Aumento da inflação cria desafio para teto de gastos
Com o descasamento dos índices, o BTG Pactual calcula a necessidade de cortar R$ 20 bilhões em despesas para evitar estouro no teto.

A aceleração da inflação na reta final do ano vai criar uma espécie de armadilha para a equipe econômica cumprir o teto de gastos em 2021. Enquanto a expansão do limite das despesas já está "travada" em 2,13%, a alta recente nos preços servirá de referência para corrigir o salário mínimo no início do ano que vem e, consequentemente, mais da metade dos gastos da União - concentrados em benefícios previdenciários e assistenciais. Com o descasamento dos índices, o BTG Pactual calcula a necessidade de cortar R$ 20 bilhões em despesas para evitar estouro no teto.
Leia também:
- CONVITE: Experimente o Seu Dinheiro Premium por 30 dias sem compromisso e acesse as melhores dicas de investimento.
- Inflação medida pelo IGP-10 sobe 3,20% em outubro e supera projeções
- Como a inflação de alimentos pode ser boa para o seu bolso
A regra do teto limita o crescimento das despesas do governo à inflação medida pelo IPCA em 12 meses até junho do ano anterior. É essa variação que ficou em 2,13% em 2020. Desde então, porém, a inflação só ganhou força e chegou a 3,14% até setembro. Além disso, os benefícios previdenciários são diretamente afetados pelo INPC, outro índice que reflete a inflação para famílias de menor renda e, por isso, é mais sensível à alta nos preços de alimentos. O INPC já acumula alta de 3,89% em 12 meses até setembro.
O descompasso entrou no radar da equipe econômica, que admite a necessidade de "apertar um pouco mais o torniquete" dos gastos discricionários, aqueles que não são obrigatórios, como custeio e investimentos públicos. O problema antecede qualquer movimento para tirar do papel o Renda Cidadã, novo programa que o presidente Jair Bolsonaro quer lançar no lugar do Bolsa Família para ser sua marca social, com valor e alcance maiores que os atuais. Isso significa que, para turbinar o benefício social, seria preciso fazer um esforço ainda maior de corte de gastos.
Custo adicional
Em relatório a clientes obtido pelo Estadão/Broadcast, o BTG Pactual calcula que a pressão adicional da inflação provocará aumento de R$ 13 bilhões nos gastos, sob uma expectativa de variação de 3,25% no INPC este ano. Além disso, haverá uma fatura de R$ 7 bilhões a ser incorporada devido à queda do veto à prorrogação da desoneração da folha para 17 setores em 2021, segundo o banco.
"O desafio de respeitar o teto de gastos no ano que vem é maior que apenas conciliar a nova rede de proteção social com disciplina fiscal. Mesmo sem o novo programa (Renda Brasil ou Renda Cidadã), nossos cálculos sinalizam a necessidade de reduzir a despesa em R$ 20 bilhões, revelando a complexidade do cenário fiscal a partir de 2021", diz o documento, assinado pelo economista do BTG Gabriel Leal de Barros.
Leia Também
A prorrogação da desoneração pressiona o teto porque o Tesouro compensa o INSS pela perda de receitas, e isso configura uma despesa primária sujeita ao limite de gastos. Como a desoneração teria fim em dezembro de 2020, o governo já havia retirado essa despesa do Orçamento de 2021, liberando o espaço para outros gastos.
Já no caso da inflação, o maior problema é o uso de uma estimativa menor do INPC na elaboração do Orçamento. O governo previu correção de 2,09% no salário mínimo no ano que vem, para R$ 1.067, mas o aumento tende a ser maior. Pelo menos dois terços dos benefícios do INSS equivalem a um salário mínimo, e mais da metade das despesas federais são corrigidas automaticamente pelo INPC, ressalta Barros.
Para uma fonte da área econômica, a "vida não está fácil" e o cenário mostra que, sem consolidação fiscal, será difícil tirar o Renda Cidadã do papel. Além disso, o avanço das despesas obrigatórias, como os benefícios do INSS e salários dos servidores, pode até mesmo prejudicar demais políticas, como o próprio Bolsa Família - que é considerada uma despesa discricionária.
O Ministério da Economia informou que cada 0,1 ponto porcentual a mais de variação no INPC resulta em aumento de R$ 768,3 milhões nas despesas em 2021. A partir dessa informação, a pasta calculou o possível impacto apenas pela diferença da inflação esperada pelo governo (2,09%) e a projetada pelo banco. "Se utilizarmos a previsão de 3,25% indicada no relatório do BTG, chegaríamos a uma despesa primária R$ 8,9 bilhões superior", diz a pasta.
Questionada sobre projeções atualizadas para despesas previdenciárias, salário mínimo e necessidade de cortes em outras despesas dentro do teto, a pasta informou apenas que o governo trabalha com as projeções que constam na proposta orçamentária.
