‘País tem reputação muito ruim no meio ambiente’, diz Christopher Garman
Em entrevista, diretor-geral para as Américas da Eurasia afirma que a temática tem aparecido de forma recorrente em conversas com fundos de investimentos
A questão ambiental é o principal risco para o Brasil em 2020, avalia Christopher Garman, diretor-geral para as Américas da Eurasia, uma das principais consultorias políticas do mundo. Em entrevista ao serviço de notícias em tempo real do jornal O Estado de S.Paulo, ele afirma que a temática tem aparecido de forma recorrente em conversas com fundos de investimentos.
Garman diz que iniciativas como o Conselho da Amazônia são insuficientes para melhorar a reputação do Brasil, uma vez que a retórica antiambiental do presidente Jair Bolsonaro é um fator de peso que pode inibir a entrada de novos investidores mais alinhados à preocupação com sustentabilidade. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Como estão a imagem e a percepção do Brasil no exterior?
Quando a gente olha a pressão e a preocupação de investidores sobre temas ambientais, (a percepção) é que nos últimos seis, oito meses houve um aumento muito forte, não só para os fundos adequarem sua estratégias de investimento para incorporar riscos climáticos, mas igualmente para que sejam sensíveis à pressão de consumidores e da opinião pública para adotar um perfil de investimento sustentável. Isso é importante para o Brasil, que criou uma reputação muito ruim no meio ambiente com a retórica do presidente, de um lado, e o aumento do desmatamento na Amazônia, do outro.
Como seria essa repercussão econômica?
Certos fundos de investimento, fundos de pensão, vão sofrer pressões de seus acionistas para não alocar mais recursos em um país que não tem boa reputação e credenciais ambientais. Você também pode ter alguns produtos brasileiros sofrendo boicote de consumidores na Europa e nos EUA. Se você é uma empresa multinacional e quer alocar mais dinheiro em investimentos no País, talvez sofra pressões dos seus acionistas. Já tivemos conversas com vários clientes especificando que isso é uma variável que pode evitar um aumento de exposição no Brasil.
Leia Também
Paulo Guedes tem um sopro de esperança para o Brasil
O governo criou o Conselho da Amazônia e nomeou o vice-presidente Hamilton Mourão para comandá-lo. Isso não basta?
O governo está se mexendo e tomando medidas para tentar conter o desmatamento, não só pelo anúncio do conselho liderado pelo vice-presidente, mas também pela Força Nacional Ambiental. Mas o problema é que essas medidas não vão surtir efeito de ganho de credibilidade se o presidente da República continua a dar declarações atacando a mídia internacional, atacando lideranças como a Greta (Thunberg), contra a 'indústria da multa' do meio ambiente. Tem várias declarações polêmicas que o presidente faz, e isso gera as manchetes fora do País. As medidas que estão sendo feitas surtem pouco efeito reputacional se não estão acompanhadas de uma retórica consistente de compromisso com a agenda ambiental.
Isso pode provocar saída de investidores?
Acho que é mais no lado de evitar novos investimentos e fluxos para o País. Mas pode comprometer a posição de alguns fundos, sim.
É possível quantificar quanto de investimento essa retórica do presidente coloca em risco?
É difícil. A gente não tem esse cálculo. Mas estamos sentindo muito mais preocupação nesse lado. Acho que afeta mais no lado de inibir novos investimentos, menos do que retração de investimentos.
O ministro Paulo Guedes disse em Davos que o pior inimigo do meio ambiente é a pobreza. Houve críticas de que seria uma visão ultrapassada. O sr. Concorda?
Foi uma declaração infeliz, e eu até diria que a repercussão da fala foi pior exatamente porque a credibilidade do governo brasileiro nesse tema está em baixa. A maneira como ele se expressou foi infeliz, que foi associada à crença do período militar que não considerava a preocupação com sustentabilidade ao defender o crescimento econômico a todo custo. Eu até acho que não reflete a visão do próprio ministro, mas a repercussão foi muito maior dado a credibilidade do País estar em baixa.
