de 100% e Americanas (AMER3) dispara 41% na bolsa; veja o que impulsiona os papéis das companhias em recuperação judicial
O desempenho robusto da Americanas vem na esteira de um balanço melhor que o esperado, enquanto a Oi recupera fortes perdas registradas na semana passada
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
No G20 Social, Lula defende que governos rompam “dissonância” entre as vozes do mercado e das ruas e pede a países ricos que financiem preservação ambiental
Comentários de Lula foram feitos no encerramento do G20 Social, derivação do evento criada pelo governo brasileiro e que antecede reunião de cúpula
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores
Warren Buffett não quer o Nubank? Megainvestidor corta aposta no banco digital em quase 20% — ação cai 8% em Wall Street
O desempenho negativo do banco digital nesta sexta-feira pode ser explicado por três fatores principais — e um deles está diretamente ligado ao bilionário
Banco do Brasil (BBAS3) de volta ao ataque: banco prevê virada de chave com cartão de crédito em 2025
Após fase ‘pé no chão’ depois da pandemia da covid-19, a instituição financeira quer expandir a carteira de cartão de crédito, que tem crescido pouco nos últimos dois anos
CEO da AgroGalaxy (AGXY3) entra para o conselho após debandada do alto escalão; empresa chama acionistas para assembleia no mês que vem
Além do diretor-presidente, outros dois conselheiros foram nomeados; o trio terá mandato até a AGE marcada para meados de dezembro
Ação da Americanas (AMER3) dispara 200% e lidera altas fora do Ibovespa na semana, enquanto Oi (OIBR3) desaba 75%. O que está por trás das oscilações?
A varejista e a empresa de telecomunicações foram destaque na B3 na semana mais curto por conta do feriado de 15 de novembro, mas por motivos exatamente opostos