BTG Pactual mantém compra de ações da Oi, mas diz que resultados operacionais continuam pesando
Em relatório divulgado hoje (26), Carlos Sequeira e Osni Carfi ressaltaram que o balanço ainda demanda cuidado, mas mantiveram preço-alvo em 12 meses para R$ 2, o que representa uma alta de 285% em relação ao fechamento de ontem (25)
Em uma fase de reajustes e desinvestimentos, a operadora de telefonia Oi mostrou melhoras, mas fechou o quarto trimestre do ano passado com um balanço ainda problemático. Mesmo com os resultados operacionais bastante fracos, os analistas do BTG Pactual destacaram que os custos da companhia parecem estar "sob controle". E disseram ainda que a Oi permanece um "ativo único para players locais e estrangeiros", de olho em possíveis fusões e aquisições.
Em relatório divulgado hoje (26), Carlos Sequeira e Osni Carfi ressaltaram que o balanço ainda demanda cuidado, mas mantiveram a recomendação de compra para os papéis ordinários da Oi e o preço-alvo em 12 meses em R$ 2, o que representa uma alta de 285% em relação ao fechamento de ontem (25).
Por volta das 15h39 da tarde de hoje, os papéis ordinários da companhia (OIBR3) caíam 1,92%, cotados em R$ 0,51. Já as ações preferenciais (OIBR4) apresentavam contração de 1,04%, cotadas em R$ 0,96.
Na avaliação dos analistas do BTG Pactual, o potencial de alta está relacionado ao fato de que a companhia recebeu proposta de interesse de outras empresas para adquirir a sua operação móvel. Nas contas dos especialistas, se a venda fosse feita, a companhia poderia ter uma receita de R$ 12 bilhões e Ebitda (juros antes de impostos, amortização e depreciação) em torno de R$ 3 bilhões.
A ideia, segundo eles, é que a Oi operaria de maneira quase nacional com o seu negócio de banda larga voltada para o modelo B2C de fibra óptica e se tornaria um provedor de atacado de grande capacidade para o mercado.
Os analistas destacam que ofertas recentes feitas no setor de infraestrutura e telecomunicações mostraram que empresas de fibra óptica poderiam negociar a múltiplos entre 7 vezes e 10 vezes a relação EV/Ebitda.
De olho nos números
Mesmo de olho nas possíveis fusões e aquisições, os resultados da companhia ainda demandam cuidado. No relatório, os analistas do banco destacaram que a receita líquida do quarto trimestre voltou a ver um recuo de 8,6% em relação ao registrado um ano antes em 2018.
Para os especialistas, mesmo que o recuo na receita tenha sido em linha com as estimativas dos últimos trimestres, um dado que chama a atenção é que os custos caíram 5,6% na comparação ano contra ano e que o percentual de queda foi maior do que era visto anteriormente.
O resultado foi um impacto no Ebitda (juros antes de impostos, amortização e depreciação) que gerou o que os analistas chamaram de uma "desaceleração na queda do indicador".
No quarto trimestre de 2019, o Ebitda teve contração de 17,9% em relação ao mesmo período de 2018 e fechou em R$ 1,06 bilhão. A margem Ebitda, por sua vez, terminou em 21,7% e ficou em linha com as expectativas dos analistas.
Além da receita, outro ponto que chamou a atenção dos especialistas é que a companhia terminou o ano de 2019 com R$ 2,3 bilhões em caixa, o que representa R$ 892 milhões a menos do que ela tinha em caixa no terceiro trimestre.
Segmento residencial
Mas o destaque negativo no balanço ficou mesmo para a receita líquida do segmento residencial que novamente foi "bastante penalizada" e terminou como a mais impactada entre os demais segmentos.
Segundo eles, o encolhimento do setor residencial chama a atenção porque a demanda pela linha fixa está derretendo e a banda larga de cobre está perdendo terreno para outras tecnologias. Com isso, os especialistas disseram que a "aceleração da implantação de fibra é crucial para a empresa eventualmente estabilizar as receitas no segmento residencial".
Em 2019, a receita líquida do quarto trimestre para o segmento residencial teve contração de 13,9% em relação a 2018. Já a receita com mobilidade e B2B fecharam o último trimestre do ano passado com queda de 2,8% e 7%, respectivamente.
Segundo os especialistas, como todos os segmentos da companhia tiveram queda na receita, não era de se espantar que os resultados operacionais não fossem impactados negativamente no quarto trimestre do ano passado.
Destaque positivo
Mesmo com um balanço bastante penalizado, os analistas disseram que um dos destaques positivos foi que o capital empregado pela empresa para melhorar ou garantir a manutenção dos bens físicos da empresa (Opex, na sigla em inglês) foi sólido no quarto trimestre e fechou em R$ 3,8 milhões, ante R$ 4,0 milhões registrados um ano antes.
Segundo eles, a queda de 5,6% em termos nominais entre o quarto trimestre de 2019 e de 2018 é reflexo do esforço da empresa em maximizar a eficiência operacional da companhia.
Números em 2019
No acumulado do ano, a Oi teve teve prejuízo líquido de R$ 9 bilhões em 2019 e reverteu o lucro líquido de R$ 24,6 bilhões registrado em 2018. Na ocasião, a empresa de telefonia se beneficiou do corte da dívida em seu processo de recuperação judicial.
O Ebitda de rotina, ajustado pela norma contábil IFRS16, por sua vez, fechou o ano em R$ 6,0 bilhões no ano.
Nos 12 meses de 2019, a receita líquida ficou em R$ 20,1 bilhões, o que representa uma queda de 8,7%.