Gol tem prejuízo de R$ 2,28 bilhões no 1º trimestre, afetada pela disparada do dólar e pelo coronavírus
A Gol reportou perdas bilionárias entre janeiro e março deste ano. Apesar de o lado operacional ter reportado um desempenho relativamente resiliente, o front financeiro foi bastante afetado pela escalada do dólar
Desde o começo da pandemia do coronavírus, o setor aéreo foi um dos mais prejudicados: as restrições à circulação de pessoas provocaram uma queda abrupta na demanda por viagens, gerando uma paralisia quase completa no segmento. A situação agravou ainda mais uma situação que já era ruim para o segmento por causa da disparada do dólar — e a Gol deu hoje uma dimensão financeira aos efeitos dessa crise.
A companhia aérea fechou o primeiro trimestre deste ano com um prejuízo líquido de R$ 2,288 bilhões no primeiro trimestre deste ano — para se ter uma ideia do crescimento, as perdas reportadas no mesmo intervalo de 2019 foram de "apenas" R$ 32,3 milhões.
O resultado veio muito pior do que o esperado pelos analistas, e olha que as projeções já não eram muito animadoras: a média das estimativas compiladas pela Bloomberg apontava para um prejuízo da ordem de R$ 269 milhões.
Há uma ressalva nos resultados apresentados nesta segunda-feira (4) pela Gol: os dados não foram auditados. De acordo com a companhia, os revisores independentes pediram um prazo extra, até 15 de maio, para concluir seus trabalhos.
A empresa não deu maiores detalhes quanto aos motivos que provocaram esse atraso, mas disse entender ser importante manter o mercado e os acionistas informados a respeito da situação financeira da companhia e, por isso, decidiu divulgar os números não-auditados.
Em termos de receita líquida, a Gol até conseguiu manter uma relativa normalidade nos três primeiros meses de 2020, já que as restrições geradas pelo coronavírus começaram a ser sentidas apenas em março: a linha totalizou R$ 3,15 bilhões, uma baixa de 2% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado.
Leia Também
As expectativas do mercado também foram frustradas: a média das estimativas compiladas pela Bloomberg indicava uma receita operacional líquida na ordem de R$ 3,4 bilhões.
Apesar disso, chama a atenção a forte baixa nos custos e despesas operacionais, que recuaram 21,5% na mesma base de comparação, para R$ 2,12 bilhões. Assim, o resultado operacional (Ebit) da Gol mais que dobrou entre os períodos, chegando a R$ 1,025 bilhão — a margem operacional saltou de 15,8% para 32,6%.
Se o resultado operacional cresceu nessa magnitude expressiva, por que a empresa teve um prejuízo tão grande?
O calcanhar de Aquiles
Boa parte do saldo vermelho visto na linha final do balanço da Gol se deve ao resultado financeiro da companhia, que ficou negativo em R$ 3,243 bilhões no primeiro trimestre deste ano — entre janeiro e março de 2019, a perda financeira líquida foi muito menor, de R$ 401,1 milhões.
Em seu relatório de resultados, a Gol explica que as despesas financeiras no trimestre dispararam por causa da variação cambial do período — o dólar de referência usado pela companhia foi de R$ 4,03 ao fim de 2019 para R$ 5,20 no término de março.
A variação do dólar tem esse efeito devastador sobre o resultado financeiro da Gol porque 96,6% da dívida bruta da companhia é denominada na moeda americana. Assim, a escalada da divisa rumo às máximas acaba provocando um crescimento rápido no saldo do endividamento.
Dívida alongada
E, falando no endividamento da Gol, há muito a ser analisado: de fato, a alta do dólar fez a dívida bruta da companhia saltar de R$ 12,1 bilhões ao fim de 2019 para R$ 14,6 bilhões ao término de março — um avanço de mais de 20,3% em três meses.
Por outro lado, a empresa conseguiu manter sua posição de caixa praticamente inalterada nesse período, reportando uma baixa marginal de 1,7%, para R$ 2,99 bilhões. Adicionando a essa cifra as contas, títulos e valores a receber, chegamos numa posição de liquidez de R$ 4,23 bilhões.
Ainda assim, a dívida líquida da Gol soma R$ 11,6 bilhões, alta de 27,7% na base trimestral — uma cifra bastante elevada, mas que possui alguns atenuantes.
Em primeiro lugar, chama a atenção o perfil alongado de endividamento da aérea: dos mais de R$ 11 bilhões da dívida líquida, cerca de R$ 4,3 bilhões possuem têm vencimento somente após 2025. No restante de 2020, os compromissos totalizam R$ 2,7 bilhões — quantia inferior à posição de caixa atual da Gol.
Por fim, apesar de o endividamento ter aumentado, o nível de alavancagem — isto é, a relação entre a dívida líquida e o Ebitda (o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) nos últimos 12 meses — permaneceu estável em 2,4 vezes.
Futuro sombrio
Você já entendeu a mensagem: para a Gol, o grande vilão no primeiro trimestre foi o dólar, e não o coronavírus. Mas, daqui em diante, a Covid-19 deve causar impactos muito fortes à empresa.
Em mensagem aos acionistas, a companhia ressalta que a redução de capacidade no segundo trimestre deve ser de aproximadamente 80%, com 100% de corte nas rotas internacionais. Assim, a própria Gol projeta uma queda de 70% na receita operacional líquida na base anual.
Eu repito: 70% de baixa na receita líquida — algo ao redor de R$ 900 milhões.
"A companhia retirou 120 aeronaves de sua operação e possui flexibilidade para devolver até 20% da sua capacidade até o final do ano. A Gol usará os próximos meses para definir como será a demanda dos clientes e planeja manter uma oferta reduzida para o restante do ano", disse a empresa, em mensagem aos acionistas
Por outro lado, o corte na malha aérea e a forte redução na escala das operações também implicará numa baixa na linha de despesas: ao todo, é esperada uma queda de 50% nos custos totais.
Para atravessar esse período, a Gol diz estar mantendo um uso mínimo de caixa — até o fim de março, o consumo diário girava em torno de R$ 22 milhões, mas a companhia pretende diminuir essa cifra para cerca de R$ 9 milhões diários. Com as medidas de conservação de caixa, a empresa tem como meta preservar R$ 2,4 bilhões ao longo de 2020.
"As ações responsáveis que tomamos incluem a suspensão temporária de quase todos os voos, postergação de pagamentos de arrendamentos, corte de investimentos, adiamento no recebimento de novas aeronaves, renegociação de prazos com fornecedores, redução significativa nas despesas com pessoal e cooperação com o governo brasileiro" - Paulo Kakinoff, presidente da Gol
Localiza: após balanço mais forte que o esperado no 3T24, BTG Pactual eleva preço-alvo para RENT3 e agora vê potencial de alta de 52% para a ação
Além dos resultados trimestrais, o banco considerou as tendências recentes do mercado automotivo e novas projeções macroeconômicas; veja a nova estimativa
Lucro dos bancos avança no 3T24, mas Selic alta traz desafios para os próximos resultados; veja quem brilhou e decepcionou na temporada de balanços
Itaú mais uma vez foi o destaque entre os resultados; Bradesco avança em reestruturação e Nubank ameaça desacelerar, segundo analistas
CEO da AgroGalaxy (AGXY3) entra para o conselho após debandada do alto escalão; empresa chama acionistas para assembleia no mês que vem
Além do diretor-presidente, outros dois conselheiros foram nomeados; o trio terá mandato até a AGE marcada para meados de dezembro
Ações do Alibaba caem 2% em Nova York após melhora dos resultados trimestrais. Por que o mercado torce o nariz para a gigante chinesa?
Embora o resultado do grupo tenha crescido em algumas métricas no trimestre encerrado em setembro, ficaram abaixo das projeções do mercado — mas não é só isso que explica a baixa dos ativos
“A bandeira amarela ficou laranja”: Balanço do Banco do Brasil (BBAS3) faz ações caírem mais de 2% na bolsa hoje; entenda o motivo
Os analistas destacaram que o aumento das provisões chamou a atenção, ainda que os resultados tenham sido majoritariamente positivos
Streaming e sucessos de bilheteria salvam o ‘cofre do Tio Patinhas’ e garantem lucro no balanço da Disney
Para CFO da empresa, investidores precisam entender “não apenas os resultados atuais do negócio, mas também o retorno dos investimentos”
Acendeu a luz roxa? Ações do Nubank caem forte mesmo depois do bom balanço no 3T24; Itaú BBA rebaixa recomendação
Relatório aponta potencial piora do mercado de crédito em 2025, o que pode impactar o custo dos empréstimos feitos pelo banco
Agro é pop, mas também é risco para o Banco do Brasil (BBAS3)? CEO fala de inadimplência, provisões e do futuro do banco
Redução no preço das commodities, margens apertadas e os fenômenos climáticos extremos afetam em cheio o principal segmento do BB
A surpresa de um dividendo bilionário: ações da Marfrig (MRFG3) chegam a saltar 8% após lucro acompanhado de distribuição farta ao acionista. Vale a compra?
Os papéis lideram a ponta positiva do Ibovespa nesta quinta-feira (14), mas tem bancão cauteloso com o desempenho financeiro da companhia; entenda os motivos
Depois de chegar a valer menos de R$ 0,10 na bolsa, ação da Americanas (AMER3) dispara 175% após balanço do 3T24 — o jogo virou para a varejista?
Nos últimos meses, a companhia vinha enfrentando uma sequência de perdas, conforme os balanços de 2023 e do primeiro semestre de 2024, publicados após diversos adiamentos
Menin diz que resultado do grupo MRV no 3T24 deve ser comemorado, mas ações liberam baixas do Ibovespa. Por que MRVE3 cai após o balanço?
Os ativos já chegaram a recuar mais de 7% na manhã desta quinta-feira (14); entenda os motivos e saiba o que fazer com os papéis agora
Prejuízo menor já é ‘lucro’? Azul (AZUL4) reduz perdas no 3T24 e mostra recuperação de enchentes no RS; ação sobe 2% na bolsa hoje
Companhia aérea espera alcançar EBITDA de R$ 6 bilhões este ano, após registrar recorde histórico no terceiro trimestre
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
Depois de lucro ‘milagroso’ no 2T24, Casas Bahia (BHIA3) volta ao prejuízo no 3T24 — e não foi por causa das lojas físicas
O retorno a uma era de ouro de lucratividade da Casas Bahia parece ainda distante, mesmo depois do breve milagre do trimestre anterior
Americanas (AMER3) registra lucro líquido de R$ 10,279 bilhões no 3T24 e reverte prejuízo de R$ 1,6 bilhão; veja os destaques do balanço
A CFO da varejista em recuperação judicial, Camille Faria, explicou que o lucro está relacionado ao processo de novação da dívida
Banco do Brasil (BBAS3) lucra R$ 9,5 bilhões no 3T24, mas provisões aumentam 34% e instituição ajusta projeções para 2024
A linha que contabiliza as projeções de créditos e o guidance para o crescimento de despesas foram alteradas, enquanto as demais perspectivas foram mantidas
Nubank (ROXO34) supera estimativas e reporta lucro líquido de US$ 553 milhões no 3T24; rentabilidade (ROE) chega aos 30%
Inadimplência de curto prazo caiu 0,1 ponto percentual na base trimestral, mas atrasos acima de 90 dias subiram 0,2 p.p. Banco diz que indicador está dentro das estimativas
CVC sai da rota do prejuízo com lucro trimestral de R$ 14,4 milhões; Itaú BBA e BTG comentam
Despesas operacionais recorrentes da empresa no terceiro trimestre somaram R$ 239 milhões, valor 30% abaixo do registrado no ano anterior
Porto (PSSA3) desbanca BB Seguridade (BBSE3) e Caixa Seguridade (CXSE3) para se tornar a seguradora ‘queridinha’ do mercado em 2024; veja os motivos
Porto tem lucro líquido 9% acima da projeção média dos analistas no 3T24 e ações PSSA3 decolam cada vez mais – alta em 2024 é de quase 40%
Hapvida (HAPV3) divulga balanço do 3T24 e ação fica entre as maiores quedas do Ibovespa após conferência de resultados; o que desagradou o mercado?
A operadora de saúde anunciou um lucro líquido ajustado de R$ 324,5 milhões, uma alta de 24,3% ante um ano antes; saiba o que fazer com os papéis