Guedes dá um tempo na agenda liberal e defende Renda Cidadã
Percepção de que Guedes cedeu à agenda populista para sobreviver e se manter no cargo, até mesmo em eventual segundo mandato, não é apenas de políticos, mas também do mercado financeiro

O ministro da Economia, Paulo Guedes, embarcou no projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Com um estilo mais alinhado à política, Guedes deu sinais de que arquivou a agenda liberal e empunhou a bandeira de "pai dos pobres" após o presidente recuperar a popularidade com a concessão do auxílio emergencial. "É dinheiro na veia do povo", disse ele, em recente almoço com líderes de partidos.
A reunião ocorreu na casa do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), no último dia 22, e contou com a presença de dirigentes do Centrão, grupo de centro-direita que dá as cartas no Congresso. O homem que tem a chave do cofre falava do Renda Cidadã, plano anunciado oficialmente seis dias depois, e na necessidade da "aterrissagem suave" do auxílio criado para combater os efeitos da pandemia do coronavírus. A ajuda, que já foi de R$ 600, está em R$ 300, e termina em dezembro.
Naquele dia, Guedes deixou convidados impressionados ao citar até mesmo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foi justamente no momento em que ele se referiu à importância de um robusto programa de transferência de renda, como o Bolsa Família, criado na gestão de Lula. O titular da Economia não insistiu ali na aprovação de medidas mais duras.
Quem participou da conversa teve a nítida impressão de que o governo jogou a toalha em relação às reformas para se dedicar com afinco ao projeto 2022, ano da eleição presidencial. Estavam lá, entre outros, os líderes do Progressistas, Arthur Lira; do PL, Wellington Roberto; do PSD, Diego Andrade, e do MDB, Baleia Rossi, que também preside o partido. No cardápio, peixe, carne, purê, salada mista e muitas dúvidas.
Sem acordo
Guedes até tentou ressuscitar naquele encontro, mais uma vez, a proposta de um novo imposto, nos moldes da antiga CPMF, para encaixar na reforma tributária. Percebeu, porém, que não tinha apoio e não prolongou a discussão.
"Não há consenso sobre o novo imposto para desonerar a folha de pagamentos e tributar as transações digitais", admitiu Barros. Ao Estadão, o líder do governo na Câmara disse que organizará outros almoços com o chefe da equipe econômica para facilitar a articulação política com o Congresso.
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"O ministro Guedes é um dos mais influentes e tem uma agenda complexa. Sua opinião é forte no governo e todos querem ouvi-lo", afirmou Barros. Questionado sobre a expressão "dinheiro na veia" usada por Guedes, o deputado desconversou. "Eu não falo de bastidor".
Em postagem publicada no Twitter, ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deu uma estocada no ministro da Economia, com quem rompeu relações após vários atritos públicos. "Por que Paulo Guedes interditou o debate da reforma tributária?", perguntou Maia.
Antes, o próprio Bolsonaro já havia usado as redes sociais para reagir às críticas sobre a proposta do governo de tirar recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundeb) e de precatórios - valores devidos após sentença definitiva na Justiça -, com o objetivo de financiar o Renda Cidadã.
"Minha crescente popularidade importuna adversários e grande parte da imprensa, que rotulam qualquer ação minha como eleitoreira. Se nada faço, sou omisso. Se faço, estou pensando em 2022", escreveu Bolsonaro. "A responsabilidade fiscal e o respeito ao teto são os trilhos da economia. Estamos abertos a sugestões juntamente com os líderes partidários".
Arthur Lira disse que o Palácio do Planalto está "totalmente ciente" das dificuldades para aprovar o financiamento do Renda Cidadã com recursos do Fundeb. "Mas o ministro Guedes está muito bem. Quer espaço fiscal no Orçamento para não furar o tal do teto (de gastos). Ele está próximo de nós", elogiou Lira, um dos principais expoentes do Centrão.
Pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que a popularidade de Bolsonaro aumentou neste mês, em comparação com dezembro do ano passado. Atualmente, a fatia da população que considera o governo "ótimo ou bom" é de 40%, 11 pontos a mais do que em dezembro (29%). Trata-se do maior índice desde o início do mandato do presidente.
Além disso, a avaliação positiva do governo subiu no Nordeste (de 21% para 33%), antigo reduto do PT. A região concentra 38% dos beneficiados pelo auxílio emergencial, conforme dados do Ministério da Cidadania.
A percepção de que Guedes cedeu à agenda populista para sobreviver e se manter no cargo, até mesmo em eventual segundo mandato, não é apenas de políticos, mas também do mercado financeiro, segundo apurou o Estadão. O ministro não quis se manifestar.
Integrantes da equipe econômica afirmam que Guedes nunca mudou o tom e sempre defendeu o tripé "transferência de renda, pacto federativo e desoneração da folha de pagamentos". Em agosto, porém, um mês após a saída de Mansueto Almeida do Tesouro Nacional, ele enfrentou uma “debandada” de auxiliares que não concordavam com os rumos do governo. Pediram demissão Salim Mattar, secretário de Desestatização, e Paulo Uebel, de Desburocratização. Mattar cuidava das privatizações e Ubel, da reforma administrativa. Nada disso saiu do papel.
*As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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