Pare de pagar taxas e receba dividendos
O preço das ações nos dá uma boa margem de segurança e o carrego dos dividendos, que devem pingar ao longo dos próximos três a cinco anos, mitiga boa parte dos riscos
Logo que terminei a faculdade de Economia, ingressei no curso de Contabilidade da PUC-SP e, por razões de “a PUC é uma universidade católica” tive não só um, mas dois cursos de teologia no meu primeiro ano de graduação.
O meu segundo professor, um italiano divertido e muito inteligente (confesso que não me recordo do nome, depois de tantos anos), realmente trouxe boas reflexões para a classe e, confesso, foi uma das disciplinas que mais gostei de cursar ali na rua Monte Alegre.
Uma das discussões que tive com ele foi sobre a necessidade da existência dos bancos. Segundo ele, se cada um emprestasse ao seu vizinho, o banco se fazia desnecessário e a usura, as taxas e os lucros bilionários todos seriam melhor divididos pela sociedade.
Escala, capilaridade e o risco do calote simplesmente impediam que o modelo proposto prospere, mas o professor, tão ou mais cabeça dura do que eu, não arredou o pé e se manteve resoluto. Bancos são o demônio.
Caça aos demônios
Com o avanço tecnológico e o advento dos apps, talvez meu professor não estivesse errado, apenas estava à frente de seu tempo. Tirando o fato de que os bancos, bem, não prestam apenas serviços de crédito.
Assim como hoje você consegue encontrar sua cara metade na tela do celular, aplicativos vieram para simplificar os meios de pagamento, para facilitar a concessão de crédito, baratear os produtos bancários, mudar os meios de pagamento e até mesmo revolucionar as plataformas de investimento.
Leia Também
Com isso, a estrutura gigante dos bancões tradicionais se viu, da noite para o dia, ameaçada. Quem tinha vida fácil e nadava sozinho se viu cercado de tubarões e está tendo que suar para se manter vivo.
Mas, por mais que as fintechs estejam ganhando espaço e complicando a vida dos bancos, ainda é seguro dizer que nem tudo vai desaparecer.
No âmbito do crédito corporativo, por exemplo, ainda me parece que as moderninhas têm pouco caixa para financiar grandes empresas e projetos estruturantes, por exemplo.
Outro ponto importante é que os bancos brasileiros sobreviveram a muitas loucuras (é preciso uma certa resiliência para sobrevier a planos Cruzado, Collor, hiperinflação, fraudes e demais particularidades do ambiente financeiro no Brasil) e acabaram aprendendo um truque ou outro no meio do caminho.
No Brasil, banco empresta dinheiro, vende seguro, faz assessoria financeira e coordena IPO, tudo isso assobiando e chupando cana – no Itaú, por exemplo, um terço das receitas são originadas com prestação de serviços, sem contar o segmento de seguros, que está longe de ser desprezível.
Claro, o grosso do resultado ainda vem do “spread” bancário, que é a diferença entre os juros recebidos e pagos pelo banco, e as fintechs estão atacando quase todas os segmentos de atuação da cadeia financeira, mas me parece que o cenário é muito mais de acomodação do que um processo de extinção em massa.
O gigante acordou
Os bancos estão respondendo em diversas frentes, seja na aquisição de concorrentes, seja na maneira de fazer negócios e de se relacionar com os clientes. O Itaú comprou a XP, o Bradesco apostou na Agora e o Santander na Pi, que nesta semana abocanhou a Toro. Quase todo dia sai notícia de que o banco XPTO comprou a corretora fulano de tal.
O Itaú está montando uma plataforma muito legal de investimentos, com diversos produtos na prateleira e muito acesso para clientes de diversos segmentos, ao mesmo tempo em que já deixou claro que está tentando mudar um pouco o foco da atuação.
O presidente do banco, Candido Bracher, deixou claro no último call de resultados: o Itaú está migrando de operações de cheque especial e rotativo do cartão de crédito e oferecendo produtos mais interessantes para o tomador, com menor taxas de juros, mas mais valor de longo prazo até mesmo para o relacionamento com os clientes.
