Poupança ganhou espaço na carteira do investidor de varejo no 1º semestre – e a culpada é a pandemia
Pagamento do auxílio-emergencial e busca de um porto seguro na crise acabaram fazendo a poupança avançar no semestre, mesmo em um cenário de juros baixos e cadentes
Mesmo com a taxa Selic renovando mínimas históricas a cada reunião do Conselho de Política Monetária do Banco Central (Copom), o que vem reduzindo a rentabilidade dos investimentos mais conservadores, a caderneta de poupança ganhou espaço na carteira dos investidores de varejo no primeiro semestre de 2020.
Segundo levantamento semestral da Anbima - a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais -, entre os investidores do varejo tradicional, a participação da caderneta de poupança passou de 67,1% do volume total investido em junho do ano passado para 68,8% em junho deste ano.
Já no segmento de varejo alta renda (classificação que varia de acordo com a instituição financeira), esse percentual passou de 12,1% para 13,8% do volume total aplicado, nos mesmos períodos de comparação.
Considerando-se todos os investidores pessoas físicas (segmentos de varejo tradicional, varejo alta renda e private, que são os clientes de altíssima renda e grande patrimônio), a poupança foi o único tipo de investimento que cresceu em participação no volume investido no semestre.
Enquanto em dezembro de 2019, a poupança respondia por 24,1% dos R$ 3,263 trilhões investidos pelas pessoas físicas, em junho deste ano, ela respondia por 25,9% dos R$ 3,367 trilhões investidos. Todos os outros investimentos (renda fixa, renda variável, híbridos e outros) tiveram redução na participação.
É claro que, por um lado, muitos investimentos se desvalorizaram em razão do pânico nos mercados em março, o que contribuiu para que seu volume diminuísse ou pelo menos não aumentasse tanto em relação aos demais. Já os investimentos conservadores, como a caderneta, só tiveram retornos positivos.
Leia Também
O aumento de participação da caderneta é explicado por um efetivo crescimento na captação. Mas não é que a poupança tenha ficado mais atrativa frente a outros investimentos. Afinal, com a queda de juros, seu rendimento, que é de 70% da Selic mais TR, tem ficado cada vez menor. Na verdade, provavelmente se trata de um efeito da crise desencadeada pela pandemia de covid-19.
Para José Ramos Rocha Neto, presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, um dos motivos é o depósito do auxílio-emergencial justamente em contas-poupança. Outra razão é que a caderneta de poupança, mesmo não rendendo quase nada, é muito associada à segurança, o que tem sido uma prioridade dos poupadores em tempos de crise.
"A sensação é de que a pandemia trouxe a busca por um porto mais seguro, e a poupança passa isso. Tanto que ela aumentou a participação mesmo no varejo de alta renda", comentou Rocha Neto, em teleconferência com jornalistas na manhã desta quinta (6).
Fundos de renda fixa sofreram um baque
Mas os fundos de renda fixa, que em grande parte são conservadores e também poderiam ser considerados portos seguros, não tiveram o mesmo desempenho da poupança. Pelo contrário, perderam espaço ao longo do semestre.
Segundo os dados da Anbima, sua participação no volume investido pelos clientes de varejo caiu de 13,5% em junho de 2019 para 11,1% em junho de 2020; no caso do varejo de alta renda, passou de 36,1% para 27,1%, no mesmo período de comparação.
Na análise de variação do volume financeiro por produto no semestre, houve queda de 2,7% no volume aplicado em fundos de renda fixa no varejo tradicional e de 18,2% no varejo alta renda.
Por um lado, os fundos de renda fixa menos conservadores, que investem em crédito privado e títulos prefixados ou atrelados à inflação, sofreram forte desvalorização no momento mais agudo da crise, quando os juros futuros dispararam. Na época, houve ainda um forte movimento de resgates desse tipo de fundo.
Por outro, os fundos conservadores perderam atratividade mesmo diante da poupança e do Tesouro Direto, pois sua rentabilidade caiu com a queda da Selic, mas suas taxas de administração continuaram altas - sobretudo para os clientes do varejo tradicional. De fato, esses fundos passaram a não compensar mais.
