🔴 AÇÕES, FIIs, DIVIDENDOS, BDRs: ONDE INVESTIR EM ABRIL? CONFIRA +30 RECOMENDAÇÕES AQUI

Kaype Abreu

Kaype Abreu

Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Colaborou com Estadão, Gazeta do Povo, entre outros.

entrevista

Venda digital avança, mas não compensa lojas fechadas na crise, diz VP da Marisa

Em entrevista, Adalberto Pereira Santos fala sobre a operação durante a crise, conta como está o processo de virada da empresa para online e revela perspectivas da varejista de moda para os próximos meses

Kaype Abreu
Kaype Abreu
16 de junho de 2020
6:02 - atualizado às 19:39
Adalberto Pereira dos Santos, da Marisa - Imagem: Divulgação / Marisa

Com o comércio fechado por causa da pandemia do coronavírus, as vendas pelos canais digitais das varejistas explodiram desde março. Foi o que aconteceu com a rede de moda Marisa, que dobrou a receita com as operações pela internet e aplicativo e pelo modelo "clique e retire" – na qual o cliente faz a compra online e pega o produto na loja.

Mas os números do digital ainda não são suficientes para fazer frente às perdas de receitas na rede de lojas físicas, segundo Adalberto Pereira Santos, vice-presidente financeiro, administrativo e diretor de relações com investidores da companhia.

“Você não consegue compensar a venda de lojas físicas. Nós estamos falando uma operação de e-commerce levemente acima de 6% [do total de vendas]”, afirmou o executivo, em entrevista ao Seu Dinheiro.

Santos conta que a pandemia pegou a Marisa em um momento de virada para o digital — processo que resultou em sucessivos prejuízos para a empresa. Segundo ele, a varejista é a mais preparada do segmento de moda para a crise.

"O e-commerce cresce a duplo dígito desde o ano passado em todos os trimestres e continua assim. A operação digital, que contempla não só o e-commerce, mas o 'clique e retire', cresce mais de 100% no período", afirma.

A Marisa informa ter 184 lojas abertas até o momento (são cerca de 350 no total) e o diretor se diz otimista por causa do desempenho dos estabelecimentos após o afrouxamento da quarentena.

Leia Também

Soma-se ainda o ânimo com o hotsite de lingerie que a empresa lançou às vésperas do Dia dos Namorados (roupas íntimas é a segunda categoria mais importante para a varejista).

A perspectiva da empresa está em linha com as expectativas dos analistas de mercado: cinco entre seis instituições recomendam a compra da ação (AMAR3) — que subiu quase 50% no último mês, depois de ter apanhando com o início da pandemia.

Em meio à crise, a Marisa lançou ainda uma plataforma de vendas por comissão, o "Sou sócia". Em tese, qualquer adulto com uma conta bancária pode ganhar 5% sobre o total de vendas mensais que conseguir realizar. "É um programa que vai de encontro a essa momento mais difícil, em que você tem pessoas desempregadas", conta o diretor.

A seguir, os principais trechos da entrevista, na qual ele fala sobre os desafios iniciais da crise, os prejuízos recentes no balanço e as perspectivas para a empresa em várias frentes.

Quais mudanças a Marisa percebeu desde o início da crise, do lado do consumidor e do lado da empresa?

Do lado da Marisa, de certa forma fomos reconhecidos por uma estratégia que teve início lá atrás, quando a companhia definiu o canal digital como sendo uma das principais iniciativas. Ao final de 2018, nós implementamos uma nova plataforma — até então operávamos com uma desenvolvida nos idos de 1980. Foi o primeiro canal digital no Brasil. A covid pega a Marisa provavelmente como a varejista de moda mais desenvolvida de omnicanalidade [com atuação em diversos canais] do mercado. Já era a maior participação do e-commerce do segmento e isso está nos beneficiando agora. 

Você pode adiantar números de desde o último balanço que refletem esse desempenho? 

Posso dizer que o e-commerce cresce duplo dígito desde o ano passado em todos os trimestres e continua assim. A operação digital, que contempla não só o e-commerce, mas a operação "clique e retire" — que apesar em que o cliente busca na loja, nasce no meio digital — cresce mais de 100%. 

Recentemente, o CEO da companhia falou de outras iniciativas que estavam para ser lançadas. Quais seriam?

