‘Incerteza fiscal trava a volta do investimento’, diz economista
Para José Roberto Mendonça Barros, o déficit fiscal do País inibe a volta dos investimentos produtivos

O ambiente de incerteza que ronda as empresas, especialmente em relação a como será solucionado o grande déficit fiscal do País, inibe a volta do investimento produtivo e a recuperação sustentável da economia, na avaliação do economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados. "Enquanto o investimento não entrar em cena para valer, não tem sustentabilidade." A seguir, os principais trechos da entrevista.
Como o sr. avalia a recuperação da economia?
Em junho iniciou-se uma recuperação que é visível em alguns segmentos. Por exemplo, em utilidades domésticas, eletrônicos, móveis, cimento. Isso em razão da natureza desses produtos, associado ao volume de dinheiro que o "coronavoucher" colocou no sistema. Chegamos a 60 milhões de pessoas recebendo pelo menos R$ 600. É uma montanha de dinheiro. Se olharmos do ponto de vista dos setores de produção, a recuperação é mais perceptível na indústria, tanto que existe dificuldade de entrega de alguns produtos. A recuperação se manteve em julho, agosto e até agora. Dependendo de onde você olha, dá um certo entusiasmo. Entretanto, o setor de serviços, que é a maior parte do PIB, vai mais lentamente. Por isso, não é uma recuperação em V. É uma retomada lenta e muito desigual entre setores, tamanho de empresas e tipo de empresas.
Qual foi o papel do auxílio emergencial na retomada e como fica daqui para frente?
Ninguém discorda que o grande motor desse movimento foi o auxílio emergencial. O que vai acontecer nos quatro últimos meses é que teremos um dente. Esse grupo de cerca de 60 milhões de pessoas, que é muita gente - nunca tivemos nada parecido - e que recebeu até agosto R$ 40 bilhões por mês, vai receber R$ 20 bilhões por mês. Além do auxílio menor, com a inflação dos alimentos na casa de dois dígitos vão sobrar menos recursos para outros gastos. Em paralelo, tem muita gente saindo do mercado. Vemos isso no pequeno negócio, na loja, na prestação de serviços.
Haverá reflexo no desemprego?
Leia Também
O efeito de desemprego ainda não terminou. À medida em que há retomada da atividade, mais gente buscará emprego. Por isso, a taxa de desemprego tende a aumentar.
Há perspectiva de uma recuperação sustentável?
Enquanto o investimento não entrar em cena para valer, não tem sustentabilidade. Até porque não tem privatização, tem pouca concessão, há uma incerteza enorme por parte das empresas. É curioso, porque estamos tendo notícia de falta de certos produtos, mas isso não necessariamente é garantia de que vai ter investimento. A demanda começa a melhorar e a empresa tem de tomar uma decisão difícil, por exemplo, ampliar o turno de produção, que custa dinheiro. A dúvida que todas as empresas estão tendo é se a demanda vai se manter para justificar a ampliação de turno e a sua manutenção.
O que precisaria fazer para virar essa chave?
Acho que o que está assustando muito é o que está acontecendo na parte macro. A pandemia levou à expansão da política fiscal que 100% dos analistas brasileiros apoiaram. O "coronavoucher" foi um movimento correto. Entretanto, elevou o déficit público, que ia ser de R$ 100 bilhões, para R$ 900 bilhões. A grande dúvida é o que vai acontecer com a questão fiscal. A trombada que tivemos entre a Economia (ministério) e o Planalto, com desejo intenso de partir para uma política populista de expansão de gastos, obviamente só acentua as dúvidas que os mercados têm. Ao mesmo tempo, as reformas, que já eram difíceis, parecem que estão se tornando mais difíceis ainda. Isso gera incerteza, cujo primeiro resultado é não ter investimento. Se pode dar uma confusão federal, não vai ter investimento. Outro reflexo da incerteza é que a taxa de juros longa não cai. A curta está em 2% ao ano. Mas a taxa longa esta entre 7% e 8%, que é alta com uma inflação de 2%. Isso porque há dúvidas sobre o que vai acontecer com a dívida pública. E o dólar fica lá em cima, acima de R$ 5. Qualquer confusão no cenário político, que haja dúvida sobre a parte econômica, a primeira vítima é a taxa de juros longa e a outra é a desvalorização do real. Daí, fica essa incerteza, que reforça a cautela por parte de todo mundo, que segura o investimento.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Selic abaixo dos 15% no fim do ano: Inter vai na contramão do mercado e corta projeção para os juros — mas os motivos não são tão animadores assim
O banco cortou as estimativas para a Selic terminal para 14,75% ao ano, mas traçou projeções menos otimistas para outras variáveis macroeconômicas
Ações do Magazine Luiza (MGLU3) saltam 10% com Ibovespa nas alturas. O que está por trás da pernada da bolsa hoje?