Um café e um pão na chapa na bolsa: Ibovespa tenta continuar escapando de Trump em dia de payroll e Powell
Mercados internacionais continuam reagindo negativamente a Trump; Ibovespa passou incólume ontem
Ações para se proteger da inflação: XP monta carteira de baixo risco para navegar no momento de preços e juros altos
A chamada “cesta defensiva” tem dez empresas, entre bancos, seguradoras, companhias de energia e outros setores classificados pela qualidade e baixo risco
Bitcoin (BTC) em queda — como as tarifas de Trump sacudiram o mercado cripto e o que fazer agora
Após as tarifas do Dia da Liberdade de Donald Trump, o mercado de criptomoedas registrou forte queda, com o bitcoin (BTC) recuando 5,85%, mas grande parte dos ativos digitais conseguiu sustentar valores em suportes relativamente elevados
O ativo que Luis Stuhlberger gosta em meio às tensões globais e à perda de popularidade de Lula — e que está mais barato que a bolsa
Para o gestor do fundo Verde, Brasil não aguenta mais quatro anos de PT sem haver uma “argentinização”
O Super Bowl das tarifas de Trump: o que pode acontecer a partir de agora e quem está na mira do anúncio de hoje — não é só a China
A expectativa é de que a Casa Branca divulgue oficialmente os detalhes da taxação às 17h (de Brasília). O Seu Dinheiro ouviu especialistas para saber o que está em jogo.
Vale tudo na bolsa? Ibovespa chega ao último pregão de março com forte valorização no mês, mas de olho na guerra comercial de Trump
O presidente dos Estados Unidos pretende anunciar na quarta-feira a imposição do que chama de tarifas “recíprocas”
Agenda econômica: Payroll, balança comercial e PMIs globais marcam a semana de despedida da temporada de balanços
Com o fim de março, a temporada de balanços se despede, e o início de abril chama atenção do mercado brasileiro para o relatório de emprego dos EUA, além do IGP-DI, do IPC-Fipe e de diversos outros indicadores
Protege contra a inflação e pode deixar a Selic ‘no chinelo’: conheça o ativo com retorno-alvo de até 18% ao ano e livre de Imposto de Renda
Investimento garimpado pela EQI Investimentos pode ser “chave” para lucrar com o atual cenário inflacionário no Brasil; veja qual é
Nova York em queda livre: o dado que provoca estrago nas bolsas e faz o dólar valer mais antes das temidas tarifas de Trump
Por aqui, o Ibovespa operou com queda superior a 1% no início da tarde desta sexta-feira (28), enquanto o dólar teve valorização moderada em relação ao real
Nem tudo é verdade: Ibovespa reage a balanços e dados de emprego em dia de PCE nos EUA
O PCE, como é conhecido o índice de gastos com consumo pessoal nos EUA, é o dado de inflação preferido do Fed para pautar sua política monetária
Esporte radical na bolsa: Ibovespa sobe em dia de IPCA-15, relatório do Banco Central e coletiva de Galípolo
Galípolo concederá entrevista coletiva no fim da manhã, depois da apresentação do Relatório de Política Monetária do BC
Sem sinal de leniência: Copom de Galípolo mantém tom duro na ata, anima a bolsa e enfraquece o dólar
Copom reitera compromisso com a convergência da inflação para a meta e adverte que os juros podem ficar mais altos por mais tempo
Cuidado com a cabeça: Ibovespa tenta recuperação enquanto investidores repercutem ata do Copom
Ibovespa caiu 0,77% na segunda-feira, mas acumula alta de quase 7% no que vai de março diante das perspectivas para os juros
Inocentes ou culpados? Governo gasta e Banco Central corre atrás enquanto o mercado olha para o (fim da alta dos juros e trade eleitoral no) horizonte
Iminência do fim do ciclo de alta dos juros e fluxo global favorecem, posicionamento técnico ajuda, mas ruídos fiscais e políticos impõem teto a qualquer eventual rali
Eles perderam a fofura? Ibovespa luta contra agenda movimentada para continuar renovando as máximas do ano
Ata do Copom, balanços e prévia da inflação disputam espaço com números sobre a economia dos EUA nos próximos dias
Agenda econômica: Ata do Copom, IPCA-15 e PIB nos EUA e Reino Unido dividem espaço com reta final da temporada de balanços no Brasil
Semana pós-Super Quarta mantém investidores em alerta com indicadores-chave, como a Reunião do CMN, o Relatório Trimestral de Inflação do BC e o IGP-M de março
Juros nas alturas têm data para acabar, prevê economista-chefe do BMG. O que esperar do fim do ciclo de alta da Selic?
Para Flávio Serrano, o Banco Central deve absorver informações que gerarão confiança em relação à desaceleração da atividade, que deve resultar em um arrefecimento da inflação nos próximos meses
Não fique aí esperando: Agenda fraca deixa Ibovespa a reboque do exterior e da temporada de balanços
Ibovespa interrompeu na quinta-feira uma sequência de seis pregões em alta; movimento é visto como correção
Warren Buffett enriquece US$ 22,5 bilhões em 2025 e ultrapassa Bill Gates — estratégia conservadora se prova vencedora
Momento de incerteza favorece ativos priorizados pela Berkshire Hathaway, levando a um crescimento acima da média da fortuna de Buffett, segundo a Bloomberg
Ainda sobe antes de cair: Ibovespa tenta emplacar mais uma alta após decisões do Fed e do Copom
Copom elevou os juros por aqui e Fed manteve a taxa básica inalterada nos EUA durante a Super Quarta dos bancos centrais