Tem o nosso app, que será um app integrado e deve ser lançado nos próximos dias. Facilitar a navegabilidade no nosso site é mais uma iniciativa em andamento, além da expansão do omnicanalidade. A gente tem uma projeção de 180 lojas ao final de junho em que teremos a operação Ship From Store [atendimento que transforma loja física em um ponto de distribuição com estoque local] e click and collect [compra pela internet e retirada na loja] também.

A Marisa anunciou o Sou Sócia recentemente. Em que pé está a iniciativa?

O "Sou Sócia" é um programa que acontece nesse momento mais difícil, em que você tem mais pessoas desempregadas. Está sendo desenvolvido ainda, mas desde 20 de maio são 7 mil inscritos. É um programa interessante porque acaba gerando uma atividade e uma renda para as participantes em um momento difícil.

Qual foi o impacto da crise para a Marisa?

Houve o impacto de ter 100% da rede fechada no operação. Embora a empresa seja a mais penetrada do segmento no e-commerce, é ainda uma fatia pequena das vendas. Você não consegue compensar a venda de loja com operação de e-commerce. Nós estamos falando uma operação de e-commerce levemente acima de 6% [das vendas]. Impossível você conseguir fazer essa compensação.

E a maior dificuldade?

O que mais chamou a atenção foi a imprevisibilidade. Fechamos, temos que preservar a saúde das pessoas e da empresa, mas durante quanto tempo? Como vai ser a retomada? Esse foi o momento mais angustiante. Mas acho que cada vez a gente se sente mais confiante vendo o processo de retomada mais positivo do que esperávamos nas lojas abertas.

A Marisa teve um prejuízo de R$ 107,1 milhões no primeiro trimestre. Com a crise, a última linha do balanço não vai piorar?

A empresa não vinha em regime, mas em processo de finalização de turnaround, de recuperação. Ela sofre um pouco mais por estar em um processo de reconstrução de resultado. Por outro lado, tem vantagem de ser um empresa muito mais ágil e que vinha ganhando mercado rapidamente: crescimento mês a mês acelerando, 16% acima em março, no total do trimestre acima de 10%.

E os números do primeiro trimestre?

No ano passado a Marisa teve dois efeitos não recorrentes que afetaram positivamente o resultado [reversão de IFRS e uma recuperação fiscal]. Além disso, a Marisa estava trabalhando com um preço um pouco mais baixo para acelerar em conquista de mercado. E isso se traduzia em margens menores e nesse prejuízo. A margem vinha sendo recomposta gradativamente. Você vai recuperando mercado, vai aumentando volume e vai ganhando musculatura para fazer essa recomposição de margem. Era essa estratégia e deve continuar sendo nos próximos trimestre. 

O quanto a economia real pode afetar as projeções?

Podemos fazer ajustes adicionais. Acho que a crise é propícia para pensar algumas despesas, como a do home office. Nós já definimos que várias áreas da nossa empresa vão passar a trabalhar em home office parcial. Isso é uma alavanca de despesa, mas também de qualidade de vida. No pós-pandemia, os mercados podem se retrair um pouco, mas não vão desaparecer. Vai ser um momento de rearranjo de market share [parcela do mercado] e a Marisa está preparada para avançar sobre operações mais frágeis.

O mercado financeiro vê da mesma forma?

Acho que os investidores que nos acompanham de perto confiam no que está sendo feito e tentam antecipar esse movimento. Nós temos cobertura de seis analistas — cinco dão opção de compra. Todas com preço bem acima do valor de hoje. Os analistas veem isso e os investidores também, principalmente no pós-follow on [a empresa levantou R$ 515,6 milhões em dezembro passado]. A Marisa tinha 25% de free float. No follow on isso aumenta para 42% e o float diário que era de cerca de 4 milhões — ou seja, de baixa liquidez — passa para 40 milhões por dia.

Vocês usaram a Medida Provisória que trata da redução de jornada?

Com certeza. Cada área da empresa teve um tipo de mecanismo aplicado. Foi bastante importante para o período em que estávamos com todas as lojas fechadas, porque você tem zero de faturamento — tem recebimento da sua carteira de recebíveis. O ideal é que você traga sua despesa recorrente para o nível mais baixo possível. Isso foi feito a partir do uso da MP para a parte de remuneração, foi feito a partir de renegociações dos contratos de alugueis e renegociações de todos os outros contratos da companhia. 

