Preço do arroz coloca à prova visão liberal do governo
Há a preocupação com o risco de o presidente insistir em dar uma “canetada” no problema, o que por ora foi descartado por ele mesmo em live na noite de quinta-feira
Na transição e no início do governo, nove entre dez ministros e assessores indicados pelo governo Jair Bolsonaro repetiam o mantra da nova administração: "tirar o Estado do cangote" de quem trabalha e produz no País.
O discurso da época, cuidadosamente escolhido para marcar a posse presidencial e os primeiros meses de governo, trombou com a espécie de "intervenção" branca que o Ministério da Justiça tentou fazer ao notificar os produtores e representantes dos supermercados cobrando explicações pela alta de preços dos produtos da cesta básica, especialmente do arroz.
A fala do cangote, que ainda hoje é usada pelo próprio presidente, foi lembrada com desalento ontem por integrantes da área econômica que ficaram incomodados com a forma de atuação do governo no episódio, justamente por prejudicar um dos pilares da agenda liberal, o da liberdade econômica - que deu até nome de lei sancionada pelo presidente em setembro do ano passado. Na cerimônia, Bolsonaro voltou a repetir o mantra da retirada da mão do Estado do cangote do setor produtivo.
Documento
As razões do incômodo foram expostas no ofício encaminhado pelo secretário de Advocacia da Concorrência e Competitividade, Geanluca Lorenzon. Ele integra o grupo dos liberais na equipe de Guedes. Em caráter restrito, o documento foi enviado para a secretária nacional de Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça, Juliana Domingues.
Segundo apurou o Estadão, há a preocupação com o risco de o presidente insistir em dar uma "canetada" no problema, o que por ora foi descartado por ele mesmo em live na noite de quinta-feira.
Além da abertura do mercado para o arroz do exterior, o meio termo encontrado para dissipar o clima foi mostrar que o Ministério da Economia está monitorando os preços, inclusive de outros produtos como o da construção civil, atribuição que sempre foi de responsabilidade da Secretaria de Política Econômica (SPE)
Leia Também
Entre técnicos ouvidos pelo Estadão, que falaram na condição do anonimato, há ceticismo com o efeito da medida diante do aumento da demanda no cenário internacional e do dólar mais alto.
Vazamento
O documento vazou na quinta-feira e desagradou o Ministério da Justiça, que não gostou da cobrança. Nos bastidores, empresários reclamaram da pressão. Produtores de arroz também manifestaram insatisfação. Um integrante da equipe do ministro Paulo Guedes avaliou que esse mercado já é competitivo e "não precisa se explicar sobre formação de preços".
O argumento do auxiliar de Guedes é de que não é "algo oligopolizado (quando um grupo tem o domínio da oferta de produtos ou serviços) ou monopolizado (uma única empresa) que precisa de regulação".
No ofício enviado, Lorenzon critica o controle de preços e alerta para o risco de a medida intimidar os agentes econômicos não imbuídos de uma atitude oportunista, podendo levar à situação de desabastecimento dos produtos.
Em vídeo postado no início da manhã de ontem, a ministra da Agricultura, Teresa Cristina, pediu tranquilidade à população e disse que não haverá problemas de abastecimento dos produtos que estão na mesa dos brasileiros. "Tivemos alguns problemas com esse produto. No passado, o arroz teve um preço muito baixo durante muitos anos. Tivemos uma queda na área de produção, então, hoje, ele tem um preço mais alto. Mas ele está nas prateleiras e vai continuar", disse a ministra.
Segundo ela, o governo já tomou as medidas que podiam ser feitas para dar estabilidade e equilíbrio ao preço do arroz. "O Brasil tirou a alíquota de importação para que o produto de fora pudesse entrar. É uma cota de reserva para que possamos ter tranquilidade de que o preço vai voltar e ser equilibrado", afirmou a ministra.
Na última terça-feira, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) anunciou a redução total da alíquota de importação para uma cota de 400 mil toneladas de arroz até o fim deste ano.
