Marfrig anota lucro líquido de R$ 674 milhões no 3º trimestre e sobe 571% em um ano
A companhia atribui o resultado no trimestre ao maior volume de vendas no mercado doméstico na Operação América do Norte; ao aumento no preço médio e maior volume de exportações
A Marfrig Global Foods encerrou o terceiro trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 674 milhões, alta de 571% em relação ao lucro de R$ 100 milhões de um ano antes, informou a companhia no fim da tarde desta quarta-feira (11). O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado teve avanço anual de 47%, a R$ 2,196 bilhões, com margem de 13%. A receita líquida consolidada aumentou 32% no período, para R$ 16,833 bilhões.
O fluxo de caixa livre ficou em R$ 1,6 bilhão, 91% a mais do que o verificado no terceiro trimestre de 2019. No período de julho a setembro deste ano, a alavancagem da empresa - relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado - caiu para 1,68 vez em dólares e para 1,88 vez em reais, o menor patamar já alcançado pela companhia. No segundo trimestre do ano, o índice estava em 2,07 vezes.
A companhia atribui o resultado no trimestre ao maior volume de vendas no mercado doméstico na Operação América do Norte; ao aumento no preço médio e maior volume de exportações, em especial para a China; melhora na produtividade e redução de custos promovidas pela Operação América do Sul; além da maior desvalorização cambial na operação América do Sul.
A operação América do Norte, capitaneada pela National Beef, registrou receita líquida de US$ 2,238 bilhões no terceiro trimestre, queda de 0,6% ante os US$ 2,249 bilhões verificados em igual período do ano passado, quando um incêndio na fábrica da Tyson Foods em Holcomb, Kansas, empresa concorrente, favoreceu os resultados da companhia. A Marfrig informou, ainda, que o Ebitda ajustado foi de US$ 321 milhões, contra US$ 326 milhões na mesma base comparativa, com margem de 14,4%. O volume de vendas no período foi recorde, de 513 mil toneladas, o que, segundo a empresa, demonstra que a demanda do mercado norte-americano continua em alta, com o setor voltando "a patamares considerados normais".
"Neste trimestre, vimos as consequências da pandemia perderem força no mercado", disse, em nota, o CEO da Operação América do Norte, Tim Klein. "Os valores do gado e o preço da carne bovina voltaram aos patamares considerados normais e a operação das empresas do setor retomaram os níveis pré-covid, com a redução do absenteísmo". A National Beef representa, atualmente, 65% da receita líquida total da Marfrig e 77% do Ebitda consolidado.
Já a Operação América do Sul teve receita líquida recorde de R$ 4,793 bilhões no terceiro trimestre de 2020, alta de 26,3% na comparação anual, em função do aumento das exportações da desvalorização do real. Além disso, o Ebitda ajustado do segmento avançou 125,4%, para R$ 505 milhões, ante R$ 224 milhões no terceiro trimestre de 2019, com margem de 10,5%. No período, as vendas ao mercado externo passaram a representar 62% da receita total da operação, 11 pontos porcentuais de avanço na mesma base comparativa.
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A empresa informou, ainda, em comunicado enviado à imprensa, que entre julho e setembro, as suas exportações na América do Sul subiram 19,3% em volume, para o recorde de 138 mil toneladas, com destaque para China e Hong Kong, que foram responsáveis por mais da metade do faturamento obtido com os embarques. A empresa destacou o crescimento de 100% da receita com exportações para os Estados Unidos. "É um importante destino para o segmento orgânico de nossa operação no Uruguai e em 2020 o Brasil reobteve a autorização para exportar carne in natura aos EUA", acrescentou a Marfrig.
Apesar do crescimento das exportações, a alta não foi suficiente para compensar a retração de 11,4% nos volumes vendidos para o mercado doméstico, que ficaram em 233 mil toneladas. O volume de vendas da operação, portanto, foi 2% menor na comparação anual, passando de 378 mil toneladas para 370 mil toneladas no terceiro trimestre deste ano.
Auxílio emergencial
O CEO da Operação América do Sul da Marfrig Global Foods, Miguel Gularte, disse na noite de quarta-feira que o mercado de proteína animal brasileiro viu um movimento de alta na demanda, que favoreceu as indústrias frigoríficas. Segundo ele, enquanto as exportações foram turbinadas pelo dólar competitivo, as vendas no mercado doméstico tiveram como impulso o auxílio emergencial do governo federal. "O movimento foi muito harmônico também em todas as opções comerciais, com a Marfrig focada nos produtos de maior valor agregado, principalmente na venda de hambúrgueres durante a pandemia", disse.
O executivo reforçou a decisão da companhia de trabalhar com produtos processados e atribuiu a isso parte do resultado financeiro no terceiro trimestre do ano e no acumulado até setembro. E acrescentou que com o foco na produção de industrializados a empresa está mais protegida de variações expressivas no custo da matéria-prima e no valor da arroba do boi gordo. "É fato que o mercado interno tem margens menores, muito apertadas, mas empresas como a nossa, que são eficientes, podem exportar e têm um volume de produtos industrializados com o qual conseguem sobreviver e lucrar", afirmou.
Gularte admitiu que a companhia havia previsto no orçamento uma alta nos preços da arroba no quarto trimestre do ano, "mas o que pouca gente previa é que seria nessa magnitude". "Cerca de 75% dos abates brasileiros vão para o mercado local e vai ficando difícil de conseguir repassar o valor de R$ 280 da arroba", acrescentou ele.
O executivo destacou a oferta baixa de animais prontos para o abate por causa de um atraso nas chuvas, mas disse que quando essa distorção das condições climáticas for corrigida, a arroba deve voltar a patamares próximos da normalidade. "Não seria plausível esperar a manutenção desses preços para os próximos períodos", disse ele, ressaltando que esta é apenas uma opinião, sujeita a erros.
Com essa perspectiva, Gularte contou que a Marfrig se preparou para esse cenário, através de uma série de melhorias na eficiência operacional, diminuindo os custos fixos, aumentando a produtividade e aprimorando o rendimento. Segundo ele, essa estratégia funciona em qualquer cenário, independentemente da variação cambial e das perspectivas para os mercados interno e externo.
O executivo também comentou sobre as exportações da empresa e disse que sempre que o dólar permite uma margem maior de lucro, eles direcionam um maior volume de produtos para o mercado internacional. Quanto à China, que foi destacada pela Marfrig em seu resultado do terceiro trimestre de 2020, Gularte disse que não está mais vendo um movimento de desabilitação de plantas brasileiras. "As unidades que tiveram suspensões temporárias pelos chineses já voltaram a exportar e, no interior, onde estão muitas fábricas, a pandemia está em franco declínio", disse. No terceiro trimestre do ano, China e Hong Kong foram responsáveis por mais da metade do faturamento obtido com os embarques na Operação América do Sul da Marfrig.
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