Impacto do coronavírus é diferente em economias emergentes, diz banco
De acordo com o BIS, os investidores desses países se abstiveram de uma “liquidação no atacado” durante o período estudado.

O surto do Covid-19 teve um impacto diferenciado nos preços dos ativos das economias emergentes, como analisou o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), em relatório trimestral da instituição que tem sede em Basileia e que foi divulgado há pouco.
De acordo com a entidade, os investidores desses países se abstiveram de uma "liquidação no atacado" durante o período estudado.
Segundo o BIS, durante a fase de risco relacionado ao comércio entre as duas maiores potências econômicas do globo, os ativos de emergentes estenderam a recuperação desencadeada em outubro passado e as ações de países mais intimamente integrados nas cadeias de valores globais (GVC, na sigla em inglês) pareciam ter se beneficiado mais.
Com evidências maiores da crescente ameaça representada pela nova infecção viral, conforme o relatório, os valores das moedas e ações dos emergentes reduziram seus ganhos anteriores, com as perdas concentradas nos países geográfica ou economicamente mais próximos da China.
O documento salientou que, em meio à redução significativa nas tensões comerciais, os investidores parecem ter favorecido as bolsas de valores dos países mais incorporados na fabricação de GVC.
"Uma vez que o efeito geral da valorização das bolsas de valores globais durante esse período é levado em consideração, os mercados de ações nos países de GVC geralmente superam os dos produtores de commodities", comparou.
Leia Também
O grosseiro erro de cálculo de Donald Trump
Essa constatação do BIS sugere que os investidores esperavam maiores ganhos nos mercados em que as empresas se beneficiariam, direta ou indiretamente, de uma retomada do "negócio habitual" nos processos globais de fabricação.
Mercados dominados por produtores de commodities, por outro lado, podem não ver uma melhoria nas condições de negócios até que a produção industrial aumente e os estoques de commodities sejam reduzidos.
América Latina e Ásia
Esses ganhos no mercado de ações evaporaram em grande parte com o coronavírus assustando os mercados financeiros globais, de acordo com o banco. Os preços das ações caíram em todo o mundo, conforme o relatório, mas os declínios foram mais pronunciados na Ásia.
Em contrapartida, o mercado de ações aponta para um melhor resultado na América Latina, que está geograficamente distante, mas principalmente ligada à China por meio de exportações.
No caso do México, por exemplo, os retornos do mercado de ações relativamente fortes pareciam estar relacionados a notícias positivas sobre o acordo comercial entre o país com os Estados Unidos e o Canadá (USMCA, na sigla em inglês).
O BIS considerou que as oscilações nos mercados de câmbio foram semelhantes às dos mercados de ações. No geral, as moedas emergentes se fortaleceram significativamente em relação ao dólar durante o trimestre encerrado em fevereiro.
Em termos ponderados, as moedas desses países atingiram as mínimas no início de setembro do ano passado, após o colapso das negociações comerciais EUA-China, e se recuperaram a partir daí. A apreciação acelerou após a assinatura do acordo da primeira fase.
"Certamente, o dólar se fortaleceu com o início do episódio de risco do vírus. Porém, dentro de cada região geográfica, incluindo as economias avançadas, grandes exportadores de commodities e países com estreitos vínculos econômicos com a China tiveram uma maior depreciação", recordou.
Brasil e Turquia
Assim como nas economias avançadas, as reações de preços nos mercados de renda fixa dos emergentes foram mais restritas do que as de outras classes de ativos. Os rendimentos da dívida soberana denominada em dólares continuaram em tendência de queda ao longo do último trimestre de 2019 e até o final de fevereiro.
O declínio nos juros de emergentes ao longo deste período refletiu, em parte, fluxos de capital robustos em títulos de fundos de investimento em ações. Um índice de juros soberanos em moeda local também diminuiu durante o período em análise, impulsionado principalmente por quedas nos rendimentos do Brasil e da Turquia.
