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Felipe Saturnino
Felipe Saturnino
Graduado em Jornalismo pela USP, passou pelas redações de Bloomberg e Estadão.
Selic parada?

Banco Central sinaliza pausa, mas coronavírus deve forçar outro corte, diz Mizuho

Banco Central poderá cortar Selic novamente se verificar impacto maior que o estimado do coronavírus na economia, diz o banco Mizuho. Retomada da agenda de reformas e deterioração de ativos financeiros, no entanto, são obstáculos

Felipe Saturnino
Felipe Saturnino
18 de março de 2020
19:06 - atualizado às 19:09
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto - Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O Banco Central sinalizou, a princípio, que não pretende voltar a cortar a Selic, mas ao mesmo tempo reconheceu haver incertezas no horizonte, deixando a porta aberta para alteração no plano de voo. O autor da análise é o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno.

"A razão do corte de 0,5 ponto sem dúvida é o impacto do coronavírus na economia, que deve levar a uma desaceleração acentuada. BC agiu pra tentar minimizar o impacto", afirmou Rostagno, que também disse que a redução do juro se deu para atender as expectativas do mercado.

Segundo o economista, a autoridade buscou preservar os graus de liberdade da política monetária ao sinalizar que não quer realizar um corte na próxima reunião do Copom, em maio.

Rostagno menciona que o comunicado reconhece que outro corte pode ser negativo para ativos — como o real — em um ambiente de grande deterioração das condições financeiras e elevação de prêmios de risco, além das incertezas acerca da continuidade da agenda de reformas.

"Acho que o BC também reforçou a necessidade de retomar a agenda de reformas e de perseverar um ajuste fiscal", disse ele. "É uma mensagem que BC deu para indicar que seriam condições importantes para abrir espaço para novos cortes."

Flexibilização adicional da taxa de juros virá também se a autoridade reavaliar a evolução do cenário e reparar que os efeitos da pandemia são mais profundos do que os estimados atualmente, disse Rostagno.

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O desempenho da atividade econômica futura, e não a perspectiva de inflação para 2021 (de 3,6%), bem próxima do centro da meta de inflação (de 3,75%), será o determinante para outro corte, afirmou ele. A aposta dele é que a Selic termine 2020 em 3,5% ao ano.

"Nas próximas semanas vai haver piora substancial do problema do coronavírus no país", disse ele. "Com esse cenário de crescimento prospectivo, a tendência é do BC continuar a cortar."

Para a abertura dos mercados amanhã, o economista espera que o movimento do dólar seja ditado pelos rumos externos, o mesmo valendo para os juros futuros. "Vai ser assim, porque o mercado já tinha precificado esse corte", disse Rostagno.

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