Vai cair quanto? BC deve cortar mais uma vez os juros hoje, mas com cautela no discurso
Copom deve reduzir a Selic novamente em 0,50 ponto percentual na reunião desta quarta-feira, para 3,25% ao ano, segundo as projeções de analistas

A crise desencadeada pelo coronavírus deve levar o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a promover mais uma redução da taxa básica de juros nesta quarta-feira (6).
A Selic deve ter um novo corte de meio ponto percentual, de 3,75% para 3,25%, dando continuidade ao ciclo de cortes iniciado em julho de 2019 — quando a taxa estava em 6,5%.
A avaliação do mercado é que a pandemia derrubou as expectativas sobre a atividade econômica e já desacelera a alta dos preços — indicada no IPCA de 0,07% em março. O horizonte de inflação baixa tira o medo do BC de ter de aumentar a Selic poucos meses depois de reduzi-la.
Os analistas no mercado financeiro esperam um corte de 0,5 ponto percentual na reunião de hoje, segundo as projeções do boletim Focus — que compila dados de mais de 100 instituições financeiras. Consulta feita pelo Projeções Broadcast, do Grupo Estado, aponta a mesma expectativa de 48 entre 58 casas.
A publicação do BC aponta que a taxa deve terminar o ano a 2,75%, o que indicaria espaço para um corte de até um ponto percentual em relação aos patamares atuais.
O pesquisador da área de economia aplicada do FGV IBRE, Marcel Balassiano, é uma das vozes que acredita na redução de meio ponto da Selic nesta quarta-feira. Ele diz que a crise política é uma forte razão para não promover um corte drástico na taxa. Para o especialista, o BC deve continuar pregando cautela.
Leia Também
Segundo Balassiano, uma posição menos arrojada é exigida de BCs de países emergentes, onde as incertezas fiscais são maiores. Para ele, há o medo de que as despesas do Estado demandadas pela pandemia sejam permanentes.
"A Selic no atual patamar é fruto, entre outras coisas, da melhora da perspectiva fiscal, com a aprovação do teto de gastos e da reforma da Previdência", diz. "Uma mudança nessa trajetória alteraria a expectativa sobre os juros."

A queda da Selic nos últimos anos fez com que o peso do pagamento de juros sobre a dívida pública caísse de 5,5% para 5,1% do PIB no período entre dezembro de 2018 e o final do ano seguinte, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
"É um dinheiro que pode ser usado para o auxílio emergencial, por exemplo", diz o especialista da FGV.
Analistas do banco suíço UBS também destacam que a queda de juros reduziu o ritmo de aumento da dívida pública, "ao menos no curto prazo". Além de projetar o mesmo corte na Selic hoje, a instituição aponta que a taxa deve terminar o ano a 2,5% — a mesma estimativa, aliás, o banco tem para a inflação.
Se a queda da Selic é consenso, a manutenção das taxas em níveis baixos vai depender de como ficará o estado das contas públicas após a saída da crise do coronavírus.
De acordo com André Marques, coordenador do Centro de Gestão e Políticas Públicas do Insper, se o governo perder o controle das despesas, vai ser obrigado em algum momento a oferecer juros mais vantajosos para atrair credores.
Por outro lado, está para ser aprovada a chamada PEC do Orçamento de Guerra – que, entre outras coisas, permite ao Banco Central comprar títulos públicos, desestimulando apostas mais agressivas de alta nos juros.
No curto prazo, os analistas do Goldman Sachs também não fazem uma aposta para além dos 0,50 ponto, mas citam como razão o câmbio. Juros muito baixos, como nos Estados Unidos, tendem a afugentar o investidor estrangeiro que poderia ganhar com o diferencial das taxas entre as do exterior e as do Brasil.
Com menos dólares no país, a tendência é que a moeda se valorize ainda mais ante o real — a divisa já acumula uma alta de 39% desde o início do ano, impulsionada pela aversão ao risco dos mercados. Em tempos de crise, a moeda é vista como um investimento de proteção.
Ainda tem efeito?
A Selic baixa foi comemorada por grande parte dos agentes financeiros em 2019, que viam nas reduções promovidas pelo BC um estímulo para que as pessoas deixassem de investir na renda fixa, cada vez menos rentável, e apostassem em ações das empresas.
Enquanto o bull market durou, o impulso deu certo. Resta saber como será o comportamento do investidor durante e, principalmente, após a crise diante das fortes perdas acumuladas em 2020.
Para Balassiano, Selic baixa agora também não incentiva o consumo, por conta do isolamento, e ainda há muita incerteza sobre comportamento das pessoas no pós-pandemia. "A certeza é que todo mundo está ficando mais pobre", diz.
Sobra então impacto para o governo e para as empresas. A Selic na mínima histórica deve continuar a reduzir o ritmo dos juros sobre a dívida pública e o custo do crédito para os tomadores. O problema é que uma das consequências da crise foi justamente a restrição de liquidez.
Para atenuar essa situação, o BC anunciou uma série de medidas — como a liberação de compulsório para os bancos e linhas de crédito para financiar a folha de pagamento de pequenas e médias empresas. As medidas são bem vistas pelo diretor de investimentos do Andbank Brasil, Rodrigo Otávio Marques. "Política monetária não é só alterar a Selic", diz.
