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Kaype Abreu
Kaype Abreu
Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Colaborou com Estadão, Gazeta do Povo, entre outros.
RENOVAÇÃO DE FROTA

Gol vende 11 aeronaves para reduzir dívida e reforça aposta no 737 Max, o ‘avião-problema’ da Boeing

Ações reagem em alta de 2%; Gol disse que ajustes na frota vão gerar R$ 4 bilhões em valor aos acionistas

Kaype Abreu
Kaype Abreu
11 de fevereiro de 2020
12:14 - atualizado às 18:12
miniatura de Boeing 737 MAX
Miniatura de Boeing 737 MAX em exposição em Moscou em julho de 2017 - Imagem: Shutterstock

A Gol anunciou nesta terça-feira (11) que fechou contratos de venda e arrendamento de 11 aeronaves Boeing 737 Next Generation (NG) com a Carlyle Aviation. A empresa pretende substituir o modelo por aeronaves Boeing 737 Max-8 nos próximos anos.

Esse tipo de contrato é conhecido no segmento como "sale and leaseback". Na prática, a Gol vende a aeronave para outra empresa, se desfazendo do ativo, mas ela passa a pagar um "aluguel" pelo uso da aeronave em determinado período de tempo.

Desde 2005, quando a Gol comprou 80 aeronaves da família 737 da Boeing, a companhia está vendendo suas aeronaves a outras empresas e usando os recursos para reduzir seu endividamento.

A Gol diz que a venda dessas 11 aeronaves reduzirá a dívida líquida da empresa em cerca de R$ 500 milhões: uma redução de R$ 130 milhões na dívida de arrendamento financeiro e um aumento de R$ 370 milhões na liquidez de caixa.

A companhia planeja usar cerca de R$ 330 milhões desses recursos para resgatar o montante disponível de suas "Senior Notes" de 8,875%, com vencimento em 2022.

"A GOL acelerou seu plano de renovação e modernização de frota tendo em vista as condições favoráveis do mercado para transações de aeronaves Boeing 737 NGs", disse Richard Lark, vice-presidente financeiro da Gol, em comunicado.

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A empresa diz que a receita de gerenciamento de ativos e a redução na despesa de juros contribuirão com mais de R$ 420 milhões no lucro da companhia em 2020, e melhorará os indicadores creditícios da Gol, reduzindo a relação dívida líquida/Ebitda em 0,2 vez e melhorando a relação Ebitda/despesa de juros líquidos em 0,5 vez.

No últimos 12 meses, as ações PN da Gol (GOLL4) passaram por uma valorização de 36%. Nesta terça-feira, os papéis subiam 2,61%, por volta das 11h30. Acompanhe nossa cobertura de mercados.

Renovação da frota

A Gol esclareceu que a venda dos 11 aviões não vai alterar a capacidade operacional da empresa. Os aviões serão entregues ao comprador no momento em que a Gol receber os novos modelos do 737 Max-8.

Os aviões 737-Max são a evolução do 737 Next Generation, aeronave usada pela Gol atualmente. Os Max estão temporariamente proibidos de operar em todo o mundo.

A suspensão ocorreu após dois acidentes em 2018 e 2019 envolvendo o novo modelo da Boeing — um na Etiópia e outro que caiu na Indonésia. Mais de 300 pessoas morreram e a Boeing enfrenta uma severa crise deste então.

O número de pedidos de aeronaves 737 caiu 90% durante o ano passado e as entregas das encomendas já feitas estão suspensas, impactando diretamente os planos de expansão de frotas de companhias aéreas que dependiam do modelo.

A Gol negou, em janeiro, que a demora na retomada de operação do 737 Max represente um revés para os negócios da companhia. "A Gol tem flexibilidade no seu plano de frota para acomodar a nova data que a Boeing indica", disse a empresa ao Broadcast, do Grupo Estado. A fabricante americana diz que deve retomar as atividades do modelo em meados de 2020.

A companhia aérea brasileira mantém sua aposta no modelo. Ela estima que, até 2025, cerca de 50% da frota da Gol será composta de Boeing 737 Max. Segundo a empresa, a transição de frota deve aumentar a produtividade em mais de 20% e reduzir o consumo de combustível em aproximadamente 15%.

A companhia espera criar mais de R$ 4 bilhões em valor para os acionistas nesse processo de transformação de frota — R$ 2 bilhões de valor patrimonial em aeronaves e R$ 2 bilhões em crescimento da receita operacional. Segundo a companhia, esse ganho virá da "maior produtividade da receita e menor consumo de combustível".

Segundo Celso Ferrer, vice-presidente de operações da Gol, a empresa pode operar a um custo menor do que outras companhias aéreas "menos eficientes"— a venda desses 11 NGs reforça a flexibilidade do plano de frota da companhia, ainda segundo o vice-presidente de operações.

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