Por que Bolsonaro chega bem a 2022
O cenário que se desenha é este: Bolsonaro largando com cerca de 30% contra várias candidaturas menores fragmentadas. Não é um cenário ruim para o presidente
Hoje vamos falar das probabilidades da reeleição do Bolsonaro — e do caminho até lá de um ponto de vista de investimentos.
Antes de qualquer coisa, é importante dizer que não vai aqui qualquer juízo sobre gostar ou não do governo. Investidor que veste demais camisa de partido fica cego pelas ideologias e perde a capacidade de entender o mundo.
A primeira coisa a notar é que o governo ainda tem uma base forte. Segundo as pesquisas, pelo menos 30% dos eleitores são bolsonaristas. Essa base tem se mostrado muito resiliente: não há coronavírus ou Queiroz que a dissolva.
Não ache que 30% é pouco. Especialmente porque os outros 70% são altamente pulverizados.
Pensemos em 2022. Comecemos pela esquerda, que sempre vai ter uns 30% dos votos: Haddad, apesar de ter o carisma de um pote de gesso, teve 29% no primeiro turno de 2018. Ciro teve mais 12%.
Quem vai disputar tais votos na próxima eleição? Lula não deve ser candidato, por causa da Lei da Ficha Limpa. E petista que sonha em ver Haddad presidente é que nem aquele comentarista de futebol gaúcho que ficou famoso por dizer que Taison seria o melhor do mundo antes que o Messi.
Você poderia dizer que a esquerda pode se unir ao redor de um único nome, como Ciro, mas isso não vai acontecer.
O PDT e o PT repetidamente manifestam seu ódio mútuo: as eleições deste ano estão mostrando que a esquerda é incapaz de ter candidatos únicos para prefeito, imagine para presidente. Há muitos projetos pessoais. Todos se apresentam como querendo dividir o bolo, mas seus atos mostram que estão, na verdade, brigando para ver é quem vai segurar a faca.
Os outros candidatos da esquerda cujos nomes aparecem são uns desconhecidos do eleitorado, de Rui Costa a Flávio Dino. O PSOL deve lançar Freixo, um pouco mais famoso.
Mas quanto tempo dura um candidato que defende soltar presos, liberar o aborto, legalizar todas as drogas, “valorizar” estatais, aumentar salário de funcionário público e cujo partido já elogiou até a ditadura da Coreia do Norte?
Vamos então ao centro. Em tese, há 40% do eleitorado a perseguir aí. Provavelmente teremos também várias candidaturas. É um grupo muito heterogêneo: neste espaço temos do voto do Eduardo Giannetti ao do Alexandre Frota. O sujeito que vota na Marina votaria no Doria? Difícil. Ponha Huck, Amoedo, Doria, o diabo. Complicado alguém sair muito grande dessa panela.
Moro talvez tenha potencial especial, pela popularidade remanescente, inclusive comendo alguns votos de Bolsonaro, mas ainda assim: em um pesquisa feita em maio, ele aparecia com 18% das intenções, bem atrás de Bolsonaro, que teria 27%, em primeiro lugar.
De modo que o cenário que se desenha é este: Bolsonaro largando com cerca de 30% contra várias candidaturas menores fragmentadas. Não é um cenário ruim para o presidente. Claro que muita coisa pode acontecer até 2022. Pensando no segundo turno, Bolsonaro precisa evitar também que sua rejeição cresça muito. Mas hoje ele ainda está bastante vivo no jogo.
Do ponto de vista do investidor, o que significa essa resistência do governo?
Eu e Felipe Miranda perguntamos isso em uma live nesta semana aos caras que mais entendem do assunto: Lucas de Aragão e Murillo de Aragão, da Arko, a melhor consultoria política de Brasília.
“O colchão de popularidade do governo é grande. Não há bala de prata contra o governo. Ele se mostra resiliente. No Congresso, ele tinha apoio mesmo antes do acordo com o centrão: tem a bancada da bala, a evangélica, a ruralista”, diz Murillo.
A aliança com o centrão, diz Lucas, não é só uma medida de proteção contra o impeachment, mas também de agenda: “A interlocução tem sido mais bem feita. O centrão tem mostrado disponibilidade para conversar com o governo. Eles estão querendo jogo”.
Na prática, isso implica alguma capacidade de o Congresso aprovar mais reformas.
A nova lei de saneamento é um exemplo. Ela pode abrir várias oportunidades de investimento nesse setor — o governo de São Paulo já prometeu privatizar a Sabesp no próximo ano, o que se ocorrer deve gerar ganhos significativos para os acionistas.
Quais são as próximas?
Vou citar três exemplos de coisas em que o investidor deveria ficar de olho até o próximo ano.
Uma é a privatização da Eletrobras, que pode gerar muito valor para a empresa. “A privatização na veia ainda tem um pouco de resistência política, então seria preciso fazer um trabalho muito bem feito”, diz Murillo.
A segunda é o aumento do imposto dos bancos, visto como uma alternativa para salvar a arrecadação pós-coronavírus, que pode ter impacto negativo significativo para Itaú, Bradesco e companhia.
Por fim, está em discussão uma nova lei para o setor de gás, que reduz a burocracia para construção de gasodutos e impactaria positivamente empresas como Cosan e Eneva. Esse projeto precisa de um empurrãozinho do governo para ser votado, mas Paulo Guedes já afirmou ser uma prioridade.
O Brasil é um país onde os investimentos são muito dependentes das oscilações da política e das novidades do Legislativo. Mineração, empresas aéreas, telecomunicações, energia: Brasília faz preço sobre ações em todos os setores.
Agora a Empiricus e a Arko estão lançando um produto muito especial voltado para pessoas físicas com oportunidades de investimentos baseadas em apurações exclusivas de Brasília. A Arko conta com dezenas de profissionais dentro do Congresso e espalhados pela esplanada para fazer a informação chegar antes a você.
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