IRB anuncia lucro de R$ 1,764 bilhão em 2019 e abre números contestados pela Squadra
Empresa não cita nome da gestora, mas contesta informação de que balanço de 2019 teria sido turbinado por itens que não vão mais se repetir
Alvo de questionamentos sobre o balanço que levaram a uma perda de 20% do valor de mercado apenas em fevereiro, a empresa de resseguros IRB Brasil anunciou na noite desta terça-feira os resultados do quarto trimestre e de 2019.
A companhia registrou lucro líquido de R$ 1,764 bilhões no ano passado, um aumento de 44,7% em relação a 2018. O resultado, previsto para sair após o fechamento da bolsa ontem, foi publicado bem tarde, pouco antes das 23 horas, o que aumentou a expectativa dos investidores.
As ações da companhia (IRBR3) reagiam em alta expressiva de 4,21% do balanço, impulsionadas também pelo programa de recompra anunciado junto com o balanço.
Tão ou mais aguardado do que os números era o posicionamento do IRB sobre os questionamentos feitos pela gestora Squadra ao balanço da companhia, em carta publicada no início do mês.
Pelas contas da gestora, que possui uma grande posição vendida em ações da resseguradora, o resultado entre janeiro e setembro teria sido inflado por receitas de R$ 1,5 bilhão que não são recorrentes, ou seja, que não devem se repetir nos balanços seguintes.
Em nenhum momento o nome da gestora é citado nem há respostas diretas aos pontos apontados no documento da Squadra. Mas a empresa decidiu dar mais detalhes no balanço sobre os números que foram contestados e apresentou o próprio número de itens que considera não recorrentes.
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Ao contrário do que diz a gestora, o IRB diz que o lucro de 2019 na verdade sofreu um impacto negativo de R$ 697 milhões em razão de perdas no segmento rural e fiscais. Essas perdas foram parcialmente compensadas por ganhos com a venda de shopping centers – mas num valor menor do que apontado pela Squadra – e créditos tributários.
Aos números
Em 2019, o volume total de prêmios emitidos pelo IRB foi de R$ 8,5 bilhões, alta de 22,3% na comparação com o ano anterior. O prêmio retido, que representa a parcela dos contratos que efetivamente ficam a cargo da empresa, aumentou 23,8%, para R$ 6,3 bilhões.
Descontadas as provisões técnicas, o prêmio ganho pela companhia foi de R$ 5,7 bilhões em 2019, um crescimento de 18,3%.
Os sinistros retidos, que representam uma despesa, aumentaram em uma velocidade menor, de 8%, e somaram R$ 2,9 bilhões. Com isso, o índice de sinistralidade do IRB apresentou uma melhora de 55,9% para 51,1% (quanto menor, melhor).
Na carta publicada no começo do mês, a Squadra aponta que a provisão de sinistros a liquidar do IRB foi reduzida em R$ 605 milhões entre janeiro e setembro do ano passado por compensações que a companhia espera receber por indenizações que ainda não foram pagas.
A companhia negou essa informação. No relatório que acompanha o balanço, o IRB detalhou os valores que espera receber, no total de R$ 3,4 bilhões, mas informou que eles “em nada impactaram seu resultado até o momento, mas constituem potencial de afetar positivamente o resultado futuro”.
O IRB também abriu o ganho obtido com as participações detidas em shopping centers, outro ponto questionado pela Squadra.
Nas contas da gestora, a resseguradora teria obtido um ganho de R$ 119 milhões com a venda do Minas Shopping e outros R$ 204 milhões com a reavaliação das demais participações. Já a empresa apresenta no balanço um ganho de capital líquido bem menor, de R$ 103,4 milhões.
Como prometido pela administração, o balanço saiu com o laudo de uma segunda auditoria específica para os dados atuariais, feita pela Ernst & Young (EY), além do trabalho já feito pela PwC.
Projeções para 2020
Para este ano, o IRB espera registrar um crescimento de 22% a 27% nos prêmios emitidos no Brasil e entre 23% e 28% no exterior. Ao mesmo tempo, espera reduzir o índice de retrocessão, ou seja, da parcela da receita que vai para outras seguradoras, de 25,9% em 2019 para um intervalo entre 17% a 19%.
Desde a publicação da carta da Squadra, as ações do IRB acumulam uma queda de 19%, o que representa uma perda de quase R$ 8 bilhões em valor de mercado. Resta saber se a publicação do balanço será suficiente para pôr fim à polêmica. A empresa promove teleconferências com analistas e com a imprensa hoje para falar sobre o resultado.
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