Para a instituição, o apetite pela dívida corporativa emergente denominada em dólar permaneceu robusto em meio à oscilação do sentimento dos investidores.
Durante a fase de risco, os spreads das dívidas corporativas emergentes ultrapassaram o limite em que negociaram durante a maior parte de 2019, atingindo níveis comparáveis aos observados no primeiro semestre de 2018, antes da escalada das tensões comerciais.
Ao mesmo tempo, os spreads da dívida soberana denominada em dólares desses países diminuíram em um ritmo mais rápido, ficando abaixo dos da dívida corporativa.
Embora os spreads de crédito dos emergentes - tanto soberano quanto corporativo - tenham aumentado notavelmente em resposta ao surto do Covid-19, o aumento, conforme o BIS, foi devido quase inteiramente a um declínio nos rendimentos americanos com maturidade comparável.
Esse padrão caracterizou flutuações nos spreads de emergentes ao longo de 2019 e sugere que as oscilações recentes no sentimento dos investidores tiveram um impacto maior nos índices de referência dos EUA - possivelmente por meio de movimentos no prazo dos prêmios - do que nos dos emergentes correspondentes.
Apesar de alguns preços, a compensação por carregar o risco de crédito corporativo emergente pairou em níveis baixos em termos históricos, de acordo com o relatório. O spread entre a dívida corporativa e soberana denominada em dólar dos emergentes tornou-se positivo durante a fase de risco. "Esse movimento restabeleceu a relação esperada entre os spreads exigidos pelos investidores nessas duas classes de ativos", pontuou o BIS.
A inversão de spread que persistiu por algum tempo é totalmente explicada, segundo o documento, pela diferença no conjunto de emergentes incluídos nos dois índices. Além disso, o relatório salientou que eles não foram afetados por fatores que moldaram a evolução dos mercados financeiros no ano passado.
"A perspectiva otimista dos investidores para o mercado de títulos corporativos emergentes é consistente com os fluxos constantes de investimento nos fundos de títulos desses países, que subiram em janeiro e continuaram até meados de fevereiro", avaliou o banco, acrescentando que, historicamente, essas entradas estão fortemente associadas a baixos níveis de compensação de risco nesse mercado.
O apetite robusto dos investidores por ativos de renda fixa dos emergentes também é evidente em um declínio significativo nas correlações entre os juros dos títulos soberanos denominados em dólares e a moeda norte-americana.
Nesse cenário, segundo o BIS, as empresas emergentes emitiram uma quantidade recorde de títulos denominados em moeda estrangeira nas primeiras semanas do ano.
*Com Estadão Conteúdo
Bitcoin (BTC) é pressionado por tarifas de Trump e opera abaixo dos US$ 80 mil hoje — mas retomada de alta da criptomoeda já está no radar
Apesar da criptomoeda estar operando em queda, relatório da Binance Research indica que o bitcoin vai voltar a viver momentos de alta
Tarifas gerais de Trump começam a valer hoje e Brasil está na mira; veja como o governo quer reagir
Além do Brasil, Trump também impôs tarifa mínima de 10% a 126 outros países, como Argentina e Reino Unido
“Não vou recuar”, diz Trump depois do caos nos mercados globais
Trump defende que sua guerra tarifária trará empregos de volta para a indústria norte-americana e arrecadará trilhões de dólares para o governo federal
O agente do caos retruca: Trump diz que China joga errado e que a hora de ficar rico é agora
O presidente norte-americano também comentou sobre dados de emprego, juros, um possível acordo para zerar tarifas do Vietnã e a manutenção do Tik Tok por mais 75 dias nos EUA
China se deu mal, mas ações da Vale (VALE3) ainda têm potencial de alta, diz Genial; Gerdau (GGBR4), CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) devem sair mais prejudicadas