Mas embora ainda estejam com captação negativa no ano (em R$ 57 bilhões), os fundos de renda fixa viram uma recuperação no mês de julho, apresentando captação positiva de R$ 35,5 bilhões. Para José Ramos Rocha Neto, isso pode ter a ver tanto com o movimento recente de redução das taxas de administração, para readequá-las à nova realidade de Selic baixa, como pela busca de oportunidades de olho numa possível queda dos juros de longo prazo, que valorizaria os títulos prefixados e atrelados à inflação.
CDB em alta
Outro ponto curioso do levantamento da Anbima foi o forte crescimento apresentado pelos CDBs no semestre. No varejo tradicional, o volume financeiro alocado em CDBs cresceu 17,1%, enquanto no varejo alta renda o crescimento foi de 48,4%, de longe as maiores variações entre todos os tipos de ativos analisados.
Duas hipóteses podem explicar esse desempenho: a primeira é o fato de os CDBs também serem vistos como portos seguros pelos investidores, assemelhando-se à poupança, em função.
A outra é o fato de que os bancos parecem ter começado a oferecê-los com mais frequência do que os fundos de renda fixa conservadora. Já que as altas taxas de administração tornam os fundos pouco atrativos num cenário de Selic baixa, uma alternativa conservadora mais interessante seria justamente o CDB, que além de ser uma ferramenta de captação para o banco, também não sofre a cobrança de taxa.
Renda variável não deveria ter crescido?
Num cenário de juros tão baixos - e cadentes ao longo do primeiro semestre -, seria de se esperar um crescimento nos volumes alocados em renda variável. Mas, além da questão do auxílio-emergencial e da busca por segurança, a forte desvalorização nos preços dos ativos durante o período mais agudo da crise nos mercados também não ajudou as classes de ativos de maior risco a avançarem mais.
Assim, no varejo tradicional, os fundos multimercados tiveram um crescimento modesto de participação, de 1,0% em junho de 2019 para 1,3% em junho de 2020. No semestre, houve uma queda de 0,6% do volume financeiro alocado nesses produtos.
No caso das ações, a participação subiu de 1,2% para 1,4% de junho de 2019 para junho de 2020. No semestre, houve uma queda de 2,5% do volume financeiro alocado em fundos de ações, mas uma alta de 11,7% dos investimentos diretos em ações na bolsa.
Já no varejo alta renda, a participação dos fundos multimercados no volume investido subiu de 9,8% para 11,0% de junho de 2019 para junho de 2020. No semestre, houve uma alta de 2,0% no volume financeiro alocado nesses produtos.
Quanto às ações, sua participação no volume total subiu de 6,6% para 8,1% de junho de 2019 para junho de 2020. E, no semestre, o volume alocado nos fundos de ações caiu 9,5%, enquanto o volume investido em ações diretamente avançou 14,4%.
Quanto custa a ‘assessoria gratuita’? O que muda com a regra que obriga à divulgação da remuneração dos assessores de investimento
A norma da CVM obriga os assessores de investimentos e outros profissionais do mercado a divulgarem suas formas e valores de remuneração, além de enviarem um extrato trimestral aos clientes
Financiar imóvel ficará mais difícil? Novas regras de financiamento pela Caixa entram em vigor a partir desta sexta (1º); entenda o que muda
O banco justificou as restrições porque a carteira de crédito habitacional da instituição deve superar o orçamento aprovado para 2024
O saldão da eleição: Passado o segundo turno, Ibovespa se prepara para balanços dos bancões
Bolsas internacionais repercutem alívio geopolítico, resultado eleitoral no Japão e expectativa com eleições nos Estados Unidos
Rodolfo Amstalden: Este é o tipo de conteúdo que não pode vazar
Onde exatamente começam os caprichos da Faria Lima e acabam as condições de sobrevivência?
