BTG Pactual digital recomenda investimento em atrelados ao ouro em meio a incertezas
Possível desvalorização do dólar gerada por atuação forte do Federal Reserve para estimular economia é um dos fatores de otimismo com o ouro, para o BTG
O posicionamento em produtos atrelados à cotação do ouro no mercado internacional é uma alternativa de investimento que "agrada" o BTG Pactual digital, em meio à crise disparada pelo coronavírus.
A perspectiva do banco é que há fatores tanto no curto prazo quanto permanentes que recomendam essa posição dada a incerteza dos mercados financeiros, segundo relatório assinado pelo economista Álvaro Frasson.
O possível enfraquecimento do dólar vinculado à expansão monetária do Federal Reserve (o Fed, banco central americano), mais "rápida e intensa" do que na crise de 2008, se encaixa na primeira categoria.
Enquanto isso, os fatores da segunda categoria referem-se à relação de longo prazo do preço do ouro com o índice Dow Jones, além da correlação negativa com os retornos dos títulos americanos de 10 anos.
"Em 2020, ativos atrelados à variação do valor do ouro em dólar já subiram mais de 14%, na ponta contrária de diversas outras classes de ativos que recuaram em função da crise da Covid-19", diz o relatório. A título de comparação, o Dow Jones caiu 17%, o petróleo WTI, 53%, e os juros americanos de 10 anos, 68%.
Dólar e Treasuries
O relatório aponta que o preço do dólar — aquele para o qual as pessoas correm em momentos de incerteza — possui no longo prazo uma correlação negativa com o do ouro.
A moeda norte-americana tem se fortalecido globalmente em 2020, mas com as medidas de quantitative easing — em que o banco central compra títulos públicos do governo para prover liquidez à economia — e juros nominais americanos a 0%, que expandem a oferta de dólares na economia, a visão do BTG Pactual digital é que a moeda vá se desvalorizar ao longo do ano, o que fortaleceria o ouro.
De acordo com o relatório, o ouro também segue o aumento do balanço de ativos do Fed — ou seja, tudo o que está em propriedade do BC americano —, outro motivo que embasa uma maior valorização do metal.
Os juros das Treasuries (os títulos públicos do governo dos Estados Unidos) também mantêm essa relação com o ouro. O cenário posto pelo BTG contempla que os sucessivos cortes de juros do Fed, pesando nas taxas longas que regem os títulos, e a falta de previsão de um aperto na política monetária também devem fazer o ouro subir.
E o Dow Jones?
O índice americano também guarda uma relação com o ouro que sustenta a aposta do BTG.
Segundo o banco, os períodos da história do mercado financeiro demonstraram que, após uma veloz expansão da bolsa americana em comparação ao ouro, há uma reversão de comportamento. Isto é, a partir de certo ponto, o ouro passou a ter um desempenho acima do índice de referência — neste caso, o Dow Jones.
"Estamos vivendo este momento de reversão, que começou com as tensões da guerra comercial entre China e EUA em 2018 e deve se estender no pós-Covid dada a incerteza da velocidade de recuperação da economia global", afirma o relatório.