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Ivan Ryngelblum
Ivan Ryngelblum
Jornalista formado pela PUC-SP, com pós-graduação em Economia Brasileira e Globalização pela Fipe. Trabalhou como repórter no Valor Econômico, IstoÉ Dinheiro e Agência CMA.
BALANÇO

Petrobras: Quatro temas da teleconferência de resultados do 3º trimestre

Resultado veio melhor que o esperado pela maioria dos analistas, apesar do prejuízo de R$ 1,5 bilhão no período

Ivan Ryngelblum
Ivan Ryngelblum
29 de outubro de 2020
12:49
Roberto Castello Branco - Imagem: José Cruz/Agência Brasil

Um dos balanços mais aguardados em todas as temporadas de balanço, a Petrobras divulgou na quarta-feira (28) que fechou o terceiro trimestre com prejuízo de R$ 1,5 bilhão.

O resultado foi fruto da aprovação da adesão aos programas de anistia tributária e o prêmio pago na recompra de títulos. Excluindo os itens não recorrentes, ela teria um lucro líquido de R$ 3,2 bilhões.

A questão também foi ignorada pela maioria dos analistas. Para a XP Investimentos, o desempenho da Petrobras foi “excelente”, mesmo diante de preços de petróleo baixos. O Credit Suisse destacou que os números da companhia vieram “significativamente” acima do consenso do mercado, com destaque para o fluxo de caixa.

Por volta das 12h32, as ações preferenciais (PETR4) subiam 0,21%, a R$ 18,71, e as ordinárias (PETR3) avançavam 0,27%, a R$ 18,69. Confira a cobertura de mercados do Seu Dinheiro.

Nesta quinta-feira (29), os executivos realizaram teleconferência com analistas e investidores da companhia. Separamos para você quatro questões tratadas na conversa:

Remuneração

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, defendeu a decisão da companhia de alterar sua política de remuneração, afirmando que o que interessa para o pagamento é a geração de caixa da companhia, e não lucro.

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“O lucro é uma variável contábil”, disse ele na teleconferência com analistas e investidores para tratar dos resultados do terceiro trimestre. “A contabilidade não define decisões de negócio.”

Na quarta-feira (28), antes da divulgação dos resultados, a Petrobras informou que mudou a política de remuneração para permitir o pagamento de dividendos mesmo quando registrar prejuízo. 

Segundo Castello Branco, a medida está em linha com a Lei das S/As, que rege o funcionamento das companhias de capital aberto no País. “Não há nada de novo na mudança da política de dividendos”, disse. “A mudança na política foi para clarificar o que está na lei.”

Ele também rebateu comentários de que a mudança foi aprovada para ajudar o governo federal, que está em busca de recursos para reduzir o déficit fiscal. Castello Branco classificou essas falas como “especulação maldosa que não tem fundamento”.

Para rebater isso, o presidente da Petrobras citou que a companhia tem uma participação de apenas 36% do capital social e que a companhia adiou o pagamento da última parcela de dividendos de 2019.

A diretora financeira e de relações com investidores da Petrobras, Andrea Almeida, disse que a intenção é pagar os mesmos valores para as ações ordinárias e preferenciais, mas não disse se a companhia vai pagar dividendos relativos a este ano.

Resultado

O presidente da Petrobras comemorou o resultado do terceiro trimestre, apesar do prejuízo, afirmando que a companhia foi muito rápida em agir para lidar com os efeitos da crise provocada pelo novo coronavírus no mundo.

Ele destacou que as despesas gerais e administrativas no terceiro trimestre atingiram o menor patamar em dez anos, mas destacou que eles ainda são elevados.

“O que existe é um processo contínuo de busca de eficiência e redução de custos, e estamos atacando em todas as frentes”, afirmou. “Continuaremos a reduzir custos, melhorando a alocação de capital”.

Desinvestimentos

Por conta da pandemia, a Petrobras não conseguiu dar prosseguimento, no ritmo que queria, no processo de desinvestimentos dos ativos, disse Castello Branco.

Ele citou que as vendas feitas no acumulado do ano até setembro somaram apenas US$ 1 bilhão para o caixa da companhia. O balanço da companhia mostra que há dez operações para serem fechadas, 32 projetos em fase vinculante e sete ativos na fase inicial do processo de desinvestimentos.

Entre as vendas mais avançadas ele citou a da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), localizada no Recôncavo Baiano, e dos 10% restantes na transportadora de gás natural NTS, que tem gasodutos em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Já a venda da TBG, a única transportadora de gás em que a Petrobras é acionista controladora, com 51% do capital social, está travada por conta da demora da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em definir uma nova tarifa para a transportadora. “A hesitação da ANP prejudica a Petrobras e o consumidor”, disse.

Caixa e endividamento

Na apresentação para analistas e investidores, os executivos da Petrobras destacaram o fluxo de caixa livre, que atingiu US$ 16,4 bilhões no terceiro trimestre, e o fluxo de caixa livre para os acionistas de US$ 6,8 bilhões obtido no período.

Questionada sobre quando o caixa voltará ao patamar ideal, a diretora financeira disse que é difícil realizar estimativas neste momento de incerteza, mas que a Petrobras está bem preparada. “A gente teve a volta da linha de crédito compromissada. Nosso colchão de liquidez está reposto e pronto para uso”, disse.

Andrea destacou ainda que a dívida bruta foi reduzida para US$ 76 bilhões, quedas de 11,5% nas comparações trimestrais e anuais, e reforçou a intenção de reduzir este montante para US$ 60 bilhões, considerado o ideal para uma empresa tipo a Petrobras.

“Tem um período até o nível de dívida bruta chegar em um nível ótimo, para que o custo dela fique próxima ao visto em empresas com grau de investimento, mas a gente via trabalhar para isso”, afirmou.

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