Sem IPOs, empresas apostam na renda fixa e captam valor recorde de R$ 542 bilhões no mercado de capitais neste ano; debêntures e FIDCs são destaques
Do total captado até setembro, a grande maioria veio da classe, cujo ativo de maior destaque são as debêntures, especialmente de infraestrutura
A porta para mais dividendos foi aberta: Petrobras (PETR4) marca data para apresentar plano estratégico 2025-2029
O mercado vinha especulando sobre o momento da divulgação do plano, que pode escancarar as portas para o pagamento de proventos extraordinários — ou deixar só uma fresta
Entrada maior e financiamento menor: confira as novas regras para financiar um imóvel pela Caixa e quando as mudanças entram em vigor
As mudanças se aplicam apenas a futuros financiamentos e também não afetarão as unidades habitacionais de empreendimentos financiados diretamente pelo banco
O retorno de 1% ao mês voltou ao Tesouro Direto: títulos públicos prefixados voltam a pagar mais de 12,7% ao ano com alta dos juros
Títulos indexados à inflação negociados no Tesouro Direto também estão pagando mais com avanço nos juros futuros
Quanto renderia na poupança e no Tesouro Direto o dinheiro que o brasileiro gasta todo mês nas bets
Gasto médio do apostador brasileiro nas casas de apostas virtuais é de R$ 263 mensais, segundo levantamento do Datafolha. Mas dados mais recentes do Banco Central mostram que, entre os mais velhos, a média é de R$ 3 mil por mês. Quanto seria possível ganhar se, em vez de jogar, o brasileiro aplicasse esse dinheiro?
Em busca de dividendos ou de ganho de capital? Monte uma carteira de investimentos personalizada para o seu perfil de investidor
O que é importante saber na hora de montar uma carteira de investimentos? BTG Pactual quer ajudar investidores a montar o portfólio ‘ideal’
É hora de comprar a ação da Hapvida? BB Investimentos inicia cobertura de HAPV3 e vê potencial de quase 40% de valorização até 2025; entenda os motivos
Entre as razões, BB-BI destacou a estratégia de verticalização da Hapvida, que se tornou a maior operadora de saúde do país após fusão com a NotreDame Intermédica
Efeito borboleta: Investidores monitoram ata do Fed, falas de dirigentes e IPCA de setembro para antecipar rumos do Ibovespa e dos juros
Participantes do mercado esperam aceleração da inflação oficial no Brasil em meio a temores de ciclo de alta de juros ainda maior
O ‘recado anti-cripto’ do governo dos EUA — e o que isso diz sobre como Kamala Harris lidaria com moeda
Às vésperas das eleições nos Estados Unidos, o mercado cada vez mais se debruça sobre os possíveis impactos de uma presidência de Kamala Harris ou Donald Trump. No mercado de criptomoedas isso não é diferente. Com o pleito se aproximando, os investidores querem saber: quem é o melhor candidato para o mundo dos criptoativos? No programa […]
Por que as novas regras para investimentos de quem não mora no Brasil devem ajudar o mercado brasileiro?
Após a consulta da CVM e do BC realizada no início de setembro, a expectativa é que as novas normas saiam até o final do ano e entrem em vigor em 2025
Planejador financeiro certificado (CFP®): como o ‘personal do bolso’ pode te ajudar a organizar as finanças e investir melhor
A Dinheirista conversou com Ana Leoni, CEO da Planejar, associação responsável pela certificação de planejador financeiro no Brasil; entenda como trabalha este profissional
Dona do Ozempic vai investir mais de R$ 800 milhões no Brasil — mas não será para produção de ‘canetas do emagrecimento’
A farmacêutica dinamarquesa vai desembolsar R$ 864 milhões para a melhoria de processos na fábrica de Minas Gerais, responsável pela produção de insulina
Entre o petróleo e o payroll: Ibovespa busca recuperação com juros nos EUA e conflito no Oriente Médio como pano de fundo
Relatório mensal de emprego nos EUA deve dar o tom do dia nos negócios enquanto guerra continua pressionando o petróleo
Sob pressão: Bolsas internacionais amanhecem no vermelho, mas alta do petróleo continua e pode ajudar o Ibovespa
Vitória do governo no STF em relação a resíduos tributários do Programa Reintegra também pode repercutir no Ibovespa hoje
Dividendos e JCP: BTG Pactual lança opção de reinvestimento automático dos proventos; saiba como funciona
Os recursos serão reinvestidos de acordo com as recomendações do banco, sem custo para os clientes que possuem carteiras automatizadas
Em meio ao aumento da tensão no Oriente Médio, Ibovespa reage à alta do petróleo e à elevação do rating do Brasil
Agência Moody’s deixou o rating soberano do Brasil a apenas um degrau do cobiçado grau de investimento — e a perspectiva é positiva