Por volta das 15h08, o principal índice de ações da B3 subia 2,78%, aos 126.861 pontos, com as ações cíclicas dominando a ponta positiva
Até quando Galípolo conseguirá segurar os juros elevados sem que Lula interfira? Teste de fogo do chefe do BC pode estar mais próximo do que você imagina
Para Rodrigo Azevedo, Carlos Viana de Carvalho e Bruno Serra, uma das grandes dúvidas é se Galípolo conseguirá manter a política monetária restritiva por tempo suficiente para domar a inflação sem uma interferência do governo
“Piquenique à beira do vulcão”: o que Luis Stuhlberger tem a dizer sobre o fiscal, inflação e juros no Brasil antes da reunião do Copom
Para o gestor da Verde Asset, o quadro macro do país nunca esteve tão exacerbado, com uma dívida pública crescente, inflação elevada, juros restritivos e reservas de dólar encolhendo
O fim do ‘sonho grande’ da Cosan (CSAN3): o futuro da empresa após o fracasso do investimento na Vale e com a Selic em 15%
A holding de Rubens Ometto ainda enfrenta desafios significativos mesmo após zerar a participação na Vale. Entenda quais são as perspectivas para as finanças e as ações CSAN3 neste ano
O Grand Slam do Seu Dinheiro: Vindo de duas leves altas, Ibovespa tenta manter momento em dia de inflação nos EUA
Além da inflação nos EUA, Ibovespa deve reagir a Livro Bege do Fed, dados sobre serviços e resultado do governo
É hora de se preparar para o bear market na bolsa brasileira: BTG revela 6 ações domésticas para defender a carteira
O banco cita três passos para se posicionar para o mercado de baixa nos próximos meses: blindar a carteira com dólar e buscar ações de empresas com baixa alavancagem e com “beta” baixo
Dólar vai acima de R$ 7 ou de volta aos R$ 5,20 em 2025: as decisões do governo Lula que ditarão o futuro do câmbio no ano que vem, segundo o BTG
Na avaliação dos analistas, há duas trajetórias possíveis para o câmbio no ano que vem — e a direção dependerá quase que totalmente da postura do governo daqui para frente
Ninguém escapa da Selic a 12,25%: Ações do Carrefour (CRFB3) desabam 10% e lideram perdas do Ibovespa, que cai em bloco após aperto de juros pelo Copom
O desempenho negativo das ações brasileiras é ainda mais evidente entre as empresas cíclicas e companhias que operam mais alavancadas
Com País politicamente dividido, maioria não acredita no pacote fiscal e visão de melhora da economia cai, diz pesquisa Quaest sobre governo Lula
A Genial/Quaest entrevistou 8.598 brasileiros de 16 anos ou mais entre 4 e 9 de dezembro. A margem de erro é de 1 ponto porcentual e o nível de confiabilidade, de 95%
Por que os R$ 70 bilhões do pacote de corte de gastos são “irrelevantes” diante do problema fiscal do Brasil, segundo o sócio da Kinea
De acordo com Ruy Alves, gestor de multimercados da Kinea, a desaceleração econômica do Brasil resultaria em uma queda direta na arrecadação, o que pioraria a situação fiscal já deteriorada do país
Selic a 15% ao ano, inflação e fantasma fiscal: por que a Kinea está vendida na bolsa brasileira?
Responsável por mais de R$ 132 bilhões em ativos, a gestora afirma que “existem melhores oportunidades no exterior”; veja onde a Kinea investe hoje
Dólar a R$ 6,00: moeda norte-americana amplia o rali após Haddad confirmar isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil
O salto do dólar vem na esteira da confirmação da ampliação da isenção do IR e do anúncio do pacote de corte de gastos do governo
Felipe Miranda: O Brasil vai virar a Argentina?
Em conversas raras que acontecem sempre, escuto de grandes investidores: “nós não olhamos para o macro. Somos buffettianos e, portanto, só olhamos para o micro das empresas.”
O que falta para a Selic voltar a cair? Campos Neto responde o que precisa acontecer para os juros baixarem no Brasil
O presidente do Banco Central também revelou as perspectivas para a questão fiscal mundial e os potenciais impactos das eleições dos EUA no endividamento norte-americano
O que falta para o gringo voltar a investir no Brasil? Só a elevação do rating pela Moody’s não é o suficiente, diz chairman da BlackRock no país
À frente da divisão brasileira da maior gestora de investimentos do mundo, Carlos Takahashi falou sobre investimento estrangeiro, diversificação e ETFs no episódio desta semana do podcast Touros e Ursos
‘Putin prefere [a eleição de] Trump’ nos Estados Unidos, diz economista Roberto Dumas Damas; entenda
Dumas Damas vê Donald Trump menos propenso a ajudar na defesa da Ucrânia e de Taiwan; por outro lado, republicano pode “se meter” no confronto no Oriente Médio
O “moody” de Rogério Xavier sobre o Brasil: “eu tenho dado downgrade a cada notícia”; saiba o que pensa o gestor da SPX
Na avaliação do sócio-fundador da SPX, gastos parafiscais de R$ 100 bilhões sustentam PIB acima do esperado, mas fazem dívida correr o risco de “explodir”
Brasil com grau de investimento, mais uma revisão positiva do PIB e inflação dentro da meta? Tudo isso é possível, segundo Haddad
O ministro da Fazenda admitiu em evento nesta segunda-feira (14) que o governo pode revisar mais uma vez neste ano a projeção para o Produto Interno Bruto de 2024
Selic de dois dígitos será mais norma que exceção, diz economista do Citi; como os bancões gringos veem juros e inflação no Brasil?
Cautela do Banco Central em relação à pressão inflacionária é bem vista por economistas do Citi, do JP Morgan e do BofA, que deram suas projeções para juros em 2024 e 2025