Com inflação e risco fiscal no radar, BC deve encerrar ciclo de cortes e manter Selic em 2% ao ano
Inflação ainda pesa pouco para a decisão do Copom, mas preocupação fiscal põe em dúvida intenção da autoridade monetária de deixar juros baixos por bastante tempo
O Banco Central deve confirmar nesta quarta-feira (16) um ponto final no ciclo de cortes que levou a taxa básica de juros ao menor patamar da história. A expectativa é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha Selic em 2% ao ano.
Depois de nove cortes seguidos na taxa, a pergunta para os profissionais do mercado financeiro deixou de ser majoritariamente “até quando a Selic vai cair” e passou a ser “quando os juros vão voltar a subir”, embora ainda há quem acredite em corte residual até o final do ano.
Segundo consulta do Projeções Broadcast, entre 48 instituições todas esperam pela manutenção da Selic em 2% ao ano nesta quarta-feira, quatro casas falam em corte de 0,25 ponto porcentual em outubro e uma espera por segunda redução de 0,25 p.p. em dezembro.
Na última decisão, o Copom sinalizou que os juros permaneceriam em níveis baixos por um longo período — comunicação conhecida como “forward guidance”, em linha do que fez o Federal Reserve, o BC dos Estados Unidos. Pesariam contra a intenção do BC uma maior deterioração fiscal e a inflação.
A preocupação fiscal é sempre reiterada pelo mercado, principalmente desde que a pandemia exigiu gastos extraordinários por parte do Estado. Um maior descontrole da dívida pública em tese exige juros maiores por parte dos investidores no futuro.
Ainda assim, hoje os agentes financeiros esperam que a Selic volte a aumentar apenas em meados do ano que vem, mas a níveis historicamente baixos, terminando 2021 a 2,50%, segundo a edição de segunda-feira do Focus.
Leia Também
Inflação no radar
A inflação voltou a ser destaque nas últimas semanas, embora concentrada em determinados produtos. Depois de o Brasil registrar até deflação no ápice da pandemia, o preço de alguns alimentos da cesta básica acumulam altas expressivas.
Como o índice geral tem alta de 2,44%, abaixo do piso da meta, de 2,5% ao ano, é improvável que os preços terão impacto sobre a decisão de hoje do BC — que usa os juros como ferramenta para alcançar a meta de inflação.
Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, a discussão pode aparecer no comunicado do Copom como "algo a ser monitorado". "Mas o cenário hoje, de modo geral, é melhor do que em agosto [quando os juros foram reduzidos para 2%]"
O economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, afirma que a inflação preocupa pouco o mercado — que espera um ajuste entre oferta e demanda com o tempo, além da continuidade da busca do investidor por maiores retornos em ativos mais arriscados.
"Mas pode haver um questionamento de que se essa pressão não pode contaminar o ritmo da recuperação da atividade", diz o especialista — o IBC-Br apresentou a terceira alta consecutiva em julho.
Preocupação maior
Entre a preocupação com a inflação e as fragilidades fiscais, o responsável pela equipe de gestão da AF Invest, Stefan Castro, diz que o segundo ponto pesa mais. Segundo o especialista, a pressão sobre os preços é um fenômeno global, mas provocada por fatores que não devem se prolongar nos próximos meses.
Já a incerteza sobre como o governo vai lidar com o aumento dos gastos no pós-crise segue como um fator mais preponderante nas projeções do mercado para o futuro da taxa de juros, diz Castro.
Abdelmalack segue a mesma linha de Castro, apesar de lembrar das sinalizações sobre a manutenção do teto de gastos por parte do governo. "Nada é definitivo. Sempre há um risco", diz.
A economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, diz esperar que o Copom siga condicionando o "forward guidance" à adoção de um regime fiscal de disciplina, com foco nas reformas e objetivo de reverter a trajetória de crescimento da dívida pública.
"A elevação do risco fiscal nas últimas semanas já tem sido responsável por uma alta dos juros de longo prazo", lembra a especialista. Para Vitória, os juros futuros poderiam ceder com uma nova sinalização do governo acerca das reformas e manutenção do Orçamento de 2021 dentro do teto de gastos.