Agenda econômica: balanço da Nvidia (NVDC34) e reunião do CMN são destaques em semana com feriado no Brasil
A agenda econômica também conta com divulgação da balança comercial na Zona do Euro e no Japão; confira o que mexe com os mercados nos próximos dias
Azeite a peso de ouro: maior produtora do mundo diz que preços vão cair; saiba quando isso vai acontecer e quanto pode custar
A escassez de azeite de oliva, um alimento básico da dieta mediterrânea, empurrou o setor para o modo de crise, alimentou temores de insegurança alimentar e até mesmo provocou um aumento da criminalidade em supermercados na Europa
Está com pressa por quê? O recado do chefão do BC dos EUA sobre os juros que desanimou o mercado
As bolsas em Nova York aceleraram as perdas e, por aqui, o Ibovespa chegou a inverter o sinal e operar no vermelho depois das declarações de Jerome Powell; veja o que ele disse
A escalada sem fim da Selic: Campos Neto deixa pulga atrás da orelha sobre patamar dos juros; saiba tudo o que pensa o presidente do BC sobre esse e outros temas
As primeiras declarações públicas de RCN depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira (12), dialogam com o teor do comunicado e do próprio resumo da reunião
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Voltado para a aposentadoria, Tesouro RendA+ chega a cair 30% em 2024; investidor deve fazer algo a respeito?
Quem comprou esses títulos públicos no Tesouro Direto pode até estar pensando no longo prazo, mas deve estar incomodado com o desempenho vermelho da carteira
A Argentina dos sonhos está (ainda) mais perto? Dólar dá uma trégua e inflação de outubro é a menor em três anos
Por lá, a taxa seguiu em desaceleração em outubro, chegando a 2,7% em base mensal — essa não é apenas a variação mais baixa até agora em 2024, mas também é o menor patamar desde novembro de 2021
Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Stuhlberger compra bitcoin (BTC) na véspera da eleição de Trump enquanto o lendário fundo Verde segue zerado na bolsa brasileira
O Verde se antecipou ao retorno do republicano à Casa Branca e construiu uma “pequena posição comprada” na maior criptomoeda do mundo antes das eleições norte-americanas
Em ritmo de festa: Ibovespa começa semana à espera da prévia do PIB; Wall Street amanhece em alta
Bolsas internacionais operam em alta e dão o tom dos mercados nesta segunda-feira; investidores nacionais calibram expectativas sobre um possível rali do Ibovespa
Agenda econômica: Prévia do PIB é destaque em semana com feriado no Brasil e inflação nos EUA
A agenda econômica da semana ainda conta com divulgação da ata da última reunião do Copom e do relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
7% ao ano acima da inflação: 2 títulos públicos e 10 papéis isentos de IR para aproveitar o retorno gordo da renda fixa
Com a alta dos juros, taxas da renda fixa indexada à inflação estão em níveis historicamente elevados, e em títulos privados isentos de IR já chegam a ultrapassar os 7% ao ano + IPCA
Carne com tomate no forno elétrico: o que levou o IPCA estourar a meta de inflação às vésperas da saída de Campos Neto
Inflação acelera tanto na leitura mensal quanto no acumulado em 12 meses até outubro e mantém pressão sobre o BC por mais juros
Você quer 0 a 0 ou 1 a 1? Ibovespa repercute balanço da Petrobras enquanto investidores aguardam anúncio sobre cortes
Depois de cair 0,51% ontem, o Ibovespa voltou ao zero a zero em novembro; índice segue patinando em torno dos 130 mil pontos
O que comprar no Tesouro Direto agora? Inter indica títulos públicos para investir e destaca ‘a grande oportunidade’ nesse mercado hoje
Para o banco, taxas como as que estamos vendo atualmente só ocorrem em cenários de estresse, que não ocorrem a todo momento
Com Trump pedindo passagem, Fed reduz calibre do corte de juros para 0,25 pp — e Powell responde o que fará sob novo governo
A decisão acontece logo depois que o republicano, crítico ferrenho do banco central norte-americano, conseguiu uma vitória acachapante nas eleições norte-americanas — e na esteira de dados distorcidos do mercado de trabalho por furacões e greves
Jogando nas onze: Depois da vitória de Trump, Ibovespa reage a Copom, Fed e balanços, com destaque para a Petrobras
Investidores estão de olho não apenas no resultado trimestral da Petrobras, mas também em informações sobre os dividendos da empresa
Trump vai fazer os juros caírem na marra? Fed deve cortar a taxa hoje, mas vai precisar equilibrar pratos com a volta do republicano à Casa Branca
Futuro de Jerome Powell à frente do BC norte-americano está em jogo com o novo governo, por isso, ele deve enfrentar uma enxurrada de perguntas sobre a eleição na coletiva desta quinta-feira (7)
Campos Neto acelerou: Copom aumenta o ritmo de alta da Selic e eleva os juros para 11,25% ao ano
A decisão pelo novo patamar da taxa, que foi unânime, já era amplamente esperada pelo mercado