O sucesso da agenda de concessões e privatizações depende de um reposicionamento do Brasil em relação ao tema ambiental?
Seria difícil chegar a tanto. Se a gente olha os ativos que podem ser colocados à venda, e tem ativos dentro da Petrobrás, do Banco do Brasil, e também toda a agenda de concessões, tem empresas que querem 'bidar' (dar lances) nesses ativos que não são tão restritas. Acham que os ativos são valiosos o suficiente para atrair esses investimentos. É muito difícil mensurar o tamanho do custo, não acho que venha a minar essa agenda, mas pode dificultar, sim.
Reação preocupa
Antes tratada como preocupação isolada de setores como o agrícola, energético e ambiental, o debate sobre a proteção do meio ambiente no governo Jair Bolsonaro desembarcou de vez na equipe econômica.
O temor de que os fluxos de dólares sejam afetados pela imagem do País em relação à área ambiental provocou uma situação praticamente inédita na Esplanada dos Ministérios. Em reunião do Conselho de Governo, no dia 21 de janeiro, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou os presentes para os riscos de o debate ambiental afetar os fluxos financeiros globais para o Brasil. No dia seguinte, foi a vez de o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, fazer o mesmo alerta. Durante entrevista sobre dados da dívida pública, Mansueto disse que os gestores dos fundos de investimento estrangeiros que procuram o governo enfatizam a questão ambiental. "Esse é um movimento global. Fundos da Europa e do Canadá enfatizam muito essa questão, assim como empresas. A questão é de esclarecimento. Precisamos mostrar que o País se importa com isso", disse. Não é à toa que Campos Neto e Mansueto foram os porta-vozes do problema. Eles comandam as áreas que mais têm relação com os fluxos de recursos para o País. Os investidores estrangeiros são "clientes" do Tesouro na compra de títulos da dívida pública no Brasil e no exterior. E Campos Neto comanda a gestão cambial, afetada pela entrada e saída de dólares.
Foi na reunião do Conselho de Governo que Bolsonaro anunciou a criação do Conselho da Amazônia e da Força Nacional Ambiental, que atuarão na "proteção do meio ambiente da Amazônia". O vice-presidente Hamilton Mourão vai coordenar os trabalhos. As medidas foram acertadas com o ministro da Economia, Paulo Guedes. O próprio Bolsonaro informou, após a reunião ministerial, que Paulo Guedes, "deu sinal verde" para criação da Força Nacional Ambiental.
Davos
Guedes sentiu na pele o estrago que o debate ambiental pode fazer. Sua fala no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, foi bastante criticada. Durante painel que reuniu líderes mundiais, o ministro disse que o grande inimigo do meio ambiente é a pobreza. "Destroem porque estão com fome", justificou Guedes.
A declaração repercutiu mal. Dentro da equipe, a avaliação é que o ministro se sentiu pressionado a se posicionar sobre o tema que era central na edição de 2020 do Fórum e acabou se expressando de forma equivocada ao tentar dar uma alfinetada em países ricos - muitos dos quais desenvolveram suas economias sem priorizar políticas ambientais.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Lula com Chuchu: Como Geraldo Alckmin ressuscitou para a política em uma improvável aliança com um de seus maiores rivais
Ao mesmo tempo em que deu sustentação à guinada de Lula ao centro, Geraldo Alckmin também precisou atenuar suas posições
A alface venceu! Hortaliça dura mais que Liz Truss no governo britânico
Jornal britânico The Daily Star lançou live na qual questionou: ‘irá Liz Truss durar mais do que um maço de alface?’; a resposta você já sabe, mas a história por trás da história merece um capítulo à parte
Nova rodada do Ipec sai hoje: veja o calendário de pesquisas de intenção de voto em Lula e Bolsonaro previstas para esta semana
A maioria das pesquisas de intenção de voto mostra Lula um pouco à frente de Bolsonaro; em pelo menos uma delas, a margem é tão estreita que configura empate técnico
Liz Truss abre mão de parte de cortes de impostos e troca ministro das Finanças; a bolsa de Londres e a libra agradecem