Demissões estão descartadas?

Acho que sim. A companhia tem um dos pilares a questão de proteção às pessoas. A empresa de varejo tem um turnover natural. Você administra isso dentro da dinâmica do negócio, não tem previsão de cortes. 

Que tipo de legado a crise vai deixar?

Acho que a consolidação dos canais digitais, não só os canais de venda, mas todos os canais de relacionamento com o cliente é algo que veio para ficar. Uma aproximação maior com a cliente, para vender, facilitar recebimento, fazer uma pesquisa sobre um determinado produto... A questão do home office também.

Alguma mudança em relação aos produtos vendidos?

Temos avançado muito em acessórios. Nós estamos constantemente avaliando possibilidades de novas categorias em nossas lojas. Acho que isso faz parte da dinâmica do negócios.

Pós-crise é um período também marcado por fusões e aquisições. Algo nesse sentido no horizonte?

No momento não. Estamos bastante focados em entregas que temos ainda, nesse contexto de retomada na parte final do turnaround. Uma operação de fusão ou aquisição tomaria muita energia nesse momento mais delicado. 

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
conteúdo BTG Pactual

Brasil x Argentina na bolsa: rivalidade dos gramados vira ‘parceria campeã’ na carteira de 10 ações do BTG Pactual em abril; entenda

5 de abril de 2025 - 12:00

BTG Pactual faz “reformulação no elenco” na carteira de ações recomendadas em abril e tira papéis que já marcaram gol para apostar em quem pode virar o placar

ATENÇÃO, ACIONISTAS

Disputa aquecida na Mobly (MBLY3): Fundadores da Tok&Stok propõem injetar R$ 100 milhões se OPA avançar, mas empresa não está lá animada

4 de abril de 2025 - 17:01

Os acionistas Régis, Ghislaine e Paul Dubrule, fundadores da Tok&Stok, se comprometeram a injetar R$ 100 milhões na Mobly, caso a OPA seja bem-sucedida

OLHO POR OLHO

China não deixa barato: Xi Jinping interrompe feriado para anunciar retaliação a tarifas de Trump — e mercados derretem em resposta

4 de abril de 2025 - 9:32

O Ministério das Finanças da China disse nesta sexta-feira (4) que irá impor uma tarifa de 34% sobre todos os produtos importados dos EUA

SEXTOU COM O RUY

Cardápio das tarifas de Trump: Ibovespa leva vantagem e ações brasileiras se tornam boas opções no menu da bolsa

4 de abril de 2025 - 6:03

O mais importante é que, se você ainda não tem ações brasileiras na carteira, esse me parece um momento oportuno para começar a fazer isso

MODO DEFESA

Ações para se proteger da inflação: XP monta carteira de baixo risco para navegar no momento de preços e juros altos

3 de abril de 2025 - 19:14

A chamada “cesta defensiva” tem dez empresas, entre bancos, seguradoras, companhias de energia e outros setores classificados pela qualidade e baixo risco

UM DIA PARA ESQUECER

Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) perdem juntas R$ 26 bilhões em valor de mercado e a culpa é de Trump

3 de abril de 2025 - 19:01

Enquanto a petroleira sofreu com a forte desvalorização do petróleo no mercado internacional, a mineradora sentiu os efeitos da queda dos preços do minério de ferro

ENTREGAS DE AVIÕES

Embraer (EMBR3) tem começo de ano lento, mas analistas seguem animados com a ação em 2025 — mesmo com as tarifas de Trump 

3 de abril de 2025 - 12:31

A fabricante de aeronaves entregou 30 aviões no primeiro trimestre de 2025. O resultado foi 20% superior ao registrado no mesmo período do ano passado

AJUSTANDO A CARTEIRA

Oportunidades em meio ao caos: XP revela 6 ações brasileiras para lucrar com as novas tarifas de Trump 

3 de abril de 2025 - 11:27

A recomendação para a carteira é aumentar o foco em empresas com produção nos EUA, com proteção contra a inflação e exportadoras; veja os papéis escolhidos pelos analistas

AÇÃO DO MÊS

Itaú (ITUB4), de novo: ação é a mais recomendada para abril — e leva a Itaúsa (ITSA4) junto; veja outras queridinhas dos analistas

3 de abril de 2025 - 6:10

Ação do Itaú levou quatro recomendações entre as 12 corretoras consultadas pelo Seu Dinheiro; veja o ranking completo

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Nos tempos modernos, existe ERP (prêmio de risco) de qualidade no Brasil?