*Colaborou Vinícius Pinheiro
Concorrente da Embraer à beira da falência, novas regras de previdência, a ‘mágica’ de Elon Musk e o futuro dos juros no Brasil
Além disso, Inter Asset revelou 5 ações para investir na bolsa até o final de 2024; veja os destaques de audiência do Seu Dinheiro nesta semana
Campos Neto fala que o Brasil precisa de ‘choque’ na política fiscal para voltar a atrair investimentos e reduzir prêmio de risco da bolsa
Em evento do Itaú em Washington, diretor do Banco Central também fala sobre meta de inflação e dá pistas sobre o futuro após ‘passar o bastão’ para Gabriel Galípolo em 2025
A história não acaba: Ibovespa repercute balanço da Vale e sinalizações de Haddad e RCN em dia de agenda fraca
Investidores também seguem monitorando a indústria farmacêutica depois de a Hypera ter recusado oferta de fusão apresentada pela EMS
Por que o iene está mais fraco? Entenda o ‘paradoxo econômico’ que faz a moeda japonesa se desvalorizar frente ao dólar
No passado, a fraqueza do iene em relação ao dólar foi justificada pela diferença das taxas de juros definidas pelo Banco Central do Japão (BoJ) e pelo Federal Reserve (Fed); saiba o que há por trás do movimento das duas moedas agora
Campos Neto tem razão? IPCA-15 encosta no teto e reforça apostas de que BC vai acelerar alta da Selic para conter inflação
IPCA-15 acelera em outubro e vai a 4,47% no acumulado em 12 meses; prévia da inflação foi puxada por alta dos gastos com habitação e alimentação
Uma carona para o Ibovespa: Mercados internacionais amanhecem em alta, mas IPCA-15 ameaça deixar a bolsa brasileira na beira da estrada
Além do IPCA-15, investidores tentam se antecipar hoje ao balanço da Vale para interromper série de cinco quedas do Ibovespa
Tudo incerto, nada resolvido: Bolsas internacionais amanhecem no vermelho e dificultam a vida do Ibovespa em dia de agenda vazia
Fora alguns balanços e o Livro Bege do Fed, investidores terão poucas referências em dia de aversão ao risco lá fora
A Selic não vai parar mais de subir? Campos Neto fala sobre o futuro dos juros no Brasil para a TV americana
RCN também comentou sobre a independência do Banco Central, ciclo político e da economia dos EUA; confira os principais pontos
Cenário de juros altos não preocupa e CEO do Nubank (ROXO34) comenta taxa de inadimplência do banco
Especialmente o Nubank (ROXO34) vive um momento em que a inadimplência pode pesar nos seus resultados futuros, na visão de parte do mercado.
FMI eleva projeção de crescimento do Brasil neste ano, mas corta estimativa para 2025; veja os números
Projeções do FMI aparecem na atualização de outubro do relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), divulgado hoje
Tesouro Direto registra o maior valor mensal em vendas de títulos públicos – mas operações voltam a ser interrompidas
Vendas de títulos públicos do Tesouro Direto ultrapassou o recorde de março de 2023 e vem atraindo investidores pequenos, com preferência em papéis de curto prazo
Agenda fraca deixa Ibovespa a reboque de Wall Street, mas isso não espanta a possibilidade de fortes emoções na bolsa
Andamento da temporada de balanços nos EUA e perspectivas para o rumo dos juros pesam sobre as bolsas em Nova York
Ouro a US$ 3.000? Como os crescentes déficits dos EUA podem levar o metal precioso a níveis ainda mais altos que os recordes recentes
Com a credibilidade do dólar questionada em meio a uma gestão fiscal deficitária, investidores e governos buscam alternativas mais seguras para suas reservas
Felipe Miranda: Alguém está errado
A notícia sobre falas de Gleisi Hoffman sobre Gabriel Galípolo e o futuro das taxas de juros no Brasil em 2025 levanta dois problemas alarmantes — e uma série de inconsistências
Campos Neto defende “choque fiscal positivo” como condição para Selic cair de forma sustentável
Falta de confiança na política fiscal dificulta o processo de convergência da inflação para a meta, disse o presidente do BC; saiba mais
Interpretando a bolsa com Djavan: as recomendações para o fim de 2024 e balanços dominam mercados hoje
Com a agenda relativamente mais esvaziada, os investidores precisam ficar atentos à temporada de resultados e indicadores desta semana
Vale virar a chavinha? Em dia de agenda fraca, Ibovespa repercute PIB da China, balanços nos EUA e dirigentes do Fed
PIB da China veio melhor do que se esperava, assim como dados de vendas no varejo e produção industrial da segunda maior economia do mundo
O que divide o brasileiro de verdade: Ibovespa reage a decisão de juros do BCE e dados dos EUA em dia de agenda fraca por aqui
Expectativa com o PIB da China e novas medidas contra crise imobiliária na segunda maior economia do mundo também mexem com mercados
Os modelos estão errados? FMI lança alerta para que bancos centrais aprimorem mecanismos de combate à inflação
Estudo integra o relatório de perspectiva econômica mundial do FMI, que será publicado na próxima semana como parte das reuniões anuais do organismo
Depois de empate com sabor de vitória, Ibovespa reage à Vale em meio a aversão ao risco no exterior
Investidores repercutem relatório de produção da Vale em dia de vencimento de futuro de Ibovespa, o que tende a provocar volatilidade na bolsa