Ex-chanceler Jeremy Hunt sucederá Kwasi Kwarteng enquanto Liz Truss entrega os anéis para não perder os dedos — mudanças acontecem no prazo final que o BC deu aos fundos para reorganizarem a casa
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais avançam após virada de ontem; Ibovespa aguarda novas pesquisas Ipespe e Datafolha
Os investidores aguardam ainda hoje a participação de Pualo Guedes em evento do FMI e do Banco Mundial
Bolsonaro promete manter Paulo Guedes no governo em eventual segundo mandato
Defesa de Paulo Guedes por Jair Bolsonaro foi feita durante entrevista gravada à TV Alterosa, de Minas Gerais
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais tentam recuperação antes da inflação dos EUA; Ibovespa acompanha eleições hoje
Paulo Guedes e Roberto Campos Neto participam da reunião entre ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais do G20 hoje
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caem mais de 1% com medo da recessão global enquanto Ibovespa aguarda inflação
Recessão deve ser tema do encontro de hoje dos representantes do FMI com os dirigentes do Banco Mundial
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais aguardam payroll e Ibovespa mira dados do varejo hoje
Os investidores locais ainda aguardam a participação de Roberto Campos Neto em evento fechado à imprensa pela manhã
Esquenta dos mercados: Eleições pressionam Ibovespa enquanto bolsas no exterior aguardam ata do BCE e dados de emprego nos EUA
Os investidores aguardam os números de emprego nos Estados Unidos antes do payroll de sexta-feira
Esquenta dos mercados: Ibovespa acompanha corrida eleitoral enquanto bolsas no exterior realizam lucro antes da reunião da Opep+
Os investidores aguardam os números de emprego nos Estados Unidos antes do payroll de sexta-feira
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais estendem rali de alívio e Ibovespa reage às eleições mais um dia
Os investidores acompanham as falas de representantes de Bancos Centrais hoje; Christine Lagarde e Janet Yellen, secretária de Tesouro dos EUA são destaque
Esquenta dos mercados: Ibovespa digere eleição e nova configuração do Congresso; bolsas no exterior recuam à espera dos dados da semana
Os dados de emprego dos Estados Unidos dominam a semana enquanto os investidores acompanham reunião da Opep+
Esquenta dos mercados: Ibovespa digere debate quente da Globo, mas deve embarcar na alta das bolsas internacionais hoje
O índice de inflação dos Estados Unidos é o número mais importante do dia e pode azedar a alta das bolsas nesta manhã
Esquenta dos mercados: Bolsas lá fora ampliam cautela enquanto Ibovespa aguarda debate e relatório da inflação do BC hoje
O medo do exterior pressiona as bolsas por mais um dia: a perspectiva de um aperto monetário maior e mais longo injeta aversão ao risco nos investidores
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caem antes de falas de Jerome Powell e dirigentes do Fed; Ibovespa acompanha Campos Neto e Guedes hoje
Por aqui, a última rodada da pesquisa Genial/Quaest antes do primeiro turno das eleições presidenciais mostra chances de que Lula ganhe no primeiro turno
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais tentam emplacar alta com busca por pechinchas; Ibovespa acompanha ata do Copom hoje
A prévia da inflação brasileira será divulgada na terça-feira e o IPCA-15 deve registrar deflação mais uma vez
Esquenta dos mercados: Semana das bolsas internacionais começa no vermelho com cautela global; Ibovespa acompanha reta final das eleições
A prévia da inflação brasileira será divulgada na terça-feira, enquanto o PCE, índice cheio dos EUA, é a bola da vez na sexta-feira
Esquenta dos mercados: Investidores recolhem os cacos da Super Quarta com bolsas internacionais em queda; Ibovespa reage ao Datafolha
Os investidores reagem hoje aos PMIs de grandes economias, como Zona do Euro, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais caem em ajuste após Fed apertar os juros; com Selic estável, Ibovespa reage à comunicado do BC
Enquanto isso, os investidores aguardam as decisões de juros de outros bancos centrais, em uma Super Semana para as bolsas