Os segredos da bolsa: balanços lá fora e dados econômicos temperam incerteza fiscal
Resultados do terceiro trimestre de bancões dos Estados Unidos e dados de diferentes economias, inclusive a brasileira, devem influenciar sentimento de investidores
Mais uma semana volátil dos mercados acabou de acabar. Mas não se preocupe, caro leitor: outra, mais curta devido ao feriado da segunda-feira (12), provavelmente vai começar.
Ok, volatilidade não é legal, eu sei que ninguém quer incerteza — foi apenas uma piada para me aproximar de você. Aliás, julgo de bom tom, antes de começar a falar sobre o que virá à frente, me apresentar: afinal, este é o meu início aqui n'Os segredos da bolsa.
Então, muito prazer. Estarei acompanhando vocês nesta jornada ao longo dos próximos dias. Esta, inclusive, foi a minha primeira semana cobrindo mercados aqui pelo Seu Dinheiro. E uma semana movimentada, mas nem sempre de movimentos com explicação clara.
De certo, só os ruídos e a dúvida mesmo. A bolsa foi capaz de subir 2,5%, terminando a semana no azul. Ainda assim, o que ouvi de operadores, estrategistas e economistas com quem conversei foi na linha "palavras importam, mas são necessárias ações". Os gestos vindos do governo ou do Congresso não importam mais do que os fatos concretos. E são eles que os investidores cada vez mais buscam.
As perguntas que aguardam respostas: o Renda Cidadã será enquadrado no teto de gastos? Se sim, ótimo, mas de onde virá o financiamento do programa social? Haverá uma tentativa de driblar as regras fiscais, como ocorreu quando foi sugerido o uso de precatórios para bancar a medida?
Os mercados estão mais sensíveis do que nunca aos sinais de agravamento das contas públicas, já consideradas em nível alarmante, e qualquer ruído proveniente de Brasília afeta a confiança dos investidores. Com isso, os preços ficam ao sabor da mais nova notícia, fazendo com que os ativos brasileiros se descolem do exterior e deixem de surfar dias positivos. Atenção para qualquer informação fresca sobre o Renda Cidadã: ela deverá mexer com o seu dinheiro.
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"O Renda Cidadã está sendo entendido como uma sinalização do governo quanto ao futuro da política fiscal", me disse Igor Cavaca, analista da Warren. "Um adiamento dessa discussão deixa o mercado à espera."
Mas tem mais nesse caldo de incertezas.
Adicione as eleições presidenciais dos Estados Unidos (falta menos de um mês!), a incerteza quanto a mais estímulos na economia americana (quando virá? Apenas depois da eleição?), a recuperação das economias ao redor do globo e a expansão da covid-19 na Europa e você terá, sem dúvidas, uma incerteza ainda maior do que a de antes.
Nesta semana que vem aí, alguns eventos, no entanto, devem "temperar" essa mistura de cautela política local e indefinições externas, que, claro, serão constantes no radar dos mercados financeiros.
São dados econômicos e corporativos, que devem trazer novidades a respeito da extensão dos impactos da pandemia na saúde das empresas e nas economias globais.
Balanços financeiros
Uma semana pesada de balanços nos EUA deve ser um importante farol nos mares da renda variável. No radar, estão os resultados do terceiro trimestre "apenas" dos maiores bancos do mundo.
Instituições como J.P. Morgan, Bank of America, Citigroup, Wells Fargo, Morgan Stanley e Goldman Sachs vão divulgar aos investidores os números que obtiveram nos últimos três meses, detalhando os impactos do coronavírus e o estado da arte dos negócios.
Não apenas o setor financeiro divulga seus balanços nos EUA: Johnson & Johnson, além de Delta Air Lines (relevante pois parte do setor mais afetado pela covid), também soltam os seus números.
Além de dados corporativos, os EUA liberam informações sobre a atual situação da economia do país, como a inflação do mês de setembro — sem falar nos dados semanais de pedidos de seguro-desemprego.
China e Zona do Euro também trazem dados que integram a agenda pesada da semana. Confira o calendário:
- Terça-feira (13)
- JP Morgan, Citigroup, Johnson & Johnson, Delta Air Lines (antes da abertura dos mercados)
- Inflação de setembro dos Estados Unidos (9h30)
- Balança comercial da China
- Quarta-feira (14)
- Bank of America, Wells Fargo, Goldman Sachs (antes da abertura dos mercados)
- Quinta-feira (15)
- Morgan Stanley (antes da abertura dos mercados)
- Pedidos de seguro-desemprego (9h30)
- Sexta-feira (16)
- Inflação de setembro da Zona do Euro (6h)
Agenda doméstica
Se por lá a semana corporativa será pesada, por aqui a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) dá início à temporada de balanços. No ano, a ação ordinária da empresa (CSNA3) acumula alta superior a 25%.
Além disso, a agenda local está composta de dados a respeito da atividade econômica do Brasil.
Os destaques ficam para o volume de serviços, que dará a investidores um diagnóstico da corrente situação do setor, que está entre os mais afetados pela pandemia.
Considerado a prévia do PIB, o IBC-Br, índice de atividade do Banco Central (BC), também dá as caras, apresentando a situação da economia brasileira. Ambos os dados referem-se ao mês de agosto.
Lembrando que, nesta semana, os dados da chamada "economia real" ajudaram um setor da bolsa a se embalar: os números recordes do comércio varejista deram gás para ações de empresas como Magazine Luiza, Via Varejo e B2W.
"É uma semana carregada, diferentemente da última", diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. "Esses dados de serviços e o IBC-Br devem confirmar o que foi apresentado pelo varejo e fazer o mercado reduzir a projeção de queda do PIB." Confira o calendário local:
- Terça-feira (13)
- pesquisa Focus do BC (8h25)
- Quarta-feira (14)
- volume do setor de serviços de agosto (9h30)
- Quinta-feira (15)
- IBC-Br de agosto
- Balanço da CSN (após o fechamento dos mercados)
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