O cenário é visto como negativo e turbulento para as mineradoras e siderúrgicas brasileiras, porém, Vale está muito descontada e tem espaço para ganhos
A pressão vem de todos os lados: Trump ordena corte de juros, Powell responde e bolsas seguem ladeira abaixo
O presidente do banco central norte-americano enfrenta o republicano e manda recado aos investidores, mas sangria nas bolsas mundo afora continua e dólar dispara
O combo do mal: dólar dispara mais de 3% com guerra comercial e juros nos EUA no radar
Investidores correm para ativos considerados mais seguros e recaculam as apostas de corte de juros nos EUA neste ano
China não deixa barato: Xi Jinping interrompe feriado para anunciar retaliação a tarifas de Trump — e mercados derretem em resposta
O Ministério das Finanças da China disse nesta sexta-feira (4) que irá impor uma tarifa de 34% sobre todos os produtos importados dos EUA
Um café e um pão na chapa na bolsa: Ibovespa tenta continuar escapando de Trump em dia de payroll e Powell
Mercados internacionais continuam reagindo negativamente a Trump; Ibovespa passou incólume ontem
China lança primeiro título soberano verde em yuans no exterior
O volume total de subscrições alcançou 41,58 bilhões de yuans, superando em quase sete vezes o valor inicial da oferta
Bitcoin (BTC) em queda — como as tarifas de Trump sacudiram o mercado cripto e o que fazer agora
Após as tarifas do Dia da Liberdade de Donald Trump, o mercado de criptomoedas registrou forte queda, com o bitcoin (BTC) recuando 5,85%, mas grande parte dos ativos digitais conseguiu sustentar valores em suportes relativamente elevados
As tarifas de Trump: entenda os principais pontos do anúncio de hoje nos EUA e os impactos para o Brasil
O presidente norte-americano finalmente apresentou o plano tarifário e o Seu Dinheiro reuniu tudo o que você precisa saber sobre esse anúncio tão aguardado pelo mercado e pelos governos; confira
Elon Musk fora da Casa Branca? Trump teria confirmado a saída do bilionário do governo nas próximas semanas, segundo site
Ações da Tesla sobem 5% após o Politico reportar que o presidente dos EUA afirmou a aliados sobre a mudança no alto escalão da Casa Branca
O Super Bowl das tarifas de Trump: o que pode acontecer a partir de agora e quem está na mira do anúncio de hoje — não é só a China
A expectativa é de que a Casa Branca divulgue oficialmente os detalhes da taxação às 17h (de Brasília). O Seu Dinheiro ouviu especialistas para saber o que está em jogo.
Tony Volpon: Buy the dip
Já que o pessimismo virou o consenso, vou aqui argumentar por que de fato uma recessão é ainda improvável (com uma importante qualificação final)
Agenda econômica: Payroll, balança comercial e PMIs globais marcam a semana de despedida da temporada de balanços
Com o fim de março, a temporada de balanços se despede, e o início de abril chama atenção do mercado brasileiro para o relatório de emprego dos EUA, além do IGP-DI, do IPC-Fipe e de diversos outros indicadores
Esporte radical na bolsa: Ibovespa sobe em dia de IPCA-15, relatório do Banco Central e coletiva de Galípolo
Galípolo concederá entrevista coletiva no fim da manhã, depois da apresentação do Relatório de Política Monetária do BC
Trump taxa carros e dá spoiler: vem surpresa no dia 2 de abril
No melhor do toma lá, dá cá, o presidente norte-americano cogitou conceder uma redução nas tarifas impostas à China se houver um acordo sobre o TikTok
Inteligência artificial ajuda China a reduzir os impactos da guerra tarifária de Donald Trump
Desenvolvimento de inteligência artificial na China vem fazendo empresas brilharem com a tecnologia e ajuda a proteger o país das tarifas de Trump
Ato falho relevante: Ibovespa tenta manter tom positivo em meio a incertezas com tarifas ‘recíprocas’ de Trump
Na véspera, teor da ata do Copom animou os investidores brasileiros, que fizeram a bolsa subir e o dólar cair