Abre-se mão de retorno no curto prazo para tentar criar um ambiente mais harmonioso no longo prazo.
Com isso, claro, os índices de rentabilidade sofrem e o retorno sobre patrimônio líquido (ROE), que mede quanto de lucro o banco gera em relação ao capital próprio empregado pelos acionistas, deve sair da casa dos 23% para algo em torno de 15% a 18%, mais sustentável e ainda bem atrativo, quando olhamos para a Selic de 2%.
No curto prazo, os desafios pós-pandemia ainda são grandes, com um provável aumento do índice de inadimplência (mas em níveis melhores do que esperados há alguns meses). Por outro lado, o banco já fez o dever de casa e aumentou de forma significativa as provisões nos dois primeiros trimestres do ano (há uma boa margem de segurança no balanço).
Em termos regulatórios, o Banco Central, respaldado pela figura do ministro Paulo Guedes, parece estar bastante empenhado em reduzir o oligopólio dos bancos e, no começo do ano, anunciou a criação do Pix, um sistema de pagamentos instantâneos que deve roubar receitas de serviços de transferência (TED e DOC) mas, a princípio, com impactos limitados – preocupa mais a postura do regulador, que deve trazer cada vez mais inovações do tipo para a mesa.
Desconto e dividendo
Porém, quando olho para os papéis, vejo um desconto exagerado: no ano, ITUB4 cai 37%, contra 17% do Ibovespa. O mercado realmente comprou a narrativa da disrupção das fintechs e o gringo, que costuma fazer muito preço no papel, tem ficado longe de bancos de uma forma geral, o que pode nos dar uma boa oportunidade de compra.
Quando olhamos para os números previstos para 2020, as ações do Itaú estão negociando a menos de 12x P/E (relação entre o preço e o lucro do banco) e a 1,6x P/B (que mede a relação entre o preço de mercado e o valor patrimonial das ações). Ambos são bem atraentes, ainda mais se pensarmos que o lucro de 2020 (o “E” do P/E) está bem depreciado.
Num exercício simples, imaginando que o lucro esperado pelo consenso do mercado, de R$ 2,42 por ação, se materialize e que o banco distribua 50% dos resultados (conservador), o dividendo para 2021 será de R$ 1,21 por ação, ou cerca de 5,5% ao ano – muito interessante, ainda mais se pensarmos que o banco tem um histórico de distribuição mais agressivo e a Selic está em míseros 2% ao ano.
Nessa mesma pegada, se o lucro ficar em R$ 2,42, o preço atual nos dá um P/E de 9,3x, que é bem atraente, ainda que não possa ser considerado uma grande barganha.
Dito tudo isso, entendo que vale comprar ITUB4 ao redor de R$ 22, visando uma valorização de 15% a 20% nos próximos 12 meses. Os riscos não são poucos, como comentei aqui ao longo do texto – os desafios do Itaú para o longo prazo são grandes, ao mesmo tempo em que, no curto prazo, ainda vai ser preciso surfar por momentos complicados, sobretudo no que diz respeito ao mercado de crédito.
O preço das ações nos dá uma boa margem de segurança e o carrego dos dividendos, que devem pingar ao longo dos próximos três a cinco anos (o histórico de distribuição do banco é muito bom), mitiga boa parte dos riscos.
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores
A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira
Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações
Na lista dos melhores ativos: a estratégia ganha-ganha desta empresa fora do radar que pode trazer boa valorização para as ações
Neste momento, o papel negocia por apenas 4x valor da firma/Ebitda esperado para 2025, o que abre um bom espaço para reprecificação quando o humor voltar a melhorar
“A bandeira amarela ficou laranja”: Balanço do Banco do Brasil (BBAS3) faz ações caírem mais de 2% na bolsa hoje; entenda o motivo
Os analistas destacaram que o aumento das provisões chamou a atenção, ainda que os resultados tenham sido majoritariamente positivos
A surpresa de um dividendo bilionário: ações da Marfrig (MRFG3) chegam a saltar 8% após lucro acompanhado de distribuição farta ao acionista. Vale a compra?
Os papéis lideram a ponta positiva do Ibovespa nesta quinta-feira (14), mas tem bancão cauteloso com o desempenho financeiro da companhia; entenda os motivos
Menin diz que resultado do grupo MRV no 3T24 deve ser comemorado, mas ações liberam baixas do Ibovespa. Por que MRVE3 cai após o balanço?
Os ativos já chegaram a recuar mais de 7% na manhã desta quinta-feira (14); entenda os motivos e saiba o que fazer com os papéis agora
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
A B3 vai abrir nos dias da Proclamação da República e da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios durante os feriados
Os feriados nacionais de novembro são as primeiras folgas em cinco meses que caem em dias úteis. O Seu Dinheiro foi atrás do que abre e fecha durante as comemorações
A China presa no “Hotel California”: o que Xi Jinping precisa fazer para tirar o país da armadilha — e como fica a bolsa até lá
Em carta aos investidores, à qual o Seu Dinheiro teve acesso em primeira mão, a gestora Kinea diz o que esperar da segunda maior economia do mundo
Rodolfo Amstalden: Abrindo a janela de Druckenmiller para deixar o sol entrar
Neste exato momento, enxergo a fresta de sol nascente para o próximo grande bull market no Brasil, intimamente correlacionado com os ciclos eleitorais
O IRB Re ainda vale a pena? Ações IRBR3 surgem entre as maiores quedas do Ibovespa após balanço, mas tem bancão dizendo que o melhor está por vir
Apesar do desempenho acima do esperado entre julho e setembro, os papéis da resseguradora inverteram o sinal positivo da abertura e passaram a operar no vermelho
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Arte de milionária: primeira pintura feita por robô humanoide é vendida por mais de US$ 1 milhão
A obra em homenagem ao matemático Alan Turing tem valor próximo ao do quadro “Navio Negreiro”, de Cândido Portinari, que foi leiloado em 2012 por US$ 1,14 milhão e é considerado um dos mais caros entre artistas brasileiros até então
Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Compre China na baixa: a recomendação controversa de um dos principais especialistas na segunda maior economia do mundo
A frustração do mercado com o pacote trilionário da semana passada abre uma janela e oportunidade para o investidor que sabe esperar, segundo a Gavekal Research
Em ritmo de festa: Ibovespa começa semana à espera da prévia do PIB; Wall Street amanhece em alta
Bolsas internacionais operam em alta e dão o tom dos mercados nesta segunda-feira; investidores nacionais calibram expectativas sobre um possível rali do Ibovespa
Adeus, Porto Seguro (PSSA3), olá Lojas Renner (LREN3) e Vivara (VIVA3): em novembro, o BTG Pactual decidiu ‘mergulhar’ no varejo de moda; entenda o motivo
Na carteira de 10 ações para novembro, o BTG decidiu aumentar a exposição em ações do setor de varejo de moda com múltiplos atraentes e potencial de valorização interessante
Ações da Gerdau (GGBR4) e de sua controladora (GOAU4) saltam até 13% e lideram altas do Ibovespa na semana; Alpargatas (ALPA4) cai 9,5% após balanço
O balanço mais forte que o esperado da Gerdau provocou uma forte alta nos papéis, enquanto a Alpargatas recuou mesmo após reportar resultados positivos no trimestre
Investidor que fez R$ 250 mil em 2 dias revela método que possibilita renda extra diária na bolsa de valores
R$ 250 mil em 2 dias. Foi isso que o carioca Ricardo Brasil ganhou com ações da Hapvida (HAPV3) em 2018. Esse desempenho, de fato, não é para qualquer um. No entanto, esse resultado não é nem a ponta do iceberg da carreira bem-sucedida do investidor. Com uma experiência de mais de 20 anos de mercado financeiro, Ricardo Brasil […]