O agente do caos retruca: Trump diz que China joga errado e que a hora de ficar rico é agora
O presidente norte-americano também comentou sobre dados de emprego, juros, um possível acordo para zerar tarifas do Vietnã e a manutenção do Tik Tok por mais 75 dias nos EUA
A pressão vem de todos os lados: Trump ordena corte de juros, Powell responde e bolsas seguem ladeira abaixo
O presidente do banco central norte-americano enfrenta o republicano e manda recado aos investidores, mas sangria nas bolsas mundo afora continua e dólar dispara
Um café e um pão na chapa na bolsa: Ibovespa tenta continuar escapando de Trump em dia de payroll e Powell
Mercados internacionais continuam reagindo negativamente a Trump; Ibovespa passou incólume ontem
Pix parcelado já tem data marcada: Banco Central deve disponibilizar atualização em setembro e mecanismo de devolução em outubro
Banco Central planeja lançar o Pix parcelado, aprimorar o Mecanismo Especial de Devolução e expandir o pagamento por aproximação ainda em 2025; em 2026, chega o Pix garantido
O ativo que Luis Stuhlberger gosta em meio às tensões globais e à perda de popularidade de Lula — e que está mais barato que a bolsa
Para o gestor do fundo Verde, Brasil não aguenta mais quatro anos de PT sem haver uma “argentinização”
Trump Day: Mesmo com Brasil ‘poupado’ na guerra comercial, Ibovespa fica a reboque em sangria das bolsas internacionais
Mercados internacionais reagem em forte queda ao tarifaço amplo, geral e irrestrito imposto por Trump aos parceiros comerciais dos EUA
Não haverá ‘bala de prata’ — Galípolo destaca desafios nos canais de transmissão da política monetária
Na cerimônia de comemoração dos 60 anos do Banco Central, Gabriel Galípolo destacou a força da instituição, a necessidade de aprimorar os canais de transmissão da política monetária e a importância de se conectar com um público mais amplo
O Super Bowl das tarifas de Trump: o que pode acontecer a partir de agora e quem está na mira do anúncio de hoje — não é só a China
A expectativa é de que a Casa Branca divulgue oficialmente os detalhes da taxação às 17h (de Brasília). O Seu Dinheiro ouviu especialistas para saber o que está em jogo.
Banco Master: Compra é ‘operação resgate’? CDBs serão honrados? BC vai barrar? CEO do BRB responde principais dúvidas do mercado
O CEO do BRB, Paulo Henrique Costa, nega pressão política pela compra do Master e endereça principais dúvidas do mercado
Boletim Focus mantém projeção de Selic a 15% no fim de 2025 e EQI aponta caminho para buscar lucros de até 18% ao ano; entenda
Com a Selic projetada para 15% ao ano, investidores atentos enxergam oportunidade de buscar até 18% de rentabilidade líquida e isenta de Imposto de Renda
Vale tudo na bolsa? Ibovespa chega ao último pregão de março com forte valorização no mês, mas de olho na guerra comercial de Trump
O presidente dos Estados Unidos pretende anunciar na quarta-feira a imposição do que chama de tarifas “recíprocas”
Protege contra a inflação e pode deixar a Selic ‘no chinelo’: conheça o ativo com retorno-alvo de até 18% ao ano e livre de Imposto de Renda
Investimento garimpado pela EQI Investimentos pode ser “chave” para lucrar com o atual cenário inflacionário no Brasil; veja qual é
Nubank (ROXO34): Safra aponta alta da inadimplência no roxinho neste ano; entenda o que pode estar por trás disso
Uma possível explicação, segundo o Safra, é uma nova regra do Banco Central que entrou em vigor em 1º de janeiro deste ano.
Nova York em queda livre: o dado que provoca estrago nas bolsas e faz o dólar valer mais antes das temidas tarifas de Trump
Por aqui, o Ibovespa operou com queda superior a 1% no início da tarde desta sexta-feira (28), enquanto o dólar teve valorização moderada em relação ao real
Esporte radical na bolsa: Ibovespa sobe em dia de IPCA-15, relatório do Banco Central e coletiva de Galípolo
Galípolo concederá entrevista coletiva no fim da manhã, depois da apresentação do Relatório de Política Monetária do BC
Ato falho relevante: Ibovespa tenta manter tom positivo em meio a incertezas com tarifas ‘recíprocas’ de Trump
Na véspera, teor da ata do Copom animou os investidores brasileiros, que fizeram a bolsa subir e o dólar cair
Selic em 14,25% ao ano é ‘fichinha’? EQI vê juros em até 15,25% e oportunidade de lucro de até 18% ao ano; entenda
Enquanto a Selic pode chegar até 15,25% ao ano segundo analistas, investidores atentos já estão aproveitando oportunidades de ganhos de até 18% ao ano
Sem sinal de leniência: Copom de Galípolo mantém tom duro na ata, anima a bolsa e enfraquece o dólar
Copom reitera compromisso com a convergência da inflação para a meta e adverte que os juros podem ficar mais altos por mais tempo
Com a Selic a 14,25%, analista alerta sobre um erro na estratégia dos investidores; entenda
A alta dos juros deixam os investidores da renda fixa mais contentes, mas este momento é crucial para fazer ajustes na estratégia de investimentos na renda variável, aponta analista
Cuidado com a cabeça: Ibovespa tenta recuperação enquanto investidores repercutem ata do Copom
Ibovespa caiu 0,77% na segunda-feira, mas acumula alta de quase 7% no que vai de março diante das perspectivas para os juros