2 de abril de 2025 - 20:00

As ações domésticas pagam um prêmio suficiente para remunerar o risco adicional em relação à renda fixa?

ONDE INVESTIR

Onde investir em abril? As melhores opções em ações, dividendos, FIIs e BDRs para este mês

2 de abril de 2025 - 19:30

No novo episódio do Onde Investir, analistas da Empiricus Research compartilham recomendações de olho nos resultados da temporada de balanços e no cenário internacional

CADEIRA NO CONSELHO

Minoritários da Tupy (TUPY3), gestores Charles River e Organon indicam Mauro Cunha para o conselho após polêmica troca de CEO

2 de abril de 2025 - 18:57

Insatisfeitos com a substituição do comando da metalúrgica, acionistas indicam nome para substituir conselheiro independente que votou a favor da saída do atual CEO, Fernando Rizzo

NOVA CHAPA

Assembleia do GPA (PCAR3) ganha apoio de peso e ações sobem 25%: Casino e Iabrudi sinalizam que também querem mudanças no conselho

2 de abril de 2025 - 11:21

Juntos, os acionistas somam quase 30% de participação no grupo e são importantes para aprovar ou recusar as propostas feitas pelo fundo controlado por Tanure

DE VOLTA AO JOGO

Michael Klein eleva posição acionária na Casas Bahia (BHIA3) e dá mais um passo para retornar ao conselho da varejista

2 de abril de 2025 - 10:06

Segundo o comunicado, o aumento da posição acionária tem como objetivo viabilizar o envolvimento de Michael Klein na gestão da Casas Bahia (BHIA3)

NOVA ERA

Tupy (TUPY3): Troca polêmica de CEO teve voto contrário de dois conselheiros; entenda o imbróglio

1 de abril de 2025 - 18:08

Minoritários criticaram a troca de comando na metalúrgica, e o mercado reagiu mal à sucessão; ata da reunião do Conselho divulgada ontem mostra divergência de votos entre os conselheiros

ACORDO ELETRIZANTE

Vale (VALE3) garante R$ 1 bilhão em acordo de joint venture na Aliança Energia e aumenta expectativa de dividendos polpudos

1 de abril de 2025 - 14:35

Com a transação, a mineradora receberá cerca de US$ 1 bilhão e terá 30% da nova empresa, enquanto a GIP ficará com 70%

TOUROS E URSOS #217

Trump preocupa mais do que fiscal no Brasil: Rodolfo Amstalden, sócio da Empiricus, escolhe suas ações vitoriosas em meio aos riscos

1 de abril de 2025 - 14:05

No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, o sócio-fundador da Empiricus, Rodolfo Amstalden, fala sobre a alta surpreendente do Ibovespa no primeiro trimestre e quais são os riscos que podem frear a bolsa brasileira

ALERTA?

Shopee quer bater de frente com Mercado Livre e Amazon no Brasil — mas BTG faz alerta

1 de abril de 2025 - 12:37

O banco destaca a mudança na estratégia da Shopee que pode ser um alerta para as rivais — mas deixa claro: não será nada fácil

MUDANÇAS NO CONSELHO

Michael Klein de volta ao conselho da Casas Bahia (BHIA3): Empresário quer assumir o comando do colegiado da varejista; ações sobem forte na B3

1 de abril de 2025 - 11:49

Além de sua volta ao conselho, Klein também propõe a destituição de dois membros atuais do colegiado da varejista

APÓS O ROMBO

Ex-CEO da Americanas (AMER3) na mira do MPF: Procuradoria denuncia 13 antigos executivos da varejista após fraude multibilionária

1 de abril de 2025 - 9:51

Miguel Gutierrez é descrito como o principal responsável pelo rombo na varejista, denunciado por crimes como insider trading, manipulação